Senhora Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 25
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo de Senhora Sulista (lágrimas), espero que gostem. E acompanhem o Sociedade Carmim. Ah, sim. Tenho uma suspresa, mas só vai ser revelada no final. Em falar em final, vai ser bastante surpreendente. E vamos, descobrir quem é o amigo de Luke.



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Capítulo 25 – Dinnie Ray

“Eu já não te disse para deixar o café da manhã comigo?”

Não me assustei com a voz de Daniel quando ele entrou na cozinha no dia seguinte. Um sorriso escorreu em meus lábios. Ele só fez aumentar, quando senti seus braços ao redor do meu corpo fechando um abraço em minha cintura. Ele estalou um beijo em meu pescoço e riu quando eu tremi.

“Você estava dormindo tão bem que eu não quis atrapalhar”, disse. Daniel caminhou até o outro lado da bancada, observando o que eu tinha feito com um olhar questionador. Sentindo o cheiro de um início de queimado, ele correu até o fogão e tirou as panquecas da frigideira.

“Me acorde na próxima vez”, ele disse olhando minha bagunça.

Cruzei meus braços e fiz um bico. Quando era humana sabia cozinhar um pouco, mas depois de me alimentar apenas de sangue por tanto tempo e comer apenas em restaurantes, tinhas perdido o jeito. Daniel, tinha se revelada um grande cozinheiro e tinha se incabido das tarefas na cozinha.

Não queria acordá-lo. Ele parecia dormir tão bem. Diferente de mim que fiquei me remexendo a noite inteira. Assim que os primeiros raios de sol tornaram a aparecer, me levantei da cama. Era muita coisa de uma vez só. Quero dizer, em minha eternidade inteira, nunca imaginei descobrir quem era o meu criador. Muito menos que fosse o mandante de uma matança. Menos ainda que fosse pai do vampiro que matou meu antigo amor.

Luke sempre esteve ali. Como eu nunca associei que ele fosse o meu criador? Agora já era tarde demais. Eu teria que matá-lo. Mas, aquela dúvida de quem era o seu mandante ainda assombrava meus pensamentos. E se fosse mais um dos vampiros sulistas. Eu não sabia se teria sangue frio o suficiente para matar mais de um. Não sabia se tinha sangue frio, ao menos, para matar Luke.

“Pare de pensar nisso”

Levantei meus olhos do suco que estava fazendo para Daniel. Era incrível como ele parecia ler a minha mente. Me peguei pensando se Marco estivesse vivo e visse seu filho assim. Apaixonado por mim e transformado em vampiro. Talvez ele apoiasse o filho por ir atrás do que ele ama. Talvez ele me odiasse. Nunca saberíamos.

Sem dizer nada, passei por Daniel e coloquei a jarra de suco na mesa e me sentei. Escutei-o terminar de fritar os ovos e os bacon e vindo se sentar ao meu lado. Ele colocou as coisa na mesa e se sentou, pegando em minha mão e me fazendo olhar no fundo dos seus olhos cinzas. Soltei o ar e balancei a cabeça, concordando com ele. Tinha que me distrair um pouco desses problemas.

“Tudo bem, você ganhou”, levantei minhas mãos. Isso o fez sorrir. “Na próxima vou te acordar para fazer o café”

“Que bom. Estou cansado de comer comida queimada.”, seu sorriso apagou um pouco. Nenhum de nós tinha tocado no café ainda. Ele suspirou alto. “Estava pensando...”, desviou os olhos para o outro lado da cozinha. Esperei. “Se nós pudíamos...”

“Você vai me pedir em casamento, Daniel?”, o interrompi. Ele me encarou com os olhos arregalados. “Porque se for, acho que está se precipitando. Não que eu não te ame. Eu realmente te amo.”, ele sorriu. “Mas, tudo a seu tempo.”

“Calma, Ray”, Daniel pôs sua mão em cima da minha, me aquietando. “Não vou te pedir em casamento”, soltei um suspiro. Um meio sorriso maldoso cruzou seus lábios. “Ainda.”

“Então, o que houve?”

“Eu ia dizer que nós poderíamos tirar férias.”, levantei minha sobrancelha para ele. “Sei que você tem muitas responsabilidades aqui.”, balancei minha cabeça, concordando. “Mas, ainda acho que precisa de um tempo para você.”, Daniel colocou minha pequena mão entre as suas. “Para nós.”

