http://images.orkut.com/orkut/photos/OgAAAKf9oYKf0ucoU72l9PKw3pcJxbTAahtjlwsj3H04zYNoxV7AuKMrWcPx-JO6nz1tffqLgu5KhLApkZKqd1yW_8QAm1T1UPBpsrImYjM6-axKii8z7wxuPMiN.jpg

 Caminhei decidido por entre os longos corredores do hospital. Eu iria salvá-la,precisava fazer tudo o que pudesse para mante-la viva. Eles não conseguiriam matar a minha única razão para existir. As palavras de meu pai ainda queimavam em minha me memória: São 8 anos,Edward. 8 anos sem nenhuma alteração. Voce precisa se acostumar com o fato de que ela não vai acordar mais, Isabella está morta, filho.O hospital já não tem mais motivos pra mante-la aqui, você precisa dizer adeus

Não! Eu sabia que ela podia acordar a  qualquer segundo. Já tinha feito milhares de exames,e o dano em seu cérebro já estava completamente curado. Era como se Isabella, a minha pequena bonequinha de porcelana, estivesse apenas dormindo. Eu continuaria aqui,velando seu sono tranquilo e esperando que ela acordasse. Porque ela iria acordar.

Ainda me lembrava da noite chuvosa em que ela chegou até aqui. Estávamos todos correndo de um lado para o outro,com a tempestade que caia sobre Londres,ocorreram vários acidentes. Eu tinha vindo trabalhar a uma hora,e era um dos mais descansados. Por isso eles me chamaram quando ela chegou. Minha Bella estava quase morta quando eu fui operá-la,e assim que pus meus olhos em seu rosto de anjo,eu  soube que tinha que traze-la de volta à  vida. Passamos mais de 4 horas na sala de cirurgia,e houve um momento que me fez perder o chão. Eu estava quase terminando de prender o coágulo em seu cérebro quando o coração dela parou de bater. Fiquei desesperado,e pela primeira vez na vida.,fiz uma prece. Se existia alguma espécie de força divina,ela precisava se salvar. Voltei a respirar aliviado quando seus batimentos recomeçaram.

Depois daquela noite,eu vinha visitar Isabella todas as vezes em que estava no hospital. A minha esperança de que um dia a encontraria acordada me dava forças pra lutar contra todos os que diziam que minha Bella era um caso perdido. Os anos foram se passando,e o carinho que eu senti por ela desde o primeiro dia acabou se transformando no mais genuíno e intenso amor. Sim eu a amava com todas as minhas forças, com toda a minha alma, e de todo meu coração.

Passei pela enorme porta de vidro que separava o corredor do hospital da área de terapia intensiva e corri para o último leito da sala. Meu coração se acalmou inhstantaneamente assim que meus olhos cairam sobre aquele rosto pálido e delicado. Isabella tinha uma pele quase tão clara como alabastro,e os anos sem se expor ao sol só a deixaram ainda mais linda. Ela era o meu pequeno anjo,meu maior tesouro. E eu ainda acreditava que seria capaz de salvar sua vida,assim como ela havia salvo a minha,me dando um motivo para continuar vivendo.

Me aproximei da cama com passos vacilantes,eu ainda me sentia estranhamente nervoso em todas as vezes que tinha que me aproximar dela,ela era como uma miragem,eu tinha medo de que ela desaparecesse de repente. Eu não sobreviveria se tivesse que aprender a viver sem ela. Por isso eu precisava fazer como que meu amor fosse forte o bastante para faze-la acordar, voltar para mim. Ainda hoje

Estendi minha mão e envolvi a sua,tão delicada e fria. Comecei a conversar com ela,assim como eu tinha feito durante cada dia que se passou nesses oito anos. Minha voz estava embargada,e as lágrimas causadas pelo medo de perde-la cobriam meu rosto.

-Bom dia meu anjo-eu sussurrei-sou eu de novo,Edward. Vim te ver,assim como eu prometi que faria até você acordar. Voce fica a cada dia mais linda sabia? Eu queria muito que você acordasse,tem tantas coisas lindas no mundo que eu quero mostar a você Bella-eu pausei e respirei fundo,buscando por controle. Eu precisava me acalmar,Isabella sempre ficava agitada quando eu estava nervoso-e eu preciso que você acorde meu amor. Eles não são como eu ,todos estão pensando que você está morta. Eu sei que não está.voce está apenas dormindo. E está na hora de acordar,está na hora de viver,minha bonequinha

Soltei a mão de Bella e me sentei ao seu lado. Eu estava destruído,apavorado. Tinha apenas algumas horas para encontrar algum índicio de que ela estava viva,que ela ia acordar. E não tinha ideia de como ia fazer isso.

Passei a manhã toda ali,com os olhos fixos nela,tentando encontrar uma maneira de provar que ainda havia esperanças pra ela. Eu havia tentado argumentar com todos os meus colegas em favor de Bella,mais eles diziam que eu estava me deixando levar pelo fato de acreditar que a amava. Tolos,era isso que todos eles eram:como alguém podia ser capaz de duvidar do meu amor por ela?

Acordei da espécie de torpor em que estava preso assim que meu pai entrou no quarto,ele pousou uma mão em meu ombro,lançou um olhar demorado na direção da cama e sussurrou:

-Está na hora de se despedir querido. Eu sinto muito,mais precisamos desligar os aparelhos.

