Hate Hating You escrita por Namine


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Gokudera se mostrou ser um verdadeiro gentleman tsundere, se você quer saber. q



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Eu batia contra a porta, na expectativa que alguém ouvisse. Ninguém ouviu nada por um bom tempo, e se ouviu ignorou. Apelei para o chute, mas o maximo que consegui foi fazer uma marca que mais parecia uma cratera na porta de aço,nada mais. Ótimo, estava presa.

-Mais força! – gritei e arremessei a minha perna com ainda mais força contra a porta. A cratera afundou um pouco mais, mas nada da porta se quer bambear. O pior foi que senti uma pontada terrível no meu tornozelo depois, e não agüentei nem ficar de pé. Despenquei, gemendo uma praga em italiano.

Ótimo, estava presa e com o tornozelo machucado.

“Flash back ON”

-Você tem certeza que a loja de CD fica por aqui mesmo? – examinei onde tínhamos ido parar;  uma rua muito estranha, não tão longe de onde os garotos estavam, mas longe de qualquer loja de musica.

- Não me questione, tenho certeza que é por aqui! – Hayato berrou, muito irritado.

-Ah, preferia mil vezes ter ficado sem o meu cd do The Gazette mas ter ficado com os garotos, do que perdida com um irritadinho que nem você.

-Desgraça... – ele murmurou, colocando as mãos no bolso da calça. Então do nada parou, colocando a mão na minha frente para eu parar também.

-O que? – perguntei. Ele só colocou um dedo em frente a boca, para eu ficar quieta. Até a respiração dele parecia estar mais cautelosa.

Foi então que ele apontou discretamente para o frente com o queixo, e pude ver encostado no poste da outra esquina, vigilante e atento ao seu redor, Genkishi, da família Giglionero. Era uma das famílias que mais queria os anéis Vongola, com toda certeza, e até Hayato sabia que não éramos páreos para aquele cara.

Pelo menos não no meio da rua, onde estavam tantas pessoas inocentes.

Ele começou a me empurrar para o lado, até que entramos em um beco, e avistamos um porta aberta. Ele agarrou a minha mão e corremos para dentro daquele lugar, uma espécie de galpão onde guardavam o estoque de uma grande loja de roupas logo a frente do galpão. Hayato encostou na parede, ofegante.

-O que esse maldito está fazendo aqui? – ele murmurou, franzindo o cenho – Temos que avisar os outros rapi... – tarde de mais, alguém havia fechado a pesada porta de ferro, sem perceber que estávamos lá dentro.

Ouvi um clique na fechadura. Estávamos trancados.

“Flash back OFF”

-Acho que torci o tornozelo – murmurei, enquanto ia me arrastando até um canto da sala, com a minha mão sobre o tornozelo esquerdo de queimava de dor.

-Mas que inferno. – Hayato bateu contra a parede, muito irritado. Otimo, estava machucada e presa com a pessoa que eu menos desejaria estar presa.

-Perfeito! O que vamos fazer agora?!– bufei, enquanto me sentava perto de umas caixas, cruzando os braços, com uma cara de dor por causa daquela maldito tornozelo que não parava de doer.

-Essas portas são de aço – ele foi até a porta e bateu com o punho fechado – De uma qualidade fora do normal. Eu até conseguiria detonar com as minhas dinamites, mas o teto viria abaixo também.

-O jeito é esperar?

Ele grunhiu alguma reclamação, sentou encostado na parede enfrente a minha, enquanto tirava um cigarro do bolso.  O encarei com um semblante repreensivo.

-Isso faz mal pra saúde. – reclamei, na desculpa só de falar alguma coisa. Não queria ficar presa lá com ele, mas queria muito menos ficar presa com ele com aquele silencio constrangedor no ar.

-E você acha que eu ligo?

-Ah, tanto faz – dei de ombros.

Ele acendeu o cigarro com um isqueiro que tinha no bolso e começou a soltar a fumaça da sua boca, que dançava no ar antes de dissipar por completo. Era fascinante observar aquela fumaça se esvaindo.

