Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 15
15-Orgulho ferido.


Notas iniciais do capítulo

Olá...Novo capítulo aqui!!
Queria postar um capítulo antes do feriado,então aproveitem!!
Boa leitura (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/146951/chapter/15

O sol das três parecia não querer dar trela para a molecada que corria solta no pátio da escola. Era o intervalo entre as aulas e mesmo debaixo do calor, muitos alunos pareciam não se importar com isso e aproveitavam o tempo livre, ocupando-o com as mais diversas atividades. Como sempre, Hayato estava sentado à sombra de uma árvore; um dos vários hábitos que desenvolvera com o padrasto. Os únicos amigos que tinha estavam brincando com outras crianças e o inseparável videogame estava em casa. Não se sentia abandonado pelo fato dos amigos estarem longe, eles o haviam convidado, foi ele quem tinha recusado os convites, afinal, como poderia fazer alguma atividade com uma das pernas engessada?

Sozinho, deixou a mente vaguear para lugares distantes enquanto riscava desenhos desconexos na terra ao redor. Amava estar do outro lado do poço, na era feudal, com os amigos da mãe e seus também, com Kouga, Rin, Kaede e até mesmo Sesshoumaru -o tio estressado e antipático que tinha- Lá sentia o aroma das flores desabrochando a quilômetros de distância, assim como o coaxar dos sapos, ou o murmúrio incessante das águas de um riacho. Na cidade nunca podia usufruir de tais privilégios. Os instintos Yokais que herdara já tinham se acostumado à paisagem conturbada do novo mundo, mas era impossível não se sentir incomodado, vez ou outra.

Distraído, não viu quando uma bola de futebol veio parar ao seu lado.

Mizo, seu amigo que jogava com a turma fez uma careta. Sabia que qualquer motivo, por mais besta que fosse, desencadearia mais perturbação para o lado de Hayato. Gritou e acenou buscando alertá-lo.

–Hayato!Passa a bola. Rápido!- tinha urgência na voz.

Ele continuou escrevendo, absorto em pensamentos.

Loki, um garoto grandalhão e metido a maioral, encarou o hanyou por alguns segundos. Ele não gostava de Hayato, achava-o um garoto estranho, antipático e idiota. A simples presença dele era suficiente para despertar a sua raiva.

–Ei, almofadinha. Estúpido. – Chamou grosso. – Vê se faz alguma coisa de útil e passa a bola de volta.

Hayato continuava parado, riscando o chão sem vontade. Lembrou-se do cheiro que sentira em seu quarto na manhã antes de voltarem a Era Feudal. Pensou ser sua imaginação, um truque sujo e sem graça do seu subconsciente, mas algo lhe dizia que alguma coisa estava errada. Aquele cheiro odioso era do pai. O mesmo que ousara abandona-los por causa de uma única mulher. O mesmo desgraçado que tivera a audácia de reaparecer na sua frente depois de oito anos com palavras doces e pedidos de perdão. Tinha levado tantos dias para se controlar, tentar esquecer a tristeza e o ódio.

–Ô bailarina, tô falando com você!Tá surdo?!- Perguntou se aproximando.

Mizo pressentia o perigo e torcia para o amigo perceber logo o que estava acontecendo.

–Essa bailarina de vidro é surda!- fez sinal para outros dois moleques, tão grandes e intimidadores como ele. – Além de frágil e idiota, é surdo.

Ele continuou se aproximando. Não levou muito tempo para que os outros dois se emparelhassem com ele, um de cada lado.

–Acho que alguém tem que ensinar boas maneiras a esse bostinha.

–Deixa ele quieto, Loki. Ele tá distraído, não viu a bola.

–Quem pediu a sua opinião, graveto?!É melhor calar a boca senão vai sobrar para você.

Hayato estava sentindo o sangue ferver ao lembrar do pai. Ele estivera lá. Tinha tido a audácia de machucar Kouga. Pior, tinha tido a coragem suicida de dar com aquela cara porca na frente dele de novo. Sem perceber apertou os dentes deixando o rosto, tranquilo e despreocupado de sempre, se transformar em uma careta raivosa. Riscava o chão com mais força. Foi nessa hora que viu o garoto chegar.

Loki não perdeu tempo e o saudou com um cascudo na cabeça.

–Que você era um idiota eu já sabia, só não fazia ideia de que era surdo.

Hayato sentiu a cabeça latejar, mas não ousou pôr a mão no ferimento. Respirou fundo tentando manter a paciência. Sempre fora vítima de abusos e bullyng por parte dos colegas e não revidava por medo de acabar pondo um dos idiotas em coma. Conseguira sempre se controlar bem, mas aquele definitivamente não era um dia bom para lidar com a idiotice dos brutamontes.

–O que você quer Loki?-disse contendo a raiva.

–O que você quer Loki?- o menino imitou em tom de deboche. – Quer saber mesmo o que eu quero, florzinha?Quero um pouco de respeito.

Hayato continuou a fitá-lo sério. Um dos garotos ao lado de Loki se deixou intimidar pelo olhar ameaçador dele. Alguma coisa dizia que era para deixar aquele menino quieto. Nunca tinha visto um olhar tão ferino em seu pouco tempo de existência. Mesmo assim, não deixou transparecer.

–Eu não gosto de gente igual a você, bostinha. Cheio das frescurinhas, das nove horas. Frágil igual a uma borboleta.

