Redemption escrita por SakyChan


Capítulo 8
Capítulo 7




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Capítulo VII

O baile de Halloween. É uma desculpa para dar uma festa logo no início das aulas, se fantasiarem ridiculamente e paquerar todos os garotos sem que eles te reconheçam. Essa é uma definição básica. Nos últimos anos eu tinha ficado em casa todas as vezes, mas agora isso se tornou impossível.

Vestir a fantasia foi meio complicado, mas consegui. Minha avó fez um trabalho maravilhoso com o meu cabelo, deixando-o cheio de cachos então assim poderia por as flores brancas. A maquiagem ficou estupenda, consegui me amar instantaneamente com aquele rosto perfeito. Minha avó tentou me convencer a ir descalça, mas falei que não. Isso poria mais realismo, mas eu poderia mudar de idéia ao chegar lá. O vestido era daqueles modelos que usavam na antiga Grécia, então achei maravilhosamente fácil de vestir. Chris chegou em ponto, às 20:00h.

Foi divertido abrir a porta e ver que ele estava como Anakin Skywalker. Ele era muito nerd, até em bailes à fantasia. Se ele estivesse como C3-PO eu não teria ficado mais surpresa. Ele poderia ir a qualquer convenção de Star Wars. Até com o sabre de luz ele estava. Abracei-o. Ele me olhou de cima em baixo, um pouco espantado e depois admirado.

– Uau. – foi a única coisa que ele consegui dizer.

– Eu sei. Idéia da Sun e da Kay. Só que agora até preferiria ir de Pádme Amidala ou princesa Léia.

– Você está ótima! – ele disse rapidamente. Corei um pouco.

– Acho melhor irmos. Se você ficou tão surpreso assim adoraria ver a cara dos outros. Principalmente delas.

– Tudo bem.

Durante o caminho inteiro mal conversamos. Foi meio estranho, pois éramos bons amigos. Mas até que foi bom porque eu não sabia o que dizer.

Dava para ouvir o barulho à quase duas quadras de distância. Brincadeira, mas estava bem alto o som. O ginásio tinha sido todo decorado e dividido em alas. Havia a Ala do cemitério, na qual tinha lápides e mãos verdes falsas saindo do chão; a Ala da casa mal-assombrada, que representava uma sala de estar muito antiga e empoeirada com barulhos de pés e correntes (adorei o quadro que mudava a posição dos olhos); a Ala do castelo em que havia uma mesa cheia de fios e uma risada maligna, deveria representar a criação do Frankenstein; e por último (e a maior) a Ala dos Condenados, era para ser uma caverna com fogos de mentira, gritos de almas torturadas e pessoas fantasiadas (provavelmente os professores) de monstros tentando te pegar para alguma tortura. A última ala era a pior e que realmente assustava um pouco, em todas as alas havia mesas com comida e bebida, você ficava na que mais te agradasse.

Havia muito gelo seco e nas mesas da comida havia uns estranhos bolinhos em forma de caixões, bombons em forma de caveira, os brigadeiros viraram mini-aranhas e várias outras coisas ficaram em forma de monstros e bichos. Vi vários alunos fantasiados, alguns de fantasmas, outros de monstros, múmias, lobisomens, pude jurar que vi o Freddy Krueger e o Jason fingindo lutar. Havia outras fantasias de super-heróis, de estátua da liberdade, de Darth Vader, de gatos, até mesmo um Transformer. Estranho. Tinha várias opções diferentes, uau!

Depois de muita insistência consegui convencer Chris a ficar no cemitério por ser a mais bobinha, e era a porta de entrada para as outras alas. Achei engraçado foi alguns colegas passaram por mim e me reconhecerem. Eles ficavam boquiabertos. Sun chegou pouco tempo depois como a “Deusa da Luxúria, Cobiça, Inveja e Tortura”. Isso ela adicionou mais tarde. Ele tinha posto um aplique capilar e feito um coque alto e desfiado, com uma maquiagem pesada e jóias no pescoço e orelhas. Eu e Chris ficamos boquiabertos também.

