Final Destination - You Never Know escrita por VinnieCamargo


Capítulo 4
Capítulo 4 - Todos caímos.


Notas iniciais do capítulo

Então, um capítulo longo .
A história está esquentando, então leiam esse capítulo inteiro com atenção e vão começar a perceber as ligações com os filmes, que vão ser maiores em breve...



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22 de maio de 2008

James acordou cedo na manhã seguinte.  Era um típico dia frio naquela época, então vestiu os agasalhos, se despediu de sua mãe e saiu ainda pensando no que iria dizer à direção da escola. Os outros sobreviventes poderiam ao menos concordar com aquilo que ele inventasse, afinal, ele os salvou.

Encontrou com os colegas na hora marcada em frente ao Golden Gate Coffee e todos estavam escondidos em várias blusas. Pelo menos James não era o único que não parava de tremer.

Peter chamou um táxi e seguiram para a escola pelo caminho mais longo, é claro.  Os únicos que pareciam se divertir com a história toda eram os taxistas, pois agora um quilômetro tinha se transformado em quatro, e lucro com isso era o que não faltava.

–Que desastre não é? – o taxista repetiu umas três vezes para os garotos que não falaram nada durante a viagem toda.

Chegando à escola, James sentiu que estava apreensivo e percebeu que seus amigos também estavam. Era a primeira vez que voltavam pra escola depois do acidente, e não tinham idéia do que iriam encontrar ao passarem pela porta.

Haviam flores, cartazes, mensagens de apoio as famílias e para as vítimas por todas as paredes se estendendo até um pedaço do chão. As inúmeras tentativas de dar uma cor a escola, pintando-a de cores alegres ao longo dos anos, não foram capazes de tirar o ar triste que a escola sempre teve.  O memorial seria no próximo sábado, segundo um aviso colado nas paredes úmidas da antiga escola.

Andaram pelos corredores praticamente vazios, a fim de achar o tal lugar pra assinar, e finalmente avistaram a silhueta de Stephanie e Josh entrando numa sala, abraçados.

–Eles também foram chamados...  - Susan murmurou.

Entraram na sala.  Parecia que assim como James e os amigos, todos os sobreviventes haviam combinado de irem ao mesmo dia. Todos estavam sentados nas cadeiras e a Sra. Lestrange, uma arrogante professora de Inglês estava sentada na cadeira do professor. Todos pararam de falar quando James entrou e seguiu em silêncio com os amigos para um monte de carteiras amontoadas no fundo da sala.

–Bom, parece que todo mundo está aqui agora não é? – Lestrange disse.

Houve um silêncio momentâneo.

–É, acho que sim.  – Emma disse.

–Vieram todos juntos, combinaram?

–Não – Alguns alunos responderam em uníssono.

–Hum, coincidência hein?- Ela encarou todo mundo com um olhar desconfiado  - Vamos ao que importa, o diretor me mandou reunir vocês pra assinar esse papel aqui – Ela levantou e começou a entregar uma folha para cada aluno - sobre o acidente.  É meio que uma declaração de que vocês estão bem, para a secretaria da educação.

Alguns alunos resmungaram algo. Ela voltou e sentou-se na cadeira de professor.

–Tenho uma pergunta a todos, e quero que sejam francos.  – Lestrange disse, mais uma vez encarando todo mundo.

James no fundo sabia o que ela iria perguntar, ele estava pronto pra responder, estava afiado, mas sentia que os outros colegas não estavam. Arrependeu-se mentalmente por não ter chegado mais cedo pra tentar combinar algo com os outros colegas.

–O quê exatamente aconteceu na ponte?

Houve um silêncio constrangedor entre todos.  Ninguém respondeu.

–Ok, sabia que não seria tão fácil, vou direto ao ponto.  – Lestrange começou – O ônibus que transportava os alunos da região de Nob Hill estava exatamente no meio da ponte. Muitas pessoas que estavam na saída da ponte não conseguiram escapar. E como um grupo de adolescentes saiu ileso? – Pausa momentânea - Não estou lamentando nada, só quero saber.

–Acredita em sorte? – Oliver perguntou.  Os jovens riram.

–Não – Ela respondeu seca.

