Eclipse Radiante escrita por sankdeepinside


Capítulo 3
Reencontro decente


Notas iniciais do capítulo

"Logo que chegamos notei que a camiseta dele estava encharcada de cerveja, é incrível como ele nunca tinha aprendido a beber sem fazer uma baita de uma lambança.
— Tira essa camisa molhada seu bobão
— Pra que? Você quer que eu seja seu escravo sexual hoje?
Soltamos gargalhadas."



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Quase não consegui conter a minha alegria ao atender aquele telefonema.

- Alô?

- Ham, er.. Sarah?

- Sou eu sim, Jimmy é você?

- Nossa! Ainda reconhece a minha voz no telefone, haha!

Eu sorri. A voz dele no telefone era quase tão doce quanto pessoalmente.

- É lembro sim.

Não sei por que, mas depois de ele ter me apresentado a namorada, eu estava envergonhada, nem sabia se sequer ainda o conhecia.

- Sarah, eu queria pedir desculpa pelo que você viu no ontem no backstage, o Brian está em uma fase ruim.

- É eu entendo, não precisa se preocupar, eu não vou falar nada pra ninguém.

- Obrigada, não imaginei que você falaria alguma coisa, não faz o seu estilo, mas er, bom.. Mal deu tempo de nós conversarmos direito, e eu queria saber...

Ele fez uma pausa, talvez estivesse pensando se o que diria a seguir seria certo. Então continuou:

- Sarah, eu queria saber se você quer sair pra beber um pouco, pôr a conversa em dia, isso se você poder, é claro.

- Ah, eu adoraria Jimmy. A Leana vai também?

- Er, não, a Lea vai sair com umas amigas, e é melhor que seja só a gente mesmo, tem muita coisa que falta ser dita entre nós dois.

Era tudo o que eu precisava ouvir. Eu, ele e o melhor, nem sinal da Leana. Enfim teríamos um reencontro decente.

- Pra mim tudo bem.

- Posso passar aí em uma hora?

- Por mim está ótimo

Dei meu endereço pra ele anotar e corri pra dar um trato na cara, me arrumar. Eu estava esbanjando felicidade, mal podia esperar para por novamente os olhos naquele meu tão querido baterista.

Era cerca de 21h quando ele chegou. Usava uma camiseta branca e uma calça preta, boa parte das tatuagens do braço eram visíveis, aquele homem despertava em mim tudo o que eu havia deixado adormecido por anos. Fomos a um bar perto do meu apartamento mesmo, ele perguntou sobre a minha vida na faculdade e eu perguntei da banda, de como tinham conseguido o sucesso.

- Bom, no começo não foi fácil, a gente  andava por aí em uma vã apertada, com pouco dinheiro, mas a gente conseguiu lançar nosso primeiro disco. Lançamos nosso segundo álbum com um pouco mais de repercussão e esse ano enfim conseguimos um contrato com a Warner.

Dizendo isso, tomou um longo gole da sua cerveja e sorriu. Era incrível como ele fazia eu me sentir tão bem. No fundo eu acho que o amava, mas eu sabia que ele nunca me amaria da mesma forma, além do mais, agora ele estava com a Leana, e nós dois já não tínhamos mais 19 anos. Então eu pensei nela, será que ela realmente o amava ou queria apenas usufruir do seu sucesso? E ele? Será que na cabeça dele passava a ideia de que ele estava em um bar, sozinho com uma mulher que não era a dele? Ou será que eu era tão amiga quanto os outros caras por quem ele tinha amizade e era indiferente pra ele estar comigo ou não?

- É Jimmy, parece que seu sonho se realizou. Eu estava certa.

- Os nossos sonhos se realizaram, mas e agora? Você sonha com o que?

“Com você”, era tudo o que eu queria dizer, mas isso acabaria estragando tudo.

- Ah eu ainda não sei, e você? Com o que sonha agora?

- Acho que com o mesmo sonho, ainda não cheguei onde eu quero, mas estou no caminho.

- Como assim?

- A banda está começando a fazer sucesso pra valer agora,  eu ainda quero mais

- E depois?

- Depois o quê?

- Depois do sucesso, ora, vai fazer o que? Vai apoiar causas sociais como o Bono Vox? Vai ter um avião como o ‘Ed Force One’ do Iron Maiden?

