A Filha dos Raios escrita por Eleanor Blake


Capítulo 24
Viagens,desejos e impulsos




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Acordei com o corpo trêmulo pelo esforço absurdo do dia anterior.

Meu peito rasgava em dor enquanto eu sentia o cheiro de Percy nas minhas roupas e as marcas de seu contato nos meus braços.

Levantei-me lentamente com Nox ao meu lado e fui até a banheira e me sentei ali dentro de roupa e tudo.

A água quente começava a encher a banheira enquanto eu me sentia sufocar em lágrimas com o peito queimando em chamas frias.

“Você é um monstro”

“Com ele ou sem ele vai acontecer”

As frases rodopiavam na minha mente enquanto eu me deixava afundar na banheira vendo as bolhas de ar subirem lentamente pra superfície.Meu peito implorou por oxigênio enquanto o corpo sem forças nem tentou lutar pra me por em pé.

Mas sempre haveria alguém pra interferir.

Com um puxão firme mãos quentes me arrancaram da água e me puxaram num abraço.

Lucius estava ali.

Empurrei seu corpo com uma bola de energia e Nox se colocou na minha frente mostrando as garras e piando alto.

—Eu venho aqui pra conversarmos e eu encontro você assim?Qual é o seu problema? - ele esbravejava bagunçando o cabelo.

Olhei pra Lucius e senti uma parede de gelo formada entre nós.Toda aquela intimidade,aquela facilidade em tê-lo comigo,aquela vontade de conseguir ficar com ele pra esquecer qualquer coisa tinha passado.

Eu não estava com raiva, não estava magoada e nem chateada.Eu estava entorpecida,cansada de toda e qualquer situação.

Estralei os dedos e as irmãs apareceram nos olhando confusas.

—Senhoras,esse rapaz está de saída...Pra nunca mais voltar a por os pés aqui.

Murmurei cruzando os braços e colocando a mão na cabeça de Nox que abria suas asas e as agitava me impedindo de avançar.

As irmãs seguraram os braços de Lucius e o tiraram do banheiro.Pude ouvir toda a agitação e seus protestos sendo ignorados enquanto a porta batia e o trinco se fechava.

Sem nenhuma palavra elas voltaram ao banheiro,me despiram e lavaram meu corpo exausto.

Em silêncio eu coloquei um short,tênis vermelhos e um moletom branco.Abri a porta com Nox no meu encalço e caminhei lentamente até o refeitório apinhado de gente.

Um silêncio mortal se instaurou no instante em que eu pisei ali.

Cedar acenou timidamente de sua mesa enquanto eu enchia a vasilha de Nox e colocava pão e frutas na minha bandeja.

—Podem voltar a falar agora - murmurei cansada.

Retirei-me e caminhei até a clareira colocando a vasilha de Nox no chão e comecei a comer olhando em volta.

O acampamento estava mortalmente silencioso a partir do instante em que os campistas nos viram.

Sátiros passavam por mim cochichando,filhos de todas as casas desviavam os olhares enquanto eu voltava a entrar no refeitório pra guardar a bandeja vazia.

—Precisamos conversar

A voz de Lucius era baixa mas no silêncio desconfortável ela parecia um grito na escuridão.Sua postura revelava o quanto ele estava tenso enquanto eu me aproximava e puxava pelo cabelo até que seus olhos encontrassem os meus.

—Volte pra sua loira e fique longe de mim antes que eu realmente queira te matar. -sussurrei

Meus olhos estavam fixados nos dele enquanto eu o soltava e ele ficava congelado no lugar.

—Nossa, manhã animada essa hein.

Olhei pra trás e vi Annabeth apoiada nos braços de Percy enquanto vinha ao meu encontro com um sorriso tímido.

—Voce não morreu? -Perguntei me aproximando.

—Obrigada.

Ergui uma sobrancelha enquanto ela estendia sua mão pra mim e logo a vi cair ao lado de seu corpo cansado.

—Hoje não é um bom dia pra isso pelo visto.

