Rockaby Serenade escrita por SofiaB
Notas iniciais do capítulo
gente, o POV é sempre Melinda, q é a personagem principal da história. é a q tá na imagem, do outro lado do medalhao.Vamos ler!
Eu lutei por ar, enquanto tentava acalmar o meu coração o suficiente para ouvir a minha própria voz.
- O que foi, Mel? – a Alice estava a fixar-me pasmada, com uma expressão preocupada. Olhei de novo em volta da sala. Todos pareciam sentir o mesmo.
Não, nem todos – os olhos do Taylor mantinham o seu habitual divertimento, mas agora à beira da excitação, como se conseguisse ler os meus pensamentos que corriam pela minha cabeça a 200 à hora. Então, falei para ele.
- Um tipo da ‘Fueled by Ramen’ esteve no nosso concerto. Ele viu tudo e… adivinhem só? – já que ninguém respondi, continuei – ELE ADOROU!!!
Agora, as bocas abriam-se de espanto. Mas eu ainda não tinha dado as grandes notícias.
- Temos um CONTRATO!!!
O que quer que tenha acontecido a seguir foi muito confuso, dum ponto de vista externo. Mas, por dentro, sentia muitos braços a apertar-me, não importava de quem. O seu calor envolvia-me; perfurava-me a pele e aquecia-me o coração, a alma…
A alegria era imensa e, sendo tão vocais quanto todos nós éramos, os gritos não foram mais pequenos. Mas eu não me atrevia a abrir os olhos – tinha medo que a felicidade daquele momento desaparecesse, porque o que sentimos com o coração costuma escapar aos olhos. Não era algo para se ver, era algo para se sentir.
Depois desse momento, que pareceu tanto eterno como breve, o abraço terminou, e passámos para uma festa mais "passiva" – abrimos o champanhe.
***
Foi uma noite mesmo comprida. Acho que nem nos apercebemos das horas que eram, mas já era tarde demais para nós regressarmos a casa. Além disso, as outras duas já iam ‘avançadas nos copos’, se é que me entendem, e não me apetecia andar de carro com elas, pois poderia ter de limpar o chão da carrinha na manhã seguinte.
Enfrentando este cenário, o Jeremy, muito mais sóbrio, foi generoso o suficiente para nos oferecer uma cama ou um sofá-cama, o que quer que estivesse disponível, para dormirmos. Eu aceitei, aliviada e secretamente entusiasmada por passarmos a noite com eles – um pouco entusiasmada demais.
Pensei um pouco mais nisso. Não deveria estar tão animada – já tínhamos passado a noite com eles antes, em festivais. De qualquer maneira, a noite já não seria assim tão comprida e eu era a única convidada sóbria o suficiente para apreciá-la. As outras duas não deveriam demorar muito a adormecer, mas eu tinha tomado uma boa porção de café e não entraria na ‘terra dos sonhos’ assim tão depressa. Decidi ir lá fora e sentir o ar fresco da noite, longe dos risos barulhentos da Hayley e da Alice.
Assim que coloquei um pé fora da cozinha, em cima da relva familiar, surgiram-me imensas memórias agradáveis. Aquele lindo jardim tinha sido um refúgio e um local de meditação para mim, desde começamos a frequentar aquela casa. Havia um pequeno coreto coberto por luzes de Natal, que fora o local de nascimento de muitas canções e, tantas vezes, um palco para mim e para o Taylor.
Esta memória, em particular, fez-me sorrir. Lembrar-me das músicas que partilhámos; do som das nossas guitarras, complementando-se uma à outra; das nossas vozes, juntando-se no refrão; a dele, sempre com aquele toque adoravelmente rouco…
Espera aí! Não… isto não podia estar a acontecer!
Eu não queria ir por aí… O Taylor e eu estávamos óptimos da forma como éramos, amigos. Ele compreendia-me e eu compreendia-o; brincávamos um com o outro; falávamos quando era preciso… Ele tinha-se tornado num grande apoio para mim, especialmente desde o falecimento do meu pai, dois meses antes. Eu não podia alterar a nossa relação e não iria transformar algo tão simples e puro numa confusão amorosa. Não senhor, eu não ia por aí!
Então, surgiu-me outro pensamento: talvez fosse apenas o café a falar. Não era exactamente a noite mais normal e este não era o momento ideal para pensar em assuntos sérios. Talvez eu conseguisse resolver isso quando estivesse mais lúcida, mas não agora. Não ia estragar a minha própria celebração.