James reparou que todos estavam até meio que constrangidos diante da professora. Se existia alguém que eles não gostariam de falar sobre aquilo, era a professora de inglês.

–Que mulher curiosa! – James ouviu Stephanie sussurrar no ouvido de Josh, que estava em silêncio.

–Eu passei mal – James falou, mas uma vez se arrependendo de abrir a boca.

–Você passou mal? – Lestrange perguntou com uma enorme cara de vadia, balançando a cabeça positivamente.

–É nós fomos atrás dele.  – Julie disse.

– Vocês, vocês todos? – Lestrange perguntou apontando o dedo em direção a todo mundo.

–É – Emma respondeu, mas pelo seu tom de voz, pareceu que ela tinha percebido que todos tinham perdido o jogo pra professora.

–Pelo que eu sei, James Ulmer e Josh Rivers se odeiam desde crianças. No mínimo, se Ulmer tivesse passado mal e descido do ônibus, Rivers iria fazer uma festa ali no ônibus, e com bebidas.

Mais alguém riu e parou abruptamente.

–Mais alguém? – Lestrange continuou.

Ninguém respondeu.

–Ok então, tenho uma caneta aqui, assinem os papéis, deixem na minha mesa e vão embora, vejo vocês em breve.  – Lestrange pareceu ter desistido de interrogar os alunos e saiu pela porta afora.

Houve um silêncio momentâneo.

–Ela me dá medo.  – Emma disse.

Alguns riram.

–James, o que foi aquilo cara? – Oliver perguntou.

–Aprendeu meu nome agora? – James respondeu seco, geralmente era chamado por outros apelidos por Oliver.

–Sério cara, o que foi aquilo? – Emma perguntou.

James decidiu tentar falar o que realmente aconteceu.

–Eu não sei. Eu vi o acidente acontecendo e acordei no banco do ônibus. Tirei vocês de lá e estamos aqui agora.

Alguns murmúrios de desaprovação.

–Você sabia do acidente? – Stephanie perguntou.

–Eu vi o acidente acontecendo, eu vi as pessoas morrendo, foi como se aquilo estivesse acontecendo de verdade e acordei. E depois tudo o que vi na minha visão, começou a acontecer, inclusive depois, os cabos se soltando até o desabamento da ponte.

–Você tá brincando? – Michael perguntou.

–Ele não tá – Peter respondeu sério.

–Não é isso, escuta James, você por acaso teve uma visão em que todos nós morremos? - Michael perguntou tenso.

–É – James respondeu surpreso, não havia contado nada a eles, sobre os ver morrendo, fora Peter, Julie e Susan.

– E por acaso, você nos tirou de lá e o acidente ocorreu exatamente do jeito que você viu na sua visão?

–É – James respondeu ainda mais assustado.

–Sarah está morta não é? – Michael perguntou.

–Está  – Susan disse.

–E James, você viu Sarah morrer na sua visão?

–Vi, ela foi a primeira a morrer na minha visão – James disse. Agora aquela sensação de algo conhecido voltava de novo a cabeça dele.

–Ah não – Michael disse, chacoalhando a cabeça negativamente.

–Que foi? – Alguns alunos perguntaram ao mesmo tempo.

–James, você me viu morrer na sua visão? – Michael perguntou corando, ele tinha a expressão de estar rezando por dentro.

–Vi – James olhou pro chão.

–Merda, merda, merda, merda, merda!

–Que foi amor? – Emma perguntou assustada.

Michael ficou pensativo por alguns instantes e disse.

–Vocês nunca ouviram falar da lista da morte? – estava tremendo.

–Não – Alguns alunos responderam. James ficou em silêncio, ele já tinha ouvido algo do tipo, não lembrava onde.

–Ok.  Há alguns anos atrás, em MT.  Abraham, Nova Yorque, meus primos Tod e George Waggner iriam viajar pra Paris com os colegas de classe.

Todos escutavam apreensivos.

–Foi quando Alex Browning, um amigo dos meus primos, começou a pirar falando de um acidente com o avião.

–Que tem a ver? – Stephanie perguntou confusa - Inteligência também não era o forte dela.

