But You Broke Me! escrita por mariana_cintra


Capítulo 2
O Diário da Loira


Notas iniciais do capítulo

Tá ai mais um... Vejam se mereço reviews xD



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SAKURA’S POV

            O moreno sumiu da sala depois da nossa discussão, permanecendo longe até a hora do intervalo. Ainda bem, pois eu não conseguiria me concentrar nem um pouco com ele por perto. Acabaria sucumbindo ao meu forte pensamento de esfaqueá-lo. Vou começar a trazer uma faca na mochila, por precaução. É. Boa ideia.

            O sinal do intervalo bate. Pego meu material e saio da sala. Caminho até o corredor dos armários, no andar de baixo. Paro diante do meu. Qual é mesmo o código? Dúvida que me assola todos os dias. Coisa mais chata!

            - É 0969, Sakura. – Tenten chega ao meu lado e me faz lembrar da senha. É, esqueci de falar. Ela é minha melhor amiga. Uma maluca, eu sei, mas gosto dela mesmo assim.

            - Obrigada. – abro o armário e guardo a mochila, não sem antes tirar o caderno vermelho de dentro dela e segurá-lo comigo.

            - E então, vamos comer? – Tenten pergunta.

            - Hmm... Acho que hoje não. Não estou com muita fome.

            - Você passou as três primeiras aulas em silêncio. Está estranha. Isso tem algo a ver com a briga com o Uchiha?

            - Quem é Uchiha?

            - Como assim “quem é Uchiha?”? Ele é o garoto mais desejado da escola. Todas as meninas o adoram. – Tenten me olha com uma cara de “você é um pato?”.

            - Bom, você não adora ele, e eu também não. Logo, esse posto não é dele.

            - Você entendeu, Sakura.

            - De todo jeito, isso não tem nada a ver com ele. Eu só estava pensando em algumas coisas e também tentei prestar atenção às aulas. Preciso melhorar minhas notas.

            - De fato, precisa.

            - Não precisa jogar na cara! – reclamo.

            - Foi você mesma quem falou!

            - Mas só eu tenho esse direito! – fiz uma cara de “vou xingar muito no Twitter hoje”.

            - Sakura, sem chilique. E aí, não vai comer mesmo? Fala logo, eu ainda preciso ver o Neji! – ah é, ela é apaixonada por um menino aí, um de cabelos longos e olhos claros. Paixão. Coisa mais tonta. Deve ser por isso que nunca beijei ninguém.

            - Não vou. Preciso resolver umas coisas. – dou de ombros.

            - Com esse caderno na mão? Isso mais parece uma bíblia! Vai rezar missa lá no pátio? – ela aponta com o indicador e eu mostro pra ela o dedo que a mamãe manda esconder.

            - Não vou rezar missa nenhuma! – vou fazer um culto, sua boboca. Tá, parei. – Os assuntos pendentes envolvem esse caderno.

            - Tudo bem. Depois não reclama de fome! – ela vira as costas e sai andando.

            - Ah senta lá Claúdia! Vai logo atrás do Neji!

            Dou de ombros e sigo em direção ao meu canto, o lugar mais isolado e escondido de toda a escola. Como alguém poderia não ir àquele lugar? É tão perfeito! Tem até uma cerejeira pra sentar embaixo. Povo mais tonto! Pelo menos eu terei um lugar sossegado pra ler o caderno e ver se descubro algo que me leve até a loira misteriosa pra devolver o que não me pertence.

SASUKE’S POV

            Abro os olhos. Por um instante, acredito que cochilei. Olho em volta e ouço um burburinho ao longe. Deve ser hora do intervalo. Vou continuar onde estou. É um lugar bom demais pra matar aula.

            Ouço passos vindo da direção contrária, mas a preguiça não me deixa virar a cabeça pra ver quem chega. Como logo os passos param, acredito ser minha imaginação e volto a fechar os olhos.

SAKURA’S POV

            Chego ao meu lugar e me sento encostada à arvore. Acho estranho o fato de haver uma sombra estranha do outro lado da mesma, mas nem ligo, afinal, sei que ninguém freqüenta aquele canto do colégio.

            Abro o caderno da loira. Ao contrário do que eu esperava, não havia nenhuma informação na capa ou na primeira folha que pudesse me dizer o nome dela ou onde encontrá-la. Suspiro. Será que devo ler o caderno para tentar descobrir alguma coisa?

            Olho no alto da primeira folha. Algo me chama atenção. É uma data, de mais ou menos dez meses atrás. Logo abaixo, um relato.