Eu sorri. Luanne a tempos tem tentado me convencer de tirar férias. Antes eu não pude me dar esse luxo, por conta de todos os contratempo. Mas agora... Era tentador. Uma praia deserta com Daniel. Hotéis luxuosos. Rio de Janeiro. Dália adoraria uma visita e iria nos tratar como realezas. Sempre tive um sonho de conhecer Verona, Itália. Talvez Pietro conhecesse o senhor de lá que me deixasse visitar. Daniel iria se surpreender com o jeito que vampiros podem ser gentis.

“Você está considerando”, Daniel disse me tirando dos meus pensamentos.

“Pare de ler minha mente”, ordenei.

“Podemos fazer isso?”, seus olhos brilharam como de uma criança pequena com um novo brinquedo. Eu ri e toquei seu rosto com a mão livre.

“Claro que não, Daniel”, seu rosto desabou um pouco. “Mas, vou pensar nas férias. Depois disso tudo, acho que é o que estou precisando”

Depois disso, nos pomos a comer. Não tinha saído tão bom quanto eu planejava, já que Daniel tinha assumido depois que eu já tinha iniciado. Então, tinha algumas partes queimadas. Mas, não liguei para isso. Só de olhar para Daniel ali, na minha frente, já estava feliz. Querendo ou não admitir, nós parecíamos um casal.

A ideia de me casar parecia tão tentadora quanto sair de férias. Mas não agora. Até porque, Daniel nem tinha me pedido. Ele estava gostando das coisas assim. Devagar. Tudo a seu tempo. Jonathan tinha sido precipitado, ao me pedir em casamento, mas fazer o quê? Eram as coisas daquele tempo. E eu ainda tinha uma leve suspeita de que, no dia em que me separei de Marco, ele iria me pedir em casamento. Mas ali, olhando para Daniel, vi que estava bem mais feliz assim.

A tensão só voltou a aparecer quando começamos a nos arrumar para a morte em praça pública de Daiene e Luke. Isso ainda complicaria mais a minha decisão de tirar férias, já que teriam as eleições para Senhor do Norte de Seattle. E eu teria que votar. Daniel ficou um pouco surpreendido quando lhe entreguei as roupas que usaria. Uma camisa de manga curta preta, calças jeans escuras, tênis preto e uma outra camisa quadriculada vermelha. Tive que explicar que Noah veio aqui ontem e deixou as roupas enquanto estávamos com seu avô.

Depois de tanto cogitar, escolhi uma calça jeans escura, uma blusa branca simples e sapatos de salto. Nada que chamasse muita atenção, nem que me atrapalhasse na hora de matar Luke. Estava terminando de escovar meu cabelo, quando a buzina do carro que iria nos levar tocou na andar de baixo. Resolvi por deixá-lo solto e coloquei rapidamente minha gargantilha. Considerei por um segundo colocar as lentes de contato, mas desisti quando a buzina ficou mais insistente.

“É melhor irmos, antes que achem que nos mataram.”, disse Daniel surgindo na porta do banheiro. Ele parou me olhando de cima a baixo e um sorriso apareceu lentamente em seus lábios. “Talvez possamos demorar mais um pouco.”

Ele entrou no banheiro, fechando a porta com o pé e me agarrou pega cintura. Seus lábios acharam os meus com destreza e rapidez. Nem tentei o deter. Parecia que, quanto mais o tinha, mais o queria. Passei minhas mãos por suas costas, gostando de como seus músculos ficavam tensos. Suas mãos desceram e pegaram com força minha bunda. Dei um pulo de surpresa e ele riu. Fomos interrompidos pelo som insistente de meu celular.

“Sim”, atendi um pouco ofegante. Daniel traçava meus pescoço com beijos e suas presas roçaram em minha pele, me arrepiando.

“Espero que estejam vestidos”, Luanne disse. Escutei ao fundo Noah lhe dando uma bronca pelo jeito que estava falando comigo. Luanne limpou a garganta parecendo envergonhada. Daniel riu ao meu lado. “Desculpe, Senhora. Já estamos atrasados.”, ela pareceu mais formal, mas tinha uma pintada de ironia do final.