- Hahahaha, bom, depois eu já vou poder ir

- Ir?

- É Sarah, eu não vou passar dos 30 anos

- O quê? Que besteira Jimmy, você vai se matar por acaso?

Ele riu, mas eu não estava achando graça nenhuma. Logo ele desconversou e à medida que íamos bebendo mais e mais começamos a rir alto e a falar besteira pra quem passava.

Deu a hora de ir embora, acho que não sabíamos nem onde pisar, e como a minha casa ficava perto, fomos pra lá. Logo que chegamos notei que a camiseta dele estava encharcada de cerveja, é incrível como ele nunca tinha aprendido a beber sem fazer uma baita de uma lambança.

- Tira essa camisa molhada seu bobão

- Pra que? Você quer que eu seja seu escravo sexual hoje?

Soltamos gargalhadas. Ele tirou a camisa, o corpo dele era lindo. Todas aquelas tatuagens. Ele começou a girar a camisa no ar, até tentou me bater com ela, mas depois ele a usou para enroscar o meu corpo e puxá-lo para junto ao dele. A respiração tinha cheiro de álcool. O fino nariz dele roçou de leve no meu rosto e então nos beijamos.

Meu corpo todo estremeceu, aquele beijo era tudo o que eu tinha esperado a noite toda. Ele se afastou, mas ainda me segurando pelos ombros me olhou fundo nos olhos, talvez estivesse confuso ou embaraçado e esperasse achar ali uma resposta. Soltei-me dos braços dele e tentei fingir que aquilo não tinha acontecido pra ver se ele saía do estado estático que se encontrava. Fui indo buscar meu telefone.

- Vou chamar um taxi pra você. Jimmy?

Tarde demais, ele já estava babando no sofá. Tentei acomodá-lo do melhor modo possível, mas ele era enorme, mal cabia no sofá. Enquanto ele dormia cheguei a observá-lo alguns minutos, era lindo.

Fui para a minha cama então e só acordei com o som do meu celular tocando. Minha cabeça estava explodindo.

- Sarah?

Só consegui grunhir.

- É o Greg, Sarah está tudo bem? Desde o festival que você tem andado meio estranha.

- Ta tudo OK Greg

- Tem certeza? Não quer sair pra tomar um café?

- Ah, não Greg, deixa pra próxima, eu estou meio de ressaca hoje.

- Ressaca? Você ainda saiu de casa ontem? Pensei que estivesse cansada, pelo menos foi o que você me disse quando eu te chamei pra sair

Eu senti o tom magoado na voz dele, mas a minha cabeça doía muito pra inventar desculpas.

- Eu decidi de última hora, e também foi um convite de um amigo que eu não tinha notícias há anos, não pude recusar.

- E quem era? Eu conheço?

- Talvez. O nome dele é James Sullivan, baterista da banda Avenged Sevenfold

- QUÊ? Você saiu ontem a noite com o The Rev??

- Esse é o nome artístico dele?

Apesar de eu ter dito isso sorrindo ele pareceu não achar graça. Foi aí que eu ouvi um grito vindo da sala.

- Olha Sarah eu não estou entendendo nada. Que barulho foi esse?

- Greg depois eu explico direito pra você, agora eu tenho que ir. Tchau

- Mas..

- Depois Greg!

Desliguei o telefone e corri para a sala. Jimmy estava desesperado.

- Caralho o que eu to fazendo aqui? A banda vai tocar logo mais à tarde.

- Tudo bem Jimmy, calma, eu vou chamar um taxi

- Meu deus os caras vão me matar. E a Lena? Puta que pariu. Cadê meu celular? Cacete, 23 chamadas não atendidas. Sarah eu tenho que correr, depois a gente se fala.

- Ok

Ele me deu um beijo no rosto e correu porta afora. Nem notou que estava sem camisa.

Não podia ter esperado dele uma despedida romântica ou coisa do tipo, afinal, ele estava bêbado, e quem garante que ele lembra alguma coisa da noite anterior? Não, eu não podia esperar demais dele.

Algumas horas depois a campainha tocou. Devia ser ele vindo buscar a camiseta. Abria a porta e levei um susto tremendo.

- Leana?


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