“Hoje ele me beijou. Nós estávamos na festa da Temari quando ele me agarrou e me tascou o maior beijão! O beijo dele é tão envolvente! Ah, tenho que afastar esses pensamentos de mim. Sou apaixonada por ele, mas sei como ele é. Ele quer apenas brincar. Assim que me levar pra cama vai me abandonar, eu bem sei.”

            Então é um diário! Entendi! Ela carregava um diário consigo quando deixou o portão do colégio chorando. Será que ela chorava por conta desse cara que descreveu no diário?

            Continuo lendo.

“Ele é perfeito. Alto, musculoso e sexy. Tem um rosto maravilhoso, sensual, cabelos rebeldes e negros e um sorriso de canto altamente sedutor. Como alguém pode ser tão lindo?

Tenho que parar de pensar nele. Ele só me procura quando quer ficar comigo, mas quando vou atrás dele, não dá a mínima pra mim.”

            Cafajeste! Isso não se faz com garota nenhuma! Ah se eu visse esse garoto eu bateria nele. Agora tomei pra mim a causa da garota loira. Se ela já passou por tudo isso, espero que não estivesse chorando por esse cara quando a vi, principalmente por ter se passado tanto tempo.

            Viro algumas páginas.

“Ele conseguiu! Tirou minha virgindade. Não acredito que deixei. Eu o amo e me entreguei pra ele, mas quando me aconcheguei em seus braços para dormir, ele me deixou, dizendo que não passaria o resto da noite comigo. Como um homem pode pisar tanto em uma mulher? Como pode achar que não tenho sentimentos? Tudo que consigo enxergar agora são borrões sem foco por conta de minhas lágrimas. E as lágrimas são as palavras mais sinceras da minha alma, palavras que não consigo expressar.”

            Se eu encontrasse esse garoto, juro, bateria nele. A loira era apaixonada por ele, o amava do fundo do coração. Mas ele aparentemente insistia em pisar nela. Isso não se faz.

            Viro cerca de vinte páginas.

“Esse é o dia mais feliz da minha vida! Eu andava chateada, tentando esquecer aquele que insistia em pisar em mim. Mas não conseguia. As forças me faltavam e os sonhos sobre ele me atormentavam todas as noites. Mas hoje tudo mudou. Chamei um amigo pra sair, um daquele tipo boa-pinta, que toda garota adoraria ter. Claro, eu não o amo, mas sair com ele não seria nada mal. Mas então, quando me arrumava pra sair, a campainha tocou e fui atender. E quem é que estava lá? Ele! Eu me esforçando para esquecê-lo, até saindo com outro cara, e o S. vindo até mim! Eu mereço! Isso é tortura.

Quando lhe perguntei o que queria, ele me respondeu calmamente “você”. Me segurei para não pular e gritar de alegria. Ele então me disse que eu não podia sair com outro cara porque eu era dele. Achei muita cara-de-pau ele me dizer isso, mas então ele disse que eu seria sua garota. Quando perguntei o porquê de tudo isso, ele disse “porque eu gosto de passar o tempo com você”. Isso é o máximo que eu poderia ter dele, tenho certeza. Então me contentei com isso e o beijei. Quando nossos lábios se separaram, sufocada por aquele sentimento, não mais me segurei e disse ‘eu te amo’. E não porque achei necessário dizer. Apenas porque realmente o amava. Mas ele... Ele não me respondeu. Mas isso também já seria exigir demais!”

            Me comovi com a história do casal, pensei que ele fosse um ordinário, mas no fim fico feliz ao saber que a loira e ele haviam se acertado. Mas pelo visto isso é só o começo do diário, e ainda falta muito para eu ler. Estou curiosa, mas o sinal do início da próxima aula já vai bater, e como minhas notas andam ruins, não posso me dar ao luxo de não comparecer à sala, ao menos para copiar a matéria e tentar entender alguma coisa.

            Levanto e saio andando, percebendo que ainda havia uma sombra estranha do outro lado da árvore. Porém, ainda estou atrasada. Quem se importa com as sombras, afinal? Atrasada. Corro. Chego na hora.

SASUKE’S POV

            Sensação mais esquisita. Durante todo o intervalo senti ruídos estranhos no lugar onde eu estava. Ah, mas a preguiça ainda me mata! Nem pra virar o pescoço e ver o que era, deixei estar.

