Já eram quase 6h da manhã quando Matt Tuck e Moose chegaram à casa de Amber esbaforidos e bateram na porta com força, que, surpreendentemente abriu sem necessitar de muito esforço. Não estava trancada. Os dois se entreolharam confusos e imediatamente entraram correndo pela sala. Amber apareceu na escada assustada e colocando o robe as pressas

- Mas que diabos esta acontecendo aqui? O que vocês dois querem a essa hora?

- Colocaram fogo no meu trailer, Amber, quase me mataram. A polícia desconfia de que tenha sido um incêndio criminoso e tenho quase certeza de que foi causado pelo Oliver. Onde estão as garotas? É melhor levá-las para um lugar mais seguro.

- O quê?

O rosto de Amber se contraiu em uma expressão de pavor. Moose não esperou que ela respondesse e subiu as escadas a passos largos, indo em direção ao quarto de Annie. Parou diante da porta e sentiu que todo o seu corpo tremia de preocupação e nervosismo, respirou fundo e bateu na porta. Se em um minuto ela não abrisse, ele já estava decidido a abrir a porta à lá Rambo e salvar sua donzela, mas isso não foi necessário, logo, a garota de pele sempre tão alva e cabelos tão negros abriu a porta, bocejando e coçando seus doces olhos azuis.

- Moose?

Antes de dizer qualquer palavra ele a tomou nos braços e segurou com força contra seu peito, sentindo o aroma suave dos cabelos dela, estava aliviado por tê-la ali.

- O que foi Moose?

Ele fechou os olhos e sentiu o corpo morno dela por mais alguns segundos, colocou-a no chão e segurou seu rosto com uma das mãos enquanto distribuía beijos por ele, ela tinha uma expressão confusa.

- Desculpa por ter te acordado minha flor – Ele a olhava com ternura enquanto colocava uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha.

- Tudo bem, mas, o que veio fazer aqui tão cedo?

- Eu estava preocupado com você.

- Preocupado? Por quê?

- O Oliver...

- O que tem o Oliver?

- Ele colocou fogo no trailer do Matt, por pouco ele não vira filé flambado.

- M-mas você tem certeza?

- Não é certeza né Annie? Mas é nosso suspeito número um.

  - Nós temos que avisar o Zacky, ele vai saber o que fazer. Me espere lá embaixo, só vou trocar de roupa e já desço.

Ela deu um beijo suave nos lábios dele e ia se distanciando para entrar no quarto novamente, porém ele agarrou firme, mas sem fazer força, em seu antebraço. Ela olhou bem para ele, a pele estava mais pálida do que o normal, tinha os olhos opacos e envoltos por olheiras fundas. O cansaço dele e sua expressão cansada fizeram com que Annie entendesse que aquele homem ali na sua frente precisava mais dela do que imaginava, e estava certa. Moose descobrira um amor fora do comum por aquela mulher, mas do que ele mesmo supunha sentir, e não suportaria vê-la desprotegida e correndo qualquer risco. Annie abriu um sorriso e se aproximou dele novamente, percorreu o contorno de seu rosto com a ponta dos dedos e segurou seu nariz, fazendo com que ele fizesse uma pequena careta

- Não precisa ficar tão preocupado Moose, tudo vai dar certo.

- Promete pra mim que não vai se arriscar?

- Eu vou fazer o possível

Então ela segurou na nuca dele e o puxou para si, dando-lhe um beijo mais intenso nos lábios, eram as últimas horas de tranqüilidade daquele dia.

Do outro lado do corredor um apreensivo Matt Tuck ainda aguardava que abrissem a porta, ninguém abriu. Resolveu então abri-la por si mesmo, não estava trancada então foi fácil, porém ele sentiu cada parte do seu corpo se entregando ao desgaste, ao ver que o quarto de Jessica estava completamente vazio.

***

Zacky abriu os olhos. A cabeça latejava de dor. Tinha as mãos amarradas em volta de uma coluna de concreto com pesadas correntes, ele apertou os olhos, enfurecido e soltou um grito.

- FILHA DA PUTA!

Estava se odiando por ter acreditado naquela idiotice toda. Jess nunca esqueceria Matt tão facilmente, ele devia ter desconfiado, mas não, ele deixou-se guiar por sua vontade de ter Jessica para si e deu no que deu. E agora Oliver sabia exatamente qual era o ponto fraco dele.

