Ich Liebe Dich. escrita por Mrs Flynn


Capítulo 114
Cap. 114: Meu fim.




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Passei o dia inteiro sem Peter, olhando a janela calada. Era assim que eu ficava toda vez que algo de ruim acontecia. Calada. Intrínseca somente a mim mesma. E no outro dia, Norma estava comigo e com Sam, o dia inteiro.

--- Lottie, já faz dois dias... –Norma disse, com uma expressão aflita.

--- Será que podemos ter esperanças em paz? –Sam perguntou, secamente.

--- Quem disse a vocês que tenho tal coisa? –Finalmente havia falado depois de um longo tempo.

  Norma, com seus cabelos vermelhos ondulados e brilhantes, andava, de um lado para outro na sala. Os olhos eram fixos em mim. Aqueles olhos quase castanho-escuros, pareciam avermelhados.

--- Lottie... se for menos doloroso a você, pararemos com as buscas. –Norma disse, hesitante. 

  Eu a entendia, a certo ponto. Talvez, seria mesmo menos doloroso conformar-se. Não ter esperanças que acabariam mais tarde com qualquer resto de coração seco que eu poderia ter.

  Mas, dentro de mim, por mais que minha mente negasse, eu não queria desistir. Mesmo que eu já tivesse aceitado a hipótese de que não havia mais nenhum tipo de esperança, eu não queria. Eu... não queria...

--- Norma... –Fechei os olhos. Apertei-os.

--- Norma, Lottie não consegue desistir. O medo dela é maior do que qualquer coisa agora. Ela não consegue nem aceitar a hipótese. –Sam disse, olhando para  dentro  de mim.

--- Eu entendo. Sabem que estaremos aqui, não é? –Norma dirigiu a pergunta a nós duas.

--- Sabemos, Norma. –Sam respondeu, vendo que fiquei calada.

  Abri os olhos, fitando Norma, que estava bem na minha frente, olhando atônita. Ela sorriu, preocupada.

--- Me desculpe por fazer isso, mas... –Eu não conseguia terminar minhas frases. Dava-me vontade de quebrar tudo. E me dava vontade de chorar.

--- Tudo bem. Tudo bem, Lottie. –Norma disse, colocando a mão em meu ombro. –Fique calma a descanse. –Ela sorriu, novamente. –Tenho que ir. Amanhã será o grande dia.

--- Boa sorte, saúde. –Sam disse, gentilmente.

  Fiquei calada, recolhida a minha rabugice perfeitamente compreensível.    

--- Sam...eu... –Eu estava quase explodindo, de tanta raiva. Tudo estava quase girando ao meu redor.

  Por que  sempre   apareciam novos obstáculos? Se eu fosse uma pessoa forte, isso não aconteceria. Porque eu não merecia estar bem? Aquilo não fazia sentido algum para mim. Quando Peter acordara, quando olhara para mim, daquela forma tão...  encantadora,  estava tudo tão bem. E, naquela hora, na hora em que pensei que iria morrer, eu estava feliz. Por estar com ele. E estava esperançosa, mesmo que não parecesse haver saída. Eu pensei, ”Vamos finalmente ser felizes.” Mas isso era demais...não havia algo como isso no meu mundo malfadado.

  Na hora em que Angel me mandou correr, que eu vi que as portas estavam abertas, apenas pensei: “Meu filho!”. Foi tudo o que a minha mente cansada conseguiu pensar.


--- Lottie, eles são agentes... –Sam disse, de repente. –Eles não vão se entregar tão facilmente. Provavelmente, eles tem algo com o quê sobreviver...

--- Sem água? –Eu questionei, secamente. –Por dois dias? –Eu continuei. –A chance de eles encontrarem água é muito remota. E... e... os animais? Os animais, tanto pequenos quanto grandes que eles podem vir a encontrar neste lugar inóspito?

--- Tem razão. –Ela concordara comigo, para minha surpresa e indignação.

  Apesar de Sam estar sempre me encorajando quando minha mente me dizia que não tinha saída e que era ilógico pensar que havia, eu me sentia um pouco mais confortável. Afinal eu era uma humana... só que era 70% menos do que qualquer um...

--- É. 

--- Mas, vou te dizer o que penso. –Sam disse, levantando a cabeça e encorajando-se. –Eu penso, que, enquanto não acharem seus corpos, não devemos perder a as esperanças.

--- Bom, eu prefiro me corroer agora, do que depois. Prefiro não transbordar em esperança para espremê-la, bruscamente depois. Isso me causará mais dano ainda. -Disse, de uma forma séria.

--- Eu vou sair daqui. Ou vou ficar louca. –Sam disse, mudando de assunto.

--- Vá. Não me importo. –Disse, despreocupadamente.

--- Não vou sozinha. –Ela disse, numa voz doce e solene.

--- Ah, e vai com quem? –Desafiei.

--- Bom, eu vou com o meu novo namorado italiano gostoso e legal. –Sam disse, num tom bastante convincente. 

--- Por um instante acreditei. –Disse, devagar e seriamente, ainda olhando para a janela despreocupada.

--- É claro que é com você, Lottie. –Sam disse, pegando meu braço e me puxando.

--- É claro   que não é comigo. Vou ficar aqui e esperar pelo  meu fim. –Disse, sem esperança. 

--- Não vai não. Sabe porque? Porque, se for esperar pelo fim, tem que esperar  sozinha  não pode levar  alguém  junto, sem a permissão ou vontade própria dele. Seria  egoísmo  e você irá para o inferno se fizer isso com alguém que  ainda não tem o livre arbítrio –Sam estava dando ênfase nas palavras, comicamente.

  Ela estava rindo, quando olhei para ela, vencida pelo cansaço.


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