O dia transcorreu de forma tranqüila tanto para Yasmin como para o grupo de William. Obviamente houve incidentes ocasionais de encontro com criaturas selvagens, mas tanto os soldados da capitã como os três misteriosos foras-da-lei sabiam cuidar de si mesmos. Porém, com o cair da noite, surgiram algumas preocupações entre estes últimos.
-William: Não conseguiremos avançar muito mais hoje.
-Fernand: Eu não sei quanto a vocês, mas eu realmente estou cansado de dormir de forma desconfortável. Será que não há alguma vila aqui perto onde possamos descansar?
-Samantha: Há uma sim. Devemos levar no máximo trinta minutos mantendo um ritmo apressado, mas se o fizermos demoraremos mais para chegar ao próximo pilar.
-William: Não há problema. Não temos tanta pressa.
-Samantha: Tudo bem. Então me sigam.

Como Samantha havia dito, dentro de trinta minutos os três viajantes chegaram a uma pequena vila. Após pedir algumas informações, descobriram onde se encontrava a estalagem. Finalmente, ao chegar lá, dirigiram-se ao idoso dono do estabelecimento.
-William: Boa noite. Nós três desejamos passar a noite aqui.
-Estalajadeiro: Boa noite. Tenho quartos disponíveis, mas nenhum deles possui três camas.
-Samantha: Já vou avisando que não durmo no mesmo quarto que o Fernand.
-Fernand: Mas que atrevimento! Como se eu fosse-!
-William: Já chega, vocês dois.
-Fernand: Que seja, então fiquem vocês no mesmo quarto. No mínimo você deve estar louca por uma chance de ficar a sós com o William!
Samantha provavelmente teria atacado Fernand com muita violência naquele exato momento se não fosse pelo olhar reprovador e levemente ameaçador de William. A contragosto, ambos se acalmaram e este último voltou a se dirigir ao dono do local.
-William: Acredito que já está tudo resolvido.
Após pagar o estalajadeiro e receber a indicação de onde estava seu quarto, William fez menção de subir ao andar superior, sendo seguido por Samantha. Fernand, por sua vez, parecia interessado no térreo, o qual era uma espécie de taverna.
-Fernand: William, pode me dar algumas moedas? Eu quero ficar aqui um pouco mais.
-Samantha: Seu inconseqüente! Se acha que vou deixar que gaste o dinheiro das minhas irmãs em-!
-William: Acalme-se, Samantha. Nós pretendemos devolver o dinheiro, lembra?
O silêncio da garota indicava que ela de fato lembrava deste detalhe. Sem dizer mais nada, William entregou algumas moedas para seu colega e continuou a subir as escadas.

A uma distância considerável daquela estalagem, Yasmin e seus soldados haviam montado um acampamento numa campina. Sentindo-se um tanto solitária, a capitã se afastou um pouco para caminhar enquanto observava o céu estrelado.
-Yasmin: Provavelmente amanhã chegaremos ao pilar, mas não consigo controlar o nervosismo.
Por estar sozinha e distante do acampamento, ela não se incomodava em falar sozinha.
-Yasmin: Acho que seria melhor se eu não fosse uma Pyrath. Por causa desse sobrenome eu sempre me sinto pressionada e não consigo me concentrar direito nas minhas responsabilidades.
Após um suspiro, Yasmin balançou a cabeça, tentando colocar seus pensamentos no lugar, e começou a retornar para junto dos soldados.
-Yasmin: Gostaria que as pessoas me tratassem como uma capitã normal, não como uma capitã Pyrath...

Algumas horas depois, na estalagem, Fernand estava sentado ao redor de uma mesa com outros três homens. Sobre aquela havia cartas e bebidas.
-Fernand: Opa! Que sorte! Parece que eu ganhei de novo, Yeno.
Yeno tratava-se de um homem de cerca de trinta anos, musculoso e visivelmente mau caráter, o qual estivera jogando contra Fernand.
-Yeno: Eu não acredito! Você só pode estar trapaceando, seu maldito!
-Fernand: Que trapaça que nada, você que é um otário.
-Yeno: Já chega! Eu aturei demais as suas piadas! Vou acabar com você.
Yeno e os outros dois homens ao seu lado se levantaram bruscamente. Fernand, por sua vez, o fez com calma.
-Fernand: Já que vamos partir para esse lado, é melhor fazermos isso fora da estalagem. Seria muita falta de educação destruir esse lugar, não concordam?
-Yeno: Está tentando fugir?
-Fernand: Eu pareço com cara de quem quer fugir?

Do lado de fora da estalagem, Yeno e seus capangas sacaram espadas. Fernand, apesar de ter um machado de duas lâminas preso nas costas de sua armadura, manteve-se desarmado.
-Yeno: O que pensa que está fazendo, idiota?
-Fernand: Pode vir, eu não tenho medo de você.
-Yeno: Vai se arrepender!
Yeno e os outros dois avançaram. Fernand, mantendo-se calmo, fez um movimento com a mão para o alto, como se estivesse dando um tapa no ar. Imediatamente, uma coluna diagonal de rochas e terra surgiu logo abaixo de Yeno, atingindo-o violentamente no abdômen e o derrubando. Em seguida, Fernand fez o mesmo movimento com a outra mão e duas esferas de rocha saltaram do chão, cada um atingindo o rosto de um dos capangas, nocauteando ambos.
-Yeno: Não pode ser... o que é isso...?
-Fernand: Não me admira que esteja surpreso. Não é todo dia que se encontra alguém capaz de manipular energia elemental, certo?
Com um sorriso debochado, Fernand se aproximou devagar do adversário derrubado.
-Fernand: Agora, vou te ensinar a não se meter com quem é mais forte que você.

O quarto em que William e Samantha estavam era simples. Tinha duas camas separadas, um pequeno balcão com alguns livros e uma espécie de poltrona. O rapaz lia um livro, enquanto a garota parecia absorta em seus pensamentos.
-Samantha: Ouvi um grito. Espero que o Fernand não esteja aprontando algo.
-William: Você sabe como ele é. Mas o que me surpreende é que você seja sempre tão fria.
-Samantha: Você provavelmente agiria da mesma forma se ignorantes como as pessoas que vivem nesta vila te perseguissem apenas por você ser uma bruxa. Temos de viver escondidas, sob ameaça constante de morte.
-William: Então é daí que vem toda a sua raiva? Veio comigo e Fernand por vingança?
-Samantha: Pode-se dizer que sim.
-William: Eu não vou julgar seus motivos. Mas fico contente que esteja conosco, sendo você uma bruxa ou não.
-Samantha: Hmpf. Continue a ler o seu livro e me deixe em paz. Temos que estar preparados para amanhã, quando finalmente encontraremos o segundo pilar.
-William: Verdade. Amanhã nós vamos...

-Yasmin: ... defender o pilar com todos as nossas forças!
Os soldados ao redor da capitã irromperam num grito de aprovação.