Inverno. escrita por AmandaMelo


Capítulo 2
Você Se Foi...




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                                                            Ananda.

Fico querendo saber o que ele está fazendo agora. Será que tudo que ele disse foi uma desculpa para ficar com outra? Ele se cansou de mim? Quem vai fazê-lo sorrir de hoje em diante? Com quem ele vai dormir abraçado está noite? Quem ele vai ver quando acordar? Será que ele irá se lembrar de mim? Perguntas idiotas. Pensamentos idiotas. Afinal ele mentiu para mim, disse que nunca me deixaria nunca me abandonaria. Seus cabelos loiros lisos e ondulados nas pontas, pele parda clara, seus olhos cor de mel, tudo dele não sai de minha cabeça. Como vou viver sem minha Ideologia? Como será viver ouvindo Cazuza cantar em solo sem a voz dele: “E por você eu largo tudo/ Vou mendigar roubar, matar/ Até nas coisas mais banais/ Prá mim é tudo ou nunca mais/ Exagerado/ Jogado aos teus pés/ Eu sou mesmo exagerado.”

Como viver sem minha respiração, minha visão, minha audição? Porque ele é o ar que respiro, a única beleza que vejo, a única e perfeita música que escuto. Pra mim sua voz é a música mais linda desse mundo. O timbre perfeito, cantando Cazuza pra eu poder acordar todas as manhãs.  Antes eu era uma folha verde, eu o tinha me abraçando, beijando, Ouvindo minha opinião, me amando todos os dias. Agora estou seca sem seus cuidados fico seca. "SEM VOCÊ FICO SECA" gritei pra mim mesma.Uma voz interrompeu meus pensamentos..

- Filha o que aconteceu entre você e o Wagner? Por que você está chorando?

- Nada... Só não estamos mais juntos.

- Vocês brigaram?

- Não, ele só foi embora.

- Por que filha?

- Não sei... Posso ficar sozinha?

- Sim filha. Mais você tem que ir para escola, já faltou quase um mês inteiro.

O que vou disser quando todos perguntarem por ele? Como disser que perdi o amor da minha vida? Já imagino meus familiares maternos falando mal. Todas minhas primas tinham inveja do meu Wag. Ele sempre foi gentil, educado, bonito, carinhoso, dedicado. Meu tio materno tinha raiva porque minhas primas nunca tiveram alguém como meu Wag. Vovó o adorava, ela sempre dizia que se meu pai fosse vivo adoraria ter ele como genro. Como ele diz para mim que tenho que ter uma vida normal? Eu já tinha uma vida normal com ele, agora não imagino nada sem ele. Acordar sem ele, dormir sem ele, voltar da escola sem ele. Minhas lágrimas desceram mais de lembrar seu rosto lindo como um jardim de primavera. Toda vez que eu me alterava e ele me dizia: “Calma amor, vai dar tudo certo”. Como vai ser amanhã? Como vou acordar e saber que não posso mais ouvir sua voz mesmo que seja por telefone? Se essa noite foi terrível como vou sobreviver às outras? Nem sei mais se vou conseguir ir até a escola, tudo me lembra ele, tudo me lembra seu sorriso, seu corpo, sua voz. Descendo as escadas penso que vou encontrar ele na cozinha conversando com meu irmão mais novo Matheus sobre futebol.

 - Filha está tudo bem?

 - Sim mãe. Vou pra escola, tchau.

 - Cuidado.

 - Terei.

Sai pela porta da frente, abri o portão devagar esperando encontra – lô na outra calçada da rua me esperando para me dar um beijo. Como viver sem meu primeiro e verdadeiro amor? Tantas perguntas que faço para mim mesma sem saber a resposta de nenhuma delas. O que uma pessoa normal faria se perdesse o amor de sua vida? Você se foi... Meu Wag se foi. Mesmo tendo dito que nunca me deixaria.

Já se faz quase um mês que não venho para escola tenho que viver e fazer o que ele me pediu.

Entro pelo portão da escola vejo minha melhor amiga Diana ela vem correndo exatamente até a mim.

 - Amiga sua mãe me contou que você e o Wagner terminaram. – Como minha mãe pode fazer isso? –

 - Sério? Quando ela te contou?

 - Assim que você saiu de casa.

 - Há.

 - Por que ele terminou?

 - Simplesmente não me disse. Só que eu devia ter uma vida normal.

Tocou o sino da primeira aula. Como enfrentarei essa aula chata sem me lembra do Wag?

 - Vamos. Aula de Espanhol.  – Diana falou com um suspiro na voz.

Entramos no pátio e fomos subindo a escada cada degrau devagar e flashback dos nossos momentos juntos na minha cabeça iam passando e minhas lágrimas descendo de meus olhos como desce a água cristalina em um rio. todos que iam passando por mim me olhavam, alguns como quem não entedia outros com pena mais um simplesmente se destacou era o garoto alto de cabelos negros, pele parda. Por que eu nunca tinha reparado nele antes? Talvez ele seja novo na escola. Ele simplesmente me parou e perguntou.

