Fallen Angel escrita por Junny


Capítulo 3
Dois


Notas iniciais do capítulo

Lembram-se de mim? U_U Enfim, falo com vocês nas notas finais. Boa leitura!



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Maine era completamente diferente da minha ensolarada Texas. As cidades desse estado, pelo pouco que eu pude observar enquanto rodávamos a autoestrada, não tinham o brilho dourado que Dallas.

Miley ter estado comigo há dois dias atrás, no baile, me ajudou bastante. Eu não sei como faria sem ela. Não sei nem se faria. O baile de homecoming era uma social que eu precisava participar, era a primeira social do ano letivo e os novatos precisavam estar lá.

-Pai...- falei com a voz chorosa, chutando o banco da frente, emburrando meu cenho.

-Já tivemos essa conversa, Demi. Vai ser bom pra você. Novos ares, novos lugares, novas pessoas. Ninguém aqui vai te pertubar com aquela história. Ninguém sabe. Bem, quase ninguém. A direção e o corpo docente sabem. Mas eles não representam ameaça, representam?

Observei os portões de cor grafite e o muro. Havia vigia no alto do muro. Não parecia um colégio. Parecia uma prisão.

-Por favor...- murmurei, numa última tentativa.

-Demi. ? pelo seu bem. ? só por algum tempo. A gente vem visitá-la nos feriados. São só dois meses pro Natal, minha Demetria...- ele disse, enquanto desligava o carro. Abri a porta traseira e me encostei no carro. O vento zuniu e bagunçou meu cabelo. Puxei as mangas do suéter e cobri parte das minhas mãos com ela. Esperei meu pai tirar a mala e a mochila do porta malas e colocá-lo em frente ao portão, enquanto tocou o interfone.

-Filha, não é um adeus. ? um até logo.- ele disse, tentando me lançar um sorriso forçado.

-Eu sei pai.- falei com a voz baixa. Ele me puxou para um abraço e afundou meu rosto em seu peito, acariciando meus cabelos e beijando o topo da minha testa.

-Então...Até logo, filha! Me ligue assim que puder, ok?- ele disse, me apertando mais entre seus braços.

-Ok, papai. Até logo. Desculpa.- balbuciei, sentindo lágrimas rolarem soltas e livres por minhas têmporas.

-Eu te amo, filha. Até...- ele beijou novamente minha cabeça e entrou no carro, dando ré e voltando pra autoestrada. Cinco segundos depois, os portões, com um grande tranco e alguns rangidos, se abriram, fazendo-me observar a vista da escola, enquanto uma mulher e dois homens vinham na minha direção.

-Senhorita Demetria Devonne Lovato? Sou Rubin Trench, diretora da (cole aqui o nome da escola). Receio que tenha lido o manual para novos alunos e que esteja com a lista de instruções em mãos.- a mulher bem vestida, com os cabelos ruivos tingidos presos no alto da cabeça com um coque bem feito, falou, me olhando por cima das lentes bifocais.

-Sim.- falei remexendo o bolso frontal da mochila pasta de carteiro.- Ele está aqui.- falei acenando o papel amarelo.

-Bem, espero que se acomode logo. E que siga as recomendações. Assim, nos daremos muito bem.- ela sorriu, mostrando a dentadura gasta e amarelada.

-Claro.- falei

-Guarde a chave de seu aposento consigo. Eu peço pros rapazes deixarem suas malas lá. Já está em posse dos materiais didáticos?

-Sim.

-?timo. Bem, como diz no cronograma, as aulas vão das nove e quarenta e cinco da manhã até as treze e quinze da tarde. O almoço é as onze e trinta e dura vinte e cinco minutos. Até as três da tarde, os tempos são usados para atividades extra curriculares, como clubes, jogos oficiais e etecétera... Aqui, temos um mapa da escola. Espero que se acostume fácil. E seja bem vinda, novamente.

