POV Clarisse La Rue

                Abri os olhos lentamente, olhei pra o lado e vi Chris dormindo tranquilamente, não pude evitar que surgisse um sorriso em meu rosto. Eu estava feliz. Pela primeira vez em muitos dias, eu estava realmente feliz. Parecia que nada mais importava, contanto que ele estivesse ao meu lado. Eu estava completamente apaixonada.

                Não demorou muito e ele acordou. Repetindo o meu gesto, olhou pra mim e sorriu.

                -Bom dia, querida.

                -Bom dia. Como você está?-Por mais feliz que estivesse, ainda me assustava ao pensar em como ele havia enlouquecido ontem. Ele fez uma careta antes de me responder, como se também estivesse lembrando-se da crise da noite passada.

                -Bem. Muito bem, na verdade.

                Eu suspirei aliviada. Era bom saber que ele estava melhor. Levantei-me rapidamente e comecei a preparar o café-da-manhã, um pouco envergonhada. Nunca havia tido nenhum tipo de relacionamento e não sabia bem como agir.

                -Precisa de ajuda nisso, Clarisse?

                -Não, não precisa. Mas se você puder ir arrumando a mochila e desmontando o acampamento, eu iria agradecer, porque eu pensei em...

                Eu não consegui terminar o que estava dizendo. Antes disso, eu senti suas mãos em minha cintura me virando pra ele, seu corpo sendo colado ao meu e seus lábios procurando pelos meus. O beijo que se seguiu foi caloroso, cheio de paixão, era quase uma necessidade, nós precisamos desesperadamente um do outro. Quando nos separamos, ele continuou me encarando, de forma apaixonada, e tudo que eu pude fazer foi dar um sorrisinho envergonhado, que rendeu uma risadinha vinda dele.

                -Não ria de mim!-reclamei, empurrando ele pra longe e voltando a fazer o café.

                -Ah, Clarisse! Não fica irritadinha comigo. É que eu acho você muito linda quando fica sem graça. –Ele rebateu, me abraçando por trás. Eu não estava realmente irritada, mas adorava vê-lo tentar se explicar. Era muito engraçado. –Poxa, não vai nem me responder?

                -Ta bem. Eu te perdôo, mas vai arrumar as coisas, por favor.

                Ele sorriu, me deu um selinho e foi desmontar o acampamento. Ai, pelo amor dos deuses! Como ele consegue ser tão, tão... Tão perfeito?!

                Eu terminei de preparar o café e chamei Chris. Nós comemos sentados no chão, num silêncio confortável. Só quando já tínhamos terminado de comer, ele quebrou o silencio:

                -Então, você tava dizendo mais cedo que tinha pensado em alguma coisa... O que era?

                -Eu só ia dizer que tinha pensado em tentar andar um bom caminho hoje, pra tentar achar uma saída do labirinto.

                -Ah, é uma boa ideia. Eu já arrumei tudo, podemos ir quando você quiser.

                -Ótimo, eu só vou guardar essas coisas e nos vamos.

                Guardei as coisas usadas no café, nós pegamos nossos pertences e mais uma vez, nós começamos a andar pelo labirinto. Antes, porém, senti a mão de Chris pegando a minha e aquilo me reconfortou. Sorri e disse confiante:

                -Vai dar tudo certo. Eu tenho certeza.

                X-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-X

                Eu me sentia cansada.  Muito cansada. Parecia que uma manada de minotauros havia passado por cima de mim, mas eu não ia parar. Pelo menos, ainda não. Eu queria andar o máximo que conseguisse para tentar achar uma saída do labirinto. Tudo que eu mais queria era sair daquele lugar horroroso.

                -Clarisse, vamos parar. –pediu Chris pela décima vez.

                -Não! Vamos tentar andar mais, só mais um pouco. Vamos lá!

                Nós continuamos andando. Mas não demorou muito e:

                -Clarisse... Eu to cansado.

                -Eu sei, Chris. Eu também, mas vamos andar só mais um pouco.

                E nós continuamos. Andamos muito, em completo silêncio. Aparentemente, Chris desistira de tentar me convencer de parar. Bem, isso era o que eu achava, até ouvir um grito vindo dele:

                -Clarisse!

                Eu nem me virei, só respondi, sem parar de andar:

                -Eu sei! Eu também to cansada, mas quero muito sair daqui, então vamos andar só mais um pouco e...

                -Clarisse, para!-A urgência em sua voz fez com que eu me virasse. Chris estava parado, bem pra atrás, com a mão na parede e uma expressão chocada e feliz no rosto. Caminhei até ele curiosa e ao olhar na parede que ele tocava senti o alivio me dominar. Estava ali! A marca que eu mais queria ver estava ali. A marca de Dédalo!