Anjo Caido escrita por Nathy_Migliori


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

gente, capitulo comprido, meloso e chatinho.

Mais os outros - que já serão os últimos - estão mais animadinhos!!

Beijinhos



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~ 9 ~


Ele me olhava com uma intensidade que me fez corar violentamente. Eu tinha plena noção que eu parecia um pimentão devido a minha pele clara. Gael alisava minha bochecha com o polegar. Abaixei os olhos um instante. No meu momento de distração, ele se aproximou e me beijou. Ao contrario de Ezequiel, o beijo de Gael era macio e calmo, não quente e urgente.


A cada segundo que ele passava com a boca colada a minha, mais eu sentia a diferença entre os dois. É claro que a maior era que um pertencia á uma falange e o outro a uma linhagem de “bastardos”.


O calor do corpo de Gael se aproximou de mim. Pude sentir suas mãos brincando com a barra de minha camisa e seus dedos fazendo desenhos em minha cintura. Ele era delicado, diria até muito tranquilo. O hálito quente e gostoso dele me deixou inebriada. Quando menos esperei, ele se afastou.


Permaneci de olhos fechados. Tentei recuperar o fôlego enquanto processava o beijo de Gael. Suspirei profundamente e estão abri os olhos. Encontrei um par de olhos azul- acinzentados olhando fixamente para mim.


Eles estavam brilhando para mim, quase me pedindo uma excelente resposta para o que acabará de acontecer. Pisquei os olhos algumas vezes para ver se minha cabeça e meus pensamentos estravam em sintonia.


– É... eu não sei nem o que dizer! – comecei sem graça

– Imaginei. Eu estou sem ar!


Ele abriu um sorriso de lado e olhou de soslaio para mim. Eu não sabia o que pensar em relação a ele, a mim e muito menos a nós.

Ajudei Gael a arrumar a cozinha e depois fui para a casa. Ele me acompanhou até a porta. Eu não prestava muita atenção no caminho que fazia, mas hoje eu quis parar para ver, é não podia ter feito escolha melhor.


A lua estava alta no céu com várias estrelas cintilando ao seu redor. Era uma visão maravilhosa. Sentei em um banco que havia no jardim no fundo da casa, e fiquei apreciando o céu.


Gael sentou-se ao meu lado olhando para o alto também. Uma árvore de Dama-da-noite começou a perfumar o ar. Alguns vagalumes passaram devagar por mim dando ainda mais beleza para visão que eu tinha.


Fiquei conversando com Gael até tarde. Ele teria que ir embora e eu teria que dormir, pois, no outro dia, iriamos conversar com nossos colegas Nefilim. Deitei em minha cama com o beijo de Gael ainda marcando meus lábios e minha mente. Bateram na porta e eu autorizei a entrada ainda aérea. Ezequiel entrou e sentou na ponta da cama que eu não dominava.


– Onde você passou à tarde?

– Assistindo filme e conversando na casa de um amigo.

– Desconfiava. Vi seu “amigo” saindo do jardim. Pareceu-me muito com aquele do outro dia, o que te viu na casa de Katherine.

– Sim, era ele. Gael. Estudamos juntos.


Ezequiel olhava para a porta e não para mim. Pude ver pelo canto dos olhos o começo de... Lágrimas?


Cheguei perto dele e joguei meus braços em seus ombros. Ezequiel afagou um de meus braços e colocou sua cabeça sobre a minha. Ficamos assim alguns minutos até ele olhar para mim.


Ver aqueles olhos negros me olhando com aquela intensidade, me fez pensar se o que falará a minutos atrás era mesmo verdade. Algumas lembranças passaram rápido por meus olhos: nossas risadas, nosso tempo perdido olhando pro nada, como éramos felizes juntos.


Pousei minha mão com delicadeza no rosto dele e o fiz vislumbrar essas lembranças. Meus olhos marejaram quando começamos a ver tudo novamente. E como um só. Ezequiel olhou para minha alma e a encarou por um longo tempo.