Era um começo novo. Um novo começo. Um recomeço. Era como se eu tivesse dormindo e tendo pesadelos continuamente. Pesadelos que faziam parte da realidade. Da minha vida. Mas eu estava disposta a deixá-los pra trás, trazendo-os a vida só quando necessário.

Eu lia e relia o papel com as instruções do colégio. Era bem diferente dos colégios do Texas. Eu precisaria de roupas brancas e confortáveis para as aulas de educação física. Eu precisaria encontrar uma atividade extra curricular até o fim do bimestre. Eu tinha que fazer um ensaio sobre qualquer assunto considerado sobrenatural de vinte e duas páginas, com algumas citações. Respirei profundamente e relaxei os ombros.

Alguns alunos que estavam na quadra pararam suas atividades por alguns instantes para observar a mim e a diretora. Senti minhas têmporas corarem levemente e minhas costas queimarem sob os olhares curiosos.

-Carne nova, Rubin?- uma das alunas veio em minha direção. Ela tinha os cabelos em dois tons de laranja, extremamente chamantes.

-Sim, Stella. Essa é a Demetria. Ela veio transferida da Sullysburry, do Texas.

-Quem em sã consciência troca o Texas por Maine?- a garota franziu o cenho e se autoquestionou, pensando alto e olhando pra mim

-Er, problemas pessoais.- esbocei um sorriso de lado, logo abaixando o rosto e fechando os olhos, tentando limpar minha mente e engavetar os “problemas pessoais”

-Sei... Você não é a única aqui, todos nós, de certa forma, temos nossos “probleminhas”- ela gesticulou aspas com os dedos e deu uma piscadela. Não pude deixar de sorrir.

Eu encarava o teto fazia um bom tempo. Um branco puro. As paredes eram creme. E o piso escuro. O ambiente tentava ser agradável, mas o barulho do balançar dos galhos da árvore bem ao lado da minha janela me trazia uma sensação pesada, quase negativa. Eu não tinha ânimo de separar minhas roupas, nem de folhear meu material didático. Eu queria fazer nada, apenas ficar ali e hibernar, esperar que tudo isso acabasse ou que eu, simplesmente, acordasse desse eterno pesadelo.

-Vem, Demi!

-Mas...Vão perceber que a gente sumiu, Caleb.- eu falei, mordendo o lábio e puxando a manga da blusa, cobrindo minha mão

-Vão nada. Todo mundo está mais bêbado do que sóbrio.- ele disse, enlaçando meu ombro e me puxando em direção ao seu peito.

-Hm, ok. Mas é só por alguns minutos...- semicerrei os olhos e deslizei minha mão pelo braço de Caleb, encontrando seus dedos e segurando sua mão.

Começamos a caminhar e cada vez mais a festa de quintal ficava pra trás e a gente se aproximava do pequeno bosque. Alguns piados de coruja se faziam presentes na atmosfera, junto com nossas respirações calmas e regulares e o barulho dos passos sobre o piso de folhagem seca. Depois de alguns momentos, chegamos até uma pequena clareira. Mesmo sem olhar pra Caleb, eu sabia que ele tinha aberto um sorriso tímido, de lado. Sorri.

-Ei, Demi...- ele falou com a voz baixa. Virei-me em sua direção. Seus olhos brilhavam de um jeito incrível sob a luz fraca da lua minguante.

-Hm.- silabei. Eu não sabia o que falar. Eu conhecia o Caleb há pouco mais de dois anos. E sempre me senti incrívelmente atraída por ele. Seu jeito, seus gostos, sua voz, seu toque. E isso era recíproco. Mas nenhum assumia nada. Eu não consegui resistir. Projetei minha cabeça alguns centímetro a frente, ficando na ponta dos pés. Caleb alargou seu sorriso, aperto minha mão dentro da sua e selou meus lábios. A princípio, um pequeno selinho. O beijo foi ganhando intensidade. Nossas línguas se tocavam, brincavam, provocavam-se. Então, a pior coisa aconteceu. Um chiado interrompeu tudo. Um clarão. E de repente, a clareira ardia nas mais altas e flamejantes chamas. Um grito agudo se formou em minha garganta. E a pior imagem que eu tenho guardada em minha lembrança aconteceu: Caleb ardia em chamas, deitado no chão, imóvel. Corri em direção ao bosque, de volta a festa, em busca de ajuda.

