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A pele dela ficava extremamente pálida no frio- salvo suas têmporas coradas e seus lábios rosados-, e o efeito da névoa que rondava a gruta onde estávamos só acentuava tal característica. Ela usava roupas escuras. O cabelo solto, na altura dos ombros. Os olhos delineados com uma camada de delineador preto. A minha garota era linda.

-Não está com frio, Demetria?- perguntei, aconchegando-a em meus braços.

-Não sinto nada quando você está perto de mim, Justin.- ela respondeu, virando seu rosto na minha direção. Ela encarava os meus lábios e eu sabia que a hora que eu tinha adiado o quanto pude estava pra chegar. Ou melhor, havia chegado.

-Eu...Er...- tentei mudar de assunto, mas tudo era em vão. Não tinha como evitar. Eu sentia as sombras nos rondando, se esgueirando por cada rachadura da gruta, fazendo com que sua aurea gelada e negra quase se encostasse em nós dois.

-Me beija, Bieber.- ela disse, jogando as luvas ¾ perto de seus pés. Suas mãos eram pequenas, delicadas e macias. Segurei suas mãos e entrelacei nossos dedos, sentindo uma corrente elétrica percorrer todas as minhas células, com a plena certeza de que ela tinha sentido o mesmo.

-Eu... Só quero que saiba que te amo, Devonne. Te amo muito. E sempre vou te amar.- senti um pranto se formar na minha garganta e meus olhos marejarem.

-Eu te amo, Bieber.- ela disse. Eu sabia disso. Ela seria capaz de morrer por mim. Ela não hesitaria em parar de respirar caso meus pulmões precisassem de oxigênio. E eu faria o mesmo.

Aproximei meu rosto do de Demetria, sentindo nossas respirações descompassadas fluírem pelo ar pesado da gruta. O barulho das batidas dos nossos corações se faziam audíveis junto com o barulho do entrar e sair de ar dos pulmões e com o barulho da cachoeira. Encarei os olhos dela, sentindo tudo o que ela tinha de bom para me oferecer. De bom e de finito. Eu sentia a presença das sombras, cada vez mais densas e frias, nos rondando; algumas caudas das mesmas relavam em meu cabelo.

Selei os lábios de Demetria sob os meus.

Urgente.

Eu queria ter tempo de provar de seu gosto. De seu beijo. Sentir sua sintonia.

Mas querer não é poder.

Com a mesma rapidez que nossos lábios estavam grudados, eles se desgrudaram. Olhei pra Demi e vi seus olhos arderem em um clamor agonizante de socorro, emoldurados por uma chama vermelha.

Cinco segundos depois, tudo se resumia a cinzas. Cinzas que o ar ia consumindo antes de tocar o chão.