Death In The Mist escrita por Guardian, BeeJay


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Guardian: mesmo que nós já estejamos acostumadas a escrever juntas, essa é a primeira fic que eu escrevo em parceria com a Bee. Espero que vocês gostem *-----* ( me orgulho em dizer que fui eu quem apresentou Death Note e yaoi pra ela xD )
Bee: Ah, estou tão emocionada por ter escrito meu primeiro yaoi! E ainda com minha melhooor amiga! Guardian é quase a minha sensei em relação a animes e yaoi *-*



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Já passava das seis da tarde, eram quase sete, e L estava sozinho na Central. Todos já haviam se retirado, mas L continuava lá, sentado em sua posição habitual e com o polegar pressionado nos lábios, olhando fixamente para o caderno à sua frente. Nenhum traço das regras de uso passavam despercebidos aos olhos atentos acima das olheiras. Encarava aquelas escritas em inglês feitas por um shinigami enquanto sua intuição gritava que algo estava errado...

 Mas o quê poderia estar errado? Rem confirmou a veracidade das regras e... Espere, estava esquecendo de algo...

 ...

 Havia outro caderno! É claro que havia outro caderno, se partisse da idéia de que o Segundo Kira não possuía nenhuma ligação com Kira a princípio, era mais do que óbvio. E se havia outro caderno, então também podia partir da premissa de que havia um outro shinigami para ele.

 Outro shinigami. Um shinigami à disposição de Kira.

 Todos esses pensamentos flutuavam sem controle em sua mente quando algo pareceu piscar diante dele: as regras da primeira página estavam mais opacas que as da contracapa. As letras da primeira pareciam mais apagadas, havia até mesmo algumas falhas lá. Em contraste, as regras "adicionais" estavam em perfeitas condições, quase como se elas tivessem sido escritas há apenas algumas semanas.

 Seria possível que...

 - Aonde vai, Ryuzaki? - Watari havia acabado de entrar e estranhou em ver o detetive passando apressado por ele.

 - Preciso andar um pouco - L respondeu simples e rápido e saiu sem olhar para o senhor.

 A névoa que preenchia todo o ambiente também envolveu Ryuzaki assim que ele deixou o prédio, mas ele só se deu conta disso passados alguns minutos andando.

 Não deu importância, continuou andando. Não tinha noção do caminho que seguia, mas para onde ia, realmente não importava, apenas precisava andar; andar e tentar organizar seus pensamentos. E o vento frio que batia em seu rosto e em seu corpo, fazendo-o estremecer levemente de quando em quando, produzia bem mais efeito do que uma sala fechada.

 Aquelas duas últimas regras do caderno era falsas, era isso o que a lógica dizia. "Se o caderno for detruído, todas as pessoas que nele tocaram, morrerão". Essa regra daria a garantia de que o caderno não sofreria nenhuma tentativa de destruição. Já a "regra dos treze dias", era perfeita para provar a inocência de alguém... A inocência de alguém que se oferecesse, por livre e espontânea vontade, para ficar sob vigilância durante, e ultrapassando, esse período de tempo.

 A prova estava em suas mãos. L finalmente conseguira uma prova de que Yagami Raito era Kira. Mesmo que não fosse algo forte, só era preciso desenvolver a tese em cima do que já possuía.

 Acabou.

 O desolamente cumprimentou Ryuzaki. O vazio dentro dele apenas incentivava o silêncio daquela noite ao dizer a verdade escondida em seu peito, por detrás de seu coração:

 - Eu gostaria de estar errado... - ele sussurrou para si mesmo, parado na névoa, suspirando em seguida.

 Do que adiantava negar? Nada. Logo, do que adiantaria sofrer calado e guardar aquilo dentro de si? Apesar de ter passado tanto tempo desejando, procurando de todos os ângulos possíveis por uma prova de que Yagami Raito era de fato, Kira, agora que finalmente conseguiu, desejava não ter notado essa sutil diferença entre as regras.

 Passos próximos o distanciaram de seus pensamentos.

 Olhou ao redor, mas a densa névoa tornava impossível reconhecer o local em que estava, e muito menos, visualizar quem se aproximava.

 - Ryuzaki? - os passos haviam cessado, e em seu lugar agora podia-se ouvir a voz surpresa da pessoa que Ryuzaki menos queria encontrar no momento.

 Raito se aproximou do detetive, que mesmo após ter sido chamado, permanecia de costas para ele.

 - Ryuzaki? - chamou de novo, mas continuou não obtendo resposta - Você está bem?

 Havia se aproximado o suficiente para fazer o mais velho se virar para encará-lo, e Raito se surpreendeu com sua expressão; Ryuzaki mantinha a expressão de quando fazia uma revelação, mas havia também resquícios de pesar que ele não conseguiu eliminar e que Raito não pôde deixar de perceber.

 Antes que Raito pudesse perguntar mais alguma coisa, Ryuzaki falou, e em sua voz também havia algo de diferente mas que ele não conseguiu identificar o que era.

 - Cenário favorável, não acha? Apenas nós dois em uma rua qualquer escondida pela névoa, sem ninguém mais saber.

 - Do... Do que está falando? - Raito perguntou surpreendido.

 - Esse seria o momento perfeito para me matar - e concluiu com a voz um pouco mais forte -, Kira.

 - Ryuzaki, quando vai largar dessa idéia?! Já ficou provado que não sou Kira pela...

 - Regra dos treze dias? - L levantou uma sombrancelha, completando a frase de Raito - Aquela que eu descobri ser falsa?

 "Impossível, ele está blefando" Raito pensava "Não há como ele descobrir", porém, ele não conseguiu disfarçar sua surpresa.