“Estamos descendo, Luanne”, desliguei e me virei para Daniel, que tinha o mesmo sorriso de antes de me beijar no rosto. “Vamos, voltamos e terminamos.”

“Não sei se vou conseguir esperar”, ele disse dando um passo na minha direção. Foi um pouco difícil recuar naquele banheiro, mas eu o fiz. Notando minha expressão séria, Daniel soltou o ar, desistindo. “Vamos logo”

Entrelaçando meus dedos nos dele, fomos até o carro. Chegando lá, Luanne tinha um sorriso e o rosto levemente corado. Noah estava com a expressão brava e zangada de sempre. Se eu não os conhecesse melhor, diria que estavam discutindo e Luanne ganhou. Daniel riu ao meu lado, sem dúvidas vendo a mesma coisa que eu. Entramos no carro e fomos até o Centro.

Ali era o lugar mais neutro. E também com bastantes humanos. Por isso que fazíamos a morte em praça pública atrás de um cemitério. Andar por entre os túmulos me trouxe um leve arrepio. Nem abaixei meu olhar quando passamos pelo túmulo de Marco ao lado do de Marisa. Daniel nem percebeu que passou ao lado do túmulo do próprio pai. Parecia que ele estava mais focado naquele momento. Em mim.

Uma multidão tomou conta da minha visão ao final do cemitério. Alguns caçadores estavam ao redor de olho na comoção de vampiros. Noah nos guiava por entre a multidão até a borda do palanque que ele haviam montado. Ali em cima estava Daiene. Os olhos verdes arregalados e envergonhados. Ela nunca esperou morrer assim. Ao redor de seu pescoço uma corda e ela estava em cima de uma cadeira. Seria muita idiotice matá-la enforcada.

Esse pensamento morreu quando vi Dorian subir ao palco. Sempre impecável em seu terno escuro e seu colar parecia irradiar seu poder. Mesmo com o sol a pino, ainda estava frio, por conta de neve a nossa volta. O céu parecia que iria desabar a qualquer segundo. Daniel se mantinha firme ao meu lado. Eu não queria que ele visse aquilo, mas não tinha voltar atrás com isso. Uma rápida busca me fez cruzar o olhar com Barão. Ele me deu um leve aceno de cabeça e eu retribui. Ele continuou sua ronda e eu voltei a encarar Daiene, que chorava copiosamente.

“Estamos aqui reunidos mais uma vez para a sentença do julgamento de Daiene Lawrence e Luke Dobrev”, Dorian disse com a sua forte voz. Todos pareciam hipnotizados por suas palavras, até mesmo Daiene que tinha seus minutos contados. “Todos sabemos que traição em nosso meio é o pior crime depois de assassinato. E, infelizmente, os dois foram cometidos pelos dois acusados. Daiene Lawrence”, Dorian se virou com relutância para ela. “Você não é mais a Senhora do Norte de Seattle, mas continua sendo uma vampira com direitos.” , por poucos minutos, eu disse mentalmente. “Gostaria de dizer algumas palavras antes de morrer?”

Daiene encarou a multidão a sua frente de cabeça erguida, mas seu medo era quase gritante nos olhos. Por um segundo, ela parou para me estudar e eu vi que não havia mais ódio ali, e sim, desespero. Mesmo desejando o contrário, senti pena dela. Tão facilmente manipulável pelo ódio. Mas, mantive meu olhar frio. Daniel apertou minha mão e eu apertei a dele de volta. Luanne estava a nossa frente com Noah ao seu lado. Kayla e Filipe logo atrás de mim.

Algo começou a me incomodar. Parecia que eu estava sendo observada de longe. Me virei lentamente, para não chamar a atenção dos meus vampiros e deixem meus olhos vagarem. De canto de olho, vi Josh, o vampiro de Dorian me encarando. Aquela desconfiança voltou. Eu ainda não gostava daquele cara. Senti uma mão em meu ombro e me virei voltando a olhar Daniel que tinha preocupação estampada em seu rosto.

“Tem alguma coisa errada?”, ele perguntou. Antes que eu pudesse responder, seu olhar começou a vagar pelo espaço a nossa volta.