Quando dei por mim, eu soluçava baixo, a extremidade dos meus dedos tremulava e eu suava. Era horrível me lembrar de tudo aquilo. Eu me sentia culpada. Eu não fiz nada que pudesse salvar meu Caleb; eu saí correndo, o larguei ali, queimando.

E eu ao menos sabia o porquê.

Meus olhos começaram a marejar, novamente. Sentei-me na cama e tirei o suéter vinho de lã que eu usava- ele tinha se tornado incomodo e extremamente quente. Aliás, a atmosfera do pequeno quarto estava quente. Calcei meus tênis, sem me preocupar em laçar os cadarços e saí do quarto, vagando pelo corredor, sem saber exatamente pra onde ir.

Eu sentia as paredes, de cor clara, ficando mais altas e o espaço entre elas diminuir; sentia o ar indo embora, sentia que ia ser esmagada ali mesmo, no corredor. Eu precisava de ar. Corri por mais alguns metros, encontrei a primeira porta de vidro que tava para o jardim/pátio e saí por ela, sentindo meus pés pisarem sobre a grama, vi um chafariz e resolvi me sentar na borda. Apoiei meus cotovelos nas minhas coxas e afundei o rosto nas minhas mãos. Aos poucos, a sensação ruim ia embora com a leve brisa do fim de tarde. Mas algo me dizia que esse pesadelo iria me acompanhar por muito tempo. Me senti sendo observada. Levantei meu olhar e, por baixo da franja, vi um grupo de meninos, todos vestidos de preto, do outro lado, exatamente na linha divergente a minha. Todos pareciam sem importância, apenas mais um naquele colégio estúpido. Exceto por um. O único que parecia se destacar e todo o ambiente acizentado da cidade toda. Parecia ser envolto por um halo arroxeado, o sorriso parecia ter um brilho próprio- muito semelhante o da lua-, e a região de seu peito me fazia, de alguma maneira, me imaginar aninhada ali, abraçada. Creio que fiquei com cara de idiota olhando pro garoto, imaginando mil coisas que nunca iriam acontecer, coisas que eu fazia a menor ideia de porquê estava imaginando. Eu tentava, à distancia, decifrar a cor daqueles olhos, mas minha atenção se desprendia no sorriso dele. Até que ele fechou a cara, olhou diretamente pra mim e mostrou seu dedo médio pra mim. Arregalei os olhos e fiquei alguns minutos boqueaberta com sua reação para comigo, que não fazia nada além de simplesmente olhá-lo. Desviei o olhar para o chão e me levantei, indo de volta ao meu dormitório. Eu sentia o olhar do garoto queimar minhas costas. Seu sorriso, seu rosto, seus olhos, sua pele, a imagem de nós dois juntos e sua reação um tanto quanto mal educada não saíam da minha mente.


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Notas finais do capítulo

Oi gente! Então. Eu não abandonei vocês! Eu amo escrever e, por mais que eu não poste, eu continuo na ativa, lendo e respondendo os reviews de vocês. Mas cá estou eu com o prometido capítulo! Enfim. Esse demorou um bucadinho pra sair, eu sei! Mil desculpa à vocês que esperaram tanto (isso é, se alguém ainda ler né ]: ), mas terceiro ano e fim/começo de semestre é uma coisa do demônio. Enfim. VOLTEI A ATIVA! Espero vir atualizar aqui e as outras fanfics com mais frequencia.
Aliás, alguém aí foi pro show do bieber? Confesso que foi esse show que me deu inspiração pra que eu continuasse e finalizasse esse capítulo!
Obrigada por tudo!
Até a próxima, xuxus s2