 - Não tem como ela ser falsa, foi escrita... - tentou, mas Ryuzaki o interrompeu novamente.

 - Por um shinigami? Sim, foi, mas pelo shinigami que o acompanha, Kira. Ela é falsa e você sabe disso - os olhos acusadores de Ryuzaki machucavam Raito mais do que este esperava.

 Raito finalmente estava encurralado. Ele sentia as paredes se fechando contra si e aquela névoa parecia cada vez mais densa; respirar estava cada vez mais difícil.  O que deveria fazer agora? O que poderia fazer agora? Seu senso dizia para negar, para argumentar contra tudo aquilo, mas antes que pudesse se refrear, seus lábios se esticaram em um sorriso cínico e soltou:

 - E agora?

 Raito chocou-se consigo mesmo. Aquelas palavras significavam o fim, o fim definitivo daquela longa batalha, e mesmo assim, ele mal teve consciência de dizê-las.

 Ryuzaki se surpreendeu um pouco com aquela confissão indireta, mas mesmo assim falou:

 - Ou eu vivo tempo suficiente para conseguir condená-lo, ou então eu morro aqui mesmo, sem ninguém mais saber.

 - Proposta tentadora - Raito alargou o sorriso com uma risada baixa e contida, sem alegria alguma.

 - Então o que está esperando? - Ryuzaki o encarava, e mesmo na delicada situação em que se encontrava, o desafiava com o olhar.

 Raito deu um passo para frente - Eu irei matá-lo - outro passo - Mas eu quero fazer algo antes - agora já estava surpreendentemente próximo do detetive, e sem dizer mais nada, o beijou.

 O susto gerado pelo ato repentino fez com que Ryuzaki demorasse alguns segundos para fechar os olhos, como se não acreditasse no que estava acontecendo. Os corpos dos dois formigavam ao encostarem os lábios e, entorpecido pelo sabor de Ryuzaki, Raito não pôde impedir sua mão de repousar sobre o rosto dele e trazê-lo mais para perto. O toque suave de Raito foi o que bastou para que L esquecesse do mundo ao redor e se focasse apenas no rapaz que automaticamente fora envolvido pelos seus braços. Eles suspiraram antes de intensificar o beijo e perderam a noção do tempo enquanto suas línguas se moviam em harmonia. Algo desconhecido pelos dois queimava em ambos os corpos e, sim, por um lado doía, mas por outro o prazer era extasiante.

 Um tec tec insistente ecoava pela rua, mas os dois o ignoraram completamente, absorvidos demais no turbilhão de emoções novas que estavam experimentando para dar atenção à qualquer outra coisa.

 Cessaram o beijo.

 Ambos estavam com a respiração descompassada e os sentidos ainda meio entorpecidos.Continuaram muito próximos, se encarando longamente em silêncio, sem quer estragar aquele momento, que muito provavelmente nunca mais se repetiria.

 Silêncio.

 L foi o primeiro a notar algo estranho naquela total ausência de sons. O tec tec irritante havia cessado, e ao erguer um pouco o olhar, por sobre o ombro de Raito, descobriu o porquê.

 Não estavam mais sozinhos.

 Raito acompanhou o olhar surpreso de Ryuzaki, e virando-se, também se surpreendeu ao ver Misa ali parada.

 A garota estava completamente imóvel em meio à névoa; sua cabeça pendia para frente e seu cabelo cobria completamente seu rosto, impedindo-os de ver sua expressão.

 Os segundos que se passaram foram incrivelmente longos, e nenhum deles se atreveu em quebrar aquele silêncio repleto de tensão. Ou melhor, nenhum deles conseguiu quebrá-lo. L e Raito não sabiam como reagir; os braços do mais velho ainda envolviam a cintura de Raito sem nem mesmo ter consciência disso. O que... O que tinha acabado de acontecer? Por que tinha que ser dessa forma? Eram muitas dúvidas, muitas indagações, mas uma única afirmação causava o silêncio deles: eles foram pegos.

 Um barulho.

 Misa finalmente se moveu, e foi ela quem rompeu o silêncio, tirando algo de sua bolsa.

 Raito entrou em um choque ainda maior ao visualizar a garota abrindo um caderno preto e segurando uma caneta com a outra mão, finalmente erguendo o rosto que mantinha uma expressão fria que ele nunca a havia visto fazer antes.

 Ryuuk ria atrás dela.

 Misa os encarou por um breve segundo, e Raito sabia o que aquilo significava, e Ryuzaki também, mesmo que este não pudesse ver o shinigami rindo sombriamente ao fundo.

 Ela possuía os olhos.

 Os dois sabiam.

 Mas ainda não conseguiam fazer nada.

 Quase que instintivamente, Raito puxou Ryuzaki para mais perto, contra seu corpo, e em resposta a isso, novamente sem a consciência de ordenar qualquer movimento, Ryuzaki apertou um pouco mais o corpo que seus braços envolviam.

 E então Misa apoiou a ponta da caneta na primeira linha da folha. E nem mesmo a névoa conseguiu disfarçar o brilho avermelhado que surgiu em seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Guardian: Que fique bem claro que os créditos pela cena do beijo são todos da Bee, tanto porque eu não consigo escrever tão bem assim ù.u (e olha que esse é o primeiro yaoi que ela escreve). Ah, e o final é aberto mesmo, para cada um tirar suas próprias conclusões ;D

Ahn... Merecemos reviews?

Bee: Ah, sem gracinhas, hein? Você escreve até melhor que eu, principalmente por ser meu primeiro yaoi. Estou com medo dos reviews... É. Sejam bonzinhos!
Obrigada por ler ^^