Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 7
Cap.7:Pessoas importantes: Sofrimento moderado.




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Passaram-se três semanas... Não estava indo a universidade. Tinha uma licença médica até que os exames saíssem.

  Olhava-me no espelho me sentindo mal. Física e mentalmente.

  Meu rosto estava apático e lívido. E eu sentia que dali começaria os piores dias da minha vida.

  Meus olhos verdes eram emoldurados por olheiras profundas. Não dormia, pensando em Bridget e em Joe. Preocupava-me com os estado mental de minha mãe, porque ela era uma das únicas coisas que tinha me restado naquele finzinho de mundo, depois da ruína da nossa vida.

  Usava um camisola branco quase transparente e estava sentada no chão olhando no espelho era tudo o que eu fazia, o dia inteiro. Era aconselhável me internar. Mas acho que minha mãe não queria aquilo. Isso porque eu era a única coisa que ela ainda tinha.

  O som do vento. Somente ele passava em minha janela. O céu era nublado.

 --- Não acha que estou linda? –Perguntei, enquanto penteava meus cabelos, despreocupadamente.

 --- Sim. –Ela respondeu, sem se preocupar.

 --- Você acha que estes exames vão sair logo? –Perguntei eu, ainda meio entorpecida.

 --- Lottie, você não tem nada. Não se preocupe... –Sam estava, como sempre, tentando amenizar a situação a base de pequenas e lindas mentirinhas.

 --- Não foi você que disse para eu não me enganar? Só estou fazendo isso agora. –Disse eu, secamente, enquanto continuava a pentear meus cabelos.

 Sam ficou em silêncio.

 --- Peter... –Eu disse, vendo ele no espelho no qual eu estava me olhando.

  Sam olhou-me, estupefata.

  Nenhum sentimento mais agudo se apresentou em mim. Estava mórbida, cansada.

  Desde as semanas em que eu ficara “doente”, não havia falado com Peter. Ele não Havia me visitado mais. Antes da peça ele parecia meu amigo. Depois, não havia mais o visto.

--- Oi. –Ele disse, devagar.

--- Eu sairei, para que possam conversar. –Disse Sam.

--- Fique, Sam. Nem conheço o Peter muito bem. O que ele teria para me dizer? –Vire-me do espelho, olhando para ele secamente.

--- Vá Sam. –Disse Peter, circunspecto.

--- Até logo.

--- Sam! –Disse, quase gritando.

--- Eu vou, Lottie. Vou porque quero. –Disse ela, devagar.

--- Se é assim que quer. –Disse, virando-me para o espelho novamente.

  Sam virou as costas e bateu a porta.

--- O que quer, Peter? –Perguntei, sentindo-me mal.

  Ele tinha aquela influência sobre mim. Eu me sentia culpada, triste, quando estava com ele. Parecia que ele se privava de mim e isso doía nele. O que me fazia ficar culpada era isso.

 Continuei a pentear lentamente os cabelos.

--- Eu quero estar com você.

--- Mas eu não quero.

Penteava devagar, enquanto dentro de mim algo me corria.

--- Sei do que aconteceu. Sei que Joe foi embora.

--- Hm.

--- Você me deixaria... Ser seu amigo? Ajudá-la?

  Virei-me para ele.

--- O que quer de mim? Joe foi embora... Sim ele foi embora. Porque ninguém aguenta ficar muito tempo perto de alguém como eu. Eu sou repulsiva. E agora você quer ficar perto de mim? Diga-me, sim? O que você quer? -Indaguei, acusadoramente.

--- Nada. Ficar perto de você. –Disse ele.

  Fiquei calada.

--- Você irá aceitar a minha ajuda?

--- Não preciso de ajuda.

--- Então, até precisar, posso ser seu amigo?

--- O que quer em troca? Meus órgãos condenados?

--- Eu ganho a sua presença.

--- Está bem, Peter. Está bem. Não me importa. Não me importa você. Nem me importa mais nada.

--- Importa.

  Olhei-o, com os olhos semicerrados.

