O relógio marcava 20:30 quando Taemin acordou assustado pelo barulho feito por MinHo ao abrir a porta do quarto do menor.

  – Olá, Tae! Vim ver se ainda dormia, mas pelo jeito estraguei seu sono.

  – Não se preocupe, hyung. Está tudo bem contigo? Você sumiu durante o restante da tarde e nem falou para onde iria.

  – Sentiu minha falta, maknae? – MinHo falou em tom de teste.

  – Ér... ham, não. Quer dizer, sim! Não é bem isso, só achei estranho ter saído sem avisar. – Taemin começou a ficar bem nervoso com aquela conversa e suspirou aliviado ao perceber MinHo mudando o rumo da conversa.

  – Pois bem, tive que resolver algumas coisas na rua e...

  – Ah! Que coisas? Conseguiu resolver? – Tae perguntava curioso e encabulado.

  – Hm, quase! E depois você ficará sabendo, meu pequeno curioso. – Soltou um sorriso forçado. – Preciso ir agora, estou muito cansado e necessito dormir. Boa noite, até mais.

  – Mas hyung, eu quero sab... – Falava manhoso e a porta bateu antes que o maknae terminasse a frase.

  Do lado de fora era a vez de MinHo ficar apreensivo. Taemin sempre queria saber demais, só que dessa vez não poderia nem chegar perto dos planos tramados por ele. Agir assim foi a melhor maneira que encontrou para dar um corte no menino sem dar maiores explicações.

  – Ele irá saber, mas não agora. Que complicado, senhor! – Tentava encorajar-se enquanto caminhava para o próprio quarto.

  MinHo vestiu uma roupa quente, pois a noite em Seul estava esfriando de repente. Deitou-se na cama fitando o teto, vários pensamentos passavam por sua mente até parar na imagem de Taemin com expressão desajeitada ao responder se sentiu falta dele quando esteve fora. Riu sozinho. Será que aquele era um sinal?

  – “Melhor não se precipitar”.– Pensou.

  Virou para o lado, agarrou um travesseiro imaginando ser o corpo do mais novo, se cobriu e dormiu na expectativa de sonhar com ele. Quem sabe um dia dormiria todas as noites com o maknae daquela forma, e não com um bolo de espumas.

  O sol estava invadindo o quarto de MinHo anunciando outro dia, despertando-o quando sentiu em seu rosto. A manhã começava linda e prometia muitas coisas. O frio de Seul daquela noite passada deu lugar a um céu tão limpo e azul, sol quente que fez o moreno sorrir largo. Foi o primeiro a acordar, tomou um banho demorado, pois sabia que ninguém ia atrapalhar por ser 7 da manhã. Estava muito feliz e cantarolava várias músicas debaixo do chuveiro, dançava até mesmo enquanto se arrumava. Acabou toda a higiene, desceu para a cozinha e engoliu qualquer coisa como café matinal de tanta ansiedade e voou para a rua.

  As 9:30, Onew acordou, andou pela casa e deu a falta de MinHo, mas não se importou já que era folga e os membros possuíam plena liberdade de sair e resolver problemas pessoais.

  Onew ia de quarto em quarto batendo nas portas para avisar sobre o café que ia preparar e após isso, desceu. Não demorou muito para todos se reunirem na cozinha.

  – Bom dia, hyungs! – Taemin era o último a chegar.

  – Bom dia, Taemin! – A resposta dos membros, divertidamente, saiu em coro.

  – Vocês sabem de MinHo-hyung? – Rodou os olhos por toda a cozinha o procurando e parou ao olhar uma cadeira vazia no canto.

  – Não, mas aposto que foi resolver problemas pessoais. Hoje é o dia de folga, esqueceu? Ele me disse que precisaria sair esta manhã para ver algumas coisas, mas sem detalhes. – Disse Jong.

  Ao terminarem de comer, os meninos foram para a sala com exceção de Taemin. Key sentou no sofá e se distraía com seu notebook, Onew e Jonghyun disputavam futebol no playstation.

