William, Samantha e Fernand caminhavam despreocupados por uma estrada atravessando um dos vários bosques de Chesord. Os dois rapazes confiavam no conhecimento da jovem sobre a geografia do reino, portanto deixavam que ela decidisse o caminho a seguir.
-Samantha: Vamos procurar uma clareira e descansar.
-Fernand: Por quê? Ainda podemos andar pelo menos mais umas duas horas.
-Samantha: Eu sei, mas aqui perto há um lago e eu quero aproveitar para tomar banho.
-William: Não vejo problemas.
-Fernand: Tudo bem, mas é um tanto arriscado você sair sozinha por aí, Samantha.
-Samantha: Por acaso eu pareço uma donzela indefesa? Procurem um local adequado para passar a noite que depois eu encontro vocês.
Irritada, a garota deixou a estrada, seguindo na direção do lago. Cerca de um minuto depois, Fernand suspirou, incomodado.
-Fernand: Parece que as mulheres de Chesord não possuem educação.
-William: Deixe-a. Na verdade é até melhor que quem estiver nos seguindo a ataque enquanto ela está sozinha.
-Fernand: Como você é cruel, William.

Yasmin Pyrath finalmente estava deixando o quartel general de Furnace, uma das principais cidades do reino. Após passar a maior parte do dia selecionando soldados para compor sua tropa, o caminho que tomariam para chegar o mais rápido possível no pilar que ela acreditava ser o próximo alvo e uma estratégia de combate adequada, a jovem capitã queria apenas voltar para casa.
Sua família, relativamente famosa em toda Chesord, era responsável pela proteção e governo de Furnace. Embora não fosse exatamente uma família nobre, os Pyrath tornaram-se conhecidos no decorrer do tempo graças a várias gerações de excelentes guerreiros. Tamanho é o prestígio que a família passou a ser chamada de Casa Pyrath.
Sendo Yasmin a filha mais velha do atual líder da Casa Pyrath, foi natural que ela entrasse para o exército com pouca idade. Graças à sua habilidade natural e a influência da família ela conseguiu o posto de capitã, mas a grande expectativa tanto do exército como de seus familiares faz com que a jovem se sinta muito insegura.
-Yasmin: “Não se passaram nem dez dias que virei capitã e já me selecionaram para uma missão importante como essa. Por que o General Modnar teve que escolher justo eu?”
Enquanto passava pelas ruas movimentadas da cidade de arquitetura gótica, a jovem capitã expressava para si mesma suas preocupações em seus pensamentos.
-Yasmin: “Desde que meu irmão mais velho morreu há dois anos tem sido assim. Todo mundo acha que sou algum tipo de heroína que vai salvar o mundo. Está certo que eu tenho o poder de gerar e manipular fogo, mas isso não quer dizer que eu estou destinada a ser uma salvadora.”
Perdida em suas angústias, Yasmin somente notou que já estava perto da mansão de sua família quando encontrou-se diante do portão de ferro. Os guardas apressaram-se a abri-lo para que a capitã passasse.
Pouco tempo depois, Yasmin estava em seu quarto, retirando a armadura e colocando-a em algum canto qualquer quando uma governanta bateu na porta, declarando que o jantar estava pronto.

Diferente do que poderia se esperar de uma família com tanto prestígio, a mesa de jantar não era gigantesca. Tinha espaço suficiente, mas não exagerado, para oito pessoas. Em uma cadeira estava pendurado um capacete de ferro, uma homenagem ao falecido irmão de Yasmin.
-Iris: Como foi seu dia hoje, filha? Divertiu-se?
-Yasmin: Não muito. E terei de ficar alguns dias longe, pois recebi uma missão.
-Iris: Esta é a vida de uma capitã, acostume-se. Inclusive, aposto que todos os homens solteiros graduados do exército devem estar de olho em você. Casar com uma Pyrath certamente ajudaria qualquer carreira militar.
-Olumor: Pois eu duvido que algum homem queira casar com alguém estressada e desligada como ela.
Após fazer o comentário maldoso, o irmão mais novo de Yasmin explodiu em gargalhadas, mas parou logo depois de receber um soco dolorido na nuca, desferido pela capitã.
-Olumor: Ai, sua bruta.
-Yasmin: Ao invés de reclamar você devia treinar mais. Não quer ser a vergonha da família, quer?
-Agas: Sua irmã tem razão, Olumor. Você também fará parte do exército um dia.
-Yasmin: E é melhor rezar pra não te mandarem para um pelotão que eu esteja comandando.
Com um sorriso levemente cínico, Yasmin encarou seu irmão mais novo, agora irritado.
-Agas: E você tome cuidado, filha. Depois do jantar eu lhe darei um pequeno presente que espero que lhe ajude caso você encontre dificuldades na missão que recebeu.

William e Fernand estavam sentados ao redor de uma pequena fogueira, comendo algumas frutas que haviam encontrado nas proximidades, quando perceberam que Samantha estava de volta.
-Fernand: Nós ouvimos gritos há cerca de uma hora.
-Samantha: Fui atacada por um grupo de bandidos ou algo do gênero.
-Fernand: Quantos eram?
-Samantha: Sete.
-Fernand: E como eles estão agora?
-Samantha: Não sei. Mas acredito que em breve servirão de refeição para os animais carniceiros.
-William: Como eu disse para você, Fernand, foi melhor eles terem atacado a Samantha. Dessa forma ela nos livrou facilmente de um incômodo.
-Fernand: Ainda acho que isso foi crueldade demais.

No dia seguinte, o trio seguiu seu caminho. Enquanto isso, em Furnace, Yasmin preparava-se para partir com sua tropa de seis guerreiros.
-Yasmin: “Felizmente o General Modnar selecionou outros capitães para proteger os outros pilares, portanto a chance de qualquer um de nós encontrar os responsáveis pelo crime deveria ser de 1 em 9. Mas do jeito que sou azarada aposto que serei justo eu a encontrá-los.”