A Relíquia Perdida escrita por letter


Capítulo 6
Capítulo 5 - Anuário


Notas iniciais do capítulo

aviso: capitulo gordinho.



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           - Ok qual é o plano? – perguntou a Lily para o primo no meio da última aula de uma sexta-feira.

           - Eu vou simplesmente esbarrar com ela no corredor. Acidentalmente é claro. Por acaso. Ás 17 horas 30 minutos e 16 segundos exatos ela sai da sala de poções toda segunda-feira. Eu preciso correr até lá. Passar pela porta exatamente nesse horário, iremos trombar. Eu vou a olhar, ela irá me olhar. Vou dizer: "Desculpe, não queria esbarrar em você aqui". Ela responderá: "Deve ser meu dia de sorte". Uma coisa irá levar a outra, ela não resistirá ao meu charme, até que eu a chame para passear comigo.

            Lily levantou as sobrancelhas e resolveu não dizer nada sobre o plano que ela tinha um leve pressentimento que fracassaria, mas não iria revelar para o primo.

           - Essa eu quero ver! Vamos! – ela gritou assim que o professor de feitiços os liberaram da aula.

           Ambos correram o mais rápido que conseguiram descendo até as masmorras. Lily se afastou um pouco deixando que o primo exercesse seu plano de "Esbarrar acidentalmente" na garota mais popular do Terceiro Ano.

           Hugo esperou ao lado da porta da sala de Poções e viu todos os alunos saírem esperando ansiosamente uma garota loira de cabelos platinados e olhos verdes aparecer. Mas ela não saiu pela porta. Ele olhou para dentro da sala e viu que ela estava completamente vazia. Derrotado virou seu corpo saindo da sala quando esbarrou em alguém.

           O ruivo arregalou os olhos assim que viu a garota que ansiava bem na sua frente. "Diga alguma coisa" sua mente gritava.

          - Oi.

          - Oi – ela respondeu risonha.

          - Oi – ele disse novamente aparentemente não conseguindo encontrar outra palavra no seu vocabulário com a garota mais linda que ele já vira.

           Lily observando a cena de longe bateu em sua própria testa e correu para socorrer o primo.

          - Prazer Lily Potter – a ruiva estendeu a mão afim que a loira a apertasse – Sabe eu vou passear com um cara em Hogsmeade no fim de semana, mas eu já havia combinado que iria com meu primo antes de arranjar esse super encontro pra mim. Sabe, o cara que irei sair é realmente lindo. Mas não quero deixar o Hugo segurando vela, e nem quero deixar ele entediado no salão comunal jogando xadrez consigo mesmo, então você não quer nos acompanhar num encontro a quatro?

            Quin arregalou os olhos tentando entender as palavras apressadas da ruiva a sua frente:

          - Ta bom, eu irei – ela finalmente respondeu voltando a andar deixando os primos sozinhos no corredor.

          - Eu vou sair com Quin McLoren!

          - Sim, galã do "oi" – ela zombou – Precisamos estudar. Venha!

            Enquanto os dois ruivos subiam animadamente para a torre da Grifinória, James estava no gabinete da diretora fitando o colo enquanto a ouvia falar:

          - Estou totalmente desgostosa senhor Potter – ia dizendo a velha diretora McGonagall encarando severamente o moreno a sua frente – Nunca, eu disse nunca, em todos esses anos de magistério eu vi tal comportamento. Você mal sai de uma detenção e já entra em outra, toda semana tenho de escrever a seus pais, mas dessa vez você ultrapassou todos os limites. Onde já se viu um aluno do sexto ano brincando dessa forma com os professores?

           - Eu não brinquei com os professores, apenas coloquei um tônico no chá da Trelawney para ver se ela melhorava aquela cara dela – James deu de ombros com ar de inocente –

           - Professora Trelawney, Potter. E você colocou o tal das vomitilhas Potter, por Merlin!

           - A é, foi isso mesmo, mas fala sério, foi engraçado não foi? – perguntou o moreno animadamente.

           - Potter! – censurou a diretora – Menos cinquenta pontos para Grifyndor.  Você pedirá desculpas para a professora e falarei com o professor Neville, diretor da sua casa para ver qual será sua punição e também terei de chamar seus pais na escola. A pobre da Sibila está até agora na enfermaria... Onde já se viu?