–Ele enlouqueceu e os seguranças o tiraram do avião, juntamente com outros colegas e o meu primo Tod.  George ficou no avião.  O acidente realmente aconteceu, e George morreu.

–Não sabia disso, Michael.  – Emma disse tensa.

–Mas o pior ainda aconteceu.  As coisas estavam bem quando meu primo Tod Wagner morreu.  Ele foi encontrado morto na banheira. A polícia simplesmente afirma que foi suicídio, mas não havia motivos. George morreu, mas Tod ainda tinha uma vida perfeita, uma família perfeita, e estava prestes a entrar na faculdade, tinha um futuro brilhante.  Assim como os pais dele, eu não acredito que seja suicídio. Minha família foi ao enterro de George, Tod estava bem, parecia que ele já tinha se conformado com aquilo – Michael continuou – Depois da morte de Tod, todos que Browning tirou do avião começaram a morrer, inclusive ele.

Houve outro silêncio profundo. Pareceu que todos começaram a se lembrar da história do pirado com a visão.

–Pelo que eu sabia, quem tinha a visão do avião era tal de Richard  – Stephanie disse com um suspiro de indignação.

–Não é.  Tod Wagner era meu primo.

–Como assim? – Susan disse.  – Porque eles morreram?

–O destino deles era morrer no avião. Alex tirou os amigos, mas não foi capaz de mudar o destino, e a morte veio buscar o que era dela.

–Agora sim me lembro, parece que teve isso também num engavetamento de carros  – Josh disse, saindo de seu coma induzido até o momento.

–É, houve outros casos também.  – Michael disse.

–Quer dizer que vamos morrer? – Julie perguntou, com um tom de medo.

Houve outro silêncio.

–Não sei.  – Michael disse.

–Sarah morreu.  – Peter disse.

–É pra piorar minhas suspeitas.  – Michael concluiu.

Houve outro silêncio.  Uma luz começava a acender na cabeça de James.

–Porque você me salvou seu idiota! – Peter disse rindo e empurrando James – Agora alguém vai me seguir e me matar.

–Hahahaha, uma típica lenda urbana de colegial.  Meu ovo pra vocês.  – Susan disse entediada e saiu da sala.

–Faço as palavras dela as minhas.  –Stephanie disse e saiu também. Josh foi atrás.

Todos começaram a sair rindo.

–Depois não digam que eu não avisei.  – Michael gritou da porta da sala.  Josh deu o dedo do meio pra ele.

Michael e Emma saíram James, Peter e Julie logo atrás.

–Fiquei com medo agora – Julie disse.

James alcançou Michael e perguntou:

–É verdade aquilo tudo cara?

–O pior é que é.  Vou pesquisar na net e mando pra você depois - Michael entrou num dos corredores que levava aos banheiros, Emma foi atrás.

James continuou andando, mais uma vez confuso.  Julie estava grudada em seu casaco e Peter logo atrás, esfregando as mãos violentamente para esquentá-las.

–Preciso de um café – Julie disse descendo as escadas.  – Com muito açúcar.

Saíram da escola e avistaram o parquinho logo à frente.

–Vamos sentar um pouco - Peter disse.

–Ok.

Atravessaram a rua e sentaram-se num dos bancos, de frente ao parque inteiro.  O parque estava vazio, ao contrário do que sempre encontravam, com crianças caindo e subindo nos brinquedos sem parar.  Julie costumava se referir à elas como macacos.

Josh e Stephanie também saíram da escola e andaram juntos em direção ao parquinho. Josh passou perto do banco em que os garotos estavam sentados e se dirigiu ao fundo do parquinho, com Stephanie logo atrás.

O parquinho era todo de ferro, brinquedos novos e velhos, enferrujados, quebrados e inteiros. Era assim que as coisas funcionavam em São Francisco.

–Dia frio não? – Peter perguntou, quebrando o silêncio entre os três.

–Frio mesmo - Disse James, olhando a paisagem do local como se nunca tivesse reparado como o lugar era bonito.

–Não vamos falar de clima né rapazes? Por favor.  – Julie disse rindo.

–Falar do quê? – Peter perguntou.

–Da minha roupa, nem repararam no meu casaco novo né? – Julie disse, num tom irônico.