Não sabia bem o que ele procurava, mas descobri o que era quando ele achou. Nossa última lembrança. Quer dizer, minha última lembrança dele.


Pude ver cada pequena parte de nossos corpos se juntando. Cada detalhe daquele dia voltou como se estivesse acontecendo naquele momento. Os mesmos arrepios voltaram a percorrer meu corpo. Sentia sua mão me puxando para cada vez mais perto. Podia sentir o lábio, o calor o perfume. Podia sentir Ezequiel como naquele dia.


Aos poucos a imagem foi se desmanchando e minha visão voltava ao normal. Quando consegui enxergar de novo, preferia ter continuado com a neblina me cegando.


Ele sabia como me atingir direitinho com seus olhos. Cair naquele breu, e nesse momento eu não queria mais voltar para meu céu nublado que eram os olhos de Gael.


Encostei minha boca na dele sabendo que iria bagunçaria ainda mais minha cabeça. Eu sabia que aquilo não era certo, mas também não parecia errado. Ezequiel retribuiu o beijo, mas dessa vez de uma forma diferente: ele estava mais calmo, mais paciente. Apesar da nova calma, a parte quente e úmida continuava a mesma, e melhor do que antes.

Um vento estranho fez minha porta bater e se fechar. Puxei Ezequiel para mais perto de mim. Queria sentir o calor dele bem perto de mim, se misturando ao meu calor. Meu corpo se empurrou para trás, para a cama. Estávamos tão juntos que podia sentir o coração dele batendo no mesmo compasso que o meu. Outro beijo seguiu o primeiro, mas dessa vez mais urgente e ardente. E quando digo ardente, e literalmente isso que eu quero dizer.


Podia sentir cada parte de mim ansiando por ele, e me sentia sendo correspondida. Afastei minha boca da dele para respirar. Era possível ver meus pulmões subindo e descendo numa velocidade incrível. Eu queria mais daquela sensação.



Coloquei a mão por baixo da camisa dele. Minhas unhas – dessa vez aparadas – passaram pelas costas de Ezequiel até a altura de suas asas. Era como se eu visse as asas beges só de toca - lá. Elas pareciam seda ao toque dos dedos. Deslizavam e davam a impressão de serem delicadas e frágeis. Mas eu sabia que não era bem assim. Era capaz das asas de Ezequiel serem bem mais resistentes do que as minhas.



Ezequiel segurou meu rosto, e perguntou mistando fúria e desejo:

– Por que faz isso comigo, Melanie? Sabe que não resisto a você, meu raio- de - sol.

– Eu também não resisto a você, minha noite-sem-luar.


Ezequiel afundou seu rosto em meus cabelos por poucos segundos. Ele começou a brincar com meus quadris, depois com minha blusa. Eu me perguntava pra que servia aquele pedaço de pano naquele momento.


Mais um beijo de tirar o folego. Ezequiel sabia me levar para as nuvens – metaforicamente falando – de uma maneira incrível.


Tentei pensar em algo a fazer. Lembrei-me da reunião que seria no outro  dia e o pus para fora do meu quarto. Como eu não precisava necessariamente dormir, então, fiquei pensando na gravidade do nosso problema.


Sai cedo da minha cama para me preparar. Logo Katherine estaria batendo em minha porta para irmos para a escola. Desci as escadas em direção à cozinha lentamente pensando em tudo o que havia acontecido na noite passada.


– O que aconteceu para você cair tão cedo da cama, querida? – perguntou Maria.

– Não dormi. Então, quando o relógio despertou, foi só levantar.

– É o que lhe tirou o sono?

– Ezequiel e Gael. Eles estão me tirando o sono, a calma, a paz e a sanidade.

– O amor nós causa isso querida. Você acostuma não se preocupe com essa parte.

– Eu espero Maria. Eu espero.


