Narrador: Hayley

O avião finalmente pousou. Estava me partindo ver o casal ao meu lado ficar namorando. Peguei minha bolsa, e meu casaco – que eu havia tirado da mala, antes de despacha-la – e sai do avião. Fui pra perto da esteira, onde estava colocando as malas do avião, e já liguei meu celular. Tinha 3 chamadas do Jeremy, 4 do meu pai, e uma da minha mãe.

Essas pessoas sempre acham que eu morri. Ri do meu pensando, e liguei primeiro pro meu pai.

Avisei ele, que tinha acabado de chegar, ele disse que demoraria pra ir me buscar. Falei que eu pegava um taxi, sem problemas...mas ele disse que nem estava em casa, e não teria como eu entrar. Ele estava preparando alguma surpresa pra mim.

Eu gostava das surpresas do meu pai. Da ultima vez, foi uma pizza enooorme, de quatro queijos. Claro que passei mal depois, mas quem se importa!?

Espero que seja queijo de novo.

Peguei minha mala, e fui para o saguão do aeroporto. Estava um pouco cheio, mas não tanto por ser sábado.

Liguei pra minha mãe, e a avisei que eu havia chegado, e estava tudo bem. E por ultimo, pra Jeremy.

- Fala loiro – disse

- Oi Hayles – ele sorriu – chego bem? Você esta onde?

- Estou no aeroporto, meu pai disse que vai demorar... – disse – e o casamento? Como...Como foi? – suspirei

- Foi...Foi muito legal...o melhor – ele sorriu

- Ual...você falando isso...é porque foi mesmo.. – mordi meu lábio pra conter as lagrimas – e a festa?

- Ahn, eu sai antes...tinha que fazer umas coisas – ele disse – você ia ter gostado do casamento – ele sorriu

- Jeremy...eu nunca ia gostar desse casamento – olhei pro lado.

- Ia sim – ele disse – mas eu tenho que desligar agora...depois nos falamos ok? Te amo...

-Também – disse, mas ele já tinha desligado o telefone.

Será que ele estava com Kath e por isso não quis falar comigo? Espero que não, não quero imaginar isso.

Fiquei olhando todo o movimento do aeroporto, e olhando constantemente no meu celular. Cadê meu pai? Levantei e fui até uma cafeteria que havia ali, e pedi um chá. Eu precisa me acalmar, meu pai não demoraria tanto assim...queijos vende em qualquer lugar.

Se passaram 1 horas e alguns minutos, e nada do meu pai...eu já tinha andado de um lado pro outro, bebido 3 copos de chá...entrado em todas as lojas do aeroporto, e nada dele.

Resolvi ligar de novo, estava preocupada.

- Pai? Onde o senhor está? – perguntei

- Estou chegando meu amor...desculpe a demora...pode ficar lá fora, que eu estou quase aí – ele disse com uma voz alegre

- Tá bem...até já...beijos – disse e desliguei.

Ahn, finalmente. Queijo + cobertas + papai. Era o que eu precisava mesmo.

Estava muito frio lá fora...era outono, e sempre ficava mais frio aqui. Apertei mais meu casaco envolta do corpo, e fiquei assoprando o ar, pra sair aquela fumacinha. Eu adorava fazer isso. Me sentia uma criança de novo.

Isso me lembrava de Josh. No natal passado, ficávamos assoprando o ar, pra ver essa fumacinha que saia, e depois ficamos deitados na neve, olhando o céu.

Jeremy disse que o casamento foi lindo...será que ele esta feliz agora? E que conseguiu me esquecer? Acho que sim...Isso significa que não há mais nenhuma esperança pra mim.

Minhas lagrimas foram caindo pelo meu rosto, antes mesmo que eu percebesse. Limpei-as, e vi o carro do meu pai se aproximar.

Papai desceu do carro, e me deu um abraço apertado. Perguntou como eu estava, como foi a viagem, e essas coisas. E depois de por a mala no porta-malas, ele ligou o carro.

- Desculpe a demora queria...aconteceu uns imprevistos – ele sorriu

- Tudo bem – disse

Quero meu queijo. Pensei.

- Como foi o casamento? – ele perguntou

- Não sei pai...eu sai mais cedo...e acho que foi bom assim...eu...eu não aguentaria vê-lo dizer sim – olhei pro chão.

- Você o ama tanto assim? – papai perguntou

- Eu não queria...juro, eu queria poder parar de ama-lo, e assim parar de sofrer por ele...mas é inevitável. Tudo me lembra dele – suspirei

- Vai passar meu anjo...papai promete.. – ele sorriu.

- Brigada pai...eu...eu espero mesmo – tentei sorrir

- Então, quer saber da sua surpresa dessa vez? – ele me olhou por alguns segundos. Balancei a cabeça confirmando – bem...faz tempo que não nos vemos...então pensei em te levar pra um lugar, pra podermos ficar mais juntos.

- Ahn...onde? – sorri

Casa dos queijos. Casa dos queijos. Casa dos queijos. Fiquei mentalizando isso.

- Você vai ver – papai disse, virando numa avenida.

Espero realmente que seja queijo, eu fiquei pensando nisso durante 1 hora.

Papai parou o carro no estaciomento de um campo de beisebol. As luzes do campo estavam acesas, e pela gritaria, estava tendo jogo. Espero que hoje seja o dia do “queijo com beisebol”.

- Vamos ver o jogo – papai disse todo feliz.

- Pai...acho que o jogo já esta acabando – disse olhando pro relógio

- Não...deve estar quase no intervalo...eu ganhei entradas pra ver esse jogo...e quero que você vá comigo... – ele disse sorrindo.

