Ciclone: o Romance de Edward e Bella escrita por Déborah Ingryd


Capítulo 9
Capítulo 9 - Encontros


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me a demora, viajei e fiquei sem tempo de escrever.



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Voltei pra casa. Carlisle ainda não estava lá, ótimo, precisava disfarçar minha felicidade numa cara de preocupação em pedir-lhe desculpas, pois afinal ainda lhe devia isso, foi horrível de minha parte falar e fazer aquilo com ele. Apesar de tudo Carlisle estava sendo um pai pra mim, ele só estava preocupado comigo, quando disse que não queria que eu fosse ver Bella. Suspirei, não ia adiantar de nada ficar remoendo isso, era só pedir perdão que tudo ficaria bem.

Já que Carlisle não estava em casa, resolvi não disfarçar minha alegria e sim me deitar no sofá e imaginar como será minha noite com minha amada. Perfeita, claro.

– Edward?

Tomei um susto,  nem percebi seus pensamentos e muito menos ouvi seus passos. Sentei-me.

– Ah Carlisle, eu, eu... Ah nem sei o que dizer, só... Perdoe-me! – As palavras saíram entrecortadas, devido ao nervosismo.

– Tudo bem Edward, eu entendo. Você agüentou por muito tempo esse... Esse ódio dentro de você, só explodiu tudo bem.

Como sempre pacífico.

– Mesmo assim Carlisle foi imperdoável.

Ele sorriu.

– Está tudo bem, filho – Filho, ele devia sentir falta de um, por isso me chamava assim...

Retribui o sorriso.

Ele franziu o cenho.

– Edward, eu realmente havia ficado pra garantir que você não iria até Bella, isso é realmente errado, uma atitude impensada. Mas você mesmo disse que queria que ela lhe esquecesse, então não poderia ter ido lá, sinto muito por duvidar de você, me perdoe.

Senti o sabor da culpa, eu odiava ter de mentir, mas nada era comparado a ter de deixar Bella, então, eu não lhe contaria a verdade.

Dirigi-lhe um sorriso falso, ele não percebeu.

– Tudo bem Carlisle.

Tirou um peso de minhas costas.

E coloquei nas minhas, pensei azedamente.

– Bom, eu vou subir.

– Espere; se importaria de fazermos algo diferente hoje?

– Tipo...? – incitei.

– Pensei que deve estar entediado com essa casa, e já que não pode andar por esta cidade, pensei que pudéssemos ir a algum lugar, uma província aqui perto.

– E por que quer fazer isto? Não tem trabalho?

– Não desconfie de novo de mim, por favor, garanto que dessa vez tenho as melhores intenções. E tenho certeza de que está devidamente controlado para sair.

– Por que tem de ser em outra cidade?

Ele deu um sorriso debochado.

– Para que não corramos o risco de alguém se assustar pensando que está vendo um fantasma – olhou sugestivamente pra mim.

Franzi o cenho.

– Ah claro, que falta de atenção de minha parte – sorri envergonhado.

– Então vamos.

– Claro, deixe-me só trocar de veste.

Ele assentiu.

Subi ao meu quarto e procurei algo elegante para vestir. Carlisle havia abastecido o armário de roupas, apesar de eu nunca sair. Agora que precisava, faria bom uso. Retirei a roupa, dando uma última fungada, nela o cheiro de Bella ainda era forte, depois abri a porta do armário, escolhi uma camisa branca com leves babados na altura do peito e nos pulsos, os botões eram de um dourado opaco. Por cima coloquei um terno preto, vesti uma calça da mesma cor e sapatos de um marrom escuro. Procurei um pente de madeira que um dia vi jogado por ali. Olhei de baixo da cama e o encontrei, peguei e fui até o longo espelho, cujo sua moldura era de um leve tom de mogno. Penteei meus cabelos cor de bronze, enquanto o pente passeava em minha cabeça, sorri, a muito que não me preocupava com minha aparência, a não ser quando tirava a barba, e isso só porque não era do gosto de Bella homens barbudos, nem ao mínimo que fosse, então sempre usava a navalha que ficava na pia de seu banheiro. Terminando de arrumar o cabelo, voltei ao armário de roupas e olhei um casaco em dúvida.