A voz de Percy era baixa,cansada e fria enquanto seus olhos desviavam dos meus.

—E desde quando eu tenho um dia bom com você por perto?

Minhas palavras ecoaram pelo silêncio enquanto Annabeth me encarava boquiaberta e eu via os olhos de Percy em chamas.

Dei as costas a eles e saí pelo acampamento tentando ao máximo ignorar a vontade desesperadora de chorar até não existir mais.

Cheguei ao pequeno penhasco me sentando com Nox fielmente ao meu lado.

—Não sou a melhor das companhias não é?

Sua cabeça pesada repousou em meu colo enquanto seu corpo caía pesadamente na grama fria.Seus olhos redondos refletiam minha expressão esgotada enquanto eu sentia aquela presença desconfortável perto de mim.

—Achei que vampiros se desintegrassem no sol -murmurei encontrando o estranho olhar de Nico.

Ele fez um som estranho que julguei ser uma risada rouca enquanto ele se agachava ao meu lado.

—Voce não deveria afastar todos de você.Uma hora ou outra vai precisar de amigos,sempre vai precisar de alguém quando menos esperar.

Suas palavras soaram de certa forma... nostálgicas enquanto ele olhava o céu azul cortado por algumas poucas nuvens finas.Sorri de lado me deitando na grama.Eu estava esgotada de tudo aquilo.

—Quero ir embora,quero nunca mais pensar sobre o que sou,sobre o que pode ou não acontecer.Quero sumir daqui e nunca mais me importar com ninguém daqui, não ter que fazer as pessoas que eu amo tão miseráveis ou ver alguém especial me descartar.Só quero que isso acabe -eu disse acariciando o bico de Nox.

—Isso não existe,você sempre vai ter alguém com quem se importar,sempre vai ter alguém de quem você precisa e que precisa de você nem que seja nas suas memórias.Nem a morte pode tirar isso de você - ele respondeu.

—Mas na morte tudo isso seriam apenas memórias.

Enquanto eu falava,um raio azul cortou os céus daquele dia claro.

Coloquei-me sentada deixando Nico sem direito de resposta e assobiei chamando Pégaso.

—Nox,volte pra casa,fique lá até eu voltar.

Pégaso logo veio aterrissando no meio do campo destruído atraindo os olhares de quem passava.

Montei em seu dorso e suas asas se abriram enquanto subíamos aos céus.

—Me leve até meu pai.

Voamos por quase quatro horas,cruzamos a cidade cinza e no meio do caminho eu parei numa sacada conhecida.

Com o som do pouso logo a janela se abriu e olhos azuis familiares se arregalaram quando viram Pégaso me esperando.

—Podemos conversar?

Algo na minha expressão fez com que ela aceitasse e subisse até ali.

Seu rosto era cansado,sua face preocupada e os dedos se entrelaçando frenéticos denunciavam o quanto ela estava nervosa com a situação.

—Não precisa me recriminar pelo que eu fiz,eu sei muito bem o que aconteceu.Mas você sabe muito bem por que eu fiz isso,foi pela mesma razão de você ter colocado aquele humano desprezível na sua vida e o suportado calada por tantos anos.

Minhas palavras saíam pesadamente enquanto ela respirava  levando a mão ao peito.Lágrimas desciam de seus olhos caindo no avental azul amassado por dedos trêmulos.

—Eu não queria,eu não controlo o destino,mas ficar longe dele foi a única forma de mantê-lo seguro,mas ele é tão teimoso que me achou mesmo eu tendo feito tanto esforço pra manter distância.

Sua boca abria e fechava tentando formar alguma sentença enquanto eu sorria olhando o céu se fechar.

—Acho que você está sendo esperada - ela sussurrou.

—Não importa.Eu só parei aqui pra tentar perguntar a você como você fez pra esquecer o que sentia pelo pai dele.

—Eu nunca me esqueci.

Suas palavras pesaram no ar enquanto lágrimas sorrateiras corriam dos meus olhos.

