Não sabe ao certo que horas adormeceu acomodada nas poltronas azuis. A enfermeira tocou em seu braço. O médico queria lhe falar. Esfregou os olhos com as pontas dos dedos, entrou na sala do já conhecido neurologista.

“Cecília, como você está?’’ – Ele indicou uma cadeira bege para que ela sentasse.

Ela respondeu com um menear de cabeça. Como ela estava...?

“Ele está bem?”

“Vejamos...” – O médico abriu umas pastas e pôs na mesa exames – “ O Sr. Levi teve traumatismo craniano grave, esses exames nos mostram que ele pode apresentar sequelas a nível neurológico, certeza teremos com o passar do tempo. A cirurgia foi difícil mas ele sobreviveu, temos que esperar....” – Ele ajeitou os óculos e ponderou por um instante – “E rezar”.

Poderia visitá-lo. Entrou no quarto, o lençol cobria até o abdômen, o corpo ferido. O rosto estava machucado. Respirou fundo. Fechou os olhos. Olhou para aquele homem sobre a cama do hospital, lembrou-se de todas aquelas noites de dor, olhou de novo, tão indefeso. Passou a mão suavemente pelo cabelo dele. Rezou.