Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Geeeente, minha tese tah saindo!! Ai meu Deeeus, meu prazo estah se esgotando!! Mas msm assim eu naum tomo verginha na cara e naum paro de escrever!

Bom, esse cap é dedicado a Nathy por ter me feito MUUUUITO feliz com MAIS UMA INDICAÇÃO!!! o/o/o/ agora são 3!!!! êêêê..

Gente, boa leitura, fiz com mto carinho e sacrofício, espero q gostem.

bjim



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O julgamento tinha começado. Os bancos da capela haviam sido deslocados para o lado e eu estava no centro do lugar com os cinco Filhos da Luz fazendo um círculo grande a minha volta. Suas asas imponentes estavam estendidas e um silêncio profundo pairava sobre nós. Essa era a hora da prece, da meditação e da iniciação. Diferentemente dos julgamentos humanos, nós não precisávamos jurar dizer a verdade sobre todas as coisas. Não se pode esconder nada dos Filhos da Luz.

Laoviah começou.

- Gabriel, meu irmão, você está ciente das acusações a que deve responder e também das implicações de seus atos. Você será ouvido. Conte-nos tudo o que você fez desde o momento que conheceu a Filha do Pecado até o presente momento. Então, nós deliberaremos e decidiremos qual será o veredicto. Diga sempre a verdade, irmão, sob a voz da verdade se fará a Justiça Divina e sob as leis do Pai Celestial seu destino será selado.

Eu respirei fundo. Estava de pé de frente para aquele quem me dirigiu a palavra. Com minha visão periférica, percebi Anariel junto ao altar, estava orando por mim. Sem mais esperar, eu comecei.

Contei os fatos narrados desde o momento de meu encontro com Soxx. Contei sobre as investigações, sob a abordagem que fiz, sob como eu sobrevivia naquele momento. Contei sobre a primeira vez que encontrei Michaela e da sensação que senti tão ligeira que me passou despercebido. Os Anjos apenas me ouviam. Tudo o que eu dizia estava sendo avaliado por eles.

“Então naquela noite eu persegui um dos vampiros que andavam com Soxx e encurralei-o em um beco. Não foi difícil mata-lo, mas eu percebi que não estava sozinho naquele lugar. Quando estava saindo, senti a presença dela. Eu a ataquei, mas ela milagrosamente desviou de meu e revidou. Minha Gladius se perdeu e eu estava em desvantagem. Pensei que ela me mataria naquele momento, mas então, como que sob uma força além de qualquer compreensão, ela hesitou.”

Senti quando os Anjos a minha frente ofegaram. Eles nunca esperariam ouvir tal coisa, era sem precedentes a atitude de Michaela. Eu continuei. Contei sobre como poupei a vida dela pelo fato dela ter poupado a minha e também, porque aquela atitude me deixou muito intrigado a seu respeito.

Falei sobre meu segundo encontro com ela e de minha proposta. E depois, veio a emboscada com Julius e a segunda maior surpresa. Eles pareceram muito incrédulos quando contei sobre como ela enfrentou Julius e houve inquietação quando contei que ela segurou a Gladius e a jogou pra mim, e que aquela atitude me salvou a vida, novamente.

- Você está dizendo que a Filha do Pecado de nome Michaela sobreviveu após ter tocado a sagrada espada Gladiius? – a voz de Ayel era de espanto e refletia exatamente o que os outros estava sentindo ao me ouvir.

- Sim, ela a segurou e não sofreu mais que uma queimadura.

Eu prossegui com a narrativa e contei como tivemos que aprender a conviver um com o outro.

- Eu queria conhece-la, precisava saber o motivo de ela ser tão diferente, de agir tão diferente dos outros. Confesso que foi difícil aprender a conviver com ela. Michaela é impulsiva e atrevida e sempre usou de sua beleza e charme pra me seduzir. Estes primeiros dias com ela foram a mais dura provação pela qual passei.

Nossa convivência juntos precisou de muito esforço mútuo porque não confiávamos um no outro, ainda mais depois que ela me traiu com Julius. E então...

Hesitei. Nesse ponto tudo ficava muito confuso. Eu não sabia definir em que momento meus sentimentos por Michaela se transformaram. Lembrei-me de quando ela foi espancada por aquele vampiro e que eu a alimentei.

- E então o que, Gabriel? – Vahuiah perguntou atrás de mim.

- E então ela foi encurralada por um vampiro que a pegou desprevenida. Eu não estava por perto na hora, ela tinha provocado um acidente de trânsito fugindo de mim para se alimentar. Fiquei para socorrer os feridos e quando voltei a segui-la, encontrei-a quase morta pelo macho. Ele ía entrega-la a Julius. Eu o matei e ela me pediu para fazer o mesmo com ela, mas não pude. Ao invés disso, eu a alimentei e Michaela sobreviveu.

Eu segui contando o que aconteceu depois. Fomos procurar Anariel. A história foi fluindo naturalmente e eu não escondi nada, nem o que fiz, nem o que senti.

- Você se envolveu fisicamente com a vampira? – Caliel perguntou.