Montei em Pégaso e voltamos a cortar o ar.Não olhei pra trás pra ver se ela se despediria de mim.

Eu tinha me despedido da minha última esperança.

Cheguei ao topo do Empire sendo recebida por um frio cortante e a chuva que começava a cair.

—Fique por perto Pégaso,eu não vou demorar.

Entrei no elevador e comecei a subir sem saber o que pensar ou dizer.Aquelas palavras tinham me sufocado de uma forma terrível.

Cheguei às portas do Olimpo sendo recebida por uma onda gigante que saía do chão e se avultava diante de mim.A figura imensa de Poseidon emergia da água apontando seu tridente pra mim.

Saquei minha lança e a atirei no chão baixando minha cabeça.

No segundo seguinte mãos frias tocavam meus ombros.

—Voce tem noção do que você fez?

A voz de Poseidon era dolorosamente baixa,seus olhos da cor do oceano desesperados enquanto ele passava a mão pelo rosto.

—Voce sabe muito bem por que eu fiz isso…

—Voce não confiou nele!Ele veio aqui arriscando a vida por você,sofrendo por você,disposto a tudo e mesmo assim…

Empurrei sua mão e engoli em seco avançando até parar nas costas daquele Deus que naquele momento era humano,era apenas um...pai.

—A mãe dele passou anos com um humano imundo passando um pesadelo com Percy ao lado só pra que ele não fosse descoberto.Mesmo sabendo que seria inevitável algo assim acontecer ela tentou com todas as forças protegê-lo por que o amava mais do que a própria felicidade.Eu entendo disso muito bem por que tentei com todas as minhas forças me afastar dele mesmo que aquilo me matasse mas vocês me mandaram de volta pra perto dele.De todos aqui provavelmente você seja a pessoa com quem eu menos queira falar nesse momento.

Deixei-o ali enquanto invocava minha lança e caminhava até os tronos de Pedra.

Uma deusa de manto vermelho e dourado olhava tudo em volta enquanto um sátiro anotava atentamente o que ela dizia.

De cabelos cacheados e escuros,com profundos olhos verdes como os de Annabeth, Atena parou seu ditado e apoiou o queixo na palma de sua mão enquanto me olhava.

—Então você é a filha de Zeus que quase matou minha filha.

Sua voz era seca enquanto eu desviava o olhar.

—Mas só posso agradecer por tê-la salvado.Seu poder e bondade mesmo nas atuais circunstâncias foram o que a trouxe de volta.

—Voce está enganada,eu não fiz isso,Percy tirou o veneno e…

Como um raio vermelho ela apareceu na minha frente tocando minha mão.

—Voce sabe que teve grande parte em restaurá-la,em proteger o acampamento mesmo que isso lhe causasse tanta dor.

Suas palavras eram firmes,seu sorriso era gentil enquanto ela me conduzia até os degraus em frente a seu trono de pedra.

—O que veio fazer aqui criança?

Encarei meus pés e engoli em seco.Dei de ombros pra pergunta enquanto rodava minha lança.

—Eu...eu não sei.Só senti que aqui seria o melhor lugar pra estar nesse momento com tanta coisa acontecendo ao meu redor - eu disse enquanto uma serva vinha com duas taças e um jarro.

—Beba um pouco,vai te fazer bem.

Obedeci pegando a taça e vi um líquido branco correr até que a serva saiu sem dizer nada.

Engoli sentindo um gosto estranho e doce enquanto meu corpo parecia mais leve e revigorado.

—É um elixir de cura,funciona muito bem quando precisamos pensar com mais clareza.

Atena caminhou pra longe me deixando ali imersa em pensamentos quando a vi.

Com olhos azuis como os meus,cabelos pretos desgrenhados e uma expressão zangada uma mulher se aproximava a passos largos de mim.

Larguei a taça e rodei minha lança eletrizando-a e me levantei.

—Então é você que está causando tanta agitação no acampamento?