            Sigo caminhando de volta para a sala da próxima aula. Passo pelo corredor dos armários e vejo a garota de cabelos rosados numa cena um tanto quanto... estranha. Está parada diante do próprio armário dando socos no mesmo. Com uma cara de brava, xinga. Não me surpreendo ao ver a porta abrindo e a rosada sendo soterrada por sua mochila e uma pilha de livros. Eu rio. Como uma garota tão linda pode ser tão atrapalhada e estranha? Vai entender essas coisas!

Subo as escadas e vou em direção à sala. Ao entrar, vejo que está praticamente vazia. Logo depois que jogo o material sobre a mesa, ela chega. Ela. Encara-me séria e percebo que ninguém mais adentrava o lugar. Ótimo, agora estou sozinho e minha cabeça está povoada por pensamentos sobre como ela é bonita. Dane-se, pois eu ainda a acho chata.

            - Vai me dizer que esse é o seu lugar? – arqueei uma sobranchelha. Gosto de provocá-la.

            - Pode ficar com ele. Agora eu posso escolher! – ela abre os braços para a sala totalmente vazia.

            Apenas desvio meu olhar, mas logo não consigo me conter ao olhá-la de novo, pois ouvia sua voz entoando uma melodia que eu conhecia muito bem.

“I'd chime in with a "Haven't you people ever heard

of closing a god damn door?"

No, it's much better to face these kind of things with

a sense of poise and rationality.”

            Achei engraçada a maneira como ela cantava, pois rodopiava no meio da sala. Quando viu que eu a encarava, tornou sua expressão séria, tirou os fones e se sentou numa mesa próxima. Calmaria. Logo os outros alunos entravam. Barulho outra vez.

SAKURA’S POV

            Esse tal de Uchiha é mesmo muito estranho. Imagine só, ficou me encarando enquanto eu cantava. Logo eu, toda linda e pimpona – em algum planeta, devo ser mesmo.

            A próxima aula começa. Tento prestar atenção, mas tudo que consigo fazer é pensar em como fui grosseira com o moreno. Tudo bem, ele se acha o gostosão. E sim, ele é mesmo o gostosão. Mas ninguém tem o direito de ser algo e achar que é. As pessoas devem conhecer a modéstia, assim como eu, que sou linda e fabulosa e não me acho – a humildade mora comigo.

            Olho para ele. Devo admitir que é lindo. Numa olhadela de relance, ele me pega enquanto o observo. Nunca fui o tipo de garota que desvia o olhar, e não é agora que desviarei. Eu o encaro e ele me olha sério. Mordo meus lábios, pensando se foi uma boa ideia ficar encarando alguém tão rude. Em um instante, porém, ele desfaz a carranca e exibe um sorriso de canto – e que sorriso! Sua maneira de sorrir é tão sedutora, tão galante, tão... Tudo! Deve ser por isso que ele é desejado.

            Imagino a razão de ele ter sorrido pra mim. Em um momento nós dois discutimos e eu sinto como se fosse esfaqueá-lo. No outro nós sorrimos um para o outro. Bipolares, nós dois? Imagine, que ofensa!

SASUKE’S POV

            A maneira como ela morde os lábios é sedutora demais. E seu olhar é penetrante, quase como se quisesse ir fundo na minha alma. Alma que eu nem sei se tenho. Não posso evitar de sorrir. Apesar de ser atrevida e irritante, ela é linda e tem um olhar sincero. Um olhar que nunca vi em ninguém. Nem mesmo em Ino, que foi a única garota que já obteve algo um pouco melhor de mim, algo além de uns simples amasso ou uma transa ocasional.

            A rosada me parece diferente. Mas eu não sei se é pra melhor.

SAKURA’S POV

            Ah, finalmente o sinal da última aula!

            - Estou livre! – todos me olham com uma cara de “senta lá Cláudia” e eu recebo um olhar de reprovação da professora Kurenai. No fim, ela sorri, entendendo que a escola pra mim é um martírio, mas ainda carregando uma expressão de ‘calma José”. – Que foi gente? Vai dizer que vocês amam estar aqui?

            Arrumo meu material e jogo pra dentro da mochila, segurando nas mãos os livros que ainda preciso guardar no armário. Enquanto a aula entediante de física tinha passado, uma ideia me ocorrera. Eu pedirei desculpas ao moreno. É. Acho que fui rude demais. Mas sabe como é, TPM é osso.

SASUKE’S POV

            Saio andando do prédio das salas de aula e paro encarando a parte frontal da escola. Uma chuva pesada cai, assolando as formas do colégio e aqueles que tentam sair dele. Sinto algo puxar minha camiseta.