–Eu não preciso que goste de mim, Loki. É só ficar longe.

–Isso, por acaso, foi uma ameaça, florzinha?

–Apenas uma sugestão. Se não gosta de mim, fique longe.

–E quem disse que pode me dar conselhos, idiota?!- agarrou a gola da camisa dele trazendo-o para perto. – Um sonso frágil a tudo, som alto, muita luz, cheiros fortes. Não pode dizer o que tenho que fazer.

–Me larga Loki, eu não estou com muita paciência hoje.- disse sério.

–Ui, é mesmo? Estou morrendo de medo. – debochava sem soltar. – O que vai fazer, bailarina? Desmaiar para chamar a atenção dos professores?

Algumas crianças que estavam no pátio começaram a se reunir em torno do trio que ameaçava o garoto de olhos dourados, atraídos pela ação de Loki. Era raro ver uma briga na escola.

Mizo olhava aturdido sem saber o que fazer. Deveria chamar um professor?!Sabia que o amigo era fraco, não tinha como ele ganhar de um brutamontes como Loki, nunca! Olhou para os lados. Virava os olhos e a cabeça nervosamente a procura de um que pudesse parar aqueles trogloditas, mas, por mais que procurasse, não conseguia ver nenhum. Onde diabos estava aquele maldito professor de Educação Física que deveria estar vigiando a turma?

Hayato sentia o coração bater acelerado. Estava nervoso, agitado pelos últimos acontecimentos. Seria difícil se controlar para não acabar arrancando a cabeça do desgraçado metido a bonzão. O sangue esquentava enquanto o fitava nos olhos. A herança guerreira inflamava em sua mente, implorando pelo sangue daquele infeliz. Afinal, porque diabos um humano, uma criatura inferior por ordem de nascença estava tentando intimidá-lo?Quanta audácia.

–Então, florzinha, o que vai ser?Estou curioso para saber o que você vai fazer.

–Me solta, Loki, estou avisando. Não estou com paciência hoje, não vou me controlar.

–Mesmo?Adoraria ver o que uma bailarina como você pode fazer.- aumentou a pressão na gola da camisa trazendo Hayato para mais perto.

Hayato ficou em silêncio. Tinha as sobrancelhas arqueadas e os olhos dourados tinham perdido o brilho costumeiro. Ele todo parecia emanar uma aura estranha, perigosa, um aviso que os amigos de Loki pareciam estar compreendendo melhor do que ele.

–Quem sabe eu possa te perdoar se beijar o meu tênis.

–Beijar o seu tênis?- o hanyou olhava estranho. Dava arrepios.

–Isso. Quem sabe assim não aprende qual é o seu lugar, florzinha?

O hanyou sentiu o sangue ferver. Uma sensação estranha se apossou de seu corpo, como uma loucura, um desejo incontrolável, o mesmo sentimento de quando perdera a paciência na Era Feudal. Era estranha e ao mesmo tempo deliciosa. Deixou a mente ser invadida por aquela sensação maravilhosa. Era o corpo que o chamava para o embate, que clamava por uma boa porradaria. Hayato sempre fora um garoto tranquilo e pacífico. Apesar de turrão, tinha noção da sua força e dos estragos que podia causar com uma briga, mas dessa vez era diferente, ele queria, ele desejava a luta tanto quanto o ar que respirava naquele exato momento.

–Vai pro inferno, seu gordo idiota. – disse sorrindo e cuspiu no rosto do menino.

A multidão ao redor fez um “Ah!” incrédulo ao ver a cena. Loki era um garoto perigoso, tinha a mania de mandar dois ou três garotos para a enfermaria em um dia por motivos menores como olhar de esguelha ou dirigir-lhe a palavra. Nunca era pego por ser o filho do prefeito que lhe dava guarita e era tão inescrupuloso quanto ele. O diretor se fazia de cego aos atos dele e todos da escola sabiam disso. Estavam presos aos pés daquele lunático. Hayato mesmo já apanhou dele quatro vezes em menos de um mês por “ousar olhar de maneira ameaçadora”.

Loki deu um soco no estômago do garoto. Estava na hora de mostrar para aquele moleque estranho qual era o seu lugar. Furioso, deixou a mão rodar mais cinco vezes no rosto de Hayato que se desequilibrou e caiu no chão. Bufou raivoso sentindo a mão latejar estranhamente. Todas as vezes que batia naquele bostinha sentia a mão tremer e doer. Socar o rosto dele era como socar uma parede de concreto de tão duro.

Caído no chão, Hayato virou o rosto e cuspiu sangue e dois dos seus dentes, um de cima e outro de baixo. Riu baixinho. O desgraçado era forte, sem dúvida, mas os socos dele, que teriam força suficiente para pôr um adulto tonto, não faziam muito efeito no hanyou que tinha o poder de cura cinco vezes mais rápido que de um humano normal e a resistência típica de um Yokai. Há tempos nutria a vontade de esmagar aquele idiota como à uma barata, e agora que o sangue corria como bala e lhe tirava a razão, parecia ser a oportunidade de ouro.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi escrito pela Yue e (novamente e acho que a partir de agora)postado por mim,Mi.
Eu fiquei pasma quando li esse capítulo,sério mesmo!!
É, o autocontrole do Hayato não é perfeito e se eu sofresse tudo o que o coitadinho sofreu teria feito a mesma coisa...
Parei de amolar,até a próxima vez!!