O filme era sobre zumbis ou alguma coisa que devorar cérebros e gostava de comer tripas também, nada romântico para um ‘quase-encontro’, a não ser que você seja canibal.
Deixei minha mão na posição de ‘dê a mão pra mim’ o filme todo, mas Annabeth nem mexeu a sua mão para perto da minha, as vezes eu olhava para ela com canto do olho só para ter certeza de que ela não havia dormido.
- Ótimo filme – ela falou ironicamente.
- Preferia ter lutado contra...
- NÃO FALA NADA – ela gritou e o cinema inteiro olhou pra ela –Dois meio sangues, desprotegidos, em um cinema perto do Olimpo, quer mesmo chamar algo ?
- Melhor não.
- É melhor mesmo Percy.
- Quer tomar sorvete ? – Quebrei o silêncio.
- hmm, vamo lá.
Apesar de tudo, hoje estava sol, muito sol, pegamos um táxi até o Central Park, e sentamos em um banco qualquer para tomar sorvete.
- Vai ficar aqui até quando?
- Não sei Percy, acho que vou embora hoje!
- Não vai não, quer dizer, se você quiser pode ficar, a gente pode sair amanhã, fazer alguma coisa.
- Não sei Percy, tem como eu ficar na sua casa? – O que? Ela estava aceitando?
- Tem, tem sim – ela sorriu.
- Então acho que tudo bem.
- Vai ser legal, eu prometo.
- Não vai pedir pra sua mãe? Vou aparecer de surpresa na sua casa?
- Você sabe que minha mãe te ama não sabe? – ela corou – Bem, mas como vão as coisas, a escola nova?
- A mesma coisa de sempre, mas, lá não é sabidinha, é garota crânio.
- Então admite que prefere o Sabidinha ?
- Sim, eu prefiro – nós rimos – Mas, duvido que alguém além de mim te chama e cabeça de alga?
- Bem, eles não sabem o tanto que você sabe.
- Claro né cabeça de alga, eu sou sua melhor amiga! – ela me deu um peteleco.
- É mesmo – suspirei – Annabeth...
- Oi Percy? – Ela se virou pra mim e seus olhos brilharam.
- Você é boa com coisas escritas não é?
- Bem Percy – ela riu pelo nariz – Sou filha de Athena, acho que tinha que ser não é?
- É... bem, acho que você não está conseguindo ler uma coisa...
- Ler o que Percy?
- Ler isso.
Aproximei-me dela e Annabeth nem se mexeu, ficamos mais perto e eu podia sentir a respiração dela, pensei que ela fosse recuar ou no mínimo me dar um tapa, mas ela investiu no beijo.
- Onde isso estava escrito? – ela perguntou meio envergonhada.
- Nos meus olhos.
Ela abaixou a cabeça e ficou fitando seus pés.
- Percy... isso não pode acontecer outra vez.
Eu levantei seu rosto.
- Por que não sabidinha?
- Eu não quero... me machucar.
- Eu não te machucaria, você sabe.
- Percy – ela falou num sussurro – não faça promessas que não dependem só de você, você sabe que tem muita coisa a mais envolvida.
- Ás vezes, odeio ser meio sangue – Eu sabia que Annabeth estava certa.
- Não odeie, não teria me conhecido cabeça de alga.
- É mesmo né?!
- Percy – Annabeth olhou pra minha calça – tem sorvete pingando na sua calça – ela virou o rosto e deu uma risada.
- Que droga, tá pingando - levantei e terminei de derrubar o sorvete – nossa, agora tem um DILUVIO de sorvete na minha roupa – Ela ria mais ainda – Ah é?
Sujei a mão com sorvete e passei no rosto de Annabeth.
- Ei! – ela jogou o resto do sorvete dela no meu colo e saiu correndo comigo atrás dela pingando sorvete.
Ela parou cansada e deitou na grama.
- Acho que eu desisto – suspirei e cai deitado virado pra ela - Então eu ganhei – ela sorriu
- É, pra variar um pouco Sabidinha – respirei findo e fechei os olhos e senti o cheiro do perfume do cabelo dela.