Boycott Luv escrita por Antrax


Capítulo 2
Alianças




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Fogo? Roda? Computador? Bah. Essas invenções do homem nem se comparam às milagrosas alianças de R$1,99. Mas, deixem-me explicar o porquê dessa comparação absurda, antes de me jogarem pedras.

Quando Kyle e eu completamos um ano de namoro, o garoto cismou que tínhamos que usar aquelas benditas argolas douradas que só servem para incomodar o dedo (que até então eu o chamava de Inútil, por nunca ter usado um anel no dedo anelar), e eu como todo bom namorado, aceitei. Fomos na joalheria, escolhemos, foi um olho da minha cara, mas OK, a gente releva esse tipo de coisa.

Bem, até aí tudo bem. Mas, como todo chefe de cozinha, tenho um hábito incomum de lavar as mãos toda hora. Sem falar que não podemos trabalhar com nenhum tipo de adereço, seja pulseira, relógio, anel, e essas coisas.

Deu no que deu: Em menos de uma semana eu já tinha perdido a bendita cuja. Eu pressenti que, caso Kyle pensasse sequer em me ver sem essa coisa, acarretaria em sérias conseqüências. E eu não tinha dinheiro no momento para comprar outra.

Então, lá estava eu, andando desolado pela rua, me preparando para a bronca que eu iria levar assim que chegasse em casa, até que eu passei na frente de uma lojinha de bugigangas que tem a caminho de casa. E lá estavam eles, aninhados em uma bandeja de veludo falso, a salvação divina para todos os meus problemas.

As incríveis e maravilhosas alianças falsificadas. De preço muito inferior às originais, e réplicas idênticas!

Eu nunca mais tive que me preocupar com esse tipo de problema, mesmo tendo que comprar uma diferente por semana... Até que algumas, mais heróicas chegaram a durar umas... Duas semanas.


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Kyle costuma sempre me arrastar para o Shopping para fazer alguma coisa, mesmo tendo se perdido uma vez. Nunca vi alguém gostar tanto de um lugar assim como ele.

E no presente momento estávamos apenas andando. Olhando as vitrines, o movimento, as vitrines, as pessoas, as vitrines, as decorações, já mencionei as vitrines? E como reza tia “Lady Murphy”, e ela é poderosa, sempre vamos encontrar alguém que não gostamos e não queremos ver nem pintados de ouro com um rubi gigante pregado na testa. No caso, estou me referindo à Roger Bourloque, meu inimigo mortal no mundo culinário.

Abrirei um rápido parêntese aqui, falando de minha vida profissional, para vocês entenderem.

O restaurante em qual trabalho se chama O Alecrim, e minha chefa chama Tifa Lockheart (uma mulher doida, só para constatar). É um restaurante muito conceituado na cidade, que já ganhou muitos prêmios e ótimas classificações.

Nosso grande concorrente é o Heaven’s Kitchen, do dono Hermes Moon, cujo chef de cozinha se chama Roger Bourloque (recentemente, eu descobri que esse nome na verdade foi escolhido pelo próprio Roger, e na verdade ele se chama Roger Melo Pinto). Quase dois metros de altura, símbolo sexual, fortão, todo mundo desmaia quando ele passa, essas coisas... Vamos dizer que o cara é um fanfarrão, que não sabe cozinhar, e se acha o tal. Ah, se eles soubessem que foi a comida dele que fez o prefeito passar mal...

E para variar, nós dois também temos uma terrível inimizade, desde os tempos de escolinha, quando eu mergulhava sua cabeça na privada, ou trancava-o dentro do armário. Mas isso não vem ao caso.

Enfim, eu imaginava que a “Lady Murphy” não me odiasse tanto assim e permitisse que Roger sequer me visse, me ignorasse, e saísse rumando sua vida, em algum lugar bem longe da minha atual localização. Mas, o destino é cruel. Lá vinha ele em nossa direção...

— Olá, caro Alphonse. — disse ele, usando um tom de voz extremamente enjoativo. — Que bom ver você! — baldes do pozinho da ironia — Não esperava que uma pessoa tão careta quanto você viesse a um lugar desses... E quem é esse belo jovem que te acompanha?

Tática básica para me irritar. Tão básica que não chega a me afetar realmente. O que me incomodou foi o fato do Kyle ter ficado vermelho que nem um pimentão na hora.

— Sou o namorado dele, porquê? — Kyle respondeu, em seu tom de voz mais inocente o possível. No presente momento, eu quis pular de algum lugar. Havia uma estimativa realmente muito alta da qual Roger tentaria seduzir o pobre Kyle, só para me contrariar, e a besta cairia que nem um patinho.

— É um prazer lhe conhecer então... — disse, e pegou a mão do meu pequeno e deu um beijo. Eu fingi estar observando as girafinhas decorativas do teto. Eu não disse?

— Ahn... Prazer... — disse o Kyle, quase se escondendo atrás de mim. Eu ri internamente.

— Então, vemo-nos mais tarde! — disse Roger, acenando e dando uma piscada para Kyle.

No presente momento, eu imaginei se pendurar o Bourloque no teto como as girafinhas, ou mergulhar a cabeça dele na privada como nos velhos tempos acarretaria em alguma conseqüência realmente grave...



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Notas finais do capítulo

Anyways +1



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