Quando Kay apareceu a primeira coisa que falamos foi “você mudou a fantasia”! Ela tinha trocado a hula-hula (a escolha inicial dela) por a “doméstica japonesa”, como ela disse por ter vários laços, babados e outras coisas fofas, mas estavam agora todas rasgadas. Uma “doméstica japonesa” possuída, pois estava com cordas amarradas, toda descabelada e suja de sangue e uma cruz de cabeça para baixo no pescoço. Ela estava assustadora. Senti-me um cordeirinho num mar de lobos. É claro que as duas criticaram a fantasia de Chris, mas ele criticou a delas também. A briga quase ficou séria e tive que apartar. Depois Sun e Kay conseguiram me arrastar para as outras alas para vê-las, na verdade era uma desculpa para procurar Evan. Acabei perdendo-as e fui parar na última ala. Ela estava meio vazia e mais assustadora do que nunca. Sorte que os monstros-professores foram perseguir os outros alunos que estavam do outro lado. Aqueles gritos estavam me deixando maluca. Ia saindo quando alguém me segurou por de trás.

– Não acredito que você apareceu assim. Chega a ser irresistível. – senti Evan sussurra as palavras em meu ouvido. Podia sentir minha respiração acelerar audivelmente.

– Achei que iria gostar. Uma piadinha interna. – consegui me virar de frente para ele.

E tenho que admitir que ele era bonito. E ele estava muito bonito. Todo de negro, da cabeça aos pés. Parecia uma espécie de pirata com vestimentas da nobreza do século XVIII (nerd). Era até estranho toda aquela escuridão fazendo contraste com seus cabelos tão claros, quase loiros. Não sei por que percebi isso, estou ficando um pouco maluca, mas seus olhos escureceram.

– Um anjo?... De onde será que veio a inspiração? – ele perguntou sarcástico.

– É eu sei. Estou só curtindo com a sua cara. – joguei.

– Sério? – ele deu um sorriso forçado. Ele estava escondendo algo, conseguia perceber pela sua expressão. E seus olhos escureceram até ficarem quase negros.

– Fiz algo de errado, pois parece que consegui te deixar bem nervoso. – ele se aproximou mais ainda.

– É que você está muito inocente para uma festa de terror. Todos irão enlouquecer para levá-la ao lado negro. – que Evan era aquele? Ele estava terrivelmente sensual, sua voz estava levemente rouca e estávamos a centímetros de distância, para não dizer milímetros. Comecei a ficar ofegante e consegui fazer com que minha respiração saísse como um ronco.

Tossi e tentei controlar o meu constragiumento. Porque eu não saí correndo? Porque eu era uma idiota com problemas mentais, então será um bem para a humanidade se alguém aparecer e me der um tiro. Abaixei minha cabeça, mas ele segurou meu queixo e o levantou, me forçando a olhar seus olhos. Parecia que ele segurava um sorriso.

– Da força? – brinquei, mas ele não sorriu.

– Vai ser mais difícil protege-la quando está tão... Vulnerável. E irresistível. – ele sussurrou novamente em meu ouvido. O que estava acontecendo? Era para eu me controlar. Se brincar até ele estava ouvindo os batimentos do meu coração de tão alto que estavam.

– Como assim? – tentei lutar contra aquilo.

– Constrangida? Não me diga que nunca esteve tão próxima de um homem. Achei que já tinha tido um namorado. – sabia que ele estava debochando, mas em vez de falar mal dele me controlei.

– Óbvio que sim. Só... Nunca senti isso. – confessei.

– Então será uma honra ser o primeiro a lhe causar... Essas sensações. – ele sorriu maliciosamente.

– Oh, não. Obrigada, mas terei que rejeita-lo. – tentei me livrar dele, mas seu braço foi até minha cintura, me apertando contra ele. Parecia que eu tinha corrido milhas sem parar, nunca havia ficado tão sem fôlego. Meu coração batia a mil. Nunca havia me sentido assim com James. Sempre havia me controlado para não deixar que nada sério demais acontecesse, mas com Evan... Eu queria jogar essas preocupações no lixo.

– Zoey, abaixe suas defesas. Não estou ameaçando-a e prometo que vai ficar segura. – segura? Como ficaria segura ao lado dele? Ele não sabia o que estava acontecendo dentro de mim. Uma luta do lado racional contra o irracional e emocional.

– Promete? – pude sentir que ele sorria.

