Minha avó morava em Nova Iorque assim como eu, mas depois que meu avô morreu, ela se mudou para o campo. Eu tive muita sorte de ela estar na cidade naquele dia.

Pegamos uma estrada cheia de buracos, então não consegui dormir. Já era tarde e eu achei que nós não íamos chegar nunca.

Quando nós finalmente chegamos, eu quase não reconheci o lugar. Fazia muito tempo que eu não via aquela casa e ela estava incrível. Àquela hora da noite, com a lua iluminando o céu, ela parecia ser mágica. Você deve achar que eu sou louca, mas o telhado tinha um certo brilho prateado. Minha avó não parecia ter percebido aquela luz, porque saiu do carro normalmente enquanto eu estava maravilhada com a luz da lua.

Entramos em casa e a vovó me disse: 

– Está tarde. Coloque suas coisas lá no sótão e venha tomar alguma coisa aqui na cozinha.

Fui lá pra cima e, para minha surpresa, o sótão parecia mais com um quarto de hospedes. Acho que a vovó sempre esperou que eu fosse morar com ela algum dia.

Desci as escadas e quando cheguei na cozinha, ela já tinha feito chocolate quente para nós duas.

– Sabe Sam, eu não sei como você conseguiu ficar tanto tempo com seus pais. Sempre achei que você vir morar comigo – ela falou e depois tomou um gole do chocolate.

– Ah, então é por isso que o sótão parece um quarto – eu falei rindo, porque a boca dela estava suja.

– É... – ela suspirou e eu suspeitei que ela estivesse pensando no vovô – desde que seu avô morreu, eu me sinto sozinha, graças aos deuses você veio me fazer companhia. – Ela falou tentando parecer animada, mas quando falávamos do vovô ela mostrava o quanto era um assunto delicado. Eu achei estranho ela falar "graças aos deuses" no plural, mais fingi que não tinha escutado.

Acabamos com todo o chocolate quente e fomos dormir. Eu estava tão cansada que nem troquei de roupa, eu simplesmente desmontei. E então eu tive um sonho. Um sonho estranho demais pra falar a verdade.