Desculpas Atrasadas escrita por Yue Chan, MichelleCChan


Capítulo 1
01-Admirando o mesmo céu.


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povão, essa fic ainda está em fase de teste, e se for aprovada em alguns capítulos vocês terão uma surpresa!Boa Leitura!Ps: A história está um pouco modificada. Kikyou ainda está viva como irão perceber entre outros detalhes que não me recordo agora, mas que serão perceptiveis com o desenrolar da trama.



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Deitado sobre a relva com as mãos sob a cabeça ele observava as estrelas em silêncio, concentrado como se nada pudesse atrapalhar o seu momento de reflexão. Havia perdido a conta de quantas vezes fizera isso nos últimos anos; sabia apenas que ela adorava fazê-lo, e lembrava-se agora das muitas vezes que se perderam por minutos infindáveis fitando a mesma colcha celeste.

Um suspiro longo escapou de seus lábios. A muito não sabia a sensação de um sorriso; abandonara a felicidade que havia conquistado ao lado de Kagome para se entregar definitivamente nos braços de Kikyo, pensando essa ser a única mulher que poderia amar em vida, mas depois de tantos anos ao seu lado já não estava certo de que fizera a decisão mais sensata e amargava o dia em que a deixou partir para longe.

O vento soprou acariciando gentilmente o seu rosto como se compreendesse sua tristeza e quisesse consolá-lo, mas nada era capaz de apaziguar a dor que fazia seu coração doer todas as vezes que se lembrava do sorriso doce que o cativava.

_ Inuyasha, pretende dormir ao relento hoje. - a voz feminina soava séria como se não se preocupasse com a resposta.

Dormir ao relento? Bem que ele gostaria, quem sabe assim poderia sonhar com o sorriso dela ao invés do rosto choroso que sempre vinha despertar do seu sono quase todas as noites.

Como não obteve resposta, a sacerdotisa caminhou a passos lentos ao seu encontro. Ela sabia que a mente dele vagava por outras paisagens, mas se negava a admitir que pudesse ser trocada por outra pessoa. Sentou-se ao seu lado tomando o cuidado de não acordá-lo de seus pensamentos, mas ele não se mexeu, simplesmente não se importava com a presença que um dia já havia causado tanto alvoroço em seus sentimentos, mas que agora havia se tornado tão comum que por vezes se tornava entediante.

_ Porque esta tão interessado nas estrelas ultimamente? Não deveria ficar tanto tempo exposto ao vento, pode acabar passando mal. – disse em um tom doce.

Por um segundo ele teve vontade de responder que isso o fazia lembrar da mulher que amava, mas não o fez, não seria agradável terminar a noite com discussões sem sentido.

_ Não se preocupe, eu tenho sangue Yokai, é preciso algo muito forte para me deixar de cama.

Ela pareceu ponderar a situação e olhou de relance para ele.

_ Sei que a sua herança é forte, mas deve se lembrar que também possui uma parte humana.

_ Por acaso veio jogar isso na minha cara?!- lembrar que ainda era um hanyou ainda o irritava profundamente.

_ Não, quero apenas que se lembre que não é invulnerável como um Yokai completo, precisa de cuidados.

Ele se levantou irritado e caminhou em direção a floresta. Sentia o coração pesado pela culpa de ter abandonado a mulher que demonstrara seu amor por ele tantas vezes, e conversar com Kikyo nessas horas era extremamente desgastante. Precisava de um tempo para pensar em sua vida, nas escolhas que havia feito, sem a interrupção de ninguém.

A sacerdotisa resolveu não segui-lo; há tempo não conseguia atar o coração deles com tanta facilidade quanto fazia antes e talvez deixá-lo sozinho fosse a melhor coisa a fazer. Não podia deixá-lo perceber que estava insegura, não era uma mulher fraca como Kagome e não se rebaixaria como ela em busca de Inuyasha, se ele quisesse a sua presença que viesse ao encontro dela depois.


–----

O sol começava a se esconder no horizonte cobrindo o topo dos prédios com seus raios coloridos, deixando claro que em pouco tempo a noite cobriria a cidade.

Kagome se levantou assustada, não percebera o tempo passar em meio a confusão de papeis da empresa e acabou perdendo a noção do tempo com isso. Colocou o blazer preto e em questão de minutos arrumou a mesa deixando os documentos prontos para o dia seguinte. Odiava aquela parte burocrática do trabalho, mas era preciso manter as fichas dos pacientes organizadas para possíveis emergências. Pendurou seu jaleco em um dos cabides e deixou a chave do carro em mãos, sabia que iria precisar delas mais tarde e não podia se atrasar mais.