            - Hei, você! – Viro-me e encontro a rosada me fitando com um olhar angelical, mas ao mesmo tempo envergonhado. – Bom, eu queria... é...

            - Queria...? – uma vontade enorme de ouvi-la falar me açoita. Só espero que não brigue comigo outra vez!

            - Eu queria... hum... Pedir desculpas. Acho que fui um pouco rude demais com você, apesar de você ser um ignorante estúpido. Mas sabe, né, TPM deixa a gente assim. Você entenderia se fosse mulher, mas me desculpe. – ela olhou para o chão. Cadê a menina atrevida que vi no início da manhã? Agora ela parece tão envergonhada.

            - Tá.

            Tá. Essa foi a melhor coisa que consegui dizer. Eu devia ser um pão de queijo, ao invés de ser lindo e gostoso em forma de gente. Como sou estúpido.

            - Qual seu nome? – perguntei, por fim.

            - Sakura.

            - A flor de cerejeira. Por isso que seu cabelo é rosa? – ela fez uma cara de “oi, sou um pato, prazer”. E eu entendi total porque ela fez isso, afinal minha pergunta foi ‘um tanto quanto’ completamente idiota.

            - Não faço a mínima ideia. – ela pareceu perder a timidez. – Bom, você já me desculpou, né?

            - Já.

            Então tá. Tchau. – ela sorriu e passou por mim, indo em direção a chuva. Depois correu, tomando seu caminho.

SAKURA’S POV

            Foi ridículo pedir desculpas pra ele, mas realmente admito que fui grosseira demais. Foi necessário me desculpar.

            Agora corro em meio a chuva, atravessando a parte frontal do colégio. Ótimo, agora terei que ir até em casa no meio da chuva. E como a sorte é minha melhor amiga – vem até antes da Tenten -, eu não posso deixar de escorregar e levar um tombo legal quando chega à escada que leva à entrada do colégio. Escorrego no primeiro degrau e rolo até o último, sendo que cerca de quinze degraus separam estes. Bato a cabeça na beirada do último, ralo o cotovelo e ainda sinto o maior impacto nas costas. Dói tanto que fico desnorteada, mas logo recupero meus pensamentos. Ainda bem que a maior parte do povo está lá atrás. Que mico! Tento levantar, mas meu corpo reclama e minha cabeça roda. Passo a mão por minha nuca e sinto um líquido espesso. Olho para meus dedos e vejo sangue escorrendo entre eles. Maravilha. E quanto sangue!

            Forço minhas pernas a sustentar meu corpo, mas a dor em minha coluna me impede e minha cabeça roda. Acabo caindo outra vez. No entanto, antes de colidir com o chão, sinto braços fortes me aparando. Continuo consciente, mas a dor lancinante em minha cabeça me deixa atordoada. Sinto meu corpo sendo levantado e a pessoa que me ajudou me carrega no colo. Ele dá alguns passos e eu apoio a cabeça em seu peito. Abro os olhos e adivinhe só quem é? O moreno. Isso mesmo! Num único dia levo três tombos, xingo o moreno, desejo esfaqueá-lo e no final ele acaba me ajudando quando estou ferida. O mundo dá voltas e no fim quem acaba zonza sou eu.

SASUKE’S POV

            Ela é leve, então não sinto dificuldade para levá-la até meu carro. Pressionando o botão do alarme, destravo a porta e a coloco no banco de trás, entrando, sentando ao seu lado e fechando a porta atrás de mim. Ela fica numa posição que não é nem sentada e nem deitada, apoia a cabeça no vidro do carro e fecha os olhos. O sangue escorre em sua nuca. O tombo dela foi feio e o machucado em sua cabeça é sério. Ela deve estar sentindo muita dor, mas essa é a primeira vez que fico incomodado ao ver alguém nesse estado.

            - Você está bem? – pergunto.

            - A resposta seria muito óbvia. Próxima pergunta. – ela se esforça para falar, ainda de olhos fechados.

            - Tudo bem. Aonde dói?

            - Minha cabeça está doendo e pende para baixo, não consigo levantá-la ou ficar de olhos abertos. O machucado em minha nuca espalha por mim uma dor enorme e meu corpo inteiro reclama. Me ajuda? – no começo da manhã me xinga de tudo. Agora me pede ajuda. Eu não ajudaria, mas ela me força a ser diferente. Porque ela é diferente.