– Claro.

O lado irracional conseguiu dar um tiro no racional. Foi um belo “que se dane”. Amanhã eu provavelmente me arrependeria de tudo, mas agora não importava. A única coisa que eu sentia era a nossa proximidade, o calor do corpo dele. Joguei tudo para o ar e comecei a me guiar pelo o que estava sentindo.

Minhas mãos seguiram o caminho que elas queriam. Elas deslizaram até a nuca dele. Evan aproximou o rosto do meu, nossos lábios quase se tocando. Era algo intenso e desconhecido, parecia que ele emanava energia. E isso me deixava agitada, excitada. Não conseguia relaxar, era muita tensão. Tire o “n”e isso representará o que eu quis dizer. Acho que estou muito pervertida.

– Sabe o que está fazendo comigo? – ele perguntou.

– Talvez deva me mostrar. – provoquei. Mal reconheci minha voz, ou palavras. Ele sorriu. Ele sabia que tinha vencido.

Foi muito diferente do primeiro beijo que ele me deu. Ele não me pegou de surpresa, eu queria aquilo tanto quanto ele. A pele dele queimava contra a minha, podia sentir a energia dele, como faíscas. Isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, inevitável. Abri meus lábios e Evan aprofundou o beijo. Apertei-me contra ele. Queria sentir, aproveitar tudo. Parecia que o mundo tinha parado, até deixei de ouvir os gritos.

As mãos dele deslizavam pelas minhas costas levemente, a ponta dos dedos mal tocando. Mas foi o suficiente para me fazer querer mais. O mundo poderia acabar naquela instante que eu não me importaria. Até que fomos puxados para a realidade com alguém limpando a garganta. Evan interrompeu o beijo, estávamos ambos sem fôlego. Um dos monstros-professores falou algo sobre alunos não se agarrarem, mas mal ouvi. Estava abalada pelo o que tinha acontecido. Comecei a voltar ao normal. Depois ele voltou a aterrorizar os alunos.

Minhas defesas voltaram e compreendi o que tinha feito. Fiquei tão vermelha que agradeci à iluminação bruxuleante para disfarçar. Comecei a me afastar, me amaldiçoando internamente por ter cedido aos meus instintos. Mas Evan me puxou novamente.

– Não acredito que fiz isso. Eu o beijei! – eu estava abismada por ter feito isso.

– E tenho que dizer que foi ótimo. A propósito você está muito bela. – corei violentamente de novo.

– Evan, apareça na minha frente de novo que serei culpada por homicídio. “Zoey, abaixe suas defesas”! – imitei-o. Muito mal por sinal. Virei-me e teria saído da ala se não tivesse esbarrado em uma múmia.

– Olha que divertido. Uma múmia. – ele disse sarcástico.

– É como você vai ficar se aparecer na minha frente. Morra Evan. – saiu quase correndo. Segui até o cemitério novamente.

A ala mais vazia era a do cemitério, talvez por ser a menos assustadora. Dava para escutar os gritos de garotas e a risada dos meninos. Legal, todos estavam se divertindo enquanto eu me sentava em uma lápide e pensava. Eu tinha beijado Evan. Realmente tinha abaixado minhas defesas. Era isso que eu estivera reprimindo? Eu queria beijá-lo? Isso era horrível.

Algumas músicas começaram a encher o ginásio. No meio, no encontro de todas as alas, tinha um espaço onde os alunos estavam se reunindo para dançar. Enquanto eu continuava imersa em pensamentos. Eu nunca tinha sentido isso com James, nunca tinha... Me entregado assim. E pensar nisso não estava ajudando. Eu gostava dele? Muito? Porque ele e não outro garoto qualquer? Ia ser ótimo se Evan caísse por Lindsay e me deixasse em paz. Então lembrei de um detalhe que tinha esquecido. Evan havia dito que eu podia rejeitá-lo. Ele seria redirecionado a outra pessoa. Eu poderia fazer isso. Eu tinha que fazer isso.