Ergui uma sobrancelha enquanto ela se aproximava cada vez mais.

—Sou Thalia,uma filha de Zeus exatamente como você.

Arfei surpresa enquanto ela se jogava sentada no degrau e me olhava de cima a baixo.

—Eu não tenho poderes tão claros como os seus -ela disse apontando pra minha lança.

Minha cabeça girava com as lendas do velho Pinheiro,de Percy ser o ladrão de raios,de tudo o que ele, Annabeth e Grover enfrentaram pra ter o Velocino e trazê-la de volta a vida.

—O que faz aqui? - perguntei voltando a me sentar.

Ela riu olhando o teto esculpido com as lendas dos deuses que tanto me causam problemas.

—A pergunta maior é o que você faz aqui -ela rebateu.

Dei de ombros olhando Zeus esculpido na pedra bradando o raio contra o titã.

—Acho...que só queria um lugar pra pensar sem todo aquele caos - eu murmurei.

—Mas olha se não são as filhas do meu irmão mais amável.

Hermes era exatamente amigável e simpático como nos contavam,mas também era tão pouco confiável quanto eu achava que eram seus filhos.

Ele arremessou na minha direção um pacote pequeno e saiu sem dizer mais nada.

Suspirei rodando a embalagem marrom entre os dedos e me levantei.Thalia me segurou pelo pulso.

—Às vezes pensar demais é um erro,tentar demais é um erro.

Suas palavras eram pesadas enquanto ela me soltava e saía silenciosa caminhando pra longe de mim.

—O que faz aqui criança?

A voz de Zeus escoava pelo espaço vazio enquanto ele se aproximava em tamanho humano.

—Eu só precisava de um lugar pra poder pensar melhor e acabei pensando que aqui seria um bom lugar pra isso - eu respondi guardando a lança.

—Voce é teimosa como sua mãe...Sabe que não deve sair do acampamento sozinha,é perigoso…

—Não acho que isso faria diferença pra você ou que alguma criatura venha atacar o Olimpo por minha causa.

Os olhos de Zeus faiscaram com minha resposta mas ele se recompôs e sentou-se em seu trono.

Seu raio cintilou em seus dedos enquanto ele me chamava com uma das mãos.

Aproximei-me e como um ímã eu fui atraída pelo raio sentindo sua energia correr e arrepiar todo o meu corpo.Zeus não se movia enquanto eu estendia minha mão e tocava o raio sentindo uma onda de energia circular por mim.

As mechas da frente do meu cabelo ficaram brancas como a luz,meu corpo emanava correntes elétricas que dançavam sob minha pele.

—Voce realmente é... única.

Uma voz melodiosa ecoou e me surpreendi ao ver uma mulher maravilhosa com um manto roxo cobrindo seu corpo.

Com uma trança de flores e uma tiara de prata enfeitando sua cabeça,Afrodite se aproximava sorridente com os braços cruzados.

Soltei o raio mas a energia se manteve circulando ao meu redor enquanto ela tirava de seu cabelo uma flor azul tão delicada quanto um floco de neve e a depositava no meu cabelo.

—Voce tem o meu favor filha de Zeus - ela disse sorrindo.

Tão rápido quanto veio ela se foi me deixando com Zeus que contemplava seu raio.

—Thalia não era capaz de tocar o meu raio...Ela quase foi queimada quando tentou - ele murmurou.

Que legal,eu era uma aberração.

Bufei e encarei a movimentação que começava ao nosso redor.

—Eu quero ir embora do acampamento, não me interessa pra onde mas eu quero sair de lá.

Minha voz era firme mas absurdamente cansada.

—Não posso permitir.Sei que a situação é difícil mas há muito acontecendo, estão havendo ataques vindos de inimigos que ainda não conheço e precisam de você ali.É um sacrifício que você deve fazer.

Sua voz era firme mas nada era exatamente uma ordem.Seu olhar era nostálgico enquanto ele me olhava vendo outra pessoa que não estava mais entre os vivos.