Ouvi um estalido baixo as minhas costas. Virei-me para ver o que era e quase cai de cima do banquinho que eu me encontrava. Gael e Ezequiel estavam parados no corredor me encarando com os braços cruzados. Olhei para Maria e ela escondia um sorriso cumplice.


– Você e horrível como pessoa de vez em quando! – eu disse sarcástica.

– Respeite sua mãe, mocinha! – me respondeu ela no mesmo tom


Maria beijou minha testa e eu fui para o corredor junto com os garotos. Fomos para a rua e Katherine não demorou a aparecer.


– Amiga segurança para ir à escola hoje? – perguntou Kathy ao meu ouvido.

– Acho que sim. Só temo um pouco por essa guarda conjunta!


Kathe olhou para os dois e de novo para mim e deu-de-ombros. Dei um sorrisinho sem graça para ela e continuamos nosso caminho. Quando estávamos perto da escola, Nathan se juntou ao grupo. Pude ver a aura de Kathy aumentar ao encontrar os olhos azuis dele.

Assisti às aulas sem muito interesse. Minha verdadeira preocupação era com a batalha que estava por vir.


– Idiotas imbecis. Enquanto o céu arruma uma emboscada para eles, os mesmos ficam brincando dessa maneira. – cochichei para Nathan

– Relaxa Mel, logo isso acaba.

– Eu imploro por isso todos os dias!



Fomos para a terceira aula, que era biologia. Não demorou quinze minutos e Cristal apareceu á porta.


– Com licença Sr. Carlos, será que posso pegar alguns de seus alunos?

– Claro diretora. Quantos desejar.


Cristal chamou uma lista de alunos e saímos em fila indiana. Nos juntamos na biblioteca – vazia a esta hora. Estavam presentes mais ou menos uns sessenta alunos. Havia gente ali que eu nem sonhava serem descendentes de meus irmãos.


– Bom meus caros, estamos aqui pata tratar de um assunto de extrema importância. É do conhecimento de todos, que seus pais e mães, estão tramando contra nós.


Ela disse “nós”, relacionando os demais alunos que estavam em suas aulas sem desconfiarem de nada.


Cristal continuou:

“– Infelizmente isso é um fato. Mais estamos juntos, anjos – ela olhou para mim e Nathan – é Nefilins. Juntos, nos iremos combatê-los, não para vencê-los, mas para pará-los.”

– Mas diretora, eles são anjos e nós... Bom, nós somos apenas Nefilins. Temos somente um terço da força de nossos pais e mães.



Olhei para a menina que falava. Eu não me lembrava de vê-la aqui em Termavata, mas de alguma maneira aquele rosto me era familiar. Muito familiar.


– Kimberly, querida, concordo que nem todos sejamos anjos, mas sendo descendentes dos mesmos, temos qualidades.

– É além do mais – comecei - temos uns aos outros e a energia dos humanos que estarão em volta. Não temos escolha, e o nosso dever.

– Diretora, não acho de toda errada a ideia, mas, como vamos saber quando eles pretendem atacar?


Quando Kimberly terminou sua pergunta, meus olhos se perderam em algum lugar a minha frente. Matheus. Meu sangue gelou por onde passava. Matheus estava prestes a atacar.


– Desconfio que eu saiba a resposta.



Eu não tinha noção de como meu estava meu rosto, mais garanto que não era nada agradável.


– O que você viu, querida?- perguntou Cristal

– Matheus. Ele não vai demorar a atacar. Já esta com tudo preparado.

– Para quando é onde?

– Desculpe. Não consigo ver.


Quando meus olhos voltaram ao foco, todos me olhavam incrédulos. Cada par de olhos me encarava. Olhei para Nathan – que era o único que ostentava uma expressão parecida com a minha.


Mexi-me na cadeira um pouco desconfortável e me virei para Gael. Pela primeira vez o rapaz dos cachos tinha uma expressão fria e distante. Não era o Gael que eu conhecia e nem o garoto que eu estava – muito relutantemente – aprendendo a amar.