– Carlisle? – disse em um tom mais alto que o habitual.

– Sim?

– Aonde vamos precisa usar casaco?

– Para as aparências, sim.

Franzi o cenho, tinha muito a aprender em relação as “aparências”, e pensando nelas me preocupei no modo como agia, devia se comportar como um humano, um desafio, pois já estava acostumado com suas “qualidades” vampirísticas.

Desci e encontrei Carlisle devidamente elegante. Ele lhe olhou de cima a baixo.

– Está ótimo meu caro.

– Igualmente.

– Então vamos.

– Correndo?

– Não, mas enquanto estivermos em Chicago, terá que se deitar no banco de trás. Espero que não amarrote sua roupa e nem o cabelo.

Assenti.

– Dou um jeito, vamos – disse com um tanto de impaciência, não queria voltar tarde, ainda teria que voltar a tempo de seu encontro com Bella, torcendo para que Carlisle voltasse ao hospital.

Segui por todo território de Chigaco, deitado no bando de trás, como Carlisle dissera. Depois quando passamos dos limites da cidade, passei para o banco da frente. Estava devidamente feliz, era muito bom poder estar livre novamente, respirar ao ar livre, afinal estava a quase quatro meses isolado naquela casa, Carlisle vivia entrando e saindo, era bom conviver com outras pessoas. Ele percebeu meu estado de espírito.

– Vejo que está feliz.

– Sim, é muito bom me sentir livre.

Ele sorriu.

– Chegamos.

Descemos do carro e nos dirigimos à praça da pequena cidade de... Casais passeavam, senhores vendiam buquês flores, caramelos e outras coisas a quais não prestei atenção. Seguimos até um banco, onde Carlisle cumprimentou um rapaz com um jornal na mão.

– Edgar?

– Carlisle, que surpresa!

– Este aqui é Edward. Um amigo.

Estendi a mão para o rapaz recém conhecido.

– Prazer – Ele assentiu – Por favor, sente-se.

Sentamo-nos e Carlisle disse:

– Fico feliz em vê-lo, não sabia que havia se mudado pra cá, pensei que estivesse em Londres!

– Oh! Muitas coisas mudaram meu caro. Após terminar a faculdade em Londres, fui até a França, onde conheci uma moça encantadora, irresistível não se apaixonar por ela, pedi-a em casamento. Mas ela não morava na cidade e sim aqui e não queria ficar longe da família, o que preocupou-me, pois numa cidade pequena não há muitas oportunidades de advocacia, mas não poderia abrir mão dela.

– E então veio morar aqui? – perguntou Carlisle.

– Não exatamente. Passo duas semanas aqui e duas em Paris, ainda bem que minha querida Cathy entende.

– Cathy? Bonito nome.

– Sim, mas prefiro Catherine, como se ela permitisse-me chamá-la assim.

– Por quê?

– Ela prefere Cathy, devido a um amigo que conheceu em Chicago, ele só a chamava assim, ela diz que quando a chamo assim, faço com que se lembre dele.

Um frio percorreu minha espinha, no momento em que ele disse um amigo de Chicago, seria ela? Minha amável amiga Cathy? Que há anos não via?

– Não sente ciúmes? – ouvi Carlisle perguntar.

– Não, não. Cathy já mostrou me amar milhares de vezes, entendo que sente falta de seu amigo, a amizade foi interrompida quando o pai resolveu se mudar, o rapaz ao menos sabia pra onde. Cathy disse que não quis lhe contar pelo fato que sabia que ele era apaixonado por ela e não queria que ele deixasse sua cidade pra vim atrás dela.

– Entendo.

Minha mente estava a mil, Carlisle conversava com o marido de Cathy? Que morava nessa cidade? Corria o imenso risco de ser visto por ela, precisava sair dali urgentemente.

Pigarreei e os dois olharam pra mim.

– Sinto muito ter de lhes interromper, mas Carlisle não estou me sentindo bem, preciso voltar pra casa.

– Como assim Edward? Acabamos de chegar e a viagem foi longa.

– Sim, acabaram de chegar, nem ao menos lhes apresentei minha esposa – complementou Edgar

Tentei disfarçar minha feição desesperada.