            - Mas professora foi só uma brincadeira, para que isso tudo!

            - SÓ UMA BRINCADEIRA POTTER? – o tom dela passou de severo, para muito irritado - Você conhece muito bem as normas da escola senhor Potter... Onde já se viu – repetiu ela se levantando – Pode se retirar, falaremos mais tarde.

               James já esperava uma detenção, ou alguns pontos retirados, mas chamar seus pais não era um tanto exagerado? Tudo bem, não importava, valeu à pena, pensava James subindo para o Salão Comunal. Ele sorria consigo mesmo ao lembrar a cena que a pouco acontecera. Todos riram, todos adoraram... Sim, valeu à pena! Afinal, a escola precisava de um pouco de diversão, não?   

           - Rose, minha flor, me espere – a ruiva apressava o paço com os livros nas mãos, tentando em vão se livrar de Jeremy – Rose! Aí desculpe – o moreno tropeçara em um calouro do primeiro ano e continuava a andar apressado atrás da garota – Minha vida, não fuja de mim.

           - Argh! – resmungava ela consigo mesmo tentando fingir que não o via nem o ouvia, virando sem ver pelos corredores.

           - Minha vida, minha amada, minha bruxa encantada – Jeremy começou com suas cantadas falhas, fazendo Rose ficar mais vermelha que o normal. Um braço delicadamente puxou Rose para dentro de uma sala de aula vazia e com alivio a ruiva deixou os livro cair sobre uma mesa e suspirou fundo.

                  - Bruxa encantada? – zombou o loiro encostado na porta de braços cruzados – Não é a toa que você foge tanto dele – finalizou ele com um sorriso maroto no rosto.

                  - Malfoy – falou Rose estridente pegando novamente os livros e marchando em direção a porta – Com licença.

                  - Um obrigado seria bem vindo, te livrei de uma.

                  - Eu não te pedi nada – disse ela firme – Com licença.

                  - Você podia arrumar um cara que pelo menos tenha algumas cantadas menos... Pavorosas? – ironizou ele andando em direção a porta.

                  - Malfoy, saí da minha frente! – a curta paciência de Rose desaparecera em algum ponto no meio do curto diálogo.

                  - Só porque você pediu com educação Weasley – disse ele liberando passagem – Bruxinha encantada – falou ele rindo enquanto uma Rose cor de pimenta saía em direção à biblioteca.

                   Malfoy era um imbecil, um imbecil metido a sangue-puro que paga uma de hipogrifo premiado em dia de feira, pensava ela nervosa consigo mesmo. Nenhum garoto ousava a fazer ficar mais vermelha que o normal e apenas com um sorriso fazer seu coração palpitar. Como... Argh! Aquele loiro... Como ousava?

                   Andares abaixo Albus que correra para o Salão Comunal da Sonserina logo que ás aulas acabara, folheava febrilmente velhos livro e recortes antigos de jornais que encontrara na biblioteca. O moreno tomara conta de uma pequena mesa só para si e sua cabeça e mãos trabalhavam a mil.

                  - Elizabeth... Elizabeth Gaunt – murmurava ele consigo mesmo passando o indicador e os olhos pelos velhos jornais, em busca do nome – Gaunt, Gaunt, Gaunt... – nenhuma noticia, nenhum nome, nenhuma foto. Com alivio Albus terminava de ver os últimos jornais. Então seus temores eram apenas bobeiras, não tinha nada o que temer. Pela primeira vez Rose estava errada, pensou ele sorrindo. Elizabeth Gaunt não viveu na década de trinta, ela vivia agora, e Albus não estava maluco, não senhor, não era alucinação. Ela está viva, se não estivesse o nome estaria no jornal, ou em algum lugar, afinal desaparecimentos são sempre noticiados, certo?

                  - Não vai jantar? – perguntou uma suave voz tirando Albus do meio do turbilhão que estava seus pensamentos.

                  - Me dê um minuto – respondeu ele arrumando a papelada numa só pilha, ele não estava afim de que seus colegas soubessem o que estava procurando, ou imaginassem...