–Ah sim, comprei meu casaco usado lá na Amazon – Peter disse rindo - Além disso, já veio com esses babados Ju? – Peter continuou, num tom mais irônico ainda.

Os três riram e avistaram Susan saindo da escola, atravessando a rua em silêncio e se juntando a eles.

Ficaram em silêncio por um tempo até que Susan cortou o momento.

–Idiota aquele Michael não é? – E olhou pra cada um esperando uma resposta deles.  Ninguém respondeu.

–Você não disse isso quando ficou com ele no ano passado – Peter cutucou.

James sabia que Peter era extremamente apaixonado por Susan, morria de ciúmes quando Susan achava um namorado novo, e sempre era ele o motivo da separação, mas Susan nunca descobrira isso.  Peter fazia intriga demais, ficava com outras meninas na frente de Susan descaradamente. James havia se cansado de falar pra Peter finalmente se declarar, que Susan no fundo também amava ele, mas Peter era bem lerdo em relação a isso. Não que James fosse avançado, mas James sabia que era bem mais rápido que Peter.  A briga de James e Josh vinha desde os tempos do pré, mas se firmou mais na época em que Stephanie enrolou Josh e James.  Ela enganou os dois por um longo tempo, até ambos se desencontrarem. James brigou com Josh, Josh brigou com James e assim foi até Julie entrar no meio da briga e gritar pra Stephanie quem ela iria escolher afinal. Stephanie escolheu Josh.

Julie dizia a James desde o começo que não valia a pena, que Stephanie era uma vadia biscate, mas James não acreditava e ainda discutia com ela. No fim James aceitou que definitivamente, Stephanie era sim uma vadia e pediu desculpas a Julie.  Há alguns meses Julie lhe confessara que sabia desde o começo que Stephanie o enganava, mas não quis falar nada porque James estava feliz.  James desconfiava que Peter também soubesse, mas não quis perguntar isso a ele.  A escola inteira sabia exceto os dois.

–Haha – Susan disse séria.

Agora pararam de falar, ficaram apenas observando Josh empurrar alegremente um balanço pesado de ferro, pra cima e pra baixo, e Stephanie rolando de rir sem motivo algum.

Josh continuou a empurrar o pesado balanço de ferro meio enferrujado. Cada vez mais alto. Stephanie, doida como ela, ainda se contorcia de tanto rir.

Stephanie empurrou o balanço uma última vez, este se parando no ar, emperrando lá em cima, e não voltando mais.  Stephanie parou de rir e o envolveu em um beijo.

–Vomitei um coração - Peter disse.

–Ownn...

Stephanie parou de beijar Josh e começou a cochichar algo no ouvido dele, Peter, começou a dublá-la, com palavras nada descentes, fazendo os quatro rirem novamente. Stephanie pareceu ter percebido que estavam rindo dela, parou de cochichar e fez uma careta pra eles, que riram de novo.

Stephanie ficou de frente para o balanço.

–Não tô legal – James disse.

–O quê? - Julie perguntou.

Nesse momento o balanço se soltou lá de cima e atingiu o rosto de Stephanie em cheio. Ela gritou e caiu pra trás, batendo a cabeça num ferro que estava ali jogado, que alguma criança teria tirado de algum brinquedo e largado ali. O ferro tinha uma ponta, estava enferrujado, e afincado no chão, numa diagonal perigosa, facilitando a entrada na cabeça de Stephanie.

Josh gritou. James e os amigos se levantaram rapidamente do banco e correram em direção a eles. Era outra cena horrível. Stephanie estava com o rosto desfigurado e o corpo dela escorregou ainda mais pra trás, fazendo o ferro entrar , e atravessar sua cabeça, fazendo um buraco em sua testa, no qual começou a sair muito sangue.

As meninas levaram a mão na boca, viraram o rosto e começaram a chorar, Peter saiu correndo gritando por uma ambulância, Josh se agachou no chão, próximo ao corpo ensanguentado da garota e começou a chorar e gritar. James caiu de joelhos mais uma vez, começando a chorar também. Stephanie fechou os olhos lentamente, coberta de sangue. Estava morta.

O balanço parou de balançar. Josh sabia que Stephanie não voltaria.



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Notas finais do capítulo

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