– Por favor, Carlisle.

Ele olhou feio pra mim.

– Edward, não vamos fazer desfeita, sim?

Assenti contrariado.

– Vamos então até minha casa, já que disse que a viagem foi longa, talvez devessem ficar em minha casa e descansarem...

– Sinto muito – cortei-lhe educadamente – mas isso não será possível, Carlisle tem compromisso no hospital.

O que está fazendo Edward? Pensou Carlisle.

Edgar olhou pra ele que assentiu.

Andamos até a casa do rapaz e ele nos abriu a porta.

– Importa-se se eu ficar aqui fora.

– Ah o que é isso, vamos, entrem – falou Edgar me puxando pelo braço.

– Cathy, cheguei e trouxe visita! – gritou da porta.

– Estou indo, querido.

Ouvi passos apressados descendo a escada. Suspirei, estava enrascado.

Quando Cathy me avistou arregalou os olhos.

– Edward?!

Carlisle e Edgar olharam pra mim, o primeiro estupefato.

Baixei os olhos antes que ela percebesse a cor deles.

– Oh! Edward!

Ela correu até mim e agarrou-me os ombros, beijando-me o rosto.

– Mal posso acreditar que está aqui. Ah olhe pra mim!

Olhei-a cuidadosamente e ela tornou a arregalar os olhos.

– Seus olhos... – sussurrou.

Carlisle chamou Edgar e implorou em pensamento que eu desse um jeito nisso.

– Edgar, que tal me mostrar alguns de seus casos que estão em andamento?

– Ah claro, mas esse ai é o Edward? Seu amigo Cathy?

– É sim, só não disse pra não estragar a surpresa, vem e eu te conto tudo – insistiu Carlisle, puxando o rapaz.

Cathy continuou a encarar-me.

– Cathy eu...

– Seus olhos – ela repetiu – estão dourados... Mas eram verdes!

Sabia que era algo inútil, mas precisava tentar. Olhei diretamente em seus olhos, despejando toda minha força naquele olhar e disse:

– Não, eles são e sempre foram dourados – falei roucamente.

Ela pestanejou e se desequilibrou, por ainda está em meus braços, não caiu.

– Sim, sempre foram – concordou em uma voz fraca.

E foi minha vez de arregalar os olhos, ela acatara o que eu pedira? Impossível, seria esse mais um dom de vampiro? Induzir as pessoas?

– Que bom que entendeu – falei.

Ela sorriu e me abraçou novamente.

– Ah Edward! Estou tão feliz de tê-lo por aqui, pensei que nunca mais o veria.

Sorri-lhe de volta e beijei seu cabelo.

– Eu também – disse afastando-a delicadamente, como que para olhá-la melhor.

Carlisle adentrou a sala com Edgar ao seu lado.

– És um ótimo advogado!

– Obrigado.

– Oh minha querida Cathy, mal cumprimentei-lhe, quis deixá-la a sós com seu velho amigo.

Sorriu-lhe.

– Fico grata, hã... – ela olhou pra Edgar.

– Dr.Cullen – respondeu-lhe a pergunta muda.

– Mas pode me chamar de Carlisle.

Ela sorriu.

– Carlisle. É um prazer. Venham, vamos jantar! – disse pegando meu braço, conduzindo-me até a sala de jantar.

– Ah! Não estamos com fome! – disse Carlisle.

– Ah! Como não? A viagem fora longa, não? – perguntou Edgar.

– Sim, foi, mas jantamos em um restaurante aqui perto, antes de avistá-lo.

– Pois bem, importam-se de ao menos se sentarem conosco à mesa?

– Obviamente que não.

– Então, sentem-se. Posso ao menos lhes oferecer um vinho? – disse Cathy.

– Ficaríamos gratos – respondeu-lhe Carlisle.

Nós sentamos, conversamos e bebemos; o líquido não havia problema em digerir, era até agradável sentir o álcool ardendo em minha garganta.

Até que ficou devidamente tarde e resolvemos nos retirar, apesar da insistência do casal. Eles nos acompanharam até a porta. Cathy me abraçou.

– Venha me ver com mais freqüência Edward. Senti sua falta.