- Sim. Anariel presenciou um dos desses momentos.

Houve silêncio e eu continuei. Falei de nosso plano para pegar Julius e do que tivemos que fazer para conseguir confundir a ele e sua escolta e de como a batalha se desenrolou.

- Ela estava quase morta. O vampiro havia por pouco acertado aquela adaga em seu coração. Eu me desesperei, doía em mim vê-la debilitada daquele jeito. Eu não pensei duas vezes, cortei o pulso e a alimentei. Foi pouco, Michaela não quis mais sugar de mim. Então, Anariel tomou a iniciativa para ataca-la. Ele queria cumprir a missão que eu não tinha coragem de fazer. Então eu o enfrentei. Para que ele matasse Michaela, teria que me matar primeiro. Anariel não prosseguiu, ao invés disso, fez sua obrigação ao vir até aqui.

- Você sente ressentimento de seu irmão por isso, Gabriel? – a voz grave de Nelchael soou ao meu lado.

- Não. – respondi imediatamente – Anariel fez o que tinha que fazer. Foi escolha minha ficar.

- E por que ficou, Gabriel?

- Porque eu precisava tentar... tentar salvá-la. Precisava tentar encontrar outro jeito que não fosse ter que tirar sua vida.

- Gabriel, os Filhos do Pecado não são vivos. Eles não são humanos, não têm escrúpulos, não tem humanidade, não tem a capacidade de sentir amor ou de serem gentis. Eles são apenas a sombra do que foram um dia. Matá-los é a única forma que existe de fazê-los retornar aos braços do Pai. Foi o próprio Senhor que nos ordenou. Ele disse: “Meus filhos, vão à Terra, vivam entre aos homens, e tragam de volta a mim os que se perderam. Traga-nos de volta aos meus braços.” Você desobedeceu a lei maior, não cumpriu a vontade de seu Pai, Gabriel.

As palavras de Vahuiah penetraram em mim. Eu ouvia e ouvia, mas não conseguia acreditar, meu coração não conseguia acreditar que esse era o único jeito.

- Michaela é capaz de sentir... sentir afeição, carinho. Ela sentiu isso enquanto esteve comigo.

Eu estava começando a ficar desesperado, era como se estivesse gritando sem ninguém para me ouvir. Como eu poderia explicar a eles o que vi nos olhos da minha vampira, da minha amada?

- Eu vi amor nela, senti seu amor por mim.

- Ela não é capaz de amar, meu irmão. Tudo o que você viu foi apenas o que ela queria que visse. Os Filhos do Pecado não amam, não sentem, não vivem.

Olhei para Nelchael, que foi enfático. Como explicar?

- Eu senti amor nela, sei que Michaela ainda tem sua humanidade em algum lugar dentro dela. Sinto que minha presença e meu amor são capazes de fazê-la melhor.

Eu falei com fervor e vontade. Minha voz soou alta e imponente dentro da casa do Senhor. Elas refletiam tudo o que havia de certeza em mim.

- Você realmente ama, Gariel? – Laoviah perguntou no meio do fervor de minhas palavras.

- Sim, com todo meu coração.

Silêncio. Eu vi a incredulidade, confusão e pena misturados em seus olhos. Eu sabia que aquela confissão poderia ser o fim pra mim, a frase derradeira para o veredicto final. Jamais na história um Enviado de Deus tinha sentido amor por um Filho do Pecado e eu sentia que eles não entendiam. Um Anjo escolher viver entre os mortais por se apaixonar por um humano era errado, mas compreensível. Um Anjo sentir o mesmo por um Filho do Pecado, era o que havia de mais contrário às palavras do Criador.

Eu sabia que estava perdido, mas precisava continuar com minha história, nunca desistiria de tentar fazê-los me entender.

“Nesses últimos dias eu a levei para conhecer sua família. Ela tinha perdido o contato com eles desde sua transformação. Foi com sua família que descobri a resposta para minhas perguntas. Olhando uma fotografia de seu pai eu percebi que ela era especial e que isso estava em seu sangue. Michaela era nephilin antes de ser transformada. Seu pai era nosso irmão Miguel.”

Nessa hora, houve uma verdadeira agitação e todos começaram a falar ao mesmo tempo. Até mesmo Anariel que estava à parte e apenas assistia ao julgamento, se surpreendeu.

- O que está dizendo, Gabriel? Dizes que o Arcanjo Miguel é pai da vampira?

Eu concordei e contei tudo o que tinha acontecido. Assegurei que era Miguel o pai biológico de Michaela. Eu o reconheci imediatamente pela foto, pelos seus olhos. Eram inconfundíveis. Os Filhos da Luz estavam confusos e ficaram ainda mais quando relatei sobre o que o vampiro Andrew, que transformou Michaela, nos revelou.

- Isso é um absurdo! A troco de que Miguel condenaria uma alma humana? – um deles falou abismado.

- Não faz sentido, isso não pode estar certo. – o outro sussurrou.