                  - São meios velhos, não? – Perguntou Emmie puxando o recorte de cima e dando uma boa olhada – Pra que você quer isso?

                  - NOMs – respondeu ele rápido de mais – Quer dizer... Nunca se sabe o que vai cair – deu ele de ombros se levantando, tentando fazer a mentira parecer a mais inocente verdade.

                  - Se você diz – a morena deu de ombros estendendo as mãos para que Albus pegasse – Vamos?

                  - Eu tenho que guardar...

                  - Deixe isso aí, ninguém liga para jornais aqui, ainda mais dessa data – respondeu ela revirando os olhos verdes. Receoso Albus deixou a pilha de jornais sobre a mesa e antes que se desse conta Emmie havia entrelaçado os dedos dela nos seus.

                    Era estranho sair de mãos dadas com ela... As pessoas olhavam, imaginavam coisas. Albus não gostava dos olhares nem da imaginação das pessoas. Não mesmo. Pior era entrar no Salão Principal e ver boa parte dos alunos das mesas Grifinória e Sonserina fuzilando os dois.

                  - Al, sua prima está a sua procura – disse Ben vindo em direção ao casal e formando um sorriso zombeteiro no rosto ao ver as mãos dos dois dadas e a cara de azedume de Emmie ao ouvir a noticia.

                  - Que prima? – perguntou a garota antes que o próprio Albus pudesse fazer a pergunta.

                  - Rose... Ela esta na biblioteca.

                  - Ela que espere, vamos jantar agora.

                  - É melhor eu ir ver o que ela quer – interveio Albus puxando com custo sua mão das delas, e agradecido por Rose o ter chamado. Emmie não era normal, não mesmo.

                 - Chamou Rosinha? – perguntou Albus vendo a juba ruiva da prima sentada ao canto na biblioteca e caminhando até ela.

                - Senta aí, você vai adorar ver o que eu achei – exclamou ela – Depois de nossa conversa de ontem eu fiquei interessada no caso da garota, porque o que eu sabia era apenas boatos e tal, então resolvi pesquisar o que é fato – finalizou ela esticando para Albus um grosso livro – Este é o anuário de Hogwarts de 1933 – informou ela – E este, é o de 1 934 – continuou ao colocar outro livro de mesma dimensão ao lado.

               - Anuário, hm... legal – falou ele tentando entender no que isso adiantava.

               - Olhe bem Al, essa é turma do quinto ano de 1933 – apontou ela para uma foto onde havia uns quarenta adolescentes entre quinze e dezesseis anos – Olhe seu bisavô, Charlus Potter, e aquela morena ali atrás é a sua bisavó Dorea Black, essa aqui é a bisa Weasley e essa a tia Muriel e aquele loiro é o Abraxas, bisavô do Malfoy e aquele outro...

            - Rose não empolga – disse ele rindo

            - Desculpe – respondeu ela envergonhada – Todos esses, estão no anuário de 1934 como estudantes do sexto ano, menos essa garota loira ao lado do seu bisavô – Albus puxou ambos os anuários para seu lado e constatou o que a prima disse. Nos dois livros havia uma foto com a mesma turma, mas no segundo faltava uma garota. Uma linda garota loira de olhos cor d’água que mesmo na foto em preto e branco, Albus reconhecia. Ela acenava sorrindo ao lado de Charlus, mas na outra foto o seu lugar fora tomado por sua bisavó.

           - Quer dizer que essa é a Elizabeth? – perguntou ele já sabendo a resposta.

           - Uhum, então concluímos que ela desapareceu entre 1933 e 1934.

           - Ro, porque está me mostrando isso? – sem saber o motivo, Albus sentia uma forte vertigem repentina.

           - Você estava tão interessado que decidi procurar – respondeu ela se encolhendo.

           - Então...  Você acha que consegue descobrir de que ela morreu?

           - Al, nem os aurores da época conseguiram, como eu conseguiria?

           - Você poderia achar pelo menos mais coisas sobre ela para mim?

           - Claro... Mas porque?

           - É complicado... – ele devia, ou não devia contar a prima? Optou por não contar, pelo menos não agora.

           - Vocês ainda estão aqui? – Madame Pince apareceu perto dos dois com seu espanador na mão, olhava furiosamente para ambos garotos – Andem, não viram as horas? Já passou da hora de fechar a biblioteca, por Merlin, andem.