-Tem mais algum ai? – perguntei, interessada .

-Como?... Você quer um cigarro? – indagou, descrente das palavras que saiam da minha boca.

-Pois! Quer que eu desenhe? – É, eu queria um cigarro. Aquilo era pedir demais?

-Mas e a sua saúde? –respondeu, sarcasticamente.

-Ah, e você acha que eu ligo? – tentei ridiculamente imitar a voz dele. Pude notar que onde estava um semblante  irritado e impaciente,  agora parecia um sorriso, com um leve indicio de felicidade. Certo, aliens, o que vocês fizeram com o cabeça de polvo?

-Venha aqui buscar então. – ele  murmurou com um sorriso estranho, enquanto pegava m cigarro do maço. Tentei me levantar , mas minha perna esquerda bambeou e fui de encontro ao chão novamente. Praguejei baixinho enquanto o tornozelo doía com um ardor fora do comum. Miserável, não tinha como você mesmo me entregar um?

Fui me arrastando até o seu lado com certa dificuldade, me sentando ao lado dele. No momento que eu estiquei a minha mão para apanhar o cigarro ainda apagado da mão dele, ele o jogou para o lado e agarrou o meu braço com força.

-Argh! Você está louco, Hayato? – gritei, tentando puxar o meu braço; mas ele não sedia de forma alguma. Alias,muito pelo contrario.

Deu um giro, parando logo na minha frente, meio ajoelhado, sem cima de mim. Quando eu estava preparando a outra mão para lhe dar um belo tabefe na cara, ele a agarrou com a mão livre. Agora ele estava lá, a poucos centimentros de mim, empurrando os meus braços contra a parede, me encarando com enigmáticos olhos cinza esverdeados. Eu poderia muito bem levantar a minha perna com tudo e lhe dar um chute no meio das pernas, porém a única perna que estava na reta daquele lugar era a perna esquerda, que mal conseguia mover. Já que agora toda a perna estava dormente.

-Eu me cansei de você – ele sussurrou, enquanto soltava uma baforada de fumaça da sua boca no meu rosto, me fazendo franzir o nariz, enquanto tossia forte.

Quando a fumaça passou, pude notar que ele estava ainda mais perto.

-O que você está tentando fazer? – gritei novamente, porem com menos convicção do que da outra vez. Estava nervosa, e acima de tudo, envergonhada. Ele jogou o cigarro para o lado, e o mesmo apagou na hora.

-Eu te odeio, imbecil. – falou, antes de me beijar.

Queria gritar, queria soltar as minhas mãos e começar a estapeá-lo até a morte, mas simplesmente não consegui fazer nada disso. O meu coração disparava, e sentia que a qualquer momento poderia parar. A minha face queimava devido ao rubor. E meus olhos que no começo estavam arregalados de medo, logo se fecharam, levados pelo momento.

Ele se afastou depois de alguns segundos, se recusando até a alma de olhar para mim. Levei a mão até perto da boca, e senti as minhas pernas bambearem.

-Mas que diabos você está pensando?! – berrei, enquanto bati a minha mão contra o piso.

-Não aja como se não tivesse gostado. - ele sussurrou, enquanto olhava para baixo. Foi então que percebi que seu rosto estava vermelho, ainda mais que o meu.

-Hayato... Você ficou louco? – tinha certeza que aquela não era a pergunta mais apropriada para o momento, mas tinha que faze-la de qualquer maneira. Ele me encarou assustado – Afinal, o que diabos aconteceu aqui? Você me odeia, eu te odeio... Não era?

Minha voz tremulava.  Meu coração estourava no peito, e minha cabeça doia. Não conseguia mais pensar no Hayato como um cara imbecil e irritante.

– Eu me sinto bem com você.; de um jeito estranho. E sei que com você é a mesma coisa.

