– Pera... Hades tem uma loja dentro de uma de cupcakes chamada “Cupcakes Encantados”? Por favor, né... – disse Silena.

– Não, não uma loja qualquer, como você pode ver. – disse Nico, apontando para o cômodo a nossa frente.

– Silena, por que raios estamos aqui?

– Annie, Annie... Você não aprendeu nada não é?

– Meninas, vou ter que ir falar com meu pai, fiquem a vontade. – disse Nico, indo até uma porta preta no fim do cômodo.

– Se é isso que eu estou pensando Silena... Eu não vou fazer isso. – disse.

– Ah Annie, vamos! Vai ser divertido!

– Silena! Isso é uma loja de espionagem!

– Sim, e?

– Eu não vou espionar o Percy!

Silena fez um biquinho.

– Ah, aí é com você! Eu vou espionar o Charles e ponto. Quer me acompanhar para escolher minhas compras?

– Não, não... – suspirei – Vou encontrar algum lugar pra sentar.

– Ok, ok... Só não seja chata.

Ela já ia se afastando quando a chamei de volta.

– Sim?

– Como você sabia da existência desta loja? Não há placas nem nada.

Silena abriu um sorriso imenso.

– Tenho meus contatos. – ela disse, se afastando e deixando o mistério no ar.

Legal, minha melhor amiga é uma doida, sádica e que adora espionar os outros. Quem sabe até psicótica... É subconsciente, nisso eu tenho que concordar plenamente. Silena às vezes passa dos limites... Espionar o Percy? Eu não poderia, não poderia... Percy... Eu fui tão idiota, eu sinto tanto sua falta...

Encontrei uma espécie de pufe preto e me sentei. Senti uma única lágrima escorrer de meus olhos.

Meus deuses, como eu sinto sua falta... Falta de você, de seus lábios, de seu sorriso, sua voz, seus abraços...

Não sei quanto tempo fiquei presa em meu devaneio, mas acordei com Silena sacudindo meus ombros e segurando uma sacola plástica preta.

Mais tarde, naquele mesmo dia...

Tia Afrodite veio nos buscar e me deixou em casa. Mas eu não queria ir para casa nesse momento. Resolvi caminhar... Coloquei os fones de ouvido – tocava uma música que eu gostava. Caminhei absorvendo a música, e a seguinte, e a seguinte... Pareceu apenas um minuto, mas eu havia chegado na praça que ficava no bairro ao lado do meu. Fui até a banca de jornal e consegui comprar um exemplar do jornal da cidade, com os trocados que tinha no bolso. Fui até o banco mais próximo e me sentei. Mal havia aberto o jornal, quando vi a foto da primeira página e a manchete, que dizia: “POSEIDON COMPANIES RETOMA COM ÊXITO” – havia uma foto de Poseidon na frente do prédio em que funcionava sua empresa, o texto que vinha abaixo era imenso, e eu só consegui ler uma pequena parte, por conta das lágrimas que me borravam a visão.

A empresa Poseidon Companies, do grande empresário Poseidon, como todos sabem, estava naufragando aos poucos – situação que hoje mudou, a partir do crescimento das ações por conta da empresa adversária (Empresation Mobiliation) ter falido. Em entrevista com nossos repórteres, Poseidon afirmou “Foi uma grande surpresa para todos, mas não posso negar o quanto estou feliz com a elevação nos valores das ações”. O filho de Poseidon, Percy Jackson, afirma “Teve gente que não acreditou que iríamos conseguirmos levantar novamente...” [...]

Não consegui ler mais nada. Percy estava falando de mim. Que diabos, eu deveria ter ficado ao seu lado e não tê-lo acusado. Céus, como eu pude ser tão idiota? O que deu em mim? Por causa de uma besteira, perdi o garoto que amo. Ah Percy, como eu sinto sua falta...

Sem mais conseguir ficar sentada ali, levantei. Resolvi correr para casa, eu precisava pedir desculpas. Temia que ele não me perdoasse, mas se esse fosse o caso, eu aceitaria, afinal, o erro foi meu. Eu olhei demais para mim mesma e esqueci-me de olhar para aquele que eu amava. Egoísta, Annabeth, como você pode ser tão egoísta?

Eu teria que falar com ele, e, mesmo que ele não me perdoasse e não quisesse mais olhar na minha cara, eu teria que tentar. EU não me perdoaria se não tentasse.

Não queria mais saber o que estava impresso na página do jornal, então o joguei fora. Dessa vez, não coloquei meus fones, apenas corri.

Não demorei pra chegar a casa, meu plano era entrar, pegar uma bolsa para colocar melhor meus pertences, um pouco mais de dinheiro e correr para casa de Percy a fim de conversar com ele.

Minhas mãos estavam tremendo quando eu abri a porta e a fechei em seguida. Corri para meu quarto e mal tinha começado a entrar quando meu coração deu um pulo. Percy estava sentado em minha cama. Ele me encarou e eu retribui. Não lembrava mais como era andar.