Magia Elemental escrita por Meg_Muller


Capítulo 2
Começo do ciclo


Notas iniciais do capítulo

Olá =)

Menos que duas semanas, dentro do prazo ainda :D



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Aiden não tirava os olhos da bela paisagem que tinha pela janela de sua biblioteca. Seu acervo era exuberante e provavelmente um dos mais completos em questão de livros de magia levados em guerras e perdidos pelo tempo.

Sua mansão era enorme e uma das propriedades mais caras que ele já havia comprado, mas a paisagem que tinha daquela janela tinha sido o ponto decisivo. E não os 28 quartos ou os 480 metros quadrados em toda sua extensão.

Seus cabelos negros e olhos azuis há anos acompanhavam a mesma feição infantil. Tinha criado praticamente um reino apenas pra si, o que não era grande coisa considerando que tempo ele tivera pra isso.

Abandonou a paisagem e caminhou até a bela mesa de mogno com vários livros abertos em cima. O primeiro selo já tinha sido quebrado. Agora ele só precisava esperar a notícia sobre o suicídio, e outra sobre um acidente envolvendo um adolescente qualquer. Tudo ia começar novamente.

Pegou a meia taça de vinho ao lado dos livros e degustou, não podia se permitir ficar cansado daquela rotina. Encontraria todas as consciências que despertariam e mataria um a um. Porém o mais importante agora era encontrar certa criança, respirou fundo, um oráculo sempre facilitava tudo.

Passou os olhos sobre um dos vários livros lendo “Elementais”, precisava esperar algumas horas até que falassem sobre os recentes suicídios e ele pudesse ter certeza de qual seria o Elemental liberto. Esse deveria ser o turno do fogo, mas já houvera situações anteriores em que a escala giratória não tinha sido respeitada.

Deu um meio sorriso terminando a taça de vinho.

A caçada começaria novamente.

Enfim, acabaria o ócio da monotonia.

Ӝ

Yuri observava apreensivo algo exibido no monitor. Passara as ultimas horas formatando as páginas da próxima edição do jornal e avaliando a figura que Anita havia mandado. Gostava de assuntos exotéricos, mas nem ele tinha por certo o significado daquele símbolo na mão de uma suicida. Além de que fotos tiradas pela amiga não ajudavam em nada a reconhecer os detalhes.

Olhou pro relógio impaciente, ao pensar nela lembrou que ela já devia ter chegado. Ele dava um furo de reportagem pra jovem e pronto, Anita se sentia na liberdade de se achar uma jornalista de campo e investigar o caso mais do que o necessário.

Tentou avaliar a figura de novo e bufou frustrado, estava realmente complicado. Abriu o email pra checar se Anita poderia ter enviado alguma outra imagem, e sorriu ao ver uma nova mensagem com o remetente dela.

Não pensou duas vezes antes de abrir e se deparar com fotos nítidas, que mostravam claramente a figura que ele tanto queria entender. Pra sua curiosidade eram duas. Em ambas as mãos. Seria essa uma conspiração religiosa? Ela tinha se matado por uma seita satânica?

Yago sorriu ampliando ambas as fotos em duas páginas distintas, se aquilo fosse o que ele estava pensando daria uma matéria de muita repercussão, e não é esse o sonho de todo aspirante a jornalista? Uma matéria polêmica? Ou podia ser um jeito estranho de chamar atenção depois da morte de uma mulher excêntrica? Não sabia, mas estava ansioso pra descobrir.

Na mão esquerda era um pentagrama simples com uma lua no centro, e na direita um pentagrama com um triângulo no centro. Suspirou tentando entender o significado daquilo. Mas não teve tanto tempo quanto gostaria, já que o editor chefe já tinha cobrado todas as páginas que ele precisava diagramar. Afinal quem formata as páginas do jornal não é o que pesquisa pra escrever as matérias.

Essa era sua realidade, e nada podia fazer além de fechar as páginas e obedecer. Mas de qualquer jeito pensaria em algo assim que Anita voltasse. Mostraria pra ela todas as informações que tinha obtido em suas pesquisas e tirariam daquela história o máximo que conseguissem.