Eu ainda custava em acreditar naquelas palavras. Ergui meus olhos,e Carlisle me encarava com um olhar que transbordava carinho...e pena. Balancei a cabeça lentamente,tentando afugentar aquelas imagens,talvez tudo aquilo fosse um pesadelo,e eu só precisava descobrir como sair dele

-Pode me dar alguns segundos para me despedir? Prometo que não vai demorar-pedi,tentando lutar contra as lágrimas que queimavam meus olhos. Elas ainda não podiam cair,eu teria tempo suficiente para chorar todas elas ao longo dos anos dessa minha vida vazia. Mais ninguém precisava testemunhar meu fracasso em controlar meus sentimentos.

Meu pai saiu do quarto,e eu o ouvi sussurando algo com alguém que estava lá fora. Respirei fundo,tomando coragem para o que eu precisava fazer. Meus passos vacilantes se aproximaram da cama de Bella e eu  fiquei alguns segundos apenas ali,observando seu sono tranquilo. Um sono de que ela não teria tempo para acordar. A grande verdade é que eu havia sido fraco:tinha feito uma promessa para Deus no dia em que ele me permitiu salvá-la.havia prometido que um dia eu ainda a veria acordada,mais não fui capaz de cumprir .Meu amor parecia não ser o bastante para traze-la de volta,e a dor de saber daquilo estava me corroendo por dentro. Eu sabia que não seria capaz de viver por muito tempo depois de perder Isabella,mais estava tentando não pensar nisso naquele momento. Só aumentaria uma dor que meu peito já não era capaz de suportar

Toquei-a na mão esquerda,e comecei a me despedir. Cada palavra fazendo meu corpo queimar,ser corroido pelos vermes da saudade. Eu estava me segurando para não desmoronar

-Me perdoe,bonequinha. Eu sou um completo inútil,eu sei. Tentei fazer com que eles entendessem meus argumentos,mais eles não tem a mesma fé que eu tenho em você. Eu sei que se você tivesse mais algum tempo acabaria acordando.-a essas altura as lágrimas já lavavam meu rosto,e estava ficando dificil enxergar os traços perfeitos da mulher a minha frente.-eu só quero que você saiba que não importa quanto tempo passe, você sempre será o grande amor da minha vida.

Depois que terminei de falar eu fiquei dividido: passei anos vindo aqui,mais nunca toquei nada além das mãos de Bella,isso parecia desrespeitoso,impuro. Ela estava indo embora para sempre,e eu merecia sentir seus lábios ao menos uma vez na vida. Não sabia se um dia eu ainda a reencontraria,já que ninguém sabe o que acontece  depois da morte,e talvez se eu a beijasse,isso pudesse fazer a dor diminuir

Me inclinei para a frente, com o coração batendo acelerado no peito,e a boca seca. Parei a centimetros daqueles lábios rosados e perfeitos. Eu estava hesitante,parecia errado fazer aquilo com ela tão indefesa e inocente. Mais eu a amava mais que a mim mesmo,precisava fazer aquilo

Toquei meus lábios nos de Bella delicadamente,e parecia que o mundo tinha desaparecido ao meu redor. Tudo que eu sentia era o calor e a docura dos lábios dela. Fiquei algum tempo ali,me permitindo senti-la,pela primeira e última vez. Quando ergui meus olhos,quase desmaiei ali mesmo:aquilo era uma alucinação só podia ser,eu estava delirando. Fechei meus olhos por alguns segundos,esperando que aquela imagem impactante e maravilhosa desaparecesse. Mas quando eu os reabri,e olhei para Isabella,encontrei-a me encarando com dois olhos de uma coloração  chocolate intensa,e um sorriso tímido

Era inacreditável,mais eu havia conseguido,meu amor por ela havia sido mais forte que a morte:minha Bella estava acordada!

Eu comecei a tremer descontroladamente. Ainda não acreditava que aquilo era real,que Bella estava acordada,e que eu tinha finalmente descoberto qual era a cor de seus olhos. Fiquei meio aéreo,e desesperado quando ela começou a olhar de um lado para o outro do quarto ,e depois tentou se levantar da cama. Meus braços a ampararam assim que ela tentou se sentar

-Não Bella, você ainda não pode se levantar-disse,com a voz tremula. Eu não estava me sentindo muito bem,era emoções demais para um dia só

-Onde eu estou?-ela perguntou,e eu fiquei encantado com a beleza incomparável de sua voz,parecia a voz de um anjo,era perfeita,como tudo em Isabella-onde está o James? Quem é você?-ela foi ficando cada vez mais nervosa,á medida em que se dava conta de que não sabia onde estava. Meu coração se despedaçou quando ela começou a pedir pra que eu fosse chamar o James,e repitir que ela precisava ve-lo.

Consegui fazer com que ela se deitasse,e aos poucos ela foi se acalmando. Sai do quarto com a desculpa de que iria procurar essa tal de James,mais tudo o que eu precisava era alguns segundos para me acostumar com a ideia de que Bella,a mulher que eu amei por anos pertencia a outro homem.

Assim que cheguei ao corredor,Carlisle veio para o meu lado e se surpreendeu com a minha expressão:

-Edward?-ele chamou me sacudindo levemente- o que foi que aconteceu lá dentro?

-Ela está acordada-sussurrei-Bella voltou, pai

-Isso é impossível filho! Voce está bem?

-Mais que droga!Ela está acordada!Eu não enlouqueci,eu estava lá quando ela abriu os olhos!-minha voz estava alterada,alta demais para um hospital.

-Tudo bem eu vou verificar. Fique aqui,está bem?-Carlisle saiu andando e entrou na UTI. Assim que ele sumiu pela porta,eu sai correndo pelo corredor,peguei as chaves do carro e sai dirigindo sem rumo pela cidade.

Eu estava apenas fazendo o que sempre quis fazer, como o grande  covarde que eu sempre soube que era:estava fugindo,tentando me isolar da dor