Cristal falou mais um pouco e de a reunião por encerrada. Voltamos para nossa sala sem trocar uma única palavra. Quando Nathan, Gael e eu entramos na sala, o professor de Biologia nos encarou profundamente. Sentamos os três juntos e pegamos o livro. Eu encarava a mesa ao invés dos outros dois colegas.


– Mel, não fica assim. Não foi culpa sua, é nem poderia ser. – comentou Nathan

– Eu sei Nathan, mas sei lá. Eu sou um anjo, o Matheus é meu irmão, é normal essa ligação entre nós. Eu só fiquei sentida pelos olhares que recebi.


Continuei de cabeça baixa. Não queria encarar aqueles olhos azuis opacos distantes olhando para mim. Eu encararia tudo, menos aquilo.


– Não se preocupe. Não e culpa sua ser assim. Você e um anjo, você tem dons é independente de quais sejam, são dons.


As palavras de Gael me doeram mais do que seus olhares. Elas soaram mais frias, cortantes, sem sentimentos.


Preferi não responder a ele. Não adiantaria nada, e eu apenas me magoaria ainda mais. Passei as ultimas aulas remoendo tudo o que eu havia ouvido e sentido. O sinal bateu em meus ouvidos e mesmo assim, parecia distante e perdido. Katherine pegou meu braço e seguimos o caminho todo caladas.


Eu respirava profundamente e soltava o ar novamente. Eu não sabia se era apenas tristeza ou se já estava tomada também pelo tédio.


– Eu espero que você melhore amiga!

– Eu também espero Kathe. Eu também espero.

– Mel, eu acho que esse seu estilo está te deixando para baixo. E muito pra baixo.


Levantei uma sobrancelha para ela dando a entender que eu não havia compreendido. Katherine abriu um sorriso e eu imaginei ser por eu ter mudado minha expressão. Ela me convenceu a cortar meus cabelos até os ombros. Eu não queria, mas no final doas contas, ela conseguiu.


Passamos o começo da tarde juntas, e fiquei feliz por Kathe ser tão insistente. Bateram na porta e eu autorizei a entrada.


– E bom te ver brilhando novamente!


Quando ouvi a voz de Ezequiel, meu coração disparou e sem querer meus olhos brilharam para ele. Senti um cutucão na costela e lembrei-me que Kathe ainda estava conosco.


– É... Kathe, esse é meu... Hãn... Amigo. Ezequiel.

– Muito prazer Ezequiel. Eu sou Katherine.


Ela deu a mão para ele apertar. Quando Ezequiel pegou a mão de Katherine alguma coisa formigou dentro de mim. Respirei fundo e o incomodo passou.


– O prazer e meu Katherine. Mel fala muito sobre você.

– Fala?

Kathe perguntou com um ar sonhador que me incomodou. Ezequiel sorriu em reposta a pergunta dela, e meu desconforto só fez aumentar. Decidi acabar com ele.


– O que você deseja Zec?

– Falar com você. Em particular se possível.


Olhei para Katherine e vi um filete de decepção passar por seus olhos.


– Bom, eu acho que é hora de ir! – comentou ela sem graça

– Eu te acompanho até a porta.


Kathe deu um tchauzinho tímido para Ezequiel e saímos. Ela grudou em meu braço e começou a suspirar.


– Como você nunca me apresentou esse amigo?

– Devo ter esquecido. Desculpe.

– Ele é tão... Lindo! Os olhos, o rosto, a voz. Meu Deus que voz. É tão grave e... Sexy!

– Kathe!

– Desculpa. Mas ele é!

– Tudo bem. Até mais Katherine.

– Amiga?

– Oi

– Você ficou linda com os cabelos curtos.

– Obrigada por insistir até eu deixar.


Dei um abraço em Katherine é ela saiu. Encostei a porta.

– Eu concordo com ela!


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Notas finais do capítulo

Deixem reviwes por favor!!

E se tem alguém que le, se apresente, eu gostaria de conhecer você!

até a proxima!



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