            - Acho melhor te levar pra casa. Você não vai conseguir explicar onde mora em tal estado, vai?

            - Não.

            - Então vamos pra minha casa.

SAKURA’S POV

            Não sei por quanto tempo ele dirigiu. Quando finalmente parou o carro, ele desceu e abriu uma das portas de trás, entrou e tomou meu corpo em seus braços, me tirando dali. Abri os olhos e me dei conta de que estávamos em uma grande garagem, com vários carros. Ele devia ser rico. Muito rico.

            Entramos na casa – lê-se: mansão – e ele subiu as escadas que levavam ao segundo andar – aonde mais poderiam levar?

            Neste momento estou deitada na cama dele, sujando seus lençóis com meu sangue, enquanto ele foi buscar alguma coisa. Ele volta com algumas toalhas e uma caixa branca. Me estende a toalha e eu me seco como posso. Então ele tira algumas coisas da caixa e cuida dos meus machucados e hematomas. Por fim, lava o corte em minha cabeça e faz o que pode para me curar. Quando termina, me encara. Eu, num estado deplorável, toda roxa e ralada, tremo de frio enquanto adapto meus olhos à uma nova visão do mundo – uma que não faça parecer que tudo está girando.

            Ele se levanta e pega um moletom no guarda-roupa. Estende para mim com uma cara de quem questiona a si mesmo.

            - Que cara é essa?

            - Estou confuso.

            - Eu é que devia estar confusa – aponto para minha cabeça.

            - É sobre isso que estou falando.

            - Sobre o quê?

            - De manhã eu senti uma imensa vontade de te bater. Se tivesse te visto cair da escada quando você me xingou, teria dado risada e dito “bem feito”. Mas depois que você se desculpou, percebi que você não era uma garota rude e irritante. E então, quando te vi cair da escada, quis te ajudar.

            - Agradeço sua ajuda, mas não quero que fique mudando sua opinião sobre mim.

            - E por que não?

            Juntando minhas forças, me levanto, percebendo que já posso me mover melhor, ainda que meu corpo doa.

            - Porque você não é nada pra mim, eu não sou nada pra você e isso nunca mudará. – empurro sua mão que me estendia o moletom e passo por ele – Como eu saio daqui? – eu pergunto, de costas para ele.

            - Você não está em condições de andar – sua voz parece confusa – E porque está agindo assim?

            - Escuta aqui. – me viro. – Você me ajudou em uma situação em que eu nem conseguiria andar. Te agradeço por isso. Mas é só. Você não tem mais que tomar conta de mim. Já posso andar sozinha e consigo voltar pra casa. Só preciso saber como sair do seu palácio e ter uma noção mínima de que bairro é esse, pra que eu possa me orientar. A chuva já passou e vai ficar tudo bem

            - Eu te acompanharia até a porta, se não soubesse que você não tem condições de andar.

            - Quem disse que não? E outra, vou pegar um ônibus.

            - Nesse estado? Deixe de ser orgulhosa! Eu te levo até sua casa se quiser.

            - Não quero. Me ajude a sair daqui.

            - Teimosa! Você não vai sair assim. Não quero ser processado por omissão de socorro.

            - Eu não deixaria que você fosse processado. Posso me virar sozinha. Sempre me virei.

            - Pare de ser tão cabeça dura!

            - Então me deixe sair daqui! – abro a porta de seu quarto e encaro o corredor comprido. Escolho um lado e sigo por ele, dando sorte e encontrando as escadas. Desço com cuidado, segurando no corrimão e torcendo para que a sorte não fosse cruel demais e me derrubasse pela quarta vez. Logo atrás de mim vem ele, com a carranca fechada.

            Chego à porta de saída e o encaro.

            - Obrigada por me ajudar. Mas eu me viro muito bem a partir daqui. Só preciso da minha mochila de volta.

            Ele anda até o sofá da sala e pega minha mochila. Quando volta, devolve-a em minhas mãos.

            - Mais uma vez, obrigada.

            - Vá com cuidado.

            - Sempre – fiz joinha pra ele e ele me fez uma cara de “se tivesse cuidado não estaria assim”.

            - Tem um ponto de ônibus na esquina. Você se localizará a partir de lá.

            - Tá.

SASUKE’S POV

            Tá. Essa foi a melhor coisa que ela conseguiu dizer? Ódio mortal. Ajudo uma desmiolada pra que depois ela despreze todo o trabalho que tive e vá embora sem cuidado algum. Sim, eu mereço.


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