“Não.”, forcei um sorriso. “Estava apenas procurando Dália e Pietro”

“Oh, tudo bem”, ele sorriu e voltou a prestar atenção a Daiene.

Quando voltei a olhar a multidão em volta procurando Josh, vi que ele tinha sumido do lugar que ele tinha estado antes. Consegui vê-lo sair da multidão e se misturar com o restante dos vampiros. O perdi de vista. Suspirando forte, comecei a prestar atenção as palavras chorosas de Daiene. Na verdade, ela nem tinha começado a falar. Ela só chorava. Um pouco afastado de Noah, vi seus pais. Isabella chorava no ombro do marido e não tinha coragem de encarar a filha.

“Meu Deus, por favor me perdoem”, ela gritou, finalmente parecendo se controlar o suficiente para falar. “Eu abro mão do título de Senhora do Norte, mas não me matem. A culpa é de Luke. É culpa dela”, Daiene apontou para mim. Revirei os olhos. Aquela pena que eu tinha antes acabou. “Ela não conseguiu descobrir que tinha um traidor por entre seus vampiros e contê-lo.”

“Não julgue quem polpou sua vida, Daiene”, Dorian disse em um tom de aviso. “Dinnie Ray poderia tê-la matado por tentar matar seu protegido. Você sabe que não tocamos no protegido de outro vampiro, ainda mais de um Senhor Vampiro”

“Me perdoe, Dinnie Ray”, Daiene disse baixo e sua cabeça tombou de vergonha. Dorian se aproximou dela e pegou seu queixo com a ponta dos dedos, fazendo-a levantar a cabeça. Ela tremeu sobre o olhar poderoso dele. “Por favor, não me mate. Eu posso descobrir quem é o comparsa de Luke se me derem tempo.”

“Me desculpe, Daiene.”, Dorian suspirou alto. “Seu tempo acabou”

Os olhos verdes de Daiene perderam o brilho enquanto a mão livre de Dorian atravessava seu peito e tirava seu coração. Sua boca se abriu, mas o grito saiu tão baixo que nenhum dos vampiros foi capaz de escutar. Todos ficamos em silêncio. Outros vampiros subiram ao palanque. Um deles veio com uma bacia e Dorian deixou o coração de Daiene cair ali.

Dorian olhou para o corpo de Daiene que era retirado da 'forca' e balançou a cabeça. Sabia que aquilo era tão difícil para ele, quanto seria para mim. Parecendo ler meus pensamentos, os olhos dourados de Dorian pairaram em mim e ele acenou para que eu subisse ao palanque. Engoli a seco. Era a minha hora.

Meus pés pareciam chumbo enquanto eu subia cada degrau daquele palanque. Os vampiros que ainda estavam ali em cima, levaram o corpo de Daiene. Me pus ao lado de Dorian quanto outros vampiros traziam Luke. Eles o colocaram no mesmo que Daiene estava. Com a corda ao redor do pescoço, Luke encarava todos como se fosse superior.

“É com você”, Dorian sussurrou no meu ouvido. Assenti e andei em direção a Luke.

Ao meu pedido, colocaram uma pequena mesa com inúmeras facas a frente dele. Os olhos castanhos e astutos de Luke, não se moveram da multidão para mim. Era como se ele estivesse olhando para alguém, específico. Me virei, tentando achar essa pessoa, mas tinha apenas a multidão de vampiros, esperando que aquela tortura acabasse. Peguei uma das facas e voltei a olhar para Luke.

Ele tinha um sorriso inteligente nos lábios. Isso me deu vontade de tremer, mas me mantive firme. Rodei a faca em meus dedos, com habilidade e vi seus olhos oscilando para ela. Oh, ele ainda tinha uma lembrança fresca do que eu poderia fazer com uma faca. Meu sorriso cresceu e segurei a faca firme.

“Luke, tenha pena de sua alma e me conte quem é o seu parceiro”, disse com a minha voz mais sedutora. Poucos vampiros conseguiam resistir aquela voz. Vi Luke engolindo a seco. Girei a faca em minha mão mais uma vez. Ele logo iria ceder. Mas, me surpreendo, ele começou a gargalhar.

“Eu não tenho alma, Senhora.”, ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Meu sorriso cresceu.

“Mas, tem um corpo.”