  Taemin preferiu a privacidade de seu quarto, não conseguiria disfarçar a preocupação com o “sumido”. Subiu correndo, se trancou no cômodo e deitou o corpo na cama, e esse parecia mais pesado que o normal.

  – Isso não pode estar acontecendo comigo!

  Lamentava-se e logo sentiu vontade de chorar. Era o segundo dia consecutivo que MinHo saía e não dava satisfações a ninguém, o que era estranho pois nunca foi de fazer essas coisas. O maknae não queria, mas estava chegando a triste conclusão de que o outro teria arrumado uma namorada.

  – Não, não, não! Como pôde? – Queria se convencer do oposto, embora em vão.

  Colocou o travesseiro no rosto, deitou de bruços e forçava para o choro não cair. A contragosto lembrou dos momentos que passou com o mais velho, lembrou até de dois dias atrás que ele havia feito um lanche à noite todo carinhoso. Era impossível tudo aquilo ser uma mentira e não entendia como de um dia para o outro MinHo tinha mudado.

   – Talvez ele faz todas essas coisas para mim por me achar dependente, uma criança como todos acham! – Pensou.

  E nesses pensamentos que Taemin adormeceu.

  Na sala, Onew se despedia do jogo com Jong para preparar o almoço. Passaram tanto tempo jogando que nem repararam na hora. O líder ia preparar uma comida bem leve e prática para aproveitar o dia de descanso e não ficar muito tempo na cozinha.

  Enquanto isso, Key largou seu note, foi à procura do maknae e ao abrir a porta do quarto dele, o viu dormindo. Aproximou-se e sentou do lado da cama.

  – Bebê, acorde e vamos almoçar! Não passe o dia todo na cama, faz mal... Nem parece que é jovem. – Balançava o corpo de Taemin.

  O pequeno virava aos poucos, as lágrimas paradas anteriormente nos olhos, haviam secado, mas o rosto estava inchado e um pouco vermelho. Key se espantou:

  – Lee Taemin, você chorou! O que houve? Quem fez isso? Fala que sua mãe aqui vai até o inferno procurar o maldito que machucou o meu bebê.

  Taemin apenas se agarrou com o mais velho e o abraçou durante um bom tempo para se sentir seguro, apoiado e Key era uma ótima pessoa para se contar. Sempre que tinha problemas, contava a ele porque era uma mãe mesmo e lhe dava conselhos certos sobre a vida.

  – Não conte nada aos outros, por favor, umma. – Taemin implorava sem se soltar do abraço.

  – Juro ficar de boca calada, mas pelo menos ME conte, quero te ajudar.

  – Ok! Responda-me com toda a sinceridade: Eu sou feio? Você acha que pareço um bebê? Sou chato...

  – Taemin, pare! Você não é feio, é lindo e parece um bebê porque é muito fofo e carinhoso. Tudo bem que você me acorda sempre de madrugada para fazer um lanche, – Key riu com o que acabara de falar – mas isso não impede que tenha atitudes de maturidade. Você já nos provou isso, porque se preocupa agora?

  – Nada, umma. Deixa pra lá.

  – De jeito nenhum! Vai me contar agora o que ta acontecendo, anda! – Key pressionou.

  – É... Que... Ah, eu penso que todos olham para mim e acham que sou uma criança, me tratam como tal. Pouco se importam com o que penso ou sinto.

  – Já acabou com a bobeira? Desde quando te ensinei a dar confiança a isso? Anda, levanta daí, vá lavar o rosto ou tomar um banho, sei lá, e desça porque daqui a pouco Onew colocará o almoço na mesa.

  – Almoço? Mas que isso, ainda é de manhã!

  – Pra você que dormiu e não viu o tempo passar. Vai dar 12:30, seu louco! Vai se cuidar ou daqui a pouco é Onew aqui em cima.