Ele... Estava sendo gentil de uma maneira estranha. Estava mostrando o que sentia? Não entendia mais.

-Eu... Isso foi... Inesperado.

Ele ergueu a cabeça, com um olhar espantado. Sua face ainda continuava vermelha, e quando vi aquilo foi a minha vez de desviar o olhar para o lado.

Um silencio constrangedor. E dessa vez, foi o maior e mais constrangedor de todos.

-Eu nunca me importei com ninguém depois que minha mãe morreu – ele suspirou, acabando com o silencio. Sentou-se de frente para mim, de pernas encolhidas e com a cabeça encontrada no jeolho. – Ninguém nunca se importou comigo também, se quer saber.  Até eu encontrar o juudaime, e perceber que poderia realmente ter um amigo – ele fez uma pausa, para certificar que eu estava escutando atenciosamente.

Ele tinha um passado triste, assim como eu. Mas diferente dele, eu sempre tive alguém que realmente se importasse comigo. Depois que meus pais morreram, Dino me acolheu carinhosa na mansão Cavallone, com um sorriso e uma frase, que até hoje eu lembro, e que me faz sentir como se tivesse um lugar e uma pessoa para recorrer não importando as dificuldades.

 “Vai dar tudo certo, Nao-chan, eu só não quero te ver chorando. Vou cuidar de você.”

Sempre o amei secretamente depois disso então, não importando com o fato dele ser meu primo. Sempre o amei, até alguns minutos atrás. Agora não sabia de mais nada.

-Eu sempre tive inveja dos outros guardiões, sabe? Eles pareciam ser dar bem com todos, inclusive com meu único amigo. Mas principalmente, tive muita inveja de você, que com uma personalidade tão parecida com a minha, conseguiu a confiança de todos em menos de um ano. Mas então eu percebi de um tempo para cá que não era realmente inveja. Era ciúmes de você.

Senti o meu coração pulsar cara vez mais e mais forte. Pensei por um segundo que ele estava prestes a explodir, e realmente pensei que ele tivesse explodido quando ouvi a porta de batendo bruscamente contra a parede.

-Vocês estão bem?! – era a voz de Tsuna. Vi logo atrás dele várias cabeças curiosas; Takeshi, senpai e as garotas, que nos observavam curiosamente.

 -Gente! – gritei, e sai mancando até eles. Todos se espantaram ao me ver mancando, e olharam para Hayato com um olhar acusador, como se ele tivesse me batido.

 Ah, vocês acham que se ele tivesse torcido meu tornozelo ele estaria respirando agora?

-Essa idiota saiu chutando essa porta, como se esses chutinhos fracos fossem derrubar essa porta de aço – Hayato estava agindo normalmente depois de tudo aquilo, desgraçado. – Colocou  força além do limite, deve ser torcido o tornozelo, mesmo ela sabendo que não ia dar certo – olhou para o outro lado quando a luz que vinha de fora chegou no seu rosto, com o intuito de ninguém poder ver seu rosto vermelho – Se ela batesse essa cabeça dura contra a porta acho que teria mais resultado, talvez.

O encarei furiosa, enquanto sentia o sangue fervendo nas minhas veias. Como um cara de pau desse pode me beijar, dizer que eu sou importante e depois me chamar de idiota? É realmente definitivo, eu não entendo esse cabeça de polvo.

-Temos que te levar a um medico rápido! – Tsuna exclamou, preocupado.

-N-não! Eu estou bem, verdade. – tentei me colocar de pé, e no momento em que coloquei o peso do corpo na perna esquerda, senti uma onda de choque passando por toda a minha perna. Talvez tenha sido mais do que apenas uma simples torção.

-Naomi! – ouvi a voz de Yamamoto, ao fundo. Mas... Estava começando a ficar tudo confuso. A minha visão estava embaçando, e a audição estava falhando.