Ӝ

Liam continuava com o estômago embrulhado desde que se levantara de manhã. Eram os pesadelos, agora eram as visões, e principalmente as vozes que não pareciam querer deixá-lo em paz.

Ele caminhou pelo corredor da escola caminhando até a própria sala, segundo a mão pesadelos não eram motivos para faltar á escola. E ele achou melhor não contar sobre as outras coisas, os pais podiam pensar que ele estava enlouquecendo... ele achava que estava enlouquecendo.

Os pais diziam que tudo era fruto do seu inconsciente, que era uma parte do cérebro que te fazia ver e ouvir coisas que não existia, ele não entendia nada disso. Aliás, nenhuma criança de doze anos entendia.

Suspirou finalmente encontrando sua sala de aula, entrando de cabeça baixa como sempre. Odiava escola, não por conta do que aprendia. Mas por conta das companhias, nunca tinha sido bom em interações sociais.

Sentou na ultima carteira e observou os murmúrios que acompanharam seu caminho até se sentar, agora ainda tinham os olhares e os burburinhos. Como tudo aquilo era irritante. E enquanto se debruçava sobre os próprios braços na carteira, tudo começou novamente.

A claridade era tão grande que chegava a incomodar, um garoto falava sozinho em um canto do que lembrava uma sala de hospital. Tinha uma maca, e pela roupa de paciente que ele usava parecia pertencer a ele.

Era um adolescente moreno, que Liam sabia já ter visto antes. Era o garoto que explodiu o fliperama. Só que ele não parecia ferido, mas estava visivelmente desesperado. Não tinha lágrimas escorrendo pelo seu rosto, mas sua expressão mantinha uma angustia oprimida.

Não demorou muito pra que o adolescente não tivesse mais sozinho, uma enfermeira tinha chegado. Ela trazia uma seringa e algumas cápsulas de remédio em uma bandeja. O adolescente pareceu irritado ao vê-la.

Os dois discutiram e ele gritava dizendo que não queria a injeção. Que não precisava. Ela parecia disposta a tudo pra cumprir o seu trabalho de medicá-lo, e de repente a mesma coisa aconteceu.

Os olhos dele ficaram vermelhos novamente antes de murmurar um gutural “Não”, a mulher não pareceu ameaçada e se aproximou mais ainda dele com a seringa até que tudo ficou com um tom vermelho alaranjado e o fogo consumiu tudo, não dava pra ver mais nada entre as chamas.

-Liam! – O menino ouviu uma voz masculina chamar balançando seus ombros.

Abriu os olhos vendo que todos da sala o olhavam com uma mistura de confusão e certo terror. O professor estava apreensivo com a mão ainda sobre seu ombro e um olhar preocupado.

-Está tudo bem?

Liam não conseguia abrir a boca, com o constrangimento da situação e apenas balançou a cabeça positivamente. Ele tinha tido um momento daqueles dentro da sala de aula. Isso seria ótimo pra melhorar a visão de esquisito que todos já tinham dele.

Mas não se preocupava com a atenção ou o olhar de todos no momento. Era a primeira vez que via a mesma pessoa duas vezes. Aquilo queria dizer algo, podia ainda ser pequeno, mas sabia quando algo não era fruto apenas de filmes e coisas que o seu tal subconsciente consumia.

-Quer beber um pouco de água? – Ouviu a voz do professor novamente, ainda pensando no moreno das visões. – Se quiser eu te levo a enfermaria.

Liam levantou o olhar pro professor. Pelo menos aquela seria uma oportunidade pra evitar toda a atenção que recebia, e os consecutivos murmúrios que ele sabia que viriam. Não sabia exatamente como ele era pra terceiros quando tinha aquelas súbitas visões, mas acreditava ser algo como um black-out simples. Um desmaio consciente momentâneo.

-Eu... – Ele começou tentando não se incomodar de todos estarem ouvindo. – Vou... sozinho senhor.

