Naquela manhã Snape acordou como em todos os dias, ou seja, de novo mijou fora do piniquinho de plástico que sua avó havia lhe dado, mas decididamente sentiu que aquele dia havia começado estranho. O cabeludo se pegou olhando seu rosto feio no espelho, que por sorte não era o espelho de Ojesed, porque senão ele teria visto o Ronaldinho de sunga... Humm!!!
De repente Pansy Mal-de-Parkinson entra masmorra adentro e, feliz, pede ao velho mestre que lhe ensine a poção do amor.
- Sim – responde-lhe Snape.
A garota fica surpresa. E, olhando fundo nos olhos negros do professor, pergunta:
- Se sente mal???
Snape joga um olhar seco e distante ao longe. Aos poucos encara a garota e devolve, com sua voz fria e seca:
- Porque você perguntou isso?
- Bom, por nada... Achei que depois de um bom chimarrão um churrasco iria bem, não acha?
- Humm... Hoje de manhã – continuou o Seboso – recebi uma coruja de um velho inimigo de infância...
- Ele ainda está vivo??? – surpreende-se Pansy.
- SIM!!! – Berra Snape, que continua -... Me perguntando se me sentia mal. Me diga, pareço velho e cansado?
- Bom... Cansado não parece muito...
Snape faz cara de quem vê que é o Galvão que vai narrar o jogo.
- Não sou velho - defende-se -Ninguém é velho aos 40 e poucos anos...
- Mas na sua idade... – insiste a garota.
- Mas essa é minha idade: 40!!!
- Mas do segundo tempo...
- Ora, cale-se e vá embora, antes que eu a transforme na Sandy...
Pansy, sem remédio, sai da masmorra.
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Snape sai de sua sala, dirigindo-se para o Salão Principal pra desjejuar, e dá de cara com Neville. Educadamente cumprimenta o garoto:
- Bom dia!!!
Neville olha assustado:
- O senhor se sente mal???
Snape pára assustado, trêmulo, olha pra trás e, receoso, pergunta com voz fraca:
- O que foi que você disse????
- Nada, nada, nada – o garoto se apressou em dizer.
- Não minta Longbotton, você me perguntou se me sinto mal... Me diga, tenho algo errado na cara???
Neville aproveita:
- Sim! Os olhos, o nariz, o bigode, a boca...
- Não tenho bigode!!!
- Sim, como não? Parece até um suvaco...
- Ora seu...
Então Minerva aparece:
- O que foi Longbotton? O professor Snape lhe tirou pontos??
- Não professora, ele não fez nada...
Surpresa, Minerva encara Snape. Contempla-o por um instante e então questiona-o:
- Se sente mal???
Snape está aterrorizado. Mesmo assim, reúne suas escassas forças e:
- O que disse??? Não, não, não, vocês combinaram, não é???? Querem me dar a impressão que estou doente???
- Bom... – começou Minerva – Você sempre teve corpo de bicho doente...
Longbotton começa a rir ironicamente, para desespero de Snape. O garoto só para quando cruza seu olhar com o olhar mortal do mestre de poções. Minerva então dá um beijo no rosto de Snape, que sente vontade de chorar, e vai embora. Este corre pra ala hospitalar, mas encontra com Trelawney no caminho, que vinha cantando “eu vou ver a mamãe, eu virar mamãe...”:
- Bom dia professor Snape:
- O QUE ELE TEM DE BOM????
Trelawney não estremeceu, porque ela já havia previsto essa reação. Apenas se voltou e perguntou:
- Se sente mal???
Horrorizado, snape encara a professora:
- O que??? Me perguntou se me sinto mal?? Por quê?
- Bom, é que não gosto nada da sua cara...
- Que coincidência...
- O quê??
- Nada! Diga-me Trelawney: Dou a impressão de estar doente???
- Quer a verdade??? Porque sempre fico chateada quando me dizem que não estou bem. Mas me reanimo rápido, pois basta lembrar de alguém. Não quero dizer quem é mais estou olhando agora...
Snape engole seco, o corpo trêmulo...
- Me sinto segura na presença de um homem...
- Na sua idade é compreensivo...
- COMO DISSE???? DEIXE-ME E... COM LICENÇA!!!
- Sem licença!!!
Trelawney se foi. Snape ficou só e caminhou mais um pouco, quando avistou seu aluno queridinho Draco Malfoy...
- Draco... Quer dizer, Malfoy!!! Como me vê?
- Com os olhos...
- Não é isso idiota! Quero saber se dou a impressão de estar cansado???
- Cansado de que se não faz nada além das poções...
Snape cerrou a cara, mas manteve a calma. Afinal, estava de frente pro único que ainda não havia lhe atormentado durante aquele dia:
- Pra sua informação eu estive pra fazer um serviço pro Dumbledore ontem mesmo...
- Mas não conseguiu o serviço porque chegou muito tarde...
- Cheguei às 7 da manhã Draco...
- Mas chegou tarde demais...
- Fui o primeiro a chegar...
- Mas chegou tarde demais, né?
- Não tinha mais ninguém na fila, Draco...
- Mas chegou tarde demais...
- Porque insiste que cheguei tarde demais?
- Porque queriam alguém mais jovem...
Snape pensou. Não é que o loiro tinha razão? Mas isso não ia ficar assim...
- Ora, se não trabalho é porque gosto de dar oportunidade pros mais jovem, e tenho tomado essa nobre atitude desde meus 15 anos... Mas não mude de assunto: diga, tenho algo errado na cara?
- Tu-do!!!
- Está dizendo que sou feio???
- Não professor, é que...
- Cale-se Malfoy. Não vou lhe fazer nada porque foi o único que me animou, foi o único que não me perguntou “se sente mal?”
- Quem perguntou isso? – questionou o loiro.
- Todos!!! Um inimigo meu, Pansy, Neville, Minerva, Trelawney...
- Que burros, não???
- Sim, claro!
- Pra que perguntar uma coisa que se nota a quilômetros, né?
O rosto de Snape se escurece. Sua cabeça cai e, lentamente, ele se arrasta pra longe de Draco. Sem forças, cabeça baixa, ele se depara com a porta de sua masmorra. Abre a porta lentamente e, com enorme dificuldade, adentra seu corpo velho e cansado pra dentro do estabelecimento. Seu braço, o último de seus membros a entrar no quarto, cai pesadamente sobre a maçaneta e, de fundo, toca uma música sinistra...
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Algum tempo depois Pansy adentra a masmorra de Snape toda serelepe e saltitante, mas encontra o velho mestre deitado sobre a cama e debaixo de grossas cobertas e com cara de defunto com um termômetro na boca.
Assustada, a garota pergunta:
- Que passa?
Snape reclama que a pergunta deve ser feita em português.
- O que foi??? – pergunta, então, Pansy, em português.
- Me diga quanto tenho de temperatura.
- Impossível – informa Pansy – não sei ler termômetro.
- Me dá aqui – grita Snape- não pode ser não pode ser...
- O que??? – desespera-se Pansy
- Eu também não sei ler termômetro...
Ela não entende direito, mesmo assim, não dá maior atenção ao fato e sai. Lá fora dá de cara com Harry, e pede ajuda ao garoto pra fazer uma festa surpresa pra Snape, porque é o dia do aniversário dele, mas o Seboso não lembra...
Trelawney escuta e promete fazer um bolo pra festa.