A faca foi tão fundo, que eu senti o cabo entrando em sua pele. O grito de Luke ecoou pela multidão e cemitério a fora. Alguns vampiros arfaram com o susto. Dorian desviou o olhar e eu senti o sangue viscoso de Luke escorrendo pela minha mão. Envés de retirar minha mão, girei a faca ainda mais em sua barriga. Ele gritou mais uma vez e eu retirei a faca, o fazendo arfar.

“Então, Luke?”, levantei minha sobrancelha esperando uma resposta.

“Vá para o inferno”, ele grasnou, respirando forte. Outro sorriso diabólico brotou em meus lábios.

“Te encontro por lá”, a faca entrou novamente em sua pele e o gritou soou aos ouvidos de todos os presentes que se encolheram. “Luke, faça a última boa ação da sua vida e conte quem é o criador dos Rebeldes”

“Já fiz minha última boa ação te contando que te transformei, Dinnie Ray”, ele levantou a cabeça com dificuldade. “A garotinha perdida que pegou o noivo a traindo.”, ele riu e tossiu. “Eu te fiz melhor. O que você faria se ainda tivesse VIVA? Casaria com um ordinário por obrigação, seria infeliz. Levaria sua irmã para morar com você, assistindo ela crescer e logo esquecer de você”, engoli a seco e continuei com a cabeça em pé. “Eu mudei sua vida, Dinnie Ray. Te fiz uma nova mulher. Fiz você conhecer o verdadeiro amor. Duas vezes. O que você me dá em troca? A morte.”

“Você não sabe nada sobre mim”, disse em um tom frio. Tirei a faca de sua barriga e o se mexer com a dor. O banco embaixo de seus pés bambeou. “Você me tirou a oportunidade de morar com minha irmã e tentar refazer minha vida. Você me tirou o Marco e quase me tirou Daniel”

“Querida filha, entenda.”, ele balançou a cabeça e disse em um tom sábio. “Marco estava atrasando sua vida como mortal. Te deram uma oportunidade de transformá-lo e você recusou. Não tive outra alternativa além de matá-lo.”, um sorriso cresceu. “Se isso não tivesse acontecido, você nunca iria ser a Senhora Sulista. Muito menos conheceria Daniel. Mas saiba, isso só está começando.”, ele aumentou o tom de voz. “Vocês podem ter vencido a batalha, mas a guerra só está começando.”

“Dinnie, você tem acabar com ele”, Dorian disse em meu ouvido.

Me virei para encará-lo e ele assentiu. Olhei para a multidão e peguei o olhar de Daniel. Ele estava aparentemente firme. Por isso só eu consegui notar o temor por baixo daquela coragem toda. Saber que Luke tinha planejado minha vida inteira, fez meu sangue ferver. Meus olhos queimaram de raiva. Deixando o instinto tomar conta de mim, rodeei Luke, que ficou tenso, até parar a sua frente.

“Adeus, pai.”

Minha mão atravessou sua pele fria sem problema. Os olhos de Luke se arregalaram e perderam o último fio de vida. Seu coração mal cabia em minha pequena mão, por isso escorregou em direção ao chão, mas o vampiro com a bacia foi rápido e o pegou. Tirei meu braço lentamente, lamentando por estar usando uma blusa branca que teria um problema com manchas. Meu braço ficou coberto com o sangue grotesco de Luke.

A multidão murmurava enquanto os vampiros tiravam o corpo de Luke dali. Sabia que o corpo dele e de Daiene seriam queimados, já sem coração. Desci o palanque e Luanne veio na minha direção com uma toalha nas mãos. Sem dizer uma palavra, ela limpou meu braço, tirando o excesso de sangue. Noah estava um pouco afastado, ao lado de Daniel só nos estudando com os olhos azuis frios.

“Tem uma fonte no começo do cemitério, se quiser tirar esse sangue melhor”, Noah disse.

“Tudo bem”, me levantei e dei a volta pela multidão.

Daniel veio atrás de mim até que saí daquela confusão de vampiros. Abri minha boca para dizer a ele que voltasse para perto de Noah e Luanne, mas fui impedida quando ele me abraçou. Mantive meus braços firmes em meu corpo. Não que eu não quisesse abraçá-lo. Só não queria sujar a sua roupa. Ele me afastou com as mãos em meus ombros. Seus olhos cinzas me estudavam de cima a baixo, como se eu tivesse me machucado.