O menino de tímidos olhos verdes levantou da sua carteira depois da aprovação do professor, e foi até fora da sala sem escutar sequer um comentário. Talvez as outras crianças estivessem surpresas demais pra comentar, ou ele simplesmente tinha a cabeça focada em muitas outras coisas e não prestou atenção.

Sua cabeça ainda rodava com milhões de perguntas. Se contasse aquilo pra alguém provavelmente decidiriam pro certo o mandar novamente pras consultas periódicas. E ele não queria aquilo. Não de novo. Não falaria nada, e fingiria não ver ou ouvir nada também. Ignoraria todo e qualquer outro acontecimento.

Ӝ

O editor chefe era um senhor robusto, calvo e com um volumoso bigode que acompanhava uma expressão sempre carrancuda e autoritária. Ele olhava pra moça em frente a sua mesa com uma feição pior humorada que a de sempre, se é que isso era possível.

-Que diabos eu tenho haver com tatuagens de mulheres solitárias e carentes, menina? – Ele perguntou rabugento enquanto ela apertava as fotos que tinha trazido como provas pra uma matéria de primeira página na opinião dela. – Suicidas não ganham a capa, entendeu?

-Mas isso pode estar relacionado com ações de seitas senhor, se reparar bem a mão dela tem um pentagrama com uma...

-Cada um com suas bizarrices! Esse jornal não funciona com suposições e conspiração! – O velho interrompeu fazendo-a engolir seco. – A sala de um hospital acabou de explodir! Pegar fogo! Desleixo no gás, irresponsabilidade médica, isso sim é notícia!

-Mas senhor, eu ainda acho que...

-Aqui só quem acha sou eu, criança. Você pode escolher cobrir esse acontecimento no hospital já que eu não tenho mais ninguém, ou voltar pra sua coluna de donas de casa.

Anita respirou fundo. Era sempre assim com ele, mas de qualquer forma ele oferecia diretamente uma matéria fora do prédio a ela. Uma matéria de verdade que o próprio via potencial. Não era de um todo ruim.

-Vou pro hospital agora mesmo, senhor. – Ela respondeu vendo-o acenar positivamente.

Deixou a sala o mais rápido que pode em direção a própria mesa. Não eram boas notícias ao todo, mas ao menos aquela história toda tinha a feito ser notada aos olhos do editor-chefe.

-Conseguiu? – Ouviu uma voz masculina perguntar assim que sentou na cadeira no seu cubículo de labor.

-Não exatamente... – Anita murmurou arrumando as próprias coisas sem nem precisar olhar pra saber que era Yago. – Vou cobrir uma matéria de verdade, ele mesmo me mandou.

-Feliz por você. – Yago comentou sorrindo entrando no campo de visão dela.

-Talvez eu precise de alguém pra fotografar. – Ela sugeriu fazendo-o alargar o sorriso.

-Vou pegar minhas coisas e te espero no térreo. – Ele disse sem demora fazendo a jovem sorrir dessa vez.

Os dois iam fazer uma matéria de verdade. Ela ainda não conseguia parar de pensar na suicida, mas podia esperar por um tempo. Apesar de um quarto em chamas em um hospital por um gás qualquer ter vazado não parecer tão excitante.

Terminou de colocar na bolsa tudo que achou que ia precisar e levantou procurando Yago, ele provavelmente já tinha pegado o que precisava e estava indo até o térreo. Provavelmente tão emocionado quanto ela.

Ӝ

Aiden sorriu ao receber as fotos por email. Aquela era uma confirmação exata que precisava do necrotério. Não queria ter de ir até lá por nada, odiava perder tempo. Mas aquelas eram as marcas que ele reconheceria a qualquer momento.

Colocou as luvas negras saindo da bela limusine. Um homem alto de cabelos negros o acompanhava como sempre, ou poderia aparentar estranho uma criança entrando sozinha em um necrotério daquela maneira.

