A Princesa do Oceano escrita por BahMiller


Capítulo 2
Capítulo 1 - Problema desconhecido.


Notas iniciais do capítulo

Cara, estou muito feliz com esses reviews. Juro. *-*
Eu estava um tanto receosa se vocês aceitariam a ideia da fic, mas pelo jeito, deu tudo certo.
Pois bem, aqui vai mais um capítulo.



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Pisquei um pouco, franzindo o cenho. O sol da manhã atravessava o chalé, vindo parar propositalmente em meu rosto. Olhei ao meu redor, vendo que todas as camas estavam vazias.

- Droga! – Murmurei, me levantando. Eu estava atrasada para o café da manhã.

De novo.

E o Sr.D não gostava quando alguém se atrasava. E no final do dia esse mesmo alguém era por coincidência, escolhido para lavar a louça do jantar.

Se eu tiver que lavar a louça mais uma vez, juro que fujo para Nárnia.

Suspirei, saindo somente de tolha do banheiro. Escolhi uma muda limpa de roupas. Uma calça jeans desbotada, camiseta feia e larga do Acampamento Meio-Sangue, e por fim meu inseparável All-Star cinza. Estava pronta para mais um longo dia no “adorável”nesse lugar.

Corri na direção do refeitório, obstinada a não ser a lavadeira do dia. Passei por alguns campistas que também pareciam atrasados, e entrei arfando na área onde o pessoal fazia suas refeições.

 Ao pegar a comida, pude sentir olhares me fuzilando. Ignorei completamente, já sabendo que deviam ser aqueles gêmeos novatos filhos de Ares, que haviam tentado dar uma de machões para cima de mim.

Passei decididas por Jimmy e Garry – ou algo do tipo - e ri silenciosamente ao constatar que eles ainda fediam a peixe podre.

Idiotas.

Coloquei a bandeja em cima da mesa de Poseidon, e me sentei como de costume, bem longe de meus irmãos.

É, irmãos. Poseidon se mostrou mais galinha do que todos imaginavam. Então acho que lhes devo uma descrição dos meus “maninhos”.

 Peter Luak. Ele deve ter uns 14 anos, acho eu. Bem alto, cabelos negros encaracolados e olhos incrivelmente verdes. Pra falar a verdade, não sei muito sobre ele. Só sei que é um cara bem quieto e na dele, por isso tem meu respeito.

 Abigail Gregor. Quer dizer, ela é uma garotinha de 5 anos, mas mesmo assim é com quem eu tenho mais afinidade. Abbie – como costumo chamá-la – é uma criança miúda e bem fofa. Seus cabelos curtos são compostos de cachinhos e tem grandes orbes verdes. É uma boa menina.

Ah e claro, eu não podia esquecer Perseu Jackson. O mais velho entre todos nós, tem 20 anos. Mais conhecido como “Herói do Olimpo” ou “Cabeça de Alga”, que é como sua namorada o chama. Vou ser franca, eu não converso muito com ele como todos os outros.

Vou explicar.

Depois da Grande Guerra, eu fui a primeira filha de Poseidon a chegar ao Acampamento. E logicamente, todos ficaram bem animados. E eu fui recebida por muitos: “Você vai amar o Percy!”, “Ele é um herói.”, “Deve ser uma grande honra ser irmã do cara que salvou o Olimpo!” E outros elogios a mais.

Então eu fui muito bajulada para ser igual a ele. Mas nunca quis ser um exemplo pra ninguém, e a pressão estava me matando. Então decidi parar de querer me encaixar, e voltei a ser eu mesma. O que é um grande alívio.

 Enfim, não tenho nada contra o Percy. Tipo, ele é popularzinho adorado. Mas não é o tipo de pessoas com quem eu convivo. Não é natural.

Mas eu não o odeio. Só não sinto aquela grande admiração que parece rodear todos à sua volta.

Mas voltando ao assunto. Sentei-me na ponta da mesa. A pessoa mais próxima de mim era a Abbie. Eu não tinha com que me preocupar. Devorei o sanduíche de patê de frango de um jeito esfomeado, tomando um gole de suco de laranja.