           - Desculpe, já estamos indo – disse ela fechando os livros e arrumando a bagunça que fizera, na presa sem querer Rose derramara o tinteiro em cima de vários pergaminho – Droga, Al vai guardando esses anuários para mim enquanto eu limpo isso, se madame Pince ver a bagunça...

            Albus se levantou com os anuários na mão e andou até um lado mais afastado da biblioteca. Ele olhara para prima que parecia ter esquecido que ele existia e num gesto rápido e repentino arrancou a foto da turma do quinto ano de 1933 e a metera no bolso.

            - Precisa de ajuda Rose? – perguntou ele inocentemente voltando para o lado da prima.

            - Terminei aqui, vamos antes que a velha aparece – disse ela jogando a mochila nas costas – Vou direto para torre da Grifinória não quero dar de cara com o Jeremy de novo.

            - Pensando bem... Vou com você, preciso falar com James – um pequeno plano se formava na brilhante mente de Albus e ele tinha o pressentimento de que daria certo.

                   - Ele deve estar jantando – pressupôs a ruiva

                   - E o James faz algo na hora certa? – perguntou Albus rindo.

                   - Tem isso... E você e a Emmie, como estão?

                   - Eu e quem? Rose... Somos amigos... Ela é incrível, mas... Somos amigos! – o moreno começou a gaguejar e se enrolar em meio às palavras, causando a Rose uma leve diversão.

                    - Sei, sei... Porque você não saí com ela?

                    - Porque você não sai como o Jeremy? – retrucou ele

                    - Tá bom, você venceu – finalizou ela se virando para a mulher gorda – Cabeça de Dragão – o retrato da mulher liberou a passagem para a torre, enfeitada de vermelho e dourado, assim que entrou já avistou James a um canto narrando para uma animada turma alguma de suas várias artimanhas, o Salão em si não estava cheio, todos deviam estar jantando. Rose se despediu e subiu para o dormitório feminino e Albus esperando um momento oportuno para falar com o irmão se jogou no sofá da torre, como se fosse da casa.

                    - Oi Albus – cumprimentou uma garota se sentando ao lado do moreno, era Alice Longbottom, a filha mais velha de seu professor Neville, uma bela garota de cachos loiros e bochechas rosadas, quintanista da grifinória, uma das melhores amigas de Rose e que nutria secretamente um amor por James, do qual Albus só tomara conhecimento bem mais tarde – Veio ajudar a Lily?

                    - Nada, vim falar com o J, mas parece que ele está meio ocupado – Albus olhou para trás e com um grande suspiro viu o irmão ao lado de Fred e Louis rodeado por garotas que fingiam ouvir tudo o que ele falava apenas para estar ao seu lado.

                    - Se você for esperar ele sair dali, vai demorar, acredite – disse ela olhando para trás com os olhos castanhos num misto de decepção e tristeza – Eu não te vi no Salão Principal, não vai jantar? – o moreno deu de ombros e soltou outro pesado suspiro, ele tinha muito mais o que pensar ao invés de se lembrar de comer – Você está bem Al?

                    - Claro, claro... – respondeu ele pensativo.

                    - Não parece muito, quer conversar? – ele queria e muito, mas não conseguiria expressar com palavras o que estava sentindo, confusão, medo, dúvidas e um outro sentimento que ele ainda não descobrira o que era.

                    - É difícil... – começou ele a dizer, mas sendo interrompido por um animado James que se sentava entre os dois, fazendo-os se afastar para o lado e colocando os braços em volta dos dois.

                    - Paquerando a Alice maninho? – instantaneamente as bochechas rosadas de Alice adquiriram um tom bastante avermelhado e ela desviou seus olhos cores de avelã para o colo, ao ver a reação dela, James presumiu que sim, o seu irmão com certeza estava paquerando ela.

                    - Você acha que eu teria chance com ela? – perguntou Albus irônico fazendo-a ficar mais vermelha ainda se possivel.