Não tinha orgulho da sua aparência completamente infantil. Mas era algo que tinha aprendido a lidar ao longo dos anos. Caminhou até a entrada do estabelecimento suspirando com toda a áurea que percorria seu corpo no lugar.

Vários corpos sem vida entravam e saiam o local e da mesma forma que existe energia vital quando se há vida, há certa vibração negativa quando então há corpos sem a mesma. Então era óbvio o ambiente hostil que um necrotério representava pra alguém com a espiritualidade desenvolvida dele.

-Tudo bem meu senhor? – O homem de cabelos negros perguntou quando ambos entraram no prédio.

-Não me trate por senhor em público, estúpido. – Aiden murmurou seco. – Não acha que seria socialmente inadequado me tratar assim?

-Me perdoe senhor.

O olhar que Aiden lançou ao maior foi hostil, como se perguntasse o que ele tinha acabado de dizer. Olhar que fez o homem engolir seco e não murmurar mais nada enquanto caminhavam até onde o informante tinha dito que estava o corpo.  

Antes de chegarem ao fim do corredor um homem vestido como os funcionários do local, se aproximou perguntando o que queriam. Aiden se manteve em silêncio, treinava o homem que sempre o acompanhava pra ser o ativo em todos os momentos sociais, afinal pra todos os efeitos a aparência de Aiden ainda era de um menino.

-Queremos reconhecer o corpo de Lisandra Corben. – Ele enfim murmurou pra aliviar a impaciência de Aiden.

-Claro, me acompanhem. – O funcionário murmurou agora os guiando até uma sala em específico.

O menino de olhos cor de safira só queria sair do lugar o mais rápido possível. A morbidez já começara a consumi-lo morbidamente. Agradeceu quando finalmente entraram em uma sala e o funcionário mostrou um corpo feminino. Loira. Provavelmente bonita quando ainda respirava.

O acompanhante de Aiden observava o rosto e a figura por completo, como se buscasse realmente identificá-la enquanto o pequeno ia direto pras suas mãos. A marca do pentagrama com uma lua no centro estava na esquerda como sempre, isso poço o interessou.

Chegou ao seu objetivo pegando na mão direita dela e observando com atenção a figura. Um pentagrama e um triângulo simples, e era só daquilo que precisava saber. O elemento era fogo, e agora estava um passo mais próximo de alcançar o portador do Elemental.

-Não pode tocar no corpo criança. – O funcionário murmurou e Aiden nem levantou a expressão.

-Eu quero o corpo. – Ele murmurou simplesmente e o guarda fez uma expressão assombrada.

-Ela está morta, filho. Não tem porque querer o... – O velho homem que trabalhara por anos naquele necrotério não calculara que aquelas seriam suas ultimas palavras.

O homem de vestes negras puxou o funcionário morto até um canto qualquer da sala guardando no bolso a injeção que tinha aplicado nele com uma dose de letal de cianeto.

-Preciso fazer o ritual o mais rápido possível. – Aiden murmurou simplesmente completamente confortável com a situação comum pra ele. – Pega o corpo e vamos. O primeiro selo está livre por horas agora.

O homem acenou positivamente fazendo como ordenado.

Aiden sorriu, e a caçada já tinha começado agora.

E ele calculava não ter que esperar muito pra encontrar a próxima vítima.

E principalmente o adorável clarividente que seria seus olhos, não agüentaria ter que pisar em um necrotério nos próximos suicídios. 


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Notas finais do capítulo

Heeeey,

Primeiro valeu a todos pelas reviews inspiradoras, de verdade. E bom, eu sei que ainda é complicado de entender esse capitulo também... mas não deu pra ser de outro jeito.

Pouco a poucos teremos tudo esclarescido, e eu estou tentando manter o mesmo padrão de tamanhos pra capitulos. Nem tão grandes ou tão pequenos assim não atraso a atualização.

É isso e valeu mesmo, sugestões, duvidas, reclamações e indignações e até mesmo um palavrão qualquer... é só mandar e é claro, qualquer erro me avisem por favor. Sempre volto e dou um jeito =)

E então, reviews? :D



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