De repente, algo arrancou-me dos meus pensamentos – uma mão pousou na curva das minhas costas, e eu não precisava de me virar para saber quem era. Maldito seja o seu timing!
Uma voz agradavelmente rouca perguntou:
- Não tens frio?
Lembrei-me dos meus braços despidos, expostos ao ar frio da noite que parecia ter descido, pelo menos, dez graus. Enquanto passava as mãos pelos braços, murmurei:
- Bem, obrigadinha. Não tinha, até tu falares.
O Taylor riu-se, apenas, enviando mais arrepios pela minha coluna – arrepios diferentes. E, enquanto ele tirava o seu casaco de capuz e punha em cima dos meus ombros, mantendo o seu aperto em torno deles e formando um abraço quente, eu odiei-o. Bem, não a ele, mas à forma como ele me fez sentir. Parecia que conseguia ler a minha mente e fazia exactamente o que eu não queria que fizesse.
Suponho que ele sentiu o meu corpo a ficar tenso, porque me mandou um olhar preocupado, franzindo as sobrancelhas. Contrariada, suspirei, esbocei um pequeno sorriso e abanei a cabeça negativamente. Ele olhou-me por alguns segundos e puxou-me, de seguida, para o coreto, sorrindo como um menino pequeno.
Quando compreendi o que ele queria, apenas me senti pior. A culpa encheu-me – culpa por deixá-lo continuar, por ir, de novo, por esse caminho, conhecendo demasiado bem o seu beco sem saída.
Por outro lado, aí, simplesmente não conseguia pensar na minha aventura anterior, não quando a paisagem se mostrava tão bonita.
Os braços do Taylor puxaram-me contra o seu peito, o mesmo sorriso rasgado ainda na sua cara. Deixei-me ir e dei pelos meus próprios braços a abraçarem-lhe o tronco. A música começou a tocar instantaneamente na minha cabeça, a mesma canção que tocáramos pela primeira vez naquele coreto – ‘You and Me’, dos Cranberries. E, assim que começámos a dançar ao seu ritmo, não duvidei de que tocava na sua também. Encostei-me a ele um pouco mais, o ar frio da noite ainda a bailar à nossa volta…
Ele compreendia-me e eu compreendi-o a ele, quando se baixou em direcção a mim. Tinha já bloqueado a parte do meu cérebro que me dizia que era tudo um grande erro; que eu me magoaria. Poderia até ter culpado o álcool por isso, mas um copo de champanhe mal servido não muda muito as coisas. De qualquer forma, eu estava num lugar novo – acho que nunca tinha sido tão livre antes.
Quando o beijo terminou e ambos lutámos por ar, senti que era capaz de qualquer coisa, mas só queria fazer uma. Beijamo-nos de novo. Então, a porta da cozinha bateu e, calcando a relva, os passos do Zac aproximavam-se. Afastámo-nos um do outro, eu provavelmente mais depressa, pois a parte do meu cérebro que estava adormecida provava que tinha razão.
- Ei, pessoal!
- Zac, amigo! – o Taylor respondeu ironicamente.
- O quê que vocês dois estavam a fazer aqui fora?
Olhei para os pés, tentando esconder as minhas bochechas a corar.
- Estávamos a conversar.
- Oh, a conversar… claro – respondeu o Zac, cheio de ironia. – De qualquer maneira, estão todos à vossa procura. Vocês já desapareceram há algum tempo e de certeza que não se tinham ido deitar.
- Desculpa, pai. Não volta a acontecer.
- É bom que não, ou vou ter de vos mandar aos dois para uma escola militar.
Eu ri-me das suas piadas sempre ridículas. Nenhum dos dois parecia ter bebido o suficiente para mudar nada, felizmente.
O Zac dirigiu-se para dentro e nós seguimo-lo. A mão esquerda do Taylor, pousada na minha cintura, empurrava devagarinho.
Que noite!
Depois de abrir caminho até ao quarto de hóspedes, deitei-me na cama desconhecida, com uma tempestade a levantar-se na minha cabeça exausta. Eu queria resolvê-la; queria resolver o problema que vinha estragar a minha vida aparentemente perfeita. Eu queria, mas não conseguia. Apesar do café, o longo dia finalmente levou a melhor e adormeci – por um lado, não querendo adiar o problema (não costumava fazê-lo); por outro lado, feliz por poder simplesmente dormir.
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espero q tenham gostado! n s esqueçam dos reviews :Dmuito obrigada a todas!!!beijo*