                    - Nenhuma, você já tem a Emmie e você não quer o professor Neville no seu pé ou quer? – Alice arregalou os olhos e fitou incrédula os irmãos a sua frente, falavam como se ela não estivesse ali, e ainda mencionavam seu pai! Era esse o problema, nenhum garoto chegava nela por causa de seu pai. Muito legal ser filha de professor.

                    - Eu vou... vou ver a Rose – disse ela quase num sussurro e andando de forma desajeitada para o dormitório feminino.

                    - Não queria interromper vocês... – começou James.

                    - J, você sabe que estávamos apenas conversando, vim falar foi com você.

                    - Não veio falar das vomitilhas no chá da Trelawney, né?

                    - Não, claro que não... Peraí vomitilhas?

                    - Esquece, o que foi? – James falava com Albus, mas seus olhos corriam para o grupo de garotas sentadas no degrau que davam nervosos risinhos ao ver James piscar para elas, claro, ele não perdia uma.

                    - Preciso da capa de invisibilidade do papai e o mapa do maroto.

                    - Hm? – perguntou James focando no irmão – O que? Porque?

                    - Não posso explicar agora, mas preciso urgente.

                    - Albus Severus Certinho Potter vai quebrar alguma regra? – perguntou James de forma marota com um sorriso irônico nos lábios – E ainda vai esconder do seu irmão o porque?

                    - Preciso encontrar uma garota... 

                    - Uma garota! – exclamou James interrompendo Albus – Porque não falou logo? – James puxou a varinha das vestes e com um aceno murmurou o feitiço convocativo e em segundos a capa de invisibilidade e o mapa do maroto estavam em suas mãos – Ela deve valer a pena para você precisar de tudo isso – pressupôs James.

                    - Cara, te devo uma – Albus rapidamente enfiou os objetos nas mãos e correu para saída se esbarrando em Lily e Hugo que conversavam animadamente e mal o cumprimentara.

             Certificando-se que Ben e Scorpius roncavam profundamente, Albus se levantou e silenciosamente saíra do dormitório passando pelo deserto Salão Comunal. Por baixo da capa de invisibilidade e com a varinha acesa o moreno percorreu as masmorras e subiu para o hall de entrada, saindo sem dificuldades do castelo.

                    - Juro solenemente não fazer nada de bom – murmurou ele batendo a ponta da varinha no pergaminho que revelara os costumeiros cumprimentos e se abrira em um mapa de toda Hogwarts e seus terrenos em volta. Onde Elizabeth estaria? Se perguntava Albus, e principalmente, ela apareceria no mapa? Afinal, ela não sabia se ela estava... Viva.

             Andando cegamente pela neve, Albus mirava apenas o mapa, vira o nome de conhecidos e desconhecidos, mas não vira Elizabeth. Depois do que lhe pareceu horas ele tomou a decisão mais obvia que no seu pensar já deveria ter tomado. Andou até a casa dos gritos, o último lugar onde a encontrara.

                    - Elizabeth? – ele chamara enquanto dobrava a capa e a jogava sobre os braços e enfiava o mapa nas vestes – Elizabeth? – chamara mais alto, ouvindo sua voz ecoar pela velha e abandonada casa. Nada nem sinal da garota – Elizabeth? – Depois de percorrer os corredores vazios e quartos destruídos, Albus derrotado resolvera voltar, ele estava ficando doido, sim, estava mesmo. O que lhe dera na cabeça procurar por alguém fora do castelo no meio da noite em dia de aula?

                Antes que chegasse a saída que dava direto no Salgueiro Lutador um pigarro fez Albus se virar, e lá estava ela, com seus longos cabelos loiros, olhos perdidos e confusos cores d’água e o que mais? Ah sim, linda, ela estava linda como sempre.

                - Você chamou por mim – não era uma pergunta.

                - Onde você estava que não te vi? – ele acabara de passar por onde ela estava e não a vira, não a ouvira. Ele deu de ombros e sorriu – Precisamos conversar – falou depois de um longo tempo em que se fitaram.

               - Você se preocupa comigo – novamente não era uma pergunta.

               - O que? Porque diz isso? – Perguntou ele, a confusão evidente em seus olhos claros e sem ver Albus andava em sua direção.

               - Porque você veio me procurar. Muitos me procuraram... Mas só você me encontrou.

