O casal estava junto, abraçado, á luz da lua distante e próximo á uma grande mansão antiga. Um canteiro de flores parecia florescer aos pés deles. Eram várias flores, de cores vermelha, branca, roxo...bom, haviam realmente muitas cores lá. O cenário parecia meio impróprio, mas a ironia da situação deixava a mulher, de certa forma, sorrir por dentro.

- Me desculpe por ter que ser assim... – Disse o homem á mulher.

Aquele homem, uma estrela, uma celebridade, certamente ainda não tinha entendido o que ele acabara de fazer. Tolo. Estranho como alguns homens não fazem idéia das consequências que suas ações têm sobre outras pessoas...mas OK. Por enquanto, ela se controlaria.

- Hum...não...OK... – Respondeu a mulher, separando o abraço. Seu cabelo azul se destacava das suas roupas de empregada naquela noite, refletindo a luz da lua. Azul era uma cor um tanto incomum, mas...tudo bem.

- Você...pode me emprestar suas luvas? Está frio aqui... – Ela pediu, com uma voz doce. Argh! É meio difícil fazer uma voz doce quando você realmente quer fazer o contrário. Bom, ela esperou não precisar aguentar aquilo por muito tempo. Olhou para a lua, o chão, a mansão...não parecia ter nada que estragasse a noite. Coincidentemente, não estavam á direta vista de nenhuma janela. Quer dizer, não tão coincidentemente para ela. Conhecia aquela casa á muito tempo. Então não era realmente surpresa...hehe. Hehehe...

- Claro, claro... – Respondeu o homem, tirando as luvas e entregando á ela. Eram umas boas luvas de couro. E chiques. Tinham as bordas enfeitadas com um pêlo fofo e agradável ao pulso, onde a luva acabava. Uma estranha combinação. Mas, falando sério, nenhuma celebridade é lá muito normal.

- Limpo como sempre. - A mulher riu, ao colocar as luvas. Era realmente boa de usar: pensou que talvez devesse comprar um par mais tarde.

O homem riu e se curvou á garota rapidamente:

- Naturalmente, senhorita.

Ele esfregou as mãos e ela riu. REALMENTE estava meio frio, mas só agora ela se dava conta disso. Decidiu distrair um pouco.

- A lua...ela não está bonita hoje? - Na verdade, não estava. Ela fez um lembrete mental de se surrar mais tarde toda vez que falasse algo extremamente idiota em momentos cruciais. Porém, o homem pareceu achar que era uma coisa natural e levantou os olhos para a lua distante.

- É, verdade... - Ele disse.

Meu Deus, homens são tão assim que eles têm que concordar com tudo que as mulheres dizem? Não perdem nenhuma oportunidade de ficar, err...como é a expressão? Bem na fita. Deve ser algo assim. Quem sabe, mais tarde, ela...sei lá, ela poderia ler um livro feito para homens, para ver se as dicas que eles recebem são SEMPRE as mesmas...

De repente (ela não acreditou que não tinha dado conta), percebeu que Hiro estava...distraído. Ou melhor, fingindo distração. Serve.

- Sabe de uma coisa, Hiro? - Ela começou, parecendo natural.

- O que? - Ele respondeu, passivo.

- Ainda bem que você sente muito.

Um corte, um grito abafado, e sangue. O que havia marcado aquela cena.

Hiro Star acabara de ser assassinado.