POV Clarisse La Rue

Ok, por essa eu não esperava. Eu já estava confusa antes, agora que realmente não estava entendendo nada. Eu achei que ele pudesse estar delirando, mas ao olhar pra ele percebi que desde ele estava comigo, nunca havia estava tão “normal”. E isso me preocupou.

-Não quer me machucar? Como assim? Por que você me machucaria?

Ele me olhou, como se me avaliasse, como se decidisse se podia ou não me contar alguma coisa.

-Porque... Porque se ele souber... Ele pode... –nesse ponto, ele recomeçou a chorar.

Eu estava assustada, mas acima de tudo eu estava com pena dele, então me aproximei e dessa vez ele não fez nada pra me parar e passou pela minha mente que ele estava tão mal que não ia recusar meu apoio dessa vez. Eu nunca havia consolado ninguém, até porque acho que todos tinham alguém melhor pra consolar do que uma filha insensível de Ares. Mas ainda assim, eu tentei fazer o melhor que podia. Passei a mão em suas costas e senti ele se encolher um pouco mais ao meu toque. Afaguei seus cabelos e ele encostou-se a mim, com a cabeça no meu ombro. Ele chorava muito, como se estivesse soltando todas as lágrimas que havia guardado por muito tempo. Eu continuei fazendo carinho em seus cabelos, tentando em vão acalmá-lo. Depois de um certo tempo, ele se deitou, com a cabeça em colo e continuou chorando baixinho até adormecer.

  Eu não sabia o que fazer, o que pensar ou o que sentir. Ele estava deitado em meu colo e meus dedos ainda passeavam por seu cabelo, mesmo eu sabendo que ele já dormia. Eu estava assustada, sim. Mas algo me fazia ficar ali, com ele, provavelmente a mesma coisa que me fizera trazê-lo comigo, e eu lutava para saber o que era. É pena Clarisse. Só isso e nada mais. Mas algo me dizia, no fundo, que não era só isso. Que tinha algo mais. Não seja idiota e deixe de bobagem. Você é uma filha de Ares, uma valentona, uma durona e o que você esta pensando esta pensando é totalmente fora de cogitação. Eu resolvi acreditar que realmente era só pena e esquecer esse assunto. E dormir.

Quando acordei, ele não estava mais em meu colo. Eu olhar a meu redor, procurando ele e o achei recostado na parede da frente, parecendo bem melhor, o olhar não estava mais assustado ou enlouquecido e sim seguro, de certa forma até confiante. Mas isso não era o mais estranho, o mais estranho era o modo como ele olhava pra mim, de um modo... De um modo quase...  Não, não podia ser.

-Hum, oi.

-Olá, como dormiu? Espero que não tenha dormido mal por minha causa.

-Não, não. Eu dormi... Aham... Bem. –eu estava surpresa, o que tinha acontecido com ele?- Você parece melhor...

-É, eu realmente me sinto um pouco melhor. - ele parecia desconfortável com a conversa, mas continuou- Eu sinto muito por ter feito você passar por tudo aquilo. Foi... Vergonhoso.

-Você não tem porque ter vergonha, afinal não estava bem. - eu não tinha ideia de porque eu estava sendo gentil, eu nunca era gentil- Mas o que você tem?

-Ham... Às vezes eu tenho crises e fico meio... Fora de mim. - ele pareceu ficar pior ao falar isso, e eu achei melhor não insistir no assunto. Mas ainda assim, eu precisava saber uma coisa.

-Chris, você ainda... Bom, quando você saiu do acampamento...

-Não, Clarisse, eu não estou do lado de Cronos. Não mais.

Eu assenti e comecei a recolher as coisas para por na mochila, mas uma mão parou meu braço no meio do caminho, causando em mim arrepios.

 -Eu posso fazer isso, você já trabalhou demais, não acha?

 -Não me importo de fazer isso.

 -Bom, eu me importo de você fazer isso.

 E depois de dizer isso, ele gentilmente me afastou e começou a arrumar as coisas. Com aquela visão, foi impossível não ver e pensar no quanto ele era bonito e forte, mesmo sobre a fraca luz do labirinto. O que eu estou pensando?! Clarisse, controle-se!