                A declaração fez um arrepio correr pela espinha até alcançar a nuca de Albus, ele engoliu em seco. Que diabo estava fazendo ao pensar em procurar por ela? Novamente eles se fitaram por um longo tempo e ao se dar conta disso o moreno tateou os bolsos e puxou um amassado papel e estendeu para Elizabeth, ela o pegou, mas antes por uma fração de segundos suas mãos tocaram e um novo arrepio correu pelo corpo de Albus. Elizabeth fitou o papel, que na verdade era a foto arrancada do anuário por Albus, ela sorriu e passou o dedo pela foto.

                - Elizabeth... Essa é você – agora foi à vez de Albus fazer uma afirmação, e sem tirar os olhos da foto Elizabeth assentiu – Essa foto foi tirada a mais de oitenta anos – falou Albus tentando digerir as próprias palavras. Elizabeth levantou os olhos confusos para o moreno. Isso não era possivel, pensava os dois sincronizadamente, era?

                - O que aconteceu comigo? – perguntou ela para surpresa de Albus.

                - Pensei que você pudesse me responder – ela negou com a cabeça – O que aconteceu quando você desapareceu na floresta proibida? – perguntou ele?

                 Novamente Elizabeth balançou a cabeça, Albus interpretava isso como se ela não pudesse responder, mas Elizabeth tentava forçar sua própria cabeça a para de latejar tanto, instintivamente pressionou as mãos sobre as têmporas. Desaparecer na floresta proibida? A mais de oitenta anos? Não... Não era possivel, essa foto fora tirada há pouco tempo, sim ela se lembrava de propositalmente correr para o lado dos alunos da Grifinória e se posicionar ao lado de Charlus, ela se lembra de Abraxas falando que ela se arrumara toda apenas para uma simples foto que se tirava todo ano, não poderia fazer mais de oitenta anos que tudo isso acontecera, era impossível. Ela não se lembrava de nada de desaparecimento...

                - Elizabeth, por favor, eu estou tão confuso quanto você, eu preciso saber o que aconteceu.

                - Dói tanto... – disse ela da mesma forma que a muito dissera dentro do castelo – Eu não consigo... Não consigo me lembrar... Não lembro o que aconteceu... Não... Não sei...

                - Por favor, não force a memória isso... Isso não te faz bem – ela balançou a cabeça novamente e se encostou na parede.

                - Por que? Por que você é tão parecido com ele? – perguntou ela de forma desesperada quase gritando, Albus entendeu que ela falara de Charlus.

                - Ele era meu bisavô – disse ele cautelosamente se aproximando dela.

                - Era? – gritou ela – Como era? Bisavô? Mas isso é impossível! Onde ele está?

                - Elizabeth, por favor, acalme-se...

                - Onde ele está? – berrou ela novamente

                - Ele já... Já faleceu – Albus respondeu com custo.

                 - Não, não, não. Isso não está acontecendo... Não pode ser... Seu bisavô – repetiu ela – Mas como... Como se temos a mesma idade... Se...

                - Ele morreu a quarenta anos, e você desapareceu a mais de oitenta – explicou ele cautelosamente com medo de alarmá-la.

                - Muitos me procuraram – disse ela novamente, isso ela sabia, não sabia como sabia, mas ela sabia – Não sei... Não sei porque... Mas me procuraram.

                - Eu acho... Eu acho que você está... – Albus engoliu em seco – Eu acho que você está... 

                - Eu não estou morta! – berrou ela desaparecendo num estralo na frente de Albus.

                 O moreno não acreditava no que vira, era impossível desaparata nos terrenos de Hogwarts, mas tecnicamente estavam em Hogsmeade, na casa dos gritos, mas mesmo que estivessem. Ela não teria idade para saber desaparata, segundo Rose ela teria quinze, no máximo dezesseis anos. E para onde ela teria ido? 


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Notas finais do capítulo

Não poço deixar de agradecer ao Igor que tem sido uma pessoa super essencial na minha vida ultimamente, me ajudando com idéias, e sempre melhorando meus capitulos. Muito obrigada também a todos os comentário e as recomendações, vocês não tem noção do quanto isso me incentiva, espero que tenham gostado, comentem muito, até o próximo. Alguém viu que eu finalmente fiz uma capa decente? -q