Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 19
Cap. 19 : A outra face.


Notas iniciais do capítulo

Letter of Peter.



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Eu estava ansiosa para que Sam me contasse tudo o que eu tinha a perder não aceitando a proposta que ela ia me fazer. Mas o que será que isso tinha a ver com Peter? Ou melhor, será que era uma proposta? Bom, eu ia saber naquele exato momento.


Afinal de contas, talvez eu também adorasse me convencer de que eu deveria aceitar. Apesar de tudo que eu teria que agüentar em minha mente por aceitar, eu não queria morrer.


–-- Bom, Lottie, Peter deixou uma carta para você. –Sam me olhou depois de falar analisando minha expressão.


–-- Ah, uma carta... –Eu disse baixinho, num tom nada agradável.


–-- Está bem. Eu vou ler. Sua idiota. –Sam disse, secamente.


“Bom, Charllottie, eu não quis esperar que você acordasse, pois meu sofrimento seria prolongado, ao te ver bem e ter que aceitar o fato de não poder falar com você e ter de ir embora as pressas. Por isso deixei esta carta, para que não parecesse que Sam iria apenas te contar uma história mirabolante. Eu sei que você está cética mais do que de costume agora... Principalmente com Sam, nesta situação. –Sam revirou os olhos - Enfim, eu quis que você soubesse, mais seguramente. Também não confio na Sam –Sam me olhou com uma cara de raivosa e depois voltou a ler – Bom, eu vou lhe contar toda a verdade sobre mim, porque não quero que lembre-se de mim como apenas um estranho de quem não conheceu nada e que te ajudou como se estivesse disposto a dar a vida por você. Eu conheci Angel quando tínhamos doze anos. Nós morávamos em casa vizinhas uma da outra. Nós nos apegamos e ficávamos juntos o dia todo, quase todos os dias e éramos muito amigos. Quando fomos para a escola, fomos matriculados no mesmo colégio. Passamos um tempo juntos, que parecia-nos muito, parecia que nos conhecíamos a trinta anos, mas nem era tanto.  Não demorou muito até alguém entender que éramos diferentes. Alguns pesquisadores alemães disseram para nossos pais que éramos muito inteligentes e que deveríamos ir para uma escola especial. Minha mãe e meu pai não queriam ficar longe de mim, mas foram obrigados. Esta escola, era interna. E nós não voltaríamos para casa tão cedo. Depois que completamos 15 anos, fomos chamados para a organização secreta de proteção pessoal alemã (OSPPA). Eu não fiquei muito contente com isso. Mas Angel amou. Angel sempre foi uma pessoa muito inquieta e brava. Apesar de só mostrar isso a mim. Ela adorava coisas violentas e sangrentas. Já eu, detestava. Eu era quase um pacifista. Ah, um pequeno detalhe. Eu e Angel começamos a namorar num outono, antes de entrarmos para a OSSPA. Essa organização só prendia criminosos, não os matava. Mas éramos treinados para matar friamente. Eu não gostava daquele ambiente. Um dia, nós nos envolvemos num caso onde uma criança tinha sido acusada de matar todos os seus familiares. Era um menininho raquítico, loiro, alto e que me parecia ter sérios problemas psicológicos. Quando eu o vi, logo achei que ele era louco. Algo muito traumático havia acontecido com aquele garoto. Angel o olhou com desprezo e ficou dizendo coisas terríveis a esse garoto. Ela o julgou como ninguém poderia ter feito. Ela não conhecia seu passado. E isso é algo que eu não suporto. O garoto tentou escapar das garras de Angel, mas ela foi impiedosa e quando o pegou novamente, ela o matou com vários tiros. Ela o mandou correr e atirou nele de costas. Ele não tinha saída. Ela atirou muitas vezes, mesmo que ele estivesse morto, Alegando que não podia ter certeza se ele estava morto, ou não. Aquilo era repugnante, mesmo que ele tivesse matado sua família, mesmo que ele tivesse feito qualquer outra coisa, não cabia a ela, julgá-lo. Nós éramos apenas os encarregados de pegar os criminosos mais difíceis. E não de puní-los. O máximo que podíamos fazer era atirar neles se tentassem fugir. A partir daí, eu fiquei mais louco ainda com aquilo tudo. Aquilo havia sido o estopim. Bastava. Mas mesmo assim, eu ainda continuei naquele lugar. Porque ainda tinham pessoas que eu gostava lá. Terminei o namoro com ela. E passamos muito tempo sem falar um com o outro. Então, depois de alguns anos vendo que aquilo não era para mim, e depois de ter assassinado duas pessoas, em legítima defesa, foi a última gota. Decidi que iria embora. Quando nós ficávamos na maioridade, podíamos escolher entre ficar lá na organização ou partirmos sem sermos indiscretos e vivermos de uma forma bem comum. Achei que o melhor lugar para ir seria a Escócia. Nos campos verdes e esparsos da Escócia, eu poderia esquecer de tudo o que eu vivi naquele inferno de matança que era a organização. Não se preocupe em correr riscos, pois eu ganhei permissão para contar para vocês duas sobre eles. Mas, Lottie, Eu te peço, que, por favor, não desperdice a única coisa pela qual eu lutei desde que te encontrei. Não desperdice sua vida. Se eu quiser alguma recompensa por tudo o que eu fiz, ela é apenas um bom resultado seu. Será a minha grande conquista e felicidade, se você viver. Eu te peço uma última coisa, antes de ir embora, antes que nunca mais te veja, nem saiba o que aconteceu com você, e continue a viver minha vida ruim, não se mate. Não deixe de viver. não morra. Não por mim, mas por tudo o que fiz por você e por tudo o que você vai fazer por você não morrendo. Não deixe que todos te vejam como o obstáculo no meio do caminho que fracassou em aguentar. Eu... Gosto muito de você. Adeus.


Peter.”

Quando Sam terminou de ler, eu estava atônita, angustiada, e meio tonta. Estava com vontade de vomitar. Peter não tinha pena de mim. Ele foi o único que tentou fazer com que eu ainda acreditasse na vida, com todas as suas forças. Ele foi un dos únicos que entendia a minha dor. Ele não achava que eu não queria aceitar o transplante só por orgulho, ou coisa assim, ele sabia, que eu era uma pessoa sensata, e que, se fosse para viver sob um véu de mentiras e mágoas, não valeria a pena viver, se o futuro era a morte. Sempre achei que, não há muito sentido na vida, então temos que nos importar com o que acontece hoje, o amanhã, pode não existir para nossas conquistas. De qualquer jeito, morremos, então, não podemos desperdiçar a única coisa que temos de bom na vida, que são os momentos bons. E para quê não morrer se você sabe, em sua consciência, que vai viver de amargura, e ainda irá morrer da mesma forma? Antes morrer logo.

Mas com o que Peter me fez, eu não teria porque não viver. Ele me deixaria a lembrança de que tentou me reviver quando eu estava “morta”. Não. Ingratidão era a única coisa que me deixava mais indignada do que o sofrimento que passei.

–-- Sim, Sam, é o que... –Parei de falar para respirar um pouco, os tubos em meu nariz estavam me incomodando. –É o que você pensa. Eu não vou me deixar morrer. - Eu disse ao ver a carinha mais que feliz, quase radiante, de Samanta Stranger.



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Notas finais do capítulo

Finalmente o burro aceitou ser tratado como gente.



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