Bananas amassadas com leite em pó, ela havia descoberto que ele gostava muito disso.

-Abre a boca - Ela dizia pacientemente e ele obedecia - Muito bem, Levi - Ele sorria satisfeito.

Ela continuava , às vezes cantarolando, servindo-o.

- Você gosta de banana, não gosta? - Levi observava os olhos verdes , tão cuidadosos, tão seguros e cheios de carinho para com ele  - Abrindo a boca...

Ele assim fazia, obedecendo mais uma vez. Desajeitado, como quando uma criança se apóia em algo para ficar de pé e assim arriscar os primeiros passos ele imitou os olhos verdes e balbuciou: “Mu-muito bem, Levi”. Cecília olhou surpresa.

- Muito bem! - Recompensou-o com um cafuné - Fala, fala de novo!

- Muito bem, Levi - Aquilo a deixava contente, isso era bom, Levi gostava de vê-la sorrindo.

- Parabéns - Mais cafunés - Agora diz, ba-na-na

- Ba-ba... - Recomeçou - Ba-na-na

- Isso!

Ele desenvolveu a fala no último mês, já eram 5 desde o acidente. Não formulava frases completas, mas agora além de falar ele também reaprendera a andar. Já podia descer as escadas e passear no jardim.

Eles se sentavam sobre um edredom na grama. Ela lia para ele histórias, as de piratas eram as favoritas. Assistia todas as manhãs X-men, ele adorava, ria, ficava surpreso. Mostrava a ela o que os mutantes faziam.

-Cessi! Cessi! - E apontava para a televisão.

- Que legal! - Cecília sorria e fingia estar tão surpresa quanto ele. Pedia que Rui, o motorista, trouxesse filmes para que ele assistisse.  Num desses filmes uma mulher teve um bebê, aquilo o deixou curioso. Perguntou a ela sobre o bebê. Ela mostrou a barriga e disse que ali também havia um bebê, Levi ficou desconfiado mas cautelosamente repousou a mão sobre a barriga.

- Bebê?

- Sim, tem um bebê aqui - Ela colocou a mão sobre a dele.

Ele olhou curioso.

Os dias passavam rápido, Cecília se sentia estranhamente feliz . O mesmo homem que antes a machucava, agora dava-lhe beijos , abraços e carinhos. “Eu amo você Cessi “. Ele disse enquanto comia um bolo na cozinha. Até Carmem gostava dele agora. Mas Cecília não podia deixar de se sentir culpada, sentia a culpa de desejar que aquilo não mudasse, que ele fosse sempre assim, mas assim também desejava que ele não ficasse bom.

A gravidez já somava 6 meses.  Cecília conversava com Carmem na cozinha de manhã, Levi chegou e abraçou-a, ela retribuiu contente. O que ela não sabia?  Que aquele era o último abraço de Levi, que a partir daquela noite o homem doce que ela aprendeu a amar em 6 meses não existiria mais, voltaria o Dr. Levi. Mas ela não sabia, pensou que o abraço era um dos muitos e não o último.