Assenti e retribui o abraço. Despedimos-nos e fomos até o carro de Carlisle, quando nos sentamos, ele perguntou:

– O que foi aquilo?

Olhei pra ele confuso.

– Como convenceu a jovem sobre seus olhos?

– Não sei ao certo, eu só, meio que... Ordenei que ela acreditasse que meus olhos foram sempre dessa cor e ela obedeceu.

Ele franziu o cenho.

– Isso é muito estranho, mas, bom, o importante é que tudo deu certo.

– Carlisle e se ela resolver ir até Chicago fazer uma surpresa? Ainda bem que ela não perguntou sobre minha família e nem o porquê de eu estar aqui com você.

– A mente da jovem é limitada e dificilmente irá atrás de você, Edgar não permitiria, pois nem sempre está presente e quer aproveitar a calmaria da cidade enquanto está por aqui, foi o que me disse quando fomos conversar sobre os seus casos.

Assenti.

– Melhor assim, agora vamos, foi muito para um dia só. Meu corpo não se cansa, mas minha mente sim.

– Tudo bem – respondeu, dando partida ao veículo.

Quando chegamos, Carlisle não desceu do carro.

– Vai ficar ai? – perguntei.

– Vou direto pro hospital, pegar o turno da madrugada.

Assenti.

– Volta pela manhã?

– Sim, quando o sol estiver a pino.

– Até amanhã, então.

– Até.

E então ele se foi, esperei mais alguns minutos pra poder seguir rumo à casa de Bella, estava preocupado, e se fosse tarde demais e ela já não estivesse acordada? Franzi o cenho, ela ficaria muito chateada. Corri o mais rápido que pude talvez ainda a pegasse de pé. Quando cheguei ao portão, ouvi dois homens conversando, era só o que faltava! Esperar a boa vontade de eles irem embora estavam próximos demais ao portão, perceberiam qualquer tipo de ruído, por menor que fosse. Eles já estavam mais ou menos meia hora falando asneiras, bobagens, assuntos desnecessários, enquanto eu estava aqui aflito, preocupado com Bella. Quando decidi que iria pular, sem me importar com o barulho, ouvi eles se afastarem. Suspirei. Já não era sem tempo. Quando finalmente já não eram audíveis os seus passos, pulei e corri em direção à janela do quarto de minha amada. Ao chegar, ouvi sua respiração fraca, tarde demais, ela dormira, mas eu não perderia essa noite, pulei mesmo assim e depois fui me colocar ao seu lado, sentei-me à borda cama e acariciei-lhe o rosto, Bella franziu o cenho e depois abriu os olhos.

– Edward?! – disse alto demais.

– Shhh – coloquei um dedo em seus lábios – vai acabar acordando alguém, meu amor.

Ela tirou meu dedo.

– Você demorou muito! – mesmo falando baixo, era claro o tom de reprovação.

– Sinto muito – sorri me desculpando.

Ela pareceu relaxar.

– Carlisle criou problemas?

– Não exatamente. Ele me levou a uma província aqui perto, para me sentir um pouco livre, acabamos perdendo a hora.

– Fizeram o que lá?

Eu vacilei, não queria falar sobre Cathy, Bella não reagiu muito bem ao assunto quando lhe falei sobre a velha amiga.

– Edward?

– Encontrei Cathy – soltei de uma vez.

De início ela pareceu confusa, mas depois foi como se eu tivesse ouvido o estalo em sua cabeça.

– Cathy? Aquela sua quase noiva?

– Ela não é minha quase noiva, Cathy já está até casada.

Ela me olhou desconfiada.

– Mas por que foi se encontrar com a Catherine?

 – Hã, não foi proposital, Carlisle é amigo de Edgar, o marido dela, mas ele não sabia que era a esposa dele, não mesmo. Ele nem me deu a oportunidade de dizer, fiquei com medo de quando ela me visse, principalmente quando olhasse em meus olhos.

Bella não parecia preocupada com isso, talvez não entendesse o grau do perigo se Cathy desconfiasse de algo. Mas havia uma chama em seus olhos, uma que eu não reconhecia.

– Ela... – Bella pigarreou – abraçou você?Beijou ou fez algo do tipo?