Consigo me lembrar é que Yamamoto correu até onde eu tinha caído com todos os outros logo atrás, e estava tendo me reanimar, me sacudindo de leve. Porém eu estava em uma espécie de transe. Parecia que todo aquele choque do impacto tinha chego ao me cérebro, me fazendo perder as funções motoras. Mal conseguia respirar agora.

Então... Se não me engano, Yamamoto já estava me pegando para me carregar até um medico, porém senpai entreviu, dizendo que ele poderia me carregar. Ele me encarava muito preocupado. Minha visão ficou mais embaçada.

Mas quem me carregou no fim das contas não foi nenhum dos dois.

-Deixa comigo – era a voz de Hayato, inconfundível. Senti que alguém tinha me levantado e estava me carregando. A ultima coisa que eu consigo lembrar antes de desmaiar por completo foram dos olhos verdes acinzentados muito próximos, me fitando com uma mistura de sentimentos que nem o dono deles conseguiria decifrar.

Abri os olhos,  e pisquei varias vezes, enquanto eles continuavam a enxergar tudo embaçado. Ouvi um ruído e levantei a cabeça tentando localizar de onde vinha. Dr. Shamal segurava o meu braço com um aparelho enrolado nele, checando a minha pressão. Pareceu surpreso quando eu acordei.

-Dr Shamal...? – murmurei. Estava um pouco grogue.

-Ah, você acordou. É uma pena, pois fica lindinha dormindo.

-Calado! – gritei furiosa, enquanto minhas bochechas se avermelhavam. Eu ainda daria uma boa surra naquele safado.

-Você está desacordada a cerca de quatro horas – disse, calmamente – a maioria de seus amigos estavam aqui até agora pouco, porém devido a hora tiveram que voltar as suas casas. Menos um.

Rodei os olhos pelo quarto onde eu estava, mas não encontrei ninguém além dele.

- Ele foi comprar umas coisas para mim, como pagamento por eu ter cuidado de você – e quando seu sorriso malicioso apareceu, eu já tinha certeza do seu próximo comentário – Porém, se eu soubesse que você era tão linda dormindo, não tinha cobrado nada, só ver você já seria o maior pagamento.

-Pff... – revirei os olhos, irritada. Mas percebi que um agradecimento não faria mal algum, já que ele cuidou da minha perna, que parecia bem melhor agora. - Obrigada, Dr. Shamal.

Ele  sorriu de novo, enquanto tirava o aparelho do braço e guardava dentro de um caixa branca. Nesse instante ouvi o som da porta de abrindo.

-Aqui está o suco de maça e o salgado que você pediu ... Seu desgraçado, você estava brincando com a minha cara quando pediu que eu comprasse aquelas revistas pornográfic...- ele hesitou, parecendo constrangido. Foi então que percebeu que eu tinha retomado a consciência. Jogou a sacola para Shamal e veio até o meu lado.

-Como você está? Seu tornozelo está doendo? Tire essa feição de assustada do rosto e me responda!

Eu realmente estava assustada. Ele estava se importando comigo. Até mais do que se importaria com Tsuna... E ele estava com um semblante culpado, como se tivesse envolvimento com aquilo; e realmente tinha. Hayato continuou me encarando com expectativa que eu conseguiria responder uma das perguntas, e sua mão deslizou até perto da minha. Assim que ele percebeu, tirou a mão com um pulo discreto.

-Eu estou bem... – Me ajeitei sentada, enquanto via sua feição ficando mais suave, aliviada. Notei que Shamal examinava a cena com um sorriso mais do que triunfante no rosto, orgulhoso como nunca.

É claro que quando dei conta de mim, eu tinha que cortar aquele clima e começar a gritar.

-Seu idiota, o que você estava pensando? Tem merda aí dentro da cabeça, é? – o xonguei em italiano, sentindo meu rosto queimar de rubor.

Dr. Shamal riu alto, adorando aquele clima patético que existia entre mim e o Hayato agora.