O barulho de porta se abrindo rompeu o silêncio do ambiente em que ele se encontrava. Era um espaço amplo, semelhante a um galpão escuro e empoeirado. Um assovio alto de Iron Man do Black Sabbath e uma voz grave soando logo em seguida, uma voz já velha conhecida de Zacky.

- Baker! Há quanto tempo não?

- Oliver! É claro que isso tudo era invenção sua. Esperto, muito esperto, você está de parabéns!

A sombra alta de Oliver parou diante de Zacky, que ajustava a visão para vê-lo melhor na penumbra em que se encontrava.

- Eu até fui bonzinho, fiz você dar uma rapidinha bem agradável antes de trazer você pra cá. Você gostou, confessa.

- Ah, claro! Adorei! Mas só até a parte em que eu descobri que ela estava tentando me matar. Aliás, não sou muito chegado a asiáticas, tenta se lembrar disso na próxima vez.

- Ah, mas ela não se parecia com uma asiática, ela se parecia com alguém que você gosta muito. – Oliver gargalhou – Quando a Hanna me contou que você arrastava um caminhão pela Jessica eu quase não acreditei. Logo você Baker, tão seguidor das regras, se apaixonando por uma escravinha? Haha, só sendo muito babaca mesmo.

Zacky soltou um grunhido abafado

- Não sabia que você me amava tanto a ponto de querer armar todo esse circo pra mim. Sinto muito Oliver, sou muita areia pro seu caminhãozinho, fica pra próxima.

- Sério que você está mesmo achando que isso tudo aqui é por sua causa? É claro que não! Ok, eu confesso que tem um pouco de vingança contra vocês, mas eu penso grande, quero ficar no comando dessa porra, e você é o meu trampolim pra mergulhar nela.

- Hã? O que você vai fazer?

- Você logo vai saber, mas agora não prefere saber o que aconteceu com a sua menina dos olhos?

- Quem? Aquela vadia falsa que você mandou pra me envenenar?

  Oliver abriu um sorriso malicioso.

- Não, tenho um presentinho de verdade pra você.

Oliver soltou um assovio alto e agudo e logo em seguida a porta se abriu. As luzes do lugar se acenderam e Zacky pode ver Hanna entrando sorridente empurrando uma maca com alguém deitado nela. Zacky se esticou para olhar e seus olhos quase saltaram “Não, ela não”.

Jessica estava na maca, seminua e presa pelos pulsos, tornozelos, cintura e ombros através de amarras de couro da própria maca, algo semelhante ao que era utilizado em antigos hospícios.

- SOLTA ELA SEU FILHO DA PUTA!

Oliver puxou a maca para mais perto de Zacky para que ele ouvisse os murmúrios de terror da garota amarrada que tentava se desvencilhar inutilmente. Lágrimas desesperadas escorriam pelos olhos verdes dela. Tinha a boca amordaçada e a expressão assustada.

- Soltar ela? Mas é claro que não! Aliás, tenho que dizer que jamais teria conseguido raptá-la se não fosse graças a você.

O peito de Zacky arfava nervoso, ele precisava soltá-la.

- Graças a mim?

- É! Você fez com que eu conseguisse ter o espectro dela sem matá-la e controlá-la através dele foi a coisa mais fácil! Você realmente enfiou os pés pelas mãos Baker.

- E o que você vai fazer com ela?

Oliver deu uma piscadela para Zacky, se aproximou de Jessica, deslizou a ponta dos dedos pelo abdômen dela e desembainhou uma faca prateada da cintura

- Okay. Vamos começar a diversão

***

Matt, Moose e Annie sentaram-se à mesa da cozinha enquanto Amber servia um pouco de chocolate quente a eles. Ela notou que Matt aparentava estar exausto e com uma porção de ferimentos pelo corpo e o rosto marcado pelo cansaço, os cabelos escuros e negros um pouco bagunçados e a cabeça totalmente longe dali. Amber serviu uma xícara de chocolate para si mesma e sentou ao lado dele. Há poucos minutos haviam dado pela falta de duas moradoras daquela casa. O sumiço de Jessica e Hanna só causava mais tensão em Tuck.

- Matt, que machucados enormes são esses, hein garoto? Já vou buscar a maleta de primeiros socorros, aliás, você está um caco, tem que descansar.  