Não conseguia acreditar no que ouvia, eu aqui todo preocupado com algo sério e ela com ciúmes?

– É com isso que está preocupada? – perguntei descrente.

Ela fez uma careta.

– Queria que eu estivesse preocupada com o que? – disse sentando-se.

– Com o fato de Cathy quase desconfiar de que alguma coisa está errada.

Ela revirou os olhos.

– Mas pelo visto não desconfiou. Mas agora me responda, ela fez algo com você ou não?

Olhei pra ela perplexo, como ela estava sendo egoísta! Estava tão irritado que soltei sem pensar:

– Sim, perdi as contas de quantos beijos, abraços e carícias Cathy me forneceu!

Mas me arrependi no mesmo segundo. Bella se fechou em uma careta emburrada, mas os olhos eram tristes e magoados, ela mordia o lábio inferior e seu coração falhou algumas vezes. Podia ver um brilho em seu mar de chocolates. Ela estava segurando as lágrimas traiçoeiras.

– Ah Bella! Perdoe-me, eu... Não foi minha intenção magoá-la, me perdoe, por favor! Eu estou sendo um idiota me perdoe!

Ela baixou os olhos e fungou uma lágrima que ameaçava cair. Ergui seu queixo com um dedo.

– Por favor? – pedi.

– Ela fez isso? – sua voz falhou duas vezes.

– Ah Bella! Ela me deu um abraço e um beijo inocentemente, eu que exagerei, perdoe-me, por favor, sim?

Ela assentiu. Mas podia jurar que ainda estava magoada, eu realmente não acreditava que havia feito, “idiota”, xinguei-me.

Peguei-a e a sentei no meu colo, balançando-a com os braços.

 – Prometo nunca mais fazer isso.

– Tudo bem, eu que sou muito mimada.

– E eu um idiota.

Ela olhou pra mim.

– Não, não é.

– Então sorria pra mim e diga que me ama.

Ela abriu um enorme sorriso.

– Eu te amo!

– Eu também!

Baixei meu rosto e encostei meu nariz no dela e depois encostei meus lábios levemente nos dela. Suas mãos ganharam vidas e ela as colocou em meu cabelo, dando ao beijo mais entusiasmo, quando percebi que ela passava dos limites, me afastei.

– Estraga prazer! – disse docemente.

Rir com gosto e depois lhe dei um beijo rápido.

– Está na hora de dormir.

– Não! – sua voz elevou uma oitava, depois mais baixo completou – não quero que vá embora.

– E não vou. Pode dormir em meus braços se quiser.

Ela sorriu abertamente.

– Obrigada Edward.

– Disponha, mas disso você já sabe.

 Deitei-me e Bella pousou a cabeça em meu peito, adormecendo em quanto eu acariciava-lhe os cabelos, por pouco eu não adormeci também, era nessas horas que eu odiava ser um vampiro.

Pela manhã, levantei-me e fui me sentar em uma cadeira perto da cama e tive uma visão panorâmica de Bella dormindo. Ela dormia profundamente com um sorriso brincando no canto dos lábios. Fiquei assim por cerca de uma hora inteira, observando-a dormir, até que ela apertou mais as pálpebras antes de abri-las. Ela me procurou ao seu lado, a testa franzida, eu apertei meus lábios para evitar rir, até que não agüentei mais e chamei-a:

– Bella?

Ela olhou pra mim assustada, depois abriu um sorriso.

– Edward você ficou!

– Claro, não resisti.

Bella saiu da cama e pulou em meu colo. Assustei-me, mas gostei da reação. Ela ficou tensa.

– Epa... – falou corando.

Sorri.

– Tudo bem, eu gostei.

– Gostou?

Assenti, beijando-lhe o cabelo.

– Já tem que ir? – franziu o cenho.

– Já. Carlisle volta à tarde, mas não quero correr o risco de suas criadas me encontrarem aqui...

– Quando vou ver você de novo? – disse, interrompendo-me.

– Logo, eu prometo.

Vi a apreensão em seus olhos.

– Logo – repeti.

Ela nada disse.

– Não confia em mim? – perguntei.

– Claro que confio, é só que... Já estou com saudades.