Desceu as escadas por julgar mais rápido depois de verificar que não havia elevadores disponíveis, apesar de serem três andares não era cansativo, apenas aumentava a sensação de que estava mais atrasada.

Venceu alguns passos e alcançou seu carro, abrindo-o e jogando a bolsa no banco de trás. Fora a solidão não podia reclamar de muita coisa, tinha um emprego instável, uma vida financeira confortável, um carro do ano e uma família maravilhosa.

Saiu do estacionamento as pressas, rezando para encontrar os sinais abertos para não precisar se descabelar mais, o que para sua sorte foi atendido. Ligou o som e se deixou embalar pela música que tocava, prestando atenção no trânsito que em pouco tempo estaria caótico devido a hora do Rush.

Estacionou em frente a uma escola e olhou o relógio, ainda faltavam alguns minutos para o fim do expediente então ninguém iria repreendê-la pela demora. Acenou para o porteiro que sorrindo acionou a abertura do portão automático.

_ Boa tarde senhorita Higurashi, vejo que chegou um pouco atrasada. Problemas no trabalho de novo?

_ Ah boa tarde Kenji. – deu um sorriso acanhado- Os mesmo de todo final de mês, organização de cadastros e fichas de pacientes, toda aquela papelada infernal que nos faz querer arrancar os cabelos.

_ Imagino que deve ser. – riu brincalhão, para depois ligar com o interfone. – Alô Kiza? É o Kenji, pode mandar o Yusuke que a senhorita Higurashi chegou para buscá-lo. - desligou.

_ Obrigada Kenji, eu não estava muito a fim de entrar ai dentro.

_ Eu sei que não por isso liguei.

Cerca de três minutos depois, enquanto ainda trocavam figurinhas, os dois viram aparecer uma moça de cabelos ruivos carregando um bebê no colo que aparentava ter no máximo dois anos e tinha os cabelos castanhos e olhos azuis claros. No momento em que viu a mãe ele largou um lindo sorriso e abriu os bracinhos de expectativa.

_ Ele já estava ficando maluco na sala de tanto esperar. – a professora disse carinhosamente olhando para o menino. – Nem quis jantar comigo de tão emburrado.

Ela pegou o menino no colo e lhe deu um beijo demorado na bochecha deitando a sua cabeça em seu ombro.

_ É o gênio do pai que o deixa tão mal humorado com atrasos, mas nãos e preocupe com isso, em casa eu dou janta a ele. Agora eu tenho que ir que o meu outro “trabalho” me aguarda.

Despediu-se e caminhou em direção ao carro, onde largou a bolsa do bebê sobre a sua e o colocou na cadeirinha. Olhou em volta quando o viu jogar outra chupeta fora e reclamar.

_ Acho que está na hora de largar isso meu filho, você consegue estragar três por dia com esses caninos pontudos. – olhou para a chupeta destroçada e para o pequeno que não parava de sorrir como se gostasse de ver o olhar desolado dela. –Desse jeito não há dinheiro que agüente.

Depois de verificar se o pequeno estava seguro fechou a porta e entrou dando partida no carro. Dirigiu por mais alguns minutos até chegar ao penúltimo destino da noite.

Diferente da primeira escola, essa já estava fechada tendo apenas um dos serventes para cuidar da manutenção do lado de fora, o que a fez praguejar pela sua desatenção ao relógio.

Saiu e caminhou um pouco até encontrar o filho mais velho sentado na beira da calçada com uma bola de futebol na mão. Os cabelos prateados e lisos estavam bagunçados de tanto jogar e a posição em que estava parecia avisar sobre os eu estado de espírito.

_ Vamos embora Hayato?!-perguntou carinhosamente tentando disfarçar o máximo possível o cansaço na voz.

_ Está atrasada de novo. – ele reclamou levantando os olhos dourados.

Kagome amava os filhos, mas às vezes eles eram tão parecidos com os pais que a deixavam sem ação, principalmente o mais velho que possuía um temperamento explosivo igual ao de Inuyasha. Por sorte nenhum dos dois possuía as características típicas dos clãs como orelhas de cachorro ou pontudas, caso contrário não saberia o que fazer com eles em sua era uma vez que seria muito difícil explicar.

_ Sabe que não foi de propósito filho, eu tenho responsa....

_ SEMPRE O TRABALHO NA FRENTE! Não sabe pensar em outra coisa a não ser isso.