“Férias.”, ele disse. Eu só pude sorrir e assenti.

“Depois da votação”, concordei.

“Rio de Janeiro”

“O que você quiser.”, suspirei e olhei para o meu braço ensaguentado. “Só me deixe me lavar. Chame Luanne, Noah, Kayla e Filipe para irmos embora.”, dei um beijo em sua bochecha.

“Tem certeza que não quer que eu vá com você?”

“Estou bem, Daniel”, ri e me virei para ir a fonte.

Escutei seus passos indo embora e meu sorriso desabou. Uma vida planejada. Foi isso o que eu tive todo esse tempo? Uma maldita vida planejada? E por um sádico maluco? Mas, querendo ou não, não me sentia melhor do que ele. Estava carregando o gosto da morte em mim. Conforme eu ia me afastando, o som dos vampiros foi diminuindo, indicando que eu estava a uma boa distância. O que mais me preocupava.

Aquilo ainda não tinha acabado.

Não pensava isso por causa da ameaça de Luke, mas por razões óbvias. O vampiro que tinha feito o exército ainda estava a solta. Se ele fosse chegado a Luke, iria querer vingança. E ele iria querer encontrar esse velho amigo. E Josh? Porque eu tinha a impressão de que ele não era o vampiro mais confiável do mundo? Com certeza, Dorian já deveria ter percebido isso. Deve ser esse o motivo por ele não tê-lo expulsado da área Oeste.

Presa em pensamentos e suposições, não escutei os passos atrás de mim. Me seguindo sorrateiros. Cheguei a fonte e tentei tirar o máximo de sangue possível de mim. Percebi que meu braço estava quase limpo, mas tinha algo mais que eu queria tirar de mim. Esse sentimento de assassina. Não me fazia melhor ter matado, Luke. Me fazia igualar a ele.

E era incrível que Daniel não ligava para a sangue, mas como eu estava. Eu ainda tinha que ir ao quartel general. Fazia um bom tempo que eu não via meus vampiros. Tantas coisas a se fazer. Suspirei, vendo meu braço limpo o suficiente para não ficar grudento. Água ficou momentaneamente vermelha. Minha sorte era que era água corrente.

“Doce, Dinnie”

Me virei ao som da voz. Meus olhos se arregalaram e minhas pernas ficaram bambas o suficiente para que eu caísse sentada no chão. Medo e surpresa tomava conta do meu corpo. Minha boca pairava escancarada. Fechei meus olhos fortes pensando ser mais uma alucinação. Mas, quando os abri, se provou ser a mais cruel realidade.

“Marco”

Marco Gonzales, meu antigo amor me encarava a poucos centímetros de mim. A pele pálida (que antes tinha um tom de moreno), os cabelos loiros e curtos. O corpo forte e alto, mostrando que qualquer garota poderia cair em seus braços que ele a seguraria. Os olhos cinzas pareciam me queimar. Um meio sorriso familiar no rosto de seu filho, deixava as presas em evidência.

Além da tatuagem de tigre no pescoço.

A verdade me abateu como uma flecha. Tudo estava se ligando. E eu odeie a verdade. Porque ela me fez agonizar por 20 anos. E lá estava ele. Paralisado em seus perfeitos 25 anos. O ar sair dos meus pulmões como um suspiro de medo. Me sentia uma criança que acabava de tomar um susto. Indefesa. Minhas mãos tremiam e meus olhos ardiam de tão arregalados.

O sorriso de Marco aumentou.

“É bom vê-lo novamente, Ray”, ele se aproximou de mim e se ajoelhou do meu lado. “Nos veremos logo”, ele pressionou os lábios no meu de forma suave. E quando eu abri os olhos, que nem tinha percebido que havia fechado, ele havia sumido. Mais uma vez.

Só que dessa vez, não por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Acabou, mas não por muito tempo. Digam o acharam do Marco ter voltado das cinzas. E outra surpresa. Vão na minha página de histórias, por que eu já postei o primeiro capítulo de Amor Sulista. Espero que você acompanhem e amem. Não esqueçam de comentar.