- Não consigo descansar Amber, pelo menos não enquanto a Jess estiver em perigo. Nós temos que encontrá-la logo, já falaram com o Vengeance?

- Sei que você está preocupado Matt, mas nessa situação você não chega nem a 1 km de distancia da casinha do cachorro meu querido. Vou fazer um curativo em você e depois se deite um pouco ali no sofá, e nem adianta reclamar.

Matt revirou os olhos. Annie, que tentava localizar Zacky, acabara de colocar o celular sobre a mesa com uma expressão um pouco intrigada

- Não consigo falar com Zacky, será que ele está ocupado?

- Sinceramente? – Moose se pronunciou – Acho pouco provável

Nesse mesmo instante a campainha tocou e os três mais novos se entreolharam curiosos, Amber era a única que sabia exatamente quem estava do outro lado da porta. Ela se levantou um pouco apreensiva e se virou para os três

- Por favor, se comportem

E saiu em direção a porta, ao abri-la um homem de ar imponente entrou sem cerimônia pela casa. Era alto, de cabelos escuros e espessos caindo sobre a testa, olhos também escuros e corpo magro. Carregava uma bolsa de couro um pouco velha. Olhou em volta da sala e não disse palavra alguma, Amber indicou o caminho da cozinha e ele caminhou até lá, franzindo o cenho no instante em que viu que havia mais pessoas lá.

- Quem é ele Amber?

   Amber chegou a abrir a boca para responder, mas o homem foi mais rápido.

- Sou Sully Daniels, supervisor sênior do Conselho, acho que sou a ultima tentativa de solução dos seus problemas.

- O quê? Conselho? Mas que diabos é isso? - Moose falou sem fazer muito caso

Sully se virou para ele um tanto irritado

- Quem é você seu garoto filho da puta?

- Sully, esses são Matt Tuck e Michael Thomas, eles ahm... são membros do Bullet for my Valentine e...

- Bandinha de rock é? E ainda vem me encher o saco por causa do meu cargo. O que eles estão fazendo aqui Amber? Nenhum deles faz parte do nosso meio

- E-eu sei Sully, mas eles são de confiança, e podem ser úteis para...

- Para servirem de isca, só se for

Matt Tuck soltava faíscas dos olhos, tinha odiado aquele homem.

- E você, pequena Annie, certo? - Sully agora falava com Annie, que apenas confirmou com a cabeça – Você é a vadiazinha que começou isso tudo! Parabéns grande gênio, você colocou a vida de todo mundo em risco. Aliás, onde está a outra vadia? Aquela que fode com todo mundo, Smith, Jessica Smith se não me engano.

Tuck não se conteve, socou forte a mesa e falou enfurecido:

- CALA A SUA BOCA SEU FILHO DA PUTA!

Sully soltou uma gargalhada sonora

- Ah claro, tinha me esquecido de você – ele puxou uma folha do bolso com algumas informações escritas – Matthew Tuck! O filho da puta que deu sorte de fazer uma harlot ter simpatia por ele. Você é o numero um da lista dos cagões, merece um prêmio por ter tanta sorte. Mas merece morrer por ser tão burro a ponto de continuar com ela.

- O que?

- Quer dizer que você é um suicida garoto, esta correndo atrás de uma mulher que anda lado a lado com a morte – ele serviu chocolate quente em uma xícara e começou a bebericar – Mas não importa, aliás, vocês três pouco me importam, estou aqui por causa de Oliver Adams e da necessidade que o conselho tem de ver ele morto.

- Morto? Isso é mesmo necessário? – Amber perguntava um pouco apreensiva

- Ele é um traidor tentando dar um golpe, ou seja, ele é o alvo numero um

Ele tomou mais um gole do chocolate

- Acho que você devia tentar falar com o Zacky antes de agir, Sully

- Infelizmente isso não vai ser possível, segundo a polícia ele está desaparecido, foi visto pela última vez ás onze horas de ontem por um guarda chamado ahm... – ele olhou o papel novamente – Gary Simpson. Acho que vou ter que me virar só com vocês quatro mesmo.

Moose deu de ombros

- Sinto muito, mas não faço a menor ideia de como chegar até o Oliver

- Não preciso que você saiba, eu acho ele em um piscar de olhos, só preciso de vocês para causar um pouco de alvoroço.