  Ele estava sério. Então, sentou-se perto de mim. Olhou-me estranhamente. Com uma adoração nos olhos fixos.

--- Olhe só esses cabelos. –Alisou meus cabelos, enquanto eu ficava tensa. –Olhe só essa pele. – Passou a mão pelo meu rosto –E...

  Suas mãos desciam até meu busto. Quase tive um ataque nervoso. Mas meu cérebro não reagia a essas coisas. Não era impulsiva.

--- Olhe só este coração. Ele quase incendeia ao mostrar o que está dentro dele. A luz é tão forte, ela quer sair, quer mostrar toda a banda podre que está infectando-o. É só mais uma coisa evidente. Você não consegue esconder sua tristeza, Charllottie. Eu a vejo como se suas vísceras estivessem nuas, sem pele. Assim, na minha frente.

  Olhei-o, constrangida. Ele sabia como fazer aquilo. Só ele sabia.

--- Agora só me deixe pousar em você e tentar esquecer outras coisas sobre mim? Prometo que a única recompensa será algo que não a machucará. Não vou exigir nada de você.

--- Peter...

--- Por favor.

--- Tudo bem, eu já disse. –Voltei a ser seca.

  Ele puxou meus braços e enfiou-me em seu abraço, afagando a minha cabeça.

--- Peter... Eu o amo tanto. Eu o amo muito. Como se...

--- Eu sei. Eu sei. –Dizia ele, me abraçando forte e afagando meus cabelos.

  As lágrimas caíam, sem fazer som algum. Eu soluçava em minha dor que era como se pus estivesse dentro de mim. Muito pus. Um rio de secreção, provocada pelos cacos de vidro que estavam cravados na minha víscera doente.

  Minha mãe abriu a porta, de repente.

--- Quem é esse? –Disse ela, com um olhar estranho. Acusatório.

 Levantei-me, limpando rapidamente as lágrimas.

--- Peter. Peter Uric. –Disse. –Um amigo da escola.

--- Tudo bem, Lottie. Eu vou voltar para a cama... Eu vim aqui porque ouvi barulhos na porta. Mas estou com muita dor de cabeça...

--- Tudo bem, mãe, pode voltar.

--- Sam está na sala.

--- Eu já irei para lá. –Disse, me sentindo estranha.

  Minha mãe saiu, devagar, desnorteada.

--- Vamos até Sam.

--- Vamos ver filmes.

--- Não quero.

--- Prefere isso ou ficar acordada olhando a janela e o frio?

--- Vamos logo.

  Ele sorriu um pouco.

x.x.x

 --- Mãe? –Abri os olhos, de repente e ela estava em minha frente, me fitando com uma cara séria. –Mãe, eu juro que não fiz nada. Ontem... Eu... Ei, eu não me lembro de nada... Eu... Dormi?

 --- Sim. Você dormiu no ombro do Peter. –Ela sorriu, nervosamente. –Ele te trouxe...

 --- Oh, Deus... –Fiquei constrangida. –Isso é... –Ela em interrompeu.

 --- Não se preocupe... –Seu rosto agora estava preocupado. Ela parecia assim desde quando abri os olhos. Mas parecia estar procurando uma solução.

 --- O que... Houve? –Perguntei eu, ficando em alerta.

 --- Filha... –Ela murmurou. Sua voz era rouca. Baixa. Sôfrega.

 Quando ela ia terminar de falar, Sam abriu a porta, bruscamente. Peter entrou com ela.

 --- Conte logo a ela. –Sam disse, nervosa. –Aghata estamos aqui também.

 --- Filha você está doente. –Minha mãe disse, ainda em voz baixa.

 --- Muito bem. Diga-me, que doença é essa? –Falei, de modo irritado.

 --- Leucemia. –Minha mãe disse, devagar. –Liguei para o hospital para saber quando saiam os exames e a garota me disse que já estavam lá. Perguntei a ela se poderia pegá-los. Ela disse que Sim. Pedi que Sam e Peter fossem pegá-los. E... O médico os deu esta notícia.