Gostar de Evan só iria me magoar. Ele não era nem humano! Pelo jeito ele não envelhecia, só ficava por aí, eternamente. Eu tinha que me proteger, arranjar alguma coisa para impedir isso. E estava na cara que era impossível ficarmos juntos. E não tenho nem certeza se ele gosta de mim. Talvez esteja curtindo com a minha cara e agora está beijando Lindsay em um canto aí. Eu deveria ser masoquista por pensar nisso. Sim, só de pensar alguma coisa dentro de mim doía. Não poderia deixá-lo se aproximar. Eu tinha que rejeita-lo!

Falar é tão fácil. Passei quase vinte minutos tentando dizer as palavras, eu nem sabia quais e óbvio que teria que ser do coração, a verdade. Isso significava que eu não queria me afastar dele? Oh, não está nada legal.

– Zoey! – olhei para cima e vi James vestido como um vampiro. Ele levantou a máscara. – Tem certeza que não errou de festa? Era para assustar, não encantar. – ele deu um sorriso doce. Retribui.

– Acho que deveria ter posto asas negras e sangue, um anjo da vingança. – falei meio depressiva.

– Onde está Sun e Kay?

– Ah... Não sei. – sorri. Ele se sentou ao meu lado.

– Você está ok? – uau, ele me conhecia muito bem para saber que eu estava fingindo um sorriso. Talvez nem tenha sorrido, e sim feito uma careta.

– Não?... Nem me pergunte sobre isso.

– Acho que posso imaginar. Sobre... Ele? – concordei com a cabeça. – Bem, não posso fazer nada sobre isso, mas se precisar da alguma coisa é só pedir. – olhei para ele. É, ia ser ótimo ter ele como amigo, mesmo que nosso namoro tenha acabado de uma forma trágica. – Ok?

– Ok. – não resisti e abracei-o. Foi até nostálgico sentir o perfume dele. James sempre me inspirou calma e tranqüilidade, era bom ficar ao lado dele. Com Evan... Era algo mais diferente, até mesmo selvagem, como se ele quisesse que eu perdesse o controle. Ele era meu anjo da guarda, não era para ser ao contrário?

– Eu sei que... Como anda a sua vida? Só curiosidade.

– Uma bagunça. – falei sem pensar. – Uma confusão atrás da outra, agora mesmo estou super confusa e tentando entende-la. E você?

– A mesma coisa. Às vezes fica chato ter várias pessoas te bajulando o dia inteiro, mas tenho que aguentar. Por isso que algumas vezes é bom ficar ao lado de nerds. Ninguém te bajula e todos são prestativos. – não pude deixar de sorrir.

– Parabéns, conseguiu me fazer sorrir. – ele riu.

– Nossa, a situação estava tão séria assim?

– É. Muito peso nas minhas costas de uma vez só.

– Quer uma bebida? – ele perguntou.

– Quero. – ele ia saindo quando o chamei novamente. – James. Obrigada. – então ele saiu.

Suspirei. Que bela lembrança que eu ia ter, a única e última festa de halloween da escola que eu fui e fiquei sentada pensando em um garoto. Eu tinha que mudar isso. Meu lado feminista acordou e me levantei. Não ia dar essa honra a Evan. Não ia estragar ainda mais essa festa. Era meu último ano! Tá, não está nos meus planos beber e sair dançando feito uma maluca, mas queria fazer algo legal. Tive uma idéia, só que precisaria de Sun e Kay.

Sai procurando-as por todas as alas, esquecendo James e a bebida literalmente. Estava tocando Black Eyed Peas e todos estavam dançando na pista, uma bagunça de corpos no meio daquelas luzes coloridas que piscavam loucamente. Tive um vislumbre do vestido de Sun no meio deles. Entrei no meio da multidão e encontrei as duas pulando e dançando. Não sei como Sun fazia aquilo com um vestido tão justo, mas consegui puxa-las para fora.

– Oi! E aí? Encontrou o Evan? – Kay viu minha cara. – Opa.

– Não me pergunte. Quero esquecer que ele existe. Eu só estou pensando em fazer algo, uma espécie de comemoração do nosso último ano juntas na escola. – os olhos delas brilharam.

– O que? Concurso de quem bebe mais? Quem dança mais? Queda de braço? – revirei os olhos.

– Que tal dançar na frente de todos, no meio da pista? – Kay deu um gritinho.

– Uau, finalmente teve coragem? Lembra da última formatura? Você ficou tão nervosa que vomitou. E não deu para dançarmos. – Sun disse.