- Mas você sabe onde ele está então? – Matt olhou um pouco desconfiado

Sully tomou o ultimo gole do chocolate quente e pegou outro papel, agora de um bolso lateral da bolsa de couro, e jogou-o sobre a mesa. Matt pegou o papel e começou a ler, enquanto isso Sully falava

- Vocês deviam saber que o Oliver não é o tipo de cara que se esconde por muito tempo, ele tem um ego do tamanho do Godzilla e gosta de ostentar suas vitórias. Para nossa sorte, esse sumiço do Vengeance não é uma coincidência. O Oliver e o Zacky têm uma rixa antiga, não sei se a mente “genial” de vocês foi capaz de notar isso, e nosso Ken Califórnia resolveu dar uma festa hoje, só para exibir sua felicidade, e é exatamente por lá que devemos começar nossa busca.

Moose, pegou o papel das mãos de Matt, era um pequeno folder divulgando uma festa na mansão dos Adams (ele sorriu ao fazer uma ligação com a série de humor e inclusive começou a estalar os dedos e cantarolar a musica tema da série de TV)

- Olha cara, não sei não, pra mim isso tem cara de emboscada.

 - É claro que isso é uma emboscada, mas nós vamos preparados para isso.

- Como? Você quer que a gente vá se enfiar no meio do ninho da cobra? Ele mata a gente sem nem sujar as mãos – Annie estava um pouco perplexa

Sully sorriu novamente

- Acho que vocês não se deram conta exatamente de qual é o meu papel aqui – ele pegou a bolsa velha de couro, jogou-a sobre a mesa e a abriu, revelando uma enorme quantidade de armas de todos os tipos, de diferentes calibres, grandes, pequenas, automáticas, além de granadas e facas de todos os tamanhos.

Os quatro olhavam impressionados com a quantidade de armas que havia ali

- Mas o que... Você não está esperando que nós o matemos para você, ou está?

- Se fizerem isso vou achar ótimo, mas as armas são só para que ninguém saia de bobo alegre por aí e sirva de isca fresca pro loiro maravilha. Acordem garotos, estamos em meio a uma guerra! Ou vocês estão dentro, ou vocês morrem na primeira abocanhada do tubarão! – ele soltou o ar cansado e olhou para o fundo da caneca vazia – A propósito, tem mais chocolate?

- Como pode se preocupar com chocolate enquanto faz uma proposta dessas pra gente? Você é louco ou que? – Annie falava irritada com Sully

- Cala a boca sua putinha! Quem está fazendo disso uma coisa difícil são vocês.

Matt revirou os olhos, por mais que tivesse achado o tal supervisor um grande mala, ele tinha que salvar Jessica. Levantou-se e começou a vasculhar a bolsa de armas.

- Ora ora, veja só quem foi o primeiro a criar coragem!

- Estou pouco me fudendo para esse filho da puta desse Oliver, só quero manter Jess em segurança

- E você entende algo de armas?

- Um pouco, mas acho que estou disposto a aprender

Annie também começou a pegar algumas armas, mas Moose logo segurou seu pulso.

- O que você está fazendo? Prometeu pra mim que não ia se arriscar!

- Moose, eu tenho que lutar, não ouviu o que ele disse? Eu causei tudo isso, eu tenho que ajudar a resolver!

- Annie, esse cara não sabe de nada! Não foi culpa sua, por favor...

- Desculpa Moose, eu tenho que fazer isso

Ele olhou em seus olhos por alguns instantes, soltou seu punho e logo pegou uma 357 Magnum semi-automática

- O que você está fazendo Moose?

- Não vou deixar você se meter nisso sozinha, eu também vou nessa porra

Sully observava sorridente, mas viu que Amber não movera um músculo sequer

- E você titia, não vai querer brincar de soldier também não?

- Não sei se tenho forças

- Você é quem sabe

- Como exatamente pretende entrar na tal festa?

- Pela porta da frente é claro

 - E acha que vai ser tão amigável assim?

- Claro! A segurança só vai ficar em volta daquilo que é do real interesse do Oliver, mas não se preocupem, é como jogar GTA!

Matt e Moose se entreolharam, nenhum deles nunca tinha pegado em uma arma com essas intenções, mas o que Moose achou mais espantoso, foi o fato de Matt parecer não se importar com a ideia de matar quem quer que fosse para salvar Jessica.