Ela sorriu. Não sei o porquê, mas parecia que ela estava escondendo o verdadeiro motivo, bom, não poderia mais ficar aqui, quando nos visse de novo, eu arrancar-lhe-ia o motivo. Deixaria uma pista então.

– Sei que está me escondendo algo, mas não tenho tempo pra discutir isso agora. À noite nos falamos.

Ela ficou nervosa e inquieta.

– À noite, então.

Assentiu um tanto atordoada.

Tirei-a do meu colo e a abracei, dando um beijo em seu rosto.

– Eu te amo.

– Eu te amo.

Pulei a janela com cautela, ouvindo cada passo dos empregados, por sorte não havia ninguém no meu caminho. Corri floresta adentro. Fazia algum tempo que não caçava, resolvi fazê-lo então, fiz o animal em mim ficar em alerta, captei um odor conhecido, o de um alce, o qual seu sangue estava acostumado a beber. Corri em direção ao cheiro e encontrei vários deles em forma de bando, me escondi atrás de um arbusto, estava com vontade de brincar de lobo mal. Aproximei-me de um e grunhi baixo, o animal se assustou e correu, os outros lhe seguiram, “corram bastante” – pensei – quando decidir que já haviam corrido demais os segui com uma velocidade deliberada, não queria estragar a esperança dos animais, depois me cansei da “lentidão” e disparei atrás dos alces aflitos e desesperados. Encontrei-os escondidos atrás de árvores compostas, identifiquei o cheiro do primeiro que assustei, serpenteei no chão pegajoso, por causa do lodo impregnado nas rochas, e cheguei bem próximo ao animal, ouvi seu coração frenético e assustado, falhava algumas vezes, abri um sorriso malicioso e cheguei mais perto, os seus pelos se eriçaram, grunhi novamente, mas ele não saiu do lugar dessa vez, talvez o medo o fizera estacar, queria brincar mais, mas minha garganta ardia, meu dentes arregalaram-se involuntariamente e eu cedi. Peguei o animal e com força enterrei os dentes afiados em sua jugular, chupando-lhe todo o sangue, o animal se debatia em meu abraço apertado, quando não lhe restava mais sangue algum, joguei-o fora e corri atrás dos outros, que aproveitaram pra fugir enquanto eu acabava com o alce recém sugado. Alcancei-os, os vi arregalando os olhos e enterrando suas presas no solo, o monstro em mim grunhiu alegre ao ver o desespero nos olhos de sua presa, arreganhei os dentes novamente e ataquei a todos, sem mais paciência para joguinhos desnecessários, vi o medo na íris de cada animal que matava e isso parecia fazer-me ficar com mais vontade de beber-lhes o sangue. Quando acabei com todos, corri para o riacho de costume, para me lavar, chegando lá, me joguei e desfrutei da água quente e de odor agradável. Satisfeito com o banho, refleti no que acontecera a pouco, o que dera em mim? Por que fiquei tão satisfeito em ver o medo nos olhos dos pobres animais? Sacudi a cabeça, prometi a mim mesmo que nunca mais faria isso, nunca mais faria suas presas sentirem medo antes de morrer, daria a elas uma morte rápida, talvez bater-lhes a cabeça antes de chupar-lhes o sangue... Sacudi a cabeça novamente, estava confuso, deveria matar como sempre matava, mordia e pronto, era destino dos animais morrerem... Mas não faria que eles ficassem com medo de novo, isso não, aquilo fora maldade.

Sai da água e voltei pra casa. Quando cheguei, fui direto ao quarto e tirei a roupa molhada, novamente abri o armário de roupas, mas não escolhi nada sofisticado, só uma blusa de lã cáqui e uma calça azul marinho, sem sapatos. Fui até o espelho, olhei para o cabelo, não penteei, só baguncei com a mão esquerda os fios úmidos, sorri, estava começando a gostar desse novo visual, cabelos desgrenhados seria seu novo estilo agora. Segui para o piano e toquei as notas aleatoriamente, sem vontade alguma de tocar, ergui-me do assento e fui ao gabinete de Carlisle e procurei um clássico qualquer, escolhi um cujo título era “O Morro dos Ventos Uivantes”, resolvi ler na sala, desci as escadas lentamente e acomodei-me no sofá, iniciando a leitura.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)