  Key fechou e deixou Tae novamente sozinho no quarto. Esse então tomou banho rápido, colocou outra roupa confortável e quando estava prestes a sair, seu celular anuncia uma nova mensagem. Era de MinHo:

  – “Espero que esteja acordado, meu pequeno!”.

  – “Sim, há muito tempo. O que houve?” – O maknae tentava ser imparcial, não demonstrar nem tristeza e muito menos alegria.

  – “Que bom! Quero que se encontre comigo naquele parque que sempre tomamos sorvete as 15:30. Pode ser?”.

  Taemin levantou apenas uma sobrancelha evidenciando a expressão de dúvida. Depois de sumir duas vezes seguidas, agora queria um encontro fora de casa. Por que não falava em casa? Achou estranho, mas respondeu:

  – “Pode sim, estarei lá. Não vem almoçar?” – Testou MinHo.

  – “Não, Tae. Te encontro às 15:30, beijo”.

  Depois dessa mensagem, Taemin preferiu não responder. Jogou o cel na mesinha de cabeceira e desceu para o almoço. Ao ver Key e Jonghyun na sala, se dirigiu para lá. Quando ia se sentar, escuta Onew da cozinha:

  – Nem pense, Taemin! Nada de sentar aí, o almoço é agora e traga os outros para cá contigo.

  – Ta bom, hyung. – Deu um leve sorriso.

  O almoço era como os de sempre, mas sem a presença de MinHo e de Taemin que estava ali só em corpo mesmo, porque não abriu a boca desde que sentou para fazer a refeição. Ao terminarem, a louça do dia era de Jong que correu para acabar com aquilo rápido e descansar.

  Onew e Key foram conversando para a sala, falando sobre as atualidades que Key vira na Internet. Taemin subiu para se arrumar já que tinha um encontro. Marcaram as 15:30, mas queria chegar antes e tomar um ar ou quem sabe encontrar MinHo e sua suposta namorada.

  Pegou qualquer roupa do armário que ficasse bom para o dia, vestiu e completou o visual com alguns acessórios.

  Desceu as escadas novamente, mas dessa vez chamou a atenção dos meninos que quiseram saber pra onde o menor iria.

  – Terá um encontro, Taemin? – Onew brincou.

  – Irei sair apenas, hyung. Não se preocupe, estou levando meu celular.

  – Deixa ele, gente! O menino está seguindo meus conselhos. Vai se divertir, meu bebê. – Deu uma piscada para ele, orgulhoso.

  – Obrigado, umma. Tchau, hyungs.

  – Tchau, Tae! – Todos responderam.

  Saiu de casa, ligou o celular para escutar músicas ao mesmo tempo em que andava pela rua tentando lembrar do caminho mais curto para chegar cedo. Ao perceber que havia chegado ao destino, desligou tudo e caminhou pelo parque a procura de MinHo. Avistou um rapaz alto e de mesmo porte que ele, estava de costas conversando com uma bela menina, de corpo magro e bem feito. Os dois pareciam bem íntimos e riam bastante.

  Taemin se escondeu atrás de uma árvore que estava por perto, observou todos os movimentos dos dois, até que o rapaz ficou de lado, dando visão clara ao maknae de que era mesmo MinHo. Tomou um choque:

  – É MinHo! E ele está com uma menina, como imaginei...

  Ele caía na real se sentiu perder as forças com aquela cena. Foi escorregando pelo tronco da árvore, ficando sentado na grama e mordia o lábio forte para segurar o choro. Pensou que não podia piorar, mas ao olhar de novo o casal, viu MinHo se aproximar ainda mais da menina e dar um abraço apertado, longo e caloroso. Foi aí que sofreu como nunca, as lágrimas não tardaram em cair e se culpava por ter perdido o amor de sua vida. A dor no peito se aprofundava e sentia que as lágrimas escorridas pelo seu rosto levavam todas as boas recordações que tinha com o maior. Era dificultada a respiração, mas ainda deu tempo de gritar o nome daquele que tanto amava antes de se entregar ao incessante choro.