-... Eu não sei mais como devo me comportar em  relação a você, caramba! Não sei se devo te chamar de idiota, ou então se devo te abraçar.... – desviou o olhar para o chão por um tempo, e eu também fiz isso. Me senti realmente uma idiota. O que ele sentia por mim parecia ser algo intenso,  e eu parecia entar começando a retribiur. Descobri que eu era um grande e imbecil tsundere.

Depois de poucos segundos, vi que o Hayato havia voltado a me encarar. Respirei fundo e fiz um movimento com o queixo apontando para Shamal no canto da sala. Ele acenou para nos dois e deu uma piscadela feliz.

-Esse desgraçado sabia de tudo, antes mesmo de eu me tocar. - e maneou a cabeça negativamente – Esse não é o caso, apesar dele estar envolvido também... Eu só quero saber se você me perdoa, fui um completo idiota aquela hora.

-Isso você foi mesmo – por algum motivo, o meu comentário não o surpreendeu. Pelo contrario, ele conteve um sorriso. Estava bem calmo agora. Hayato de fases. – Mas eu tenho que desculpar, até porque não sei como vou agir agora na frente dos outros... Na verdade não sei como agir na sua frente também.– cocei a cabeça, confusa.

Hayato  sorriu como se quisesse acabar com aquele clima estranho. Não era do fetiche dele se preocupar em desfazer mal entendidos ou sorrir nessas situações. Era um Hayato completamente diferente do que o que eu conhecia.

O que me deixava feliz.

Fui liberada do hospital umas três horas depois. Eram quatro horas da manha, porém nem eu, nem Hayato parecia estar com sono.

Dr. Shamal nos deu carona em seu carro até o apartamento – Hayato fez questão de ficar na frente, para que “o desgraçado não tente aprontar nada!”... Ele se importava comigo, o que ainda era estranho para mim, muito estranho.

Mas muito encantador.

Seguimos em um silencio constrangedor até o andar de Hayato, o mais constrangedor foi que eu tive de me apoiar no seu ombro pra conseguir subir as escadas, já que meu pé estava engessado. Ele se ofereceu para me ajudar subir até  o meu andar, mas neguei consegui com pouco dificuldade sair pulando os degraus. A despedida dele enquanto fechava as porta foi um estranho “Até daqui a pouco”. Não consegui ver o que as palavras realmente expressavam, e também não era do tipo que ficava refletindo por uma coisa dessas.

Cheguei e assim que abri a porta pude ver que Ayme não estava por lá, porque o apartamento estava organizado, exatamente como eu tinha deixado. Vi um papelzinho rosa purpurinado colocado em cima da mesa de centro da sala apertada, e tinha certeza que Ayme tinha passado ali.

“Nao-chan! Sai com uma turma hoje, eles são muito interessante! Talvez eu te apresente o bonitinho, mas se ele não estiver interessado em mim, claro” tive vontade de vomitar nessa parte, mas me conti “Ah sim! Aquele teu amigo... É só amigo mesmo né? Se sim, ele pode ter me dado um gelo, mas não vou desistir, ele é gostoso demais pra se desistir tão fácil.

Beijos na bunda, um dia eu volto!! ”

Torço pra que não volte nunca, Ayme.

Peguei a carta e rasguei, jogando os pedaços do papel rosa cintilante no lixo. Joguei-me no sofá e peguei a minha caderneta de desenhos, e tentei desenhar alguma coisa. Mas minhas mãos tremiam, eu não conseguia me controlar. Meu coração batia desesperado.

Foi quando ouvi passos na escada, apreciam subi-las. A esta hora, não poderia ter muita gente zanzando por ai, então pensei que fosse ele.

Curiosa para saber o que ele tinha ido fazer lá em cima, o segui discretamente até ver que ele tinha ido parar no ultimo andar, um salão de festas grotesco.

Ela uma sala de tamanho mediano, com uma churrasqueira enferrujada, mesas e cadeiras de ferro também enferrujado e teias de aranha para todos os lados, sem falar no cheiro. A única coisa que valia a pena naquele lugar era no canto da sala, onde jaziam um violão e um piano, ambos instrumentos que a dona da republica havia doado.

