Houve momentos em que tinha a certeza. Tinha a certeza que eras tu. Eras tu quem me fazia caminhar sobre este chão sem me questionar do porquê de o fazer. Eras tu quem me mostrava que no mundo, neste pequeno mundo salpicado de cinzas em rostos de tristeza, havia motivos para sorrir. E de facto eu era feliz. Fui muito feliz. Do teu lado, ou só por saber que eras minha, era por ti que eu sorria. Tu foste tudo, ou parte total de um todo. Foste o meu bafo de ar quente naquelas manhãs de Inverno enquanto esperava por ti. Continuas a sê-lo, ainda espero por ti… porém com a dura certeza de que nunca vais voltar.

Tenho saudades do teu olhar. Desses teus adocicados olhos verde-água. Dessa tua força de expressão que me percorria desde os pés à cabeça, parando somente diante do meu, daquele que dizias ser o mais reluzente que já tinhas alguma vez visto. Esse, já faz tempo que é apenas espelho baço.

Sinto falta do teu toque. Da tua fria pele clara que brilhava na luz. Dos teus suaves cabelos lisos que me fluíam pelos dedos. Saudades dos teus beijos imortalizados nos meus lábios. Mas acima de tudo, de toda a falta que me fazes, sinto falta do teu sorriso. Daquele teu lindo sorriso, que assim que me vias desabrochava. Sim, eu amo-o. Quando tu partiste, a minha droga foi forçosamente levada contigo. Era viciado nele, no teu sorriso branco. Mas levaste-o. Levaste tudo contigo. As carícias, os sonhos, os planos de uma vida perfeita a dois… levaste-me a alma… mas a mim, só a mim, não levaste. Culpo-te por isso.

Éramos fogo. Calor de almas. E tal como a chama precisa do oxigénio para se alimentar, eu tenho sede de ti. Agora já o meu interior gelou perpetuamente. Sou só gelo feito de pó, e ao pó hei-de voltar. Falta algo quente. Falta ter-te. Quero-te, tal como quero a minha vida contigo. Viver não passa agora de um passatempo. Viver é só uma obrigação. Estou preso à monotonia da mudança do dia-a-dia. Perdi o gosto por tudo, só não deixei de te amar. Percebo agora que te amo mais do que nunca. Sabes? Pode ser tarde demais, e nem sequer fazer efeito, mas eu queria dizer por mais uma vez, agora sem saber se me estás a ouvir, que te amo muito. Bastam estas palavras.

Esta Vida é Lenta… por favor, vem buscar-me amor.