 - Oi, é que sou novo aqui você não me conhecem... Mais posso saber por que está chorando? – Eu fiquei sem nenhuma desculpa. Por mais que eu tinha pensado em uma não tinha como falar, só em pensar no Wagner me deixando meu mundo inteiro começa a desabar.

 - Desculpe, mais o assunto é muito delicado tenho certeza que se te falarmos minha amiga vai chorar mais ainda.

 - Tudo bem, quem pede desculpas sou eu.

 - Não, eu que peço desculpas. – Falei olhando para Diana e limpando meus olhos cheios de lágrimas – Meu nome é Ananda e o seu?

 - Ian. – Ele falou com um sorriso – Prazer em conhece - lá Ananda.

 - O prazer é meu.

 - Vocês conhecem a turma 903?

 - É a nossa. – Diana disse com entusiasmo.

 - Vamos?

 - Claro.  – Respondi

Fomos subindo as escadas eu, Diana e o aluno novo. Os dois conversando e eu pensando como ele deve estar agora.

Cada aula que se ia passando era como se eu iria sair correndo o procurando onde quer que ele esteja e se eu não o encontrasse tentaria suicídio. No almoço eu não tinha nem vontade de comer. Estou só parada e pensando porque ele me deixaria.

 - Onde você mora Ananda?

 - Gloria e você?

 - Santa Teresa. Posso ir com você para casa?

 - Sim. Qual. Rua?

 - Travessa Cassiano.

 - Ótimo moro na Hermenegildo De Barros.

 - Finalmente vou parar de ficar preocupado de ir embora sozinho.

 - Você é de onde? – Perguntou Diana curiosa.

 - Bom, eu morava no Alasca com o meu pai e meu irmão mais velho morava aqui mais acho que ele deve ter se mudado.

 - Você é americano? – Diana perguntou com um entusiasmo enorme.

 - Não. Eu nasci Aquino Rio De Janeiro e meu irmão em Los Angeles.

 - Não é melhor irmos pra sala agora? – Perguntei com um pouco de tédio. Ian se virou para mim e falou com delicadeza.

 - Se você quiser vou com todo prazer. – Ele soltou um risinho.

 - Tudo bem... Vamos quero ir logo para casa.

 - Ananda para de ficar assim por causa do Wagner.  – Diana falou com uma voz de exigente. Estou confusa se ela ficou com ciúmes do que o Ian falou comigo ou por ser minha amiga.

 - Não estou assim por causa dele. Tenho que levar o Matheus pra aula de futebol hoje.

 - Matheus é algum parente seu? Porque não quero atrapalhar seu tempo. – Ian me perguntou com uma voz surpresa.

 - Matheus é meu irmão. Eu só tenho que levar ele no futebol as 15:00 Horas da tarde. Você não irá atrapalhar Ian.

 - Bom saber. Como você mesma disse melhor irmos pra sala não é Diana?

 - Sim. Ananda eu sou sua amiga e te amo, para de pensar no Wagner ele não vai voltar. Ele não disse para você viver normalmente sua vida? Faz isso.

 - Já estou vivendo minha vida normalmente, e já parei de pensar no Wag. – Mentira. Ainda penso em tudo que vivemos no seu rosto que me trazia paz. Minha lágrimas desceram novamente

 - Era por ele que estava chorando? - Ele perguntou surpreso.

 - Não quero falar sobre esse assunto agora.

 - Certo. Vamos pra aula vai bater o sinal.

Tivemos mais duas aulas de Geografia até que tocou o sino professor nos liberou.

 - Vamos juntos Ananda?

 - Sim.

Saímos da sala Diana se despediu de nós no ponto de ônibus e eu fui com Ian andando.

 - Bem, então estava chorando por causa desse Wagner?

 - Não. Estava chorando porque sou uma idiota.

 - Você não é uma idiota por chorar. Te ver chorar só me fez ver que você é uma pessoa com sentimentos.

 - Obrigado.

 - Esqueci de perguntar sua idade. Tem quantos anos?

 - 16 e o senhor?

 - 17.

 - Bem eu fico aqui.

 - Foi um prazer conhece - lá Ananda. – Ele disse estendendo a mão para mim e apertei sua mão.

 - Foi um prazer também conhecer ti. Tchau.

 - Tchau.

E assim se criou uma rotina. Ian não se desgrudava de mim e de Diana e sempre era super atencioso comigo, já cheguei até desconfiar que ele fosse apaixonado por mim. Quase tudo tinha mudado menos a tristeza de acordar sem olhar meu Wagner. Acabei de me despedir de Ian na volta da escola.

Entrei em casa meu irmão já estava arrumado para aula o levei e vou voltando para casa percebi que tinha alguém me seguindo. Um homem branco, loiro parecido um anjo inocente que tinha caído do céu estava perdido na terra. Fui andando lentamente e ele me acompanhava no mesmo ritmo andou mais rápido desde que comecei a andar mais rápido.                                                          


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