Depois que todos haviam acabado de comer, Quiron se levantou e pigarreou de um modo “Dumbledore de ser”.

- Campistas, infelizmente nossa viagem a Estátua da Liberdade não poderá ser feita. – ele anunciou seriamente, sendo seguido por um coro de “Ahhhh...”

 Em minha opinião, ir visitar a Estátua da Liberdade é algo meio estranho. Quer dizer, todo mundo já foi lá. É o que as crianças da 4ª série fazem. E além do mais, isso iria parecer um self-service para os monstros. 

Mas os filhos de Atena eram o que mais pareciam decepcionados. Acho que porque eles queriam ver a arquitetura da estátua ou algo do tipo. Não faço idéia.

Eu também fiquei um tantinho triste. Não pela estátua. Mas eu e Evelyn estávamos planejando dar uma escapadinha do pessoal para respirar um ar puro, dar uma passadinha no Starbucks, e numa loja de CDs perto dali.

Eu teria que esperar.

- Por quê? – perguntou Peter. Sendo seguido de outros “Por quês?”, criando um eco bem sinistro.

- Estamos zelando pela segurança de vocês. Algo está errado e não vamos arriscar. – Quiron respondeu, e um silêncio se instalou no local, dando a deixa para o Sr.D murmurar um “Eu arriscaria” alto o suficiente para todos ouvirem.

Mais silêncio.

- O que está acontecendo? – indagou Clarisse, a filha de Ares, de um modo desafiador, como se nada pudesse passar por ela. Revirei os olhos.

- Não sou autorizado a dizer.

Bufei.

- Fala logo. – Disse em alta voz, cansada desse suspense.

- Pois é, deixa de drama. –Evelyn incentivou.

- É. – Falou alguém da mesa de Afrodite.

- Nós seguramos a barra. – Um armário de Hefesto sorriu.

Então virou o pandemônio. Todo mundo começou a insistir em contar o segredo, e o barulho foi ficando ensurdecedor, até que um berro devolveu o silêncio ao lugar.

- CALEM A BOCA! – Dioniso urrou alterado. – QUEM VOCÊS ACHAM QUE SÃO PARA INSISTIR NO ASSUNTO? SE NÃO É PARA DIZER, NÃO VAI SER DITO.

...

- Nós somos os caras para quem vai sobrar o problema no final. – Percy rompeu o silêncio repentinamente sério. Admito. Depois disso, ele ganhou um ponto comigo.

Sr.D parecia que iria transformar Percy em uma uva passa, mas Quiron se adiantou.

- Vamos contar quando for à melhor hora. Mas precisamos resolver alguns pontos da questão.

Isso pareceu encerrar o assunto.

Todos se dispersaram indo fazer suas atividades matinais. Levantei-me da mesa, mas parei ao observar Abb com os olhinhos verdes cheios de lágrimas, ainda sentada no banco. Percy e Peter também notaram.

- Que foi querida? – Perguntei gentilmente, me ajoelhando em frente a ela. Pelo canto do olho, vi os outros dois se abaixarem também.

Ela se jogou em meus braços, e começou a chorar.

- Abbie? – Percy chamou-a pelo seu apelido.

- Conte para nós. – Peter murmurou, meio sem saber o que fazer.

Abigail levantou a cabeça, e começou a fungar, fazendo beicinho.

- Nós não vamos à Estátua da Liberdade? 

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Depois de convencer Abbie de que algum dia eu a levaria a Estátua, me encaminhei para a saída do refeitório, mas alguém pulou em minha frente, sorrindo abertamente.

Evelyn, é claro.

Evelyn Clement. 16 anos. Filha de Apolo. Minha melhor amiga desde que me conheço por gente. Sua principal característica é seu cabelo. Loiro, extremamente loiro.

Mas não aqueles loiros oxigenados; é loiro natural. Fica entre o caramelo e o dourado.

Tem olhos azulados, e um sorriso que convence qualquer um.

- Lyssa, Lyssa! O que vamos fazer hoje? – Ela começou a pular ao meu redor, como uma criançinha.

Revirei os olhos.

- Não sei quanto a você, mas eu vou pro meu chalé.