– Eu já tive coragem o suficiente para falar, só que agora preciso de uma bebida.

– Quer ecstasy para se soltar mais? – ela perguntou. Olhei chocada para ela.

– Como assim? Sun, eu não vou me drogar. Não, não.

– Acho que me arrisco. – Kay falou toda animada.

– Prefiro me manter lúcida e não fazer nada que irá me deixar arrependida. Já fiz uma besteira essa noite. Arrependimentos para o resto do ano. – recusei.

Já havia recusado várias ofertas nos últimos anos. Morria de medo de experimentar. Eu sei dos meus limites e sempre tive medo de gostar e querer mais. Às vezes Sun parecia estar viciada, mas depois não. Era um pouco estranho. Recusei até cigarro, odiava aquele cheiro, quem bebia também. Só que agora eu realmente precisava. De uma bebida, óbvio.

– Só preciso de um copo. E mais coragem. – ela deu de ombros.

– Vamos.

Andamos até a mesa e enchemos nossos copos de ponche. Sun pegou um saquinho e retirou dois comprimidos. Tomei o copo rapidamente. Novamente achei que os alunos enchiam aquilo de álcool. Era forte demais, desceu queimando minha garganta. Em menos de um minuto senti minha cabeça um pouco mais leve. Eu estava ótima. Talvez eu tenha pouca tolerância a álcool, mas agora isso nem importava. Olhei para as duas, que já haviam engolido o comprimido.

– Melhor mesmo vai ser mais tarde.

– Yeah! – as duas bateram as mãos.

– Vamos antes que eu me torne covarde novamente.

Estávamos todas felizes quando Sun pediu ao DJ, que estava fantasiado de zumbi, para ele trocar de música. Ela escolheu algo bem fácil, Bad Romance. Fomos super nervosas até a pista.

Quando a música começou, assim como nossa dança, foi muito divertido. Não tínhamos treinado, mas sabíamos aqueles passos de cor, eu tinha quase obrigado-as de tanto escutar a música. Todos começaram a se afastar e nos observar. Normalmente eu sou bem tímida, mas quando crio coragem para dançar na frente de todos me solto. Principalmente quando me estimulam com gritos. Sun me obrigou a ficar no meio então me tornei uma “Lady Gaga”. Alguns se juntaram e começamos a dançar mais animados do que nunca. Sun havia tirado antes a saia do vestido, ficando com só de mini, o que facilitou muito mais.

Foi o meu momento de glória. Os alunos começaram a vir de outras alas só para ver a coreografia improvisada. Era ótimo chamar atenção por uma coisa boa, não por pagar mico. Quando a música terminou todos aplaudiram e pediram bis. Sun correu até o DJ novamente e começou Poker Face. Dessa vez ela ficou no meio. Mais gente entrou no meio e formamos um grupo enorme, todos cantando e dançando. Kay insistia em dizer que eu dançava bem, mas Sun arrasava.

Pensei ter visto Evan no meio da multidão, mas dei de ombros. Não iria perder meu tempo pensando nele. Era o meu momento. E eu iria aproveitar o máximo possível.

Até os professores observaram a dança. Se pudesse teria dançado a noite inteira. Quando terminou, nós três saímos todas contentes para tomar fôlego e beber algo. Vários alunos nos elogiaram. Puseram outra música e outro grupo começou a dançar. Mais gritos e aplausos.

– Ah, foi maravilhoso! Nunca me senti tão feliz! – Kay gritou. Estávamos rindo audivelmente.

– Temos que repetir! Agora tem que ser um tributo a Michael Jackson! – Sun falou.

– Thriller ou Beat it? – perguntei por serem as únicas que eu sabia.

– As duas! – Kay pulou. Bebi mais um pouco do ponche. Estava engolindo de pouquinho em pouquinho, tentando me acostumar um pouco.

Conversamos um pouco mais, rimos muito mais, criticamos várias fantasias, resumindo: as duas ficaram doidonas enquanto eu quase fiquei bêbada. Quase porque ainda andava normalmente, cambaleava de vez em quando e só um pouquinho, e ainda não falava porcarias. Só estava bem feliz e extrovertida. Comecei a conversar com um garoto do primeiro ano e teria conversado a noite inteira se elas não me puxassem para a pista. Kay criticou-me e disse que eu seria daquelas velhas que gostam de brotinhos. Sun riu tanto que chorou. Elas estavam bem mais animadas do que eu, óbvio que a causa era droga.