Tinham coisas demais acontecendo, informação demais faltando,sentimentos demais correndo dentro de mim.

Zeus tocou minha cabeça e meu corpo se eletrificou.Onde ele tinha tocado,uma tiara pendia com inúmeras correntes com estrelas prateadas estava presa dando a volta em minha cabeça.

—Vai precisar quando batalhar - ele murmurou guardando o raio.

Caminhei assobiando e já escutando as asas de Pégaso se aproximando.

Sem olhar pra trás eu montei sem saber o que me aguardava na viagem de volta.

Voamos de volta e eu tentei ao máximo aproveitar a vista e ignorar qualquer pensamento que viesse.

Quando pousei no deck as irmãs me receberam com olhares preocupados enquanto eu descia de Pégaso e acariciava seu dorso.

—Obrigada pela carona - eu disse.

Sem nenhuma palavra pra elas eu entrei e me sentei pegando algumas frutas pra comer.Elas vieram e me serviram pães e queijos fatiados enquanto eu tocava a tiara que pendia fazendo cócegas no meu rosto.

Comi,tomei banho e me olhei nua no espelho.

Muito tinha mudado.

Meu corpo estava mais forte e delineado,meus olhos cintilavam contrastando com as mechas brancas que emolduravam meu rosto.

Em anos eu não me sentia tão...bonita.

Ignorando todas as circunstâncias eu  desci,coloquei um vestido preto de renda e mangas longas,calcei sapatilhas prateadas e saí da minha cabana.

A noite caía esfriando o clima enquanto eu me aproximava da área da fogueira.

Ao invés do silêncio rotineiro eu ouvi cumprimentos e vi acenos pra mim enquanto eu me aproximava.

Ali no centro, Annabeth estava sentada ao lado de Percy com Grover cutucando as cinzas de madeira queimada.

O galho caiu de sua mão quando ele me viu.

—Boa noite - eu disse enrolando uma mecha entre os dedos.

Percy engoliu em seco sem conseguir desviar o olhar, Annabeth franziu o cenho e eu ouvi passos vindo pra perto de mim.

Lucius se aproximava decidido a falar comigo até que nossos olhares se encontraram e eu senti a energia crepitar ao nosso redor.

Seus passos pararam enquanto ele enfiava as mãos nos bolsos da jaqueta.

—Não é como se tivéssemos tido algo sério Lucius,me esquece.

Eu disse e caminhei até me sentar ao lado de Cedar que envergonhada torcia a barra da camiseta vermelha.

Sem nenhuma palavra eu espetei marshmallows num galho com várias pontas e o coloquei no fogo vendo-os torrarem no calor.

Enquanto eu mordia meus doces eu sentia olhares curiosos sobre mim e quando olhei,todos os garotos me olhavam engolindo em seco.Ri baixinho enquanto limpava meus lábios e uma garota morena muito bonita se aproximava de mim.

Sua pele queimada de sol emoldurava olhos praticamente dourados e uma boca vermelha em forma de coração.Seus cabelos cacheados formavam uma juba longa que brincava em sua cintura com suas pontas desarrumadas.

—Voce por acaso...viu minha mãe?

Sua voz era tímida e incerta enquanto ela se agachava ao meu lado.

Sorrindo eu entendi.

Uma filha de Afrodite.

—Algo assim - eu respondi mordendo mais uma bolinha torrada.

—Voce já era linda,ela não precisava ter te favorecido.

Com um estalo de compreensão eu entendi o que a deusa fez comigo.

Aos olhos de todos eu estava mais atraente,mesmo com mechas brancas pendendo ao lado do rosto.Enrubesci encarando o fogo e me colocando em pé.

—Voce foi ao Olimpo?

A voz de Annabeth ecoou pelo silêncio desconfortável que voltava a aparecer entre os campistas.

—Talvez- respondi jogando o galho nas chamas.

Saí caminhando em silêncio e a garota de Afrodite vinha ao meu lado em silêncio.