- Fazer o que lá?

- Nada. – sorri.

Ela agitou os braços, e me puxou.

- Então vamos fazer nada.

Essa era Evelyn. Louca de pedra, possivelmente retardada mental. Mas o que eu posso fazer? Ela é minha amiga. Juntas para sempre.

- Garotas? – Uma voz conhecida gritou.

Virei-me automaticamente, e vi Percy parado no mesmo lugar de antes, com uma Abigail chorosa no colo. Arqueei uma sobrancelha.

- Daqui a pouco começa a treino, querem vir?

- Não. – Eu e Evelyn respondemos em uníssono.

Continuei a caminhada em direção ao chalé III, mas ela fez questão de agradecer ao convite. Bufei.

- Você podia ser mais educada, sabia? – Evelyn murmurou, apressando o passo para me acompanhar. – Não custa nada.

- Tudo bem. - Falei distraidamente, sabendo que ela esqueceria logo esse assunto.

Fomos em direção ao chalé III, passando por alguns campistas que jogavam basquete na quadra. Evelyn acenou para eles. Mantive-me quieta.

Ela parecia ter um campo gravitacional à sua volta, atraindo atenção de sobra. Eu era exatamente o oposto: Bem discreta, quase invisível.

- Qual deve ser o problema que Quiron mencionou? – Ela indagou, franzindo o cenho.

- Não sei. Mas deve ser bem... Problemático. – Tentei achar a palavra certa para descrever o acontecimento.

Evelyn riu graciosamente, enquanto passávamos pela porta do chalé de Poseidon.

Desabei numa poltrona azulada, enquanto Evy – como costumo chamá-la – fazia o mesmo.

- As meninas perguntaram se vai haver treino hoje. – Ela disse, enquanto mexia no pingente em forma de “E”.

Poucos sabiam, mas aquele “E” dourado se transformava em seu arco e aljava de flechas.  Do mesmo modo que o chaveiro de Tridente que eu carregava para todo lado se transformava em meu próprio arco, com uma aljava que aparecia de modo instantâneo em minhas costas, formando flechas infinitamente.

Pois é. Sou a única filha de Poseidon que sabe atirar flechas que não acertem o traseiro de Quiron no treino.

Babem de inveja, mortais.

- Vai sim, como planejado. – respondi. Um estalo soou em minha mente, e relembrei uma promessa. – Ahn... Mas Abigail treinará conosco, então vai acontecer mais cedo.

Evy gemeu. E eu completei sua frustração com um aceno de cabeça.

Não que eu não gostasse de Abbie. Eu me jogaria na frente do carro por aquela garota, mas ela era jovem demais para treinar, e sempre acabava atrapalhando todos com suas graçinhas.

- Só hoje. – murmurei.

- Claro, claro.

Bem. Deixe-me explicar esse treinamento.

Ele é feito por um grupo com cerca de dez pessoas: Eu, Evelyn, Helena e Tess, Briana, Joshua, Olivia, Pauline, Lily e Kevin.

Helena e Jane são as gêmeas de Afrodite. Briana é filha de Deméter. Joshua, filho de Hécate. Olivia é filha de Morfeu, Pauline de Dioniso. E por fim, Lily e Kevin são meio-irmãos filhos de Íris.

Todas essas pessoas têm alguma dificuldade em lutar, e por isso, treinam comigo e com Evelyn. Na verdade, começou com só com Helena e Tess, que viram Evy e eu treinar na Arena, ao anoitecer. Elas pediram ajuda para lutar, e acabamos aceitando.

Começamos a treinar alguns dias da semana e teve gente que ficou sabendo e também queriam receber esse treinamento. Hoje formamos esse “grupinho”.

Quiron pareceu aprovar nossa conduta, dizendo que estávamos fazendo uma boa ação e blá blá blá. Acho que ele ficou aliviado de me ver fazendo algo de útil. Por isso, as Harpias da limpeza não têm permissão para arrancar nossos miolos.

Quem é que manda agora, hein Harpiazinhas?


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Notas finais do capítulo

Ficou grande demais?
Se sim, me avisem.
Não sei direito que tamanho fazer.



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