O coração de Sakura estava aos pulos. Alívio ou medo – ela não sabia ao certo qual sentimento era mais predominante em si naquele momento. Finalmente veria Sasuke-kun... Ele não foi embora – ela repetia mentalmente para si – ele não foi embora.

Enquanto caminhavam rumo ao último quarto do corredor, Kakashi e Sakura encontravam-se em um silêncio cheio de significados.

- É esse aqui. – a enfermeira declarou parando em frente ao quarto.

A rosada e o ninja copiador se entreolharam e acenaram com a cabeça, dando permissão para que a jovem pudesse abrir a porta.

- Amaya-chan disse que ele está acordado... – a enfermeira os informou abrindo a porta lentamente. – Sasuke-kun? Você tem visitas...

Kakashi e Sakura entraram logo atrás, porém, pararam de chofre ao constatar que...

- Ele não está aqui... – Sakura sussurrou.

- Sasuke-kun? Sasuke-kun? – a enfermeira gritava alarmada, revistando todos os lugares possíveis e impossíveis do quarto.

Para a rosada, aquela cena já se tornara familiar. No entanto, isso não quer dizer que ficara fácil de aceitá-la...

Um vulto passara ao lado da ninja e, segundos depois, ela constatou que se tratava do seu sensei.

Sakura caminhou lentamente em direção da janela, apoiou os braços no peitoril e abaixou a cabeça, já sentindo as tão conhecidas lágrimas banharem sua face.

- Sasuke-kun...

- O QUÊ?

Papéis voaram da mesa da Hokage, conseqüência do grande soco que ela dera segundos depois de escutar o relato de Hatake Kakashi.

- Sabíamos que isso aconteceria, Tsunade-sama. – ele começou. – Só vim avisá-la para que a senhora ficasse a par da situação. Devemos ser rápidos e alcançá-lo antes que saia da vila...

- Mas é impossível! Há dois ninjas na entrada de Konoha, não tem como o Uchiha... – Tsunade discordou.

 - Com todo respeito, Tsunade-sama... Estamos falando de Uchiha Sasuke. Correção: estamos falando de Uchiha Sasuke zangado. Seria tolice subestimá-lo. Acredite: experiência própria. – Kakashi a interrompeu e, logo em seguida, sumiu em meio a uma névoa de fumaça.

- HATAKE KAKASHI! – a hokage gritou, mas de nada adiantara: ela estava sozinha.

O moreno estava à espreita. Observava atentamente os dois ninjas que discutiam fervorosamente sobre alguma coisa a ver com comida. Dangos, ele escutara. O Uchiha revirou os olhos, entediado. Parecem até com o dobe!, ele refletiu. E logo em seguida apertou os punhos com força. Não podia mais pensar neles. Deveria esquecer a vida que tivera aqui, só seria mais um empecilho para ele. Respirou fundo e procurou voltar a sua “missão”. Afastou-se um pouco do local e fez alguns selos de mão.

Acompanhou com os olhos a garota rosada se aproximar dos dois ninjas.

- Ohayo! – ela dissera sorridente.

- Ohayo. – eles responderam em uníssono.

- Tsunade-sama me pediu para avisá-los que ela os está esperando em sua sala. – a rosada falou, ainda sorrindo.

- Hum. É... Mesmo? – Kotetsu perguntou desconfiado.

- Droga! Não está real o bastante! – o Uchiha praguejou baixinho.

Fechou os olhos e imaginou uma cena mais... “adequada”.

- AGORA. – ela continuou, ao mesmo tempo em que deixava o punho fechado à mostra e uma expressão assassina tomava conta de sua face.

- Ha- hai! – os dois murmuraram ao sair o mais rápido possível do local.

- Idiotas. – Sasuke riu vitorioso.

A garota de cabelos rosa que estivera segundos antes próxima à saída da vila, sumira como se nunca tivesse existido.

“Tática shinobi número dois: Genjutsu”, o Uchiha relembrou, dando um sorriso de canto.

Caminhou lentamente rumo ao portão da vila. Ele estava perto. Seu coração acelerava ao mesmo tempo em que ele olhava para os lados freneticamente, tomando todo o cuidado para que não fosse visto por alguém conhecido.

Finalmente... Depois de tantos obstáculos, ele finalmente poderia ir à busca do tão sonhado poder. Nem olhou uma última vez para trás – não por ingratidão ou arrogância... Mas porque ele não confiava em si o suficiente para acreditar que conseguiria ir embora após ver do quanto ele estaria abrindo mão.

Abaixou a cabeça, fechou os olhos e respirou fundo. Procurou trazer todas as lembranças ruins à tona; repetiu mentalmente o porquê de estar indo embora, por que não podia ficar. E também afirmava a si mesmo que nada seria em vão. O maldito que causou tudo isso, o culpado por sua infinita tristeza iria pagar. Era por isso, e somente por isso que ele aceitaria sua sina. E quem sabe um dia... Talvez, um dia...

Com a determinação de volta, Uchiha Sasuke levantou a cabeça, já preparado para abarcar um mundo desconhecido, quando, mais uma vez...

- Sasuke-kun?

Alguém atrapalha seus objetivos.