O que eu poderia fazer? Faz anos que não vejo meu pai, e ele ainda sorri desse jeito. Mesmo contra minha vontade – e decepção por não ser queijo – eu acabei aceitando.

Não sei como papai conseguiu fazer com que o segurança abrisse o portão para nos passarmos, e sem entregar nenhum ingresso.  Achei que era aquelas promoções que você só dá o nome, e ganha.

Entramos por um lado do estádio, que estava até que lotado. Implorei pra sentarmos lá no fundo, mas meu pai queria sentar na frente, porque disse que não enxergaria.

Caminhamos pela primeira fileira, até acharmos duas cadeiras vagas, era como se fosse já pra nós. Sentei ao lado do meu pai.

Calma Hayley, já tá acabando o jogo, e faça isso pelo seu pai.

Odiava vir a estádios...ainda mais agora, num dia como hoje, com o casamento e tudo mais. Foi num jogos desses, lá em Franklin, que eu e o Josh demos nosso primeiro beijo.

Foi logo depois de resolvermos todas aquelas coisas com Jenna, e finalmente podermos ficar juntos. Ia ter um jogo naquele sábado, e a cidade inteira ia. Josh me chamou pra ir, porque ele tinha que levar o Zac. Eu acabei aceitando, e foi num lugar parecido com esse, que nossos lábios se encontraram pela primeira vez.

Bufei. Isso só podia ser uma conspiração contra mim. Primeiro é o casal no avião, depois a fumacinha e agora um estádio? Como eu vou esquecê-lo desse jeito meu Deus?

Papai estava tão animado, que não se aquietava na cadeira. Olhava para todos os lados, e sorria. Eu estava tentando não parecer desanimada, mas estava meio impossível, tudo me lembrava daquele homem.

O juiz anunciou o final do primeiro tempo. Era o intervalo. Varias pessoas saíram de suas cadeiras, e foram à lanchonete comprar comida, e refrigerante, e aquelas coisas que fazem barulhos. Será que aqui vende queijo? Pelo menos eu ficaria um pouco mais feliz.

- O que foi pequena Hayles? Não está animada? – papai me olhou

- Estou – menti – só estou um pouco cansada...mas estou gostando de estar aqui com você....eu só queria queijo – fiz bico

- Você sabe que isso te faz mal...mas quem sabe, depois eu não te compro algo com bastante queijo? – papai sorriu

- Serio mesmo? Finalmente! – sorri.

Agora sim, o dia podia melhorar.

- E antes de revermos os melhores momentos do primeiro tempo...temos um rapaz que quer fazer uma declaração – o narrador disse

Isso só pode ser brincadeira. Eu achei que meu dia ia melhorar, porque o queijo me faria esquecer dele, e agora vem um idiota querer fazer uma declaração boba pra outra boba que acredita no amor...e isso me fará lembrar mais ainda dele.

Suspirei. Aguenta Hayles, é pelo queijo.

- Er...bem...a uns 3 anos e meio atrás, eu levei uma garota a um estádio parecido com esse...e foi lá que demos nosso primeiro beijo...nós namoramos por 3 anos e alguns meses, e ela terminou...no começo eu não sabia o que fazer, mas eu precisava parar de sofrer por ela, e por isso, acabei fazendo coisas das quais me arrependo, já que as fiz sem pensar – ele deu uma pausa – porque, agora eu vejo...que eu nunca vou pode-la esquecer...porque ela é minha vida, e vai ser sempre assim...não há pessoa, e nem nada no mundo, que me faça esquecer essa garota.

Essa historia era muito familiar. Hoje o destino tirou o dia pra me deixar mais mal...porque ela é igualzinho a tudo o que eu passei, exceto pelo fato...de que Josh esta casado...e eu aqui.

Mas a voz era muito familiar. Será que eu estou ouvindo coisas? Comecei a procurar o lugar de onde a voz vinha – pra confirmar que não era o Josh -, mas eu não conseguia achar...o estádio ainda fazia barulho, devido a inúmeras conversas paralelas. E eu não sabia onde estava esse rapaz, com a mesma historia, e uma voz parecida com a...dele.

Meu coração começou a acelerar muito rápido. Não é possível, eu vi com meus olhos ele no altar, se casando. Josh nunca viajaria pra me ver, ele morre de medo de avião. Além do mais, não daria tempo dele ter chegado aqui, antes que eu chegasse, aviões demoram.

Ok Hayley, para de viajar. Não é o Josh, é uma infeliz conhecidencia.

- Eu poderia simplesmente ter ido atrás dela, com flores e chocolates, ou queijo, porque ela é louca por queijo...mas isso, todos fazem, e a tornaria igual a todas as mulheres...e ela não é...ela é única, ela é especial, ela é minha vida...e meu coração bate apenas por ela, meu coração é dela.

Oh my God, não é possível. A voz, a garota louca por queijo, o refrão de ‘my heart’. É o Josh!! Se não, ele tem um clone com a mesma voz, e uma ex-namorada parecida comigo.

Voltei a procurar por todos os lados do estádio, de onde a voz vinha. Meu coração batia cada vez mais rápido, e eu comecei a tremer. Levantei da cadeira, pra ver se conseguia ver alguma coisa a mais, e nada.

Me virei pra olhar pro outro lado, e lá estava ele. Sorrindo.

Eu fiquei completamente sem reação. Levei minha mão ate a boca, e deixei que todas as lagrimas saíssem. Eu não estava acreditando, era uma miragem? Era realmente o Josh ali? Como ele fez pra chegar até aqui, e como sabia que eu estava aqui? Ele ainda esta com o terno. Meu Deus.

- Oi Hayles – ele desligou o microfone, e disse sorrindo.