Cada um expressava sua opinião e todos falavam ao mesmo tempo. O círculo estava praticamente defeito e os cinco Anjos mais a figura confusa de Anariel estavam praticamente a minha frente. Eles não acreditavam em seus ouvidos, apesar de saberem que minhas palavras eram a mais pura verdade.

- Eu não sei o motivo disso tudo. Não sei se foi Miguel quem ordenou a Andrew que a transformasse, nem muito menos sua intenção com tudo isso. Tudo o que eu sei, o que eu sinto, é que eu tinha que encontrá-la. Nossos caminhos foram cruzados por um motivo e eu sinto... sinto que devo salvá-la.

Eles me encararam e aos poucos o silêncio foi se fazendo maior. Estávamos todos confusos, todos pensando nas possibilidades, nas razões.

- Gabriel, nosso irmão, os fatos que nos traz são absolutamente incríveis. Tudo nessa história é incrível e igualmente confuso. Não sabemos o que houve, mas independente de qualquer coisa, nenhuma explicação exime você se seus atos de traição. Você se envolveu com a vampira a um nível muito mais profundo que estávamos pensando. Isso confundiu a sua mente para a verdade de nosso Pai. Teremos que nos reunir para decidir o que fazer.

Dizendo isso, Caliel e os outros se juntaram em um pequeno círculo e deram as mãos. Eu sabia de alguma forma que tudo naquele julgamento estava fora dos padrões. Eles estavam em profunda meditação e os cinco seres da Luz pareciam apenas um. De olhos fechado e asas estendidas, eles estavam se comunicando a um nível superior.

Eu não sabia quanto tempo aquilo demoraria, mas sabia que o veredicto não seria a meu favor. Enquanto eles ponderavam, vi meu irmão Anariel se ajoelhar no altar e ele orou em silêncio por mim. Respirando fundo eu apensas deixei minha mente vagar. Agradeci a meu Pai por tudo, tudo o que passei que me fez chegar até esse momento. Pedi perdão por meus erros, mas sempre, sempre com aquele sentimento insistente de dever cumprido, de ter feito a coisa certa com Michaela. Eu sabia que ela era a coisa certa pra mim e não estava arrependido por nada.

Então houve uma movimentação e vi que os cinco Anjos soltaram as mãos. Eles se voltaram em minha direção e eu soube que a decisão tinha sido tomada. Provavelmente, eu seria condenado a voltar pra casa e seria um Latente. Um Anjo Latente era um Anjo que tinha cometido um grave erro aos olhos dos Filhos da Luz. Ele entrava em um estado indeterminado e contínuo de meditação profunda até que fosse capaz de se redimir por sua falha, isto é, que se arrependesse sinceramente. Isso geralmente levava centenas, milhares de anos de reclusão.

Mas eu sabia que se fosse condenado à Latência, seria como meu fim. Eu nunca estaria sinceramente arrependido por tudo o que fiz. O meu consolo, se é que poderia ter algum, era que eu sempre poderia lembrar dela, poderia sempre mantê-la segura e guardada no mais íntimo do meu ser, em minha alma, e teria sempre a certeza de que fiz tudo o que pude para salvá-la, mesmo que não tenha conseguido.

- Gabriel, – a voz de Vahuiah me tirou do estado de oração – está pronto para ouvir a sentença?

- Sim, - respondi.

- Então se ajoelhe e ouça sem questionar o destino que escolheu.

Eu fiz o ordenado. Quando minha cabeça estava tocando o chão frio mais uma vez, fechei os olhos e senti os cinco anjos se aproximando de mim e me rodeando. Em uníssono eles me disseram:

- Gabriel, Enviado de Deus, por seu ato de Alta Traição às ordens do Pai Celestial, nós, os Filhos da Luz e a voz do Senhor na Terra, o jugamos culpado, e o sentenciamos à maior de todas as condenações: serás desprovido de suas asas.

Tudo parou. Nada mais havia a fazer. Minha condenação tinha sido muito além de tudo o que imaginei, tinha sido a mais alta de todas: perder as asas significava que não seria mais um Enviado de Deus. De agora em diante, eu não era mais nada. Eu senti a inquietação de Anariel e sua tristeza. Eu devia dizer alguma coisa, devia aceitar ou expressar minha revolta, mas ela não existia.

Lentamente, levantei a cabeça para encarar as cinco figuras a minha volta.

- Eu sei que vocês nunca poderão me compreender e entendo e respeito sua decisão. Não tenho arrependimentos, não sinto remorso. Eu aprendi com o Pai que quando seu coração comanda suas atitudes, então suas atitudes são o certo pra você. Eu amo e sempre vou amar Michaela e por isso, aceito humildemente minha sentença.

O silêncio mais profundo caiu sobre o lugar. Aquele seria o momento mais difícil de minha existência, o momento em que os Filhos da Luz retirariam minhas asas. Mas então, eu senti. Estava perto, quente e brilhante.

- Não! Por favor, não façam isso!

Todos nós olhamos na direção da voz desesperada e suplicante. Era ela, era minha linda vampira, parada no lado de fora, na entrada do local que seria o túmulo de minhas asas.


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Notas finais do capítulo

uuuuuuu... tenso.


e agora?


reviews???