Passamos pela frente de seu alojamento e seus dedos finos se fecharam no meu pulso.

—Aceita...tomar um chá comigo? - ela convidou.

Dei de ombros e ela me conduziu por um alojamento florido e coberto de tecidos que pendiam do teto formando um arco íris suave.

O chá logo veio e por trás dos cachos a garota enrubescia enquanto me servia.

—Meu nome é Breeze -ela sussurou.

Olhei mais atentamente e com um erguer de sobrancelhas eu entendi o que estava acontecendo ali.

Suas pupilas estavam dilatadas,seu rosto enrubescido e seu corpo trêmulo não conseguiam disfarçar.

—Pra que me chamou aqui Breeze? - eu perguntei tocando seu queixo com o indicador fazendo-a me encarar.

No segundo seguinte ela estava por cima de mim me roubando um beijo.No outro ela tinha se afastado e mais corada do que nunca ela cobria sua boca caindo de joelhos diante de mim.

—Eu... perdão!Eu não sei o que me deu!Eu venho te olhado desde a primeira vez que você chegou ao acampamento mas nunca tinha chegado perto e agora…agora você deve estar pensando que sou uma idiota e…

Não deixei que ela terminasse.

Me coloquei por cima dela e a puxei num beijo calando suas desculpas.

Em instantes sua timidez saía dando lugar a curiosidade de sua língua e seus dedos se prendiam firmes a minha cintura me trazendo o máximo possível pra si,uma das mãos tocava meus seios e eu a segurava pelas coxas e apoiava sua cabeça deixando que ela explorasse.Depois eu pensaria nas consequências,agora eu só aproveitaria enquanto pudesse.

Sorri quando ouvi passos se aproximando na porta e a soltei levantando.

—Boa noite Bree, bons sonhos

Sussurrei piscando pra ela e saí deixando-a no chão de madeira fria e encontrando olhares curiosos das filhas de Afrodite que se amontoavam ao meu redor.

—Boa noite meninas - eu disse acenando.

Abri espaço e saí pela noite e cheguei ao meu alojamento me jogando na cama.

Pelo menos por essa noite eu teria motivos pra rir.

O dia seguinte amanheceu confuso enquanto eu me trocava colocando jeans,botas,um sobretudo preto e luvas brancas.

Soltei meu cabelo e prendi as mechas brancas pra trás deixando a tiara pender na minha testa com as estrelas brincando na minha pele.

Saí com Nox batendo suas asas e tentando sair do chão enquanto eu caminhava até o refeitório.

Quando cheguei alguns garotos engoliram em seco,outras garotas me olhavam de cima a baixo e eu me servia de frutas e queijo na bandeja.

Mais uma vez eu via Lucius se aproximando ao meu lado enquanto eu me preparava pra afastá-lo e conseguir comer em paz.

Antes de eu poder falar qualquer coisa,Breeze veio ao meu encontro corada como um tomate com o cabelo dividido no meio com fitas azuis os prendendo.

—B…Bom dia - ela sussurrou enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta rosa.

Sorri e a puxei por uma das fitas roubando um beijo.

—Agora estamos quites por ontem - eu disse segurando seu queixo.

Ouvi o refeitório todo arfar enquanto eu a soltava e me virava pra Lucius.

Pra minha surpresa Percy e Grover estavam ali e me olhavam tão surpresos quanto qualquer um que estivesse ali.

Ergui a sobrancelha e dei de ombros caminhando até uma mesa vazia.

Bree se sentou ao meu lado, Cedar se sentou do outro com mais dois filhos de Ares enquanto eu mordia um pêssego mantendo contato visual com Lucius que saía irado do refeitório.

Puxei mais uma vez a fita no cabelo de Breeze soltando seus fios e enrolando a fita entre meus dedos.Seus lábios se abriram surpresos enquanto eu tomava mais um beijo pra mim.

Todos ali nos olhavam enquanto eu via Daeria se aproximar de mim com uma expressão séria.

Aquele seria mais um longo dia...





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