A pouca paciência que ela tinha foi embora com a explosão dele.

_Como você acha que eu pago essa escola particular? Jogando bola o dia inteiro como você?Agora pare de discutir e entre no carro antes que eu me aborreça mais com você!

Ele nada disse, não gostava de ser afrontado, mas não tinha coragem de responder a mãe e não sabia o porquê disso, então caminhou e entrou no carro sem pestanejar o que não significa que o tenha feito de boa vontade, pelo contrário saiu pisando forte e com a cara emburrada.

_ Nisan!- o bebê falou alegre saudando-o.

_ Não me enche o saco Yusuke. – respondeu mal humorado fazendo a mãe que estava colocando o sinto de segurança lançar-lhe um olhar reprovativo.

_ Isso é maneira de cumprimentar o seu otouto? Seja mais carinhoso. - disse dando partida, mas ele nada fez apenas virou o rosto fazendo um som de estalo com a língua igual ao que o pai fazia quando estava nervoso e não sabia o que responder.
_ Peça desculpas ao seu irmão ou vai ficar de castigo hoje.

Ele olhou bufando.

_Porque não para de brigar comigo mãe!

_ Porque não para de desobedecer meu filho.

Ela trocou a marcha e começou a subir a ladeira do templo.

_ Eu não tenho culpa se você não está com paciência.

_ Tem razão, mas também não está fazendo esforço para me deixar feliz. Agora peça desculpas ao seu otouto que está triste por causa da sua grosseria.

Ele pareceu ponderar sobre a situação. Pulou para o banco de trás e abraçou o bebê que começou a se mexer e rir feliz com o contato. Kagome sabia que o filho assim como o pai tinha muita dificuldade em pedir desculpas por causa do orgulho, mas tinha um jeito carinhoso de demonstrar os seus sentimentos.


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Ele vagou por horas seguindo o cheiro de rosas que o vento trazia indicando o local onde o seu passado havia sido selado no dia em que abandonou Kagome e seu filho pequeno. Shippou havia plantado muitas delas naquele local como um meio de homenagear a mulher que havia se tornado sua mãe, transformando o poço come ossos em um verdadeiro jardim.

Ele se sentou ao lado do poço para olhar o céu, como se isso fosse capaz de apaziguar seu sentimento de culpa. Tocou a relva com a mão e se esforçou para lembrar-se do cheiro de Kagome, dessa maneira poderia imaginá-la ao seu lado com as pernas cruzadas como fazia quando ainda estavam em busca dos estilhaços da jóia de quatro almas, isso reconfortava um pouco o seu coração.

Encostou as costas no poço se lembrando de quando ela recostava a cabeça em seu peito para descansar. Não se atreveu a entrar no poço novamente para encontrá-la, sabia que era inútil, ela havia lacrado o poço com vários selos a muito tempo e depois de várias tentativas frustradas finalmente se deu conta de que dessa vez ela realmente havia cumprido a promessa que fez.

Pela primeira vez em muito tempo, sentiu os olhos marejarem de tristeza. Nunca mais poderia ver Kagome ou o filho, porque não foi capaz de dizer não ao seu egoísmo. Sentia saudades deles, dos risos, dos carinhos, do amor que transpareciam no olhar diferente de Kikyo que assim como ele era orgulhosa demais para gestos tão espontâneos e inocentes.

Uma lágrima teimosa desceu pelo rosto e ele agradeceu por estar sozinho e poder finalmente transparecer o que de fato estava sentindo sem sentir vergonha de demonstrar seus sentimentos.

Sentia um sentimento de derrota consumir seus pensamentos, enquanto sentia a brisa fria acariciar-lhe o rosto, trilhando o caminho das lágrimas silenciosas que agora corriam sem pudor algum.

Estava muito absorto em pensamentos para notar a presença de uma pessoa que o examinava a distância por detrás dos arbustos e contra o vento de modo que não pudesse ser detectada pelo olfato sensível dele. Ela presenciou seu momento de solidão e angústia, porém ao invés de sentir pena da cena, sentia a raiva e a revolta crescerem violentamente em seu interior e cerrou os punhos em uma fúria tão intensa que pode sentir a carne sendo perfurada pelas garras que possuía fazendo o sangue escorrer em filetes pela palma da mão e dedos, vindo pingar no chão.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram não deixem de comentar! Eu quero saber quais são as suas expectativas em relação ao desenrolar da trama!Beijos!!!!YueChan.