 --- Oh, meu Deus. Isto é perfeito - Falei. Minha voz era categórica e seca. Minha garganta parecia ser presa por algo.

 --- Lottie, calma. –Sam disse, gravemente. –Você vai ficar bem.

 --- A menos que seja do tipo sanguíneo O negativo, fique quieta, Sam. –Disse eu, secamente.

  Procurava em minha mente uma forma. Uma saída. Para tudo aquilo.

 --- Lottie, a Sam só está querendo dizer que não podemos desistir. –Minha mãe disse, calmamente. –Não faça isso com ela. Não seja má. –Ela disse em tom de ordem.

 --- Quer que eu fique apenas feliz e viva o resto de vida doente que tenho? Está bem. –Eu disse, secamente. –Oh, Deus, o que é aquilo? É um pássaro, tão belo quanto a minha vida aproveitável e que me ensinará uma lição preciosa. É melhor morrer feliz no resto de vida do que triste sem aproveitar! –Sorri de modo venenoso.

  Tirei o cobertor de cima de mim bruscamente, furiosa. Porém não alterava o tom de voz.

 --- Nós não vamos desistir de sua vida como está fazendo, Charllottie. –Disse Sam, secamente. –Vamos logo embora, Peter. Está tarde. –Sam se dirigiu a Peter, pedindo num aceno que ele a levasse para casa.

 --- Espere, Sam. –Bradei. –Desculpe. –Naquele momento, meu ódio por toda a situação deplorável em que eu estava me enleava. Mas falei com uma voz sofrida e fingida. Eu, particularmente sabia mentir. –Eu... Não vou desistir de minha vida. –Fiz uma cara triste.

 Olhei para Peter, que havia ficado calado durante toda a conversa. Seus olhos eram vigilantes e meticulosos. Ele parecia entender que se tratava de uma mentira. Perguntei-me se ele não atrapalharia meus planos. Mas achei que ele não se incomodaria tanto comigo.

 --- Não precisa se desculpar, Lottie. –Sam amoleceu.

 Era apenas isso que eu queria. Queria que ela pensasse que eu estava arrependida de ter falado daquela maneira com ela. Isso, porque aquelas eram as últimas palavras que eu diria a ela. E eu não queria que fossem aquelas as palavras. No momento, eu não estava arrependida, mas depois estaria e não poderia mais falar algo de bom para ela. Porque eu não estaria mais lá. Além disso, minha mãe sabia que eu era depressiva e que seria perigoso me deixar sozinha com estas coisas ruins acontecendo. Então eu menti, odiosamente, para que ela relaxasse e achasse que tudo estava bem. Mas tudo não estava bem.

 --- Até amanhã, Lottie. –Sam disse, cordialmente. Ela já havia me perdoado. Senti-me bem.

  Eu precisava dormir. Precisava pensar. Queria uma forma de acabar de vez com o sofrimento de todos. Todos que gostavam de mim. Eu estava ali fazendo todos ficarem preocupados. Fazendo-os perderem o sono. E eu sabia que não havia esperança alguma. Não queria que eles ficassem tendo falsas esperanças. A dor que eles sentiriam ia ser muito maior. Uma angústia profunda me invadia e eu não estava mais sabendo o que fazer. Até mesmo eu estava ficando louca. Eu não queria aquilo para eles.

  Eu não percebi, mas escondia tanto meus sentimentos que acabei descobrindo que eles eram mais intensos do que eu pensei que fossem, quando eles explodiram. Eles estavam lá no fundo de toda a minha frieza e orgulho. E agora, todos eles ficaram escondidos por tempo demais para vir à tona. Eu estava sentindo quase tudo. Raiva, ódio, angústia,DOR. E o pior, é que esses sentimentos só haviam sido permitidos agora. Logo agora que tudo se refletia em incerteza, dor, angústia, desprezo e tudo o que fosse ruim em mim. Eu saberia o que fazer para que todos esses sentimentos acabassem. E eu não acordaria no dia seguinte para me arrepender.



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Notas finais do capítulo

Charllottie: Capricórnio. Mostrando seu espírito ríspido e hostil.



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