Nesse cantinho quase abandonado, pude notar um rapaz de cabelos cinza sentado no piano enquanto seus dedos percorriam com facilidade as teclas desafinadas; mas mesmo com isso, ainda conseguia uma melodia linda.

Reconheci na hora, I Hate Everything About You, Three Days Grace. Minha música favorita, e que naquele momento estava significando tudo para mim.

Na aproximei, cuidando para não fazer nenhum barulho, passos silenciosos eram minha especialidade. Mas não naquele dia.

Acabei tropeçando no pé de uma cadeira, que desabou ao meu lado com um estalo enferrujado. Ele virou-se assustado, e sua expressão se ficou serena ao me ver.

-Que bom que é você. – Gokudera disse simplesmente, e virou-se para continuar a tocar. Eu ousei me aproximar um pouco mais, mancando.

- Boa escolha. – murmurei. Vi que ele se afastou mais para o canto do banco em que estava sentado, um banco grande e velho de madeira gasta e com o tecido manchado. Estava me convidando para sentar-se junto, e não hesitei.

-Sim, sabia que iria gostar... – ele parou te tocar e me encarou. Para a minha surpresa, agarrou a minha mãe e pousou-a em cima do piano, conduzindo calmamente os meus dedos pelas teclas, na mesma melodia, um pouco mais lenta. Tentei fixar o meu olhar nas teclas, talvez assim ele não visse o meu rosto vermelho.

Depois de pouco tempo, havia me esquecido que estava em uma situação constrangedora, e me deixei levar pelo ritmo da música. Não importava o instrumento tocado, ela anda continuava linda.

Quando ele reparou que já havia de adaptado ao ritmo, soltou as minhas mãos e me deixou conduzir sozinha. Poderia nunca ter tocado piano, mas achava fantástico. Minha mãe tocava para mim quando era mais nova.

-Você tem mãos perfeitas para tocar piano. – parei as duas mãos no ar. Era exatamente o que minha mãe me dizia, só que agora as palavras saiam da boca de Hayato. Assim que me virei para encara-lo perplexa, não tive nem tempo para reação nenhuma, ele estava me beijando novamente.

Dessa vez eu agi por instinto. Não sei o que deu em mim ao certo, mas assim que fui surpreendida por ele, a minha mão voou de encontro ao seu rosto. Ele caiu do banco, e ficou com as pernas no ar.

-Merda! Me desculpe, eu agi por impulso! – gritei, exasperada. Não acreditei no que tinha feito, e entendi a minha mão para ajudá-lo a levantar-se. Ele começou a gargalhar. O Hayato gargalhou.

- Só me prometa – ele disse, tomando fôlego entre os risos que insistiam em tomar conta dele – que não vai me bater toda vez que eu for fazer isso. – recomeçou a rir, enquanto se colocava de pé.

Coloquei a mão tentando cobrir todo o rosto, e me coloquei de pé, me virando de costas para ele. Meu rosto queimava, nunca tinha estado tão sem graça na vida. Desgraçado, como com simplesmente um risada você consegue me deixar desse jeito?! ... Era uma risada tão perfeita.

Mas isso não era importante. Meu coração tamborilava alegremente no peito, me sentia mais viva do que nunca. Sentia-me capaz de derrotar qualquer inimigo que ousasse acabar com aquela felicidade, sentia-me capaz de ser mais forte. Sentia-me incrivelmente feliz.

Talvez eu o odiasse também, ou então talvez fosse outro sentimento de qual meu orgulho não me deixava nem pensar na possibilidade.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo saiu um pouco maior do que ue pretendia... Mas ai está, capitulo final.
Adorei escrever essa fanfic, adorei mesmo! Adoro desvendar personagens complicados e tsun-tsun como o Hayato. E adoro histórias com OC! A_A
Sinta-se pegando o Hayato, e, e, beijos da Ayme. q