Sorri de volta, fazia mesmo muito tempo: 10 Anos sem ver um ao outro. Me sentei na cama e percebi que meu cabelo estava solto, agradeci mentalmente a ele por cuidar de mim.

- Eu mudei de volta pra Seattle, Carly não te disse?

- Não, ela... – Lembrei dela me falando no celular sobre eu ficar em casa, acho que era isso que ela queria dizer – Ela não me contou nada. Era pra ser surpresa?

- É, acho que sim. Cheguei no momento certo, quem sabe o que poderia ter acontecido com você?

Flashes passaram na minha memória. Ele estava certo, ele acabou me salvando. Justo eu, Sam Puckett, acreditei que coisas assim não aconteceriam comigo. Pelo visto estava errada, mas não entendo como eles sabiam meu nome.

- Mas Will, eu tenho uma pergunta. O que você estava fazendo com uma arma?

- Pelo visto tanto tempo sem me ver fez você se esquecer das coisas. Você ainda se lembra porque eu sai de Seattle?

- Não...desculpe.

Ele colocou meu cabelo atrás da orelha, a verdade é que ele é a única pessoa com quem eu sinto que posso me desarmar completamente. Eu nunca preciso brigar ou gritar com ele e nós nos entendemos perfeitamente bem.

- Meu pai é militar, Sam. Foi por isso que eu me mudei anos atrás e por isso eu tenho permissão pra carregar uma arma por ai.

- Ah...

E também tinha isso: Se eu resolvesse bater nele as coisas poderiam não sair muito bem.

- É bom te ver depois de tanto tempo, Adams.

Ele afagou meu cabelo, eu fechei meus olhos e sorri. Ele sempre consegue me acalmar mesmo depois das situações mais difíceis.

- Igualmente, Puckett. Acho que vai ser como os velhos tempos agora que estou de volta a Seattle: Você sempre fugindo da sua casa e indo morar comigo quando sua mãe brigava com você. Depois de algumas semanas você voltava pra sua casa porque toda a comida já tinha acabado.

Eu ri lembrando aqueles tempos: Conheci Will aos meus 4 anos e nos tornamos melhores amigos. Eu fugia praticamente toda semana para a casa dele, o pai dele me recebia, ligava pra minha mãe depois que descobria que eu não estava só passando o final de semana, mas ela não ligava.

Quando eu tinha 5 anos o pai dele começou a treinar ele pra servir no exército futuramente, ele me perguntou se eu queria Recber treinamento também, só por diversão e eu aceitei. Foi ai que eu comecei a aprender alguns movimentos. Aos 6 anos ele me disse que ia se mudar, eu fiquei muito triste. Ele não me falou nada sobre voltar algum dia.

- Mas então, agora que estou aqui pra te proteger, o que acha de sair comigo?

Ele me acompanhou até o parque, eu não me preocupei com encontrar outra vez aqueles homens, eles não parecem burros o bastante pra voltar sabendo que Will tem uma arma. A gente conversava e ria com muita naturalidade, até que duas garotas vieram falar com ele. As duas eram magras, tinham cabelo loiro perfeitamente liso, uma delas com o cabelo curto e outra com ele longo. As duas usavam super mini saias e pareciam ter o cérebro do tamanho de uma noz. Acho que a coisa mais irritante sobre elas é como secavam Will descaradamente.

- Olááááá!

Mudei de ideia, a coisa mais irritante sobre elas é como a voz da de cabelo longo parece com a de um esquilo. Fazia minha cabeça doer e pela cara do Will, a dele também.

- Ah, oi...você...

- Meu nome é Sophie!

- Meu nome é Marie!

Meu Deus, fica pior a cada segundo.

- Nós queríamos saber...poderia tirar uma foto com a gente?

Will faz uma careta e olha pra mim pelo canto do olho, ele parece ter uma ideia quando de repente passa a mão pela minha cintura.

- Desculpe garotas, não estou disponível.

As duas olham pra mim com um olhar que poderia cortar diamantes. Elas dão uma última olhada pra ele e saem sem se despedir. Já foram tarde.

- Porque fez isso?

- Ah Sam, por favor! Você ia me deixar na mão daquelas barbies?

Sorrio e falo um “não” inaudível, ele sorri de volta e aperta minha cintura.

- Essa é minha garota.

Ele beija a minha testa e eu solta uma risada, eu e Will somos só amigos, não é óbvio? Mas quando estou com ele... Eu me sinto tão livre, como se nenhuma amarra me prendesse ao solo e eu pudesse sair voando a qualquer hora. É pensando nisso que olho pra frente pronta pra dar um passo quando sou surpreendida por um garoto moreno, o par de olhos castanhos que tanto desejei ter visto mais cedo. Só que essa é a hora errada, penso comigo mesma.

- Freddie?

- Sam...O quê...? Quem é ele?

Will olha confuso pra mim.

- Vocês se conhecem?

- É claro que nos conhecemos!

Freddie puxa meu braço e deixa Will chocado, ele está me machucando. Me pergunto se isso é proposital ou não. A única coisa que passa pela minha mente?

Samantha, você está com problemas.