Um Casal de Dois escrita por Liz03


Capítulo 3
Até que a morte os separe




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O Sol entrou pela fresta da janela cruzou todo o quarto e atingiu o rosto ainda com ferimentos.Cecília espremeu os olhos para depois abri-los, passou a palma da mão pela boca. O corpo nu doía sozinha na cama estreita.Suspirou. Agarrou-se ao lençol e levantou para ir ao banheiro. Deixou a água do chuveiro escorrer pelos ferimentos que ardiam, era como uma purificação. Pegou a toalha e escolheu as primeiras roupas que conseguiu pegar.

Na cozinha descascou uma banana, Carmem entrou no cômodo e olhou seriamente.

“Ele não fez isso”

Cecília mirou a amiga em silêncio. Sem resposta Carmem andou em direção a amiga, abraçou-a. Dona Milinha, a cozinheira, tratou logo de preparar para ela um prato reforçado de café da manhã. Colocou a comida na boca e imediatamente uma sensação ruim apareceu. A comida parecia estragada, devia estar fora da validade com certeza.

“Dona Milinha, acho que tem algum produto fora da validade, a comida está com um gosto estranho”

“Deixa ver minha querida”

A cozinheira experimentou um pouco.

“Para mim o gosto está normal, Carmem prova aqui”

“Para mim também, acho que esse negócio na cabeça mudou seu paladar Cessi, lembra que o médico disse que isso podia acontecer?’’

Acenou que sim. O médico avisou, também preveniu que tonturas, enjôos, febres, poderiam acontecer.

No almoço a sensação de estar comendo algo estragado voltou, a noite calafrios percorriam suas costas e paravam em seu pescoço, febre e enjôo fizeram-na passar a noite sentada no chão do banheiro. Pelo menos ele não aparecera aquela noite. Ela se sentia cada vez pior. No mês seguinte ele não a procurou, ela comia e dormia mal, doente. Até que numa manhã desmaiou na cozinha e levaram-na as pressas para o hospital.

O neurologista pediu uma nova tomografia. Tudo estava certo, o médico pediu mais exames. Gravidez. Ela queria ser mãe, mas tinha bom senso, uma criança não se formaria num ventre surrado, agredido. E se por acaso , bravamente, um bebê conseguisse nascer, como sobreviver naquela casa? E ele? Ela achava que ele não gostaria da novidade, Carmem disse que ele poderia se sensibilizar mas, ela pediu segredo, ele andava cada vez mais fora de casa,fora de si, não contaria, não até saber o que fazer.

Mais um mês. Ela começava a pensar na fuga, porque agora não era só ela, era uma nova vida.No fundo ela sabia que não tinha coragem, não o faria. Pegava a si mesma acariciando o ventre e seu mais novo ocupante. Sorria. Chorava. Angustiava-se, ele voltaria em algum momento, o medo a possuía, queria proteger a pequena pessoinha que se formava nela.

A noite soprava um vento frio, ela puxou mais o lençol. A porta abriu com força e naquele momento ela soube que deveria ter ido embora, que seu bebê estava morto. Ele segurou-a com força, atingiu o rosto dela com um tapa.

“Por favor, por favor , não me machuque”

Ela suplicou e as lágrimas desciam de seu rosto freneticamente. Levi ignorou, continuou a despi-la.

“Por favor...”

Foi atingida por mais um tapa, dessa vez com mais força, sentiu o gosto de sangue. Pânico. Agora, pela primeira vez, ela reagia, se debatia entre os braços dele, gritava, urrava.

“Não me bata, por favor, eu estou grávida, por favor, por favor...” Ele parou abruptamente. Ela viu os olhos dele, as lágrimas escorreram mais rapidamente, não podia mais controlar. Pensou em muitas coisas para dizer, para fazer, para que pudesse proteger seu bebê. Ele acertou mais um tapa em seu rosto e saiu pela porta, fechando-a bruscamente.

Ela levantou, lavou o rosto, viu o sangue escorrer pela pia. O ventre doía um pouco. Sentou-se no chão frio, vomitou.Chorou. Rezou, pediu a Deus que salvasse a vida do filho que trazia consigo, tão vulnerável, pediu a Deus que deixasse seu agressor longe do pequeno ser que ela queria tão somente proteger, pediu uma solução.

Na manhã seguinte Carmem bateu à porta do quartinho dos fundos. Haviam ligado do hospital, Levi havia sofrido um acidente de carro. O estado dele era gravíssimo e, pediam que alguém da família fosse com urgência ao hospital.

Cecília deixou o corpo cair sobre o sofá.


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Notas finais do capítulo

Gente alguém pode me dizer como estou indo? Se tem alguém lendo por favor avise, como vou saber se devo continuar?



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