Algumas pessoas nos olhavam e deveriam se perguntar qual era o nosso problema. Rindo à toa, bebendo e pulando. Expus esse pensamento em voz alta e foi outra rodada de risadas. Não lembro de ter visto Evan. Mas quando Chris nos encontrou foi um desastre. Sun e Kay estavam com seus pares, dançando na pista enquanto eu mexia na salada. Odiava aqueles milhinhos. Destrocei todos e fiz uma papa. Quando percebi o que estava fazendo comecei a rir novamente.

– Finalmente encontrei você. – me virei e dei de cara com Chris. Sorri.

– Eu te amo! – abracei-o. Ele ficou me olhando.

– Elas não te drogaram, diga que não.

– Só bebi um pouco. Mas estou de boa. – dei de ombros e fiquei séria. Não era um esforço, ainda conservava minha lucidez.

– Bom. Zoey eu queria te dizer algo. A sós. Isso se você estiver sóbria.

– Pode ser no banheiro feminino? – ele me olhou com descrença. – Brincadeira. Estou sóbria, só bebi uns dois copos, no máximo três. Vamos à ala do cemitério, é a mais vazia. A não ser que você queira ir para o banheiro mesmo. – ele simplesmente me empurrou enquanto eu ria.

No meio do caminho percebi alguns caras que nunca havia visto na escola. Mesmo com algumas máscaras de liquidação percebi que não os conhecia. Eles estavam com mochilas e sorriso sacanas. Deixei para lá.

Sentei-me em uma das lápides. Era incrível o quanto a ala estava vazia. Olhei para ele. Sua fantasia estava meio desarrumada, talvez por ter se esbarrado em tanta gente.

– Zoey. Sinceramente não sei como começar isso.

– Ora, pelo começo. – sorri e então percebi o quanto ele estava sério. – Desculpa.

– Você obviamente já deve ter percebido. Quem nunca deve ter percebido?! – ele parou.

– O que? – ele me olhou desapontado, como se esperasse que eu soubesse do que ele estava falando.

– Eu gosto de você. Muito. – fiquei sem reação. Não sabia o que dizer. Talvez meu queixo tenha caído, pela cara dele. – Eu... Eu fiquei morto de ciúmes quando Evan chegou e começou a andar com você, a ficar próximo de você. Mal consegui me controlar, achei que você tinha percebido algo... Tivesse suspeitado. Eu tinha que contar. Eu o odeio por ter feito algo que não consegui, por ter salvado você. E também por passar tanto tempo ao seu lado.

Chris gostava de mim. Eu nunca tinha imaginado isso. Como... Eu nunca tinha percebido, isso era o pior. Olhando para trás, finalmente vendo tantas provas, eu fui tão cega. Mas na verdade isso não era o pior. Eu não sentia o mesmo. E não sabia como dizer isso a ele.

– Chris, eu... Não posso... Corresponder. – nunca lutei tanto com as palavras. Sabia que o magoava profundamente então fechei os olhos. – Não sinto o mesmo. Sinto muito. Sinto muito mesmo. – então fiz algo imperdoável. – Eu gosto de outra pessoa. Eu... Desculpe-me. Eu só... Não sei o que fazer.

Eu não queria olhar para o seu rosto então sai correndo sem olhar para trás. Senti que ameaçava chorar. E não podia. Ele nunca me perdoaria. Mas também não poderia ficar com uma pessoa de quem eu não gosto.

Não que não gostasse dele, pelo contrário. Mas só via-o como amigo, nada mais. E quando tentava imaginar... Simplesmente não se encaixava, era estranho, havia algo de errado. Não consegui mais segurar e me tranquei no banheiro. Chorei como Madalena. Sabia que ele estava ferido e isso doía muito. Ele provavelmente estava sofrendo mais do que eu. E eu era causa. Iria aceitar se ele se afastasse de mim. Eu tinha ferido ele profundamente, não tinha mais volta.


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