Ainda caminhando por aquele caminho terroso, os quatro perceberam que estavam próximos a uma pequena vila. Já podiam avistar, logo abaixo deles, uma grande extensão de casas e um amontoado de pessoas.

Ninguém ousava romper o confortável silêncio que pairava entre eles, quebrado somente pelo grito de uma ave que pousou graciosamente no braço de Kakashi.

O shinobi desamarrou o pergaminho que se encontrava preso na perna do pássaro, vendo-o então decolar logo em seguida. Enquanto lia o que estava escrito no papel, Kakashi enrugou levemente a testa – fato este que não passou despercebido pelo jovem Uchiha.

Terminada a leitura, o ninja acenou levemente para os gennins e voltou a caminhar; os três imediatamente atrás.

A estrada agora se dividia em duas: o caminho pela esquerda acabaria na vila e o outro seguiria rumo ao País do Falcão. Naturalmente, os três jovens estavam certos de que continuariam andando na mesma direção; só pararam quando o sensei dobrou à esquerda.

Sasuke arqueou a sobrancelha, mas seguiu o ninja copiador. Depois de alguns instantes, os outros dois o imitaram, ainda confusos.

Quando chegaram, perceberam que um festival acontecia; era realmente absurda a quantidade de pessoas que preenchia aquela área.

Naruto logo se lembrou da vez em que partiu com o Ero-sennin à procura da Tsunade-obaa-chan. O lugar era semelhante, e até as lojas pareciam iguais. Só não compreendia o porquê de estarem ali. Droga! Não tinham que ir proteger um garoto, afinal de contas?

– Bom pessoal, nós estamos aqui porque...

– Kakashi sensei, o que estamos fazendo aqui? – ele berrou exasperado. – Temos uma missão, não podemos simplesmente desviar do caminho e –

– Baka! – Sakura, sendo a garota paciente que é, imprimiu toda a força de sua mão na cabeça do loiro. – Se você deixá-lo explicar quem sabe consiga entender!

Naruto esfregou o machucado, choramingando palavras incompreensíveis, enquanto algumas pessoas se viravam para descobrir o motivo da pequena comoção.

O Uchiha revirou os olhos; ele precisava ser tão barulhento assim?

– Como eu ia dizendo – Kakashi começou. – Estamos aqui porque iremos escoltar Kotaru-san até o País do Falcão. Ele veio por causa do festival e está aqui com sua babá.

Sasuke manteve sua habitual máscara de indiferença, Sakura franziu as sobrancelhas e Naruto... continuava confuso.

– Então... – a rosada se pronunciou. – Nossa missão é simplesmente levá-lo em segurança até o País do Falcão?

Kakashi acenou positivamente.

– Hein? – o loiro fitou o sensei. – Que história é essa?

O ninja suspirou.

– Nós somente iríamos até o País do Falcão e ficaríamos lá enquanto... precisassem de nossa proteção. – eles entenderam a mensagem que ficara nas entrelinhas. – Depois que Kotaru-san assumisse o posto de novo daymio, nossa missão estaria completa e voltaríamos para casa.

Os três jovens encaravam o sensei, apreensivos.

– Mas... – Sakura incentivou.

Internamente, Sasuke já suspeitava do que tinha ocorrido. Só precisava mesmo da confirmação.

– Mas... Kenichi-ojii-sama acaba de falecer.

Bingo.

A rosada pôs a mão na boca, uma sutil tristeza tomando conta de si. Naruto pareceu então ser assomado por uma súbita onda de seriedade; abaixou a cabeça e apertou levemente os punhos.

O moreno era o único que não demonstrava surpresa (nada raro quando se trata do prodígio Uchiha).

– É... Então, como vocês já devem ter percebido, nossa missão foi encurtada. – o sensei retomou a explicação. – Só devemos levá-lo até o nosso destino e então poderemos retornar à Konoha.

– Então vamos logo. – Sasuke voltou a caminhar, com as mãos nos bolsos.

Kakashi lançou um olhar significativo para a rosada e o loiro e então seguiu o Uchiha, juntamente com os dois jovens shinobis.

***

– Hije Kotaru, por favor.

A recepcionista – uma moça em seus dezesseis anos incompletos – abaixa a vista para um livro que continha os nomes de todos os hóspedes e seus correspondentes quartos juntamente com notificações dadas por eles.

– Hum... não há nenhum aviso sobre visitas... – ela disse com a cabeça ainda abaixada. – Receio que não poderei atender ao seu pedido... – a moça finalmente ergue a vista, encontrando então o olhar desinteressado de Uchiha Sasuke.

Como muitas que só pelo fato de encarar a figura imponente do moreno sentem arrepios percorrerem o corpo inteiro, a garota corou fortemente.

– Eu sei que é repentino, mas é de extrema importância... – Kakashi tentou mais uma vez. – Escute, você mesma pode chamá-los e...

Ele parou abruptamente seu discurso de persuasão ao notar que a atendente não lhe dava ouvidos; observar Sasuke era muito mais interessante.

O ninja arqueou a sobrancelha, sentindo uma ideia tentadora surgir em sua mente.

– Hey, Sasuke... – ele cochichou para o moreno. – Resolva esse probleminha para nós, sim?

O Uchiha o encarou irritado, sem compreender o que diabos ele tinha a ver com aquela palhaçada. Quer dizer, Kakashi era o sensei dali, certo? Ele que se virasse, e de preferência longe de Sasuke.

O shinobi revirou os olhos, impaciente, e apontou com a cabeça para a jovem que suspirava a cada movimento que Sasuke fazia.

Enquanto isso, Naruto resolveu sair do local. Pelo visto, alguma coisa estava errada, mas ele não poderia ajudar de qualquer forma, então concluiu que dar uma volta pelas redondezas seria mais produtivo. Ele tinha quase certeza de que vira um restaurante que vendia rámen...

Sakura, por sua vez, sentia a veia em sua testa pulsar cada vez mais forte. A garota cretina nem se dava ao trabalho de tentar disfarçar os olhares cada vez mais famintos que lançava ao Sasuke-kun.

Finalmente o moreno compreendera o pedido do sensei, porém, isso não significa que ele concordara prontamente com aquilo. Pelo contrário, quis estrangular Kakashi por sugerir tal estupidez. Ele era um objeto, por acaso?

– Vamos lá, Sasuke... Dê-nos uma ajudinha... Você também está na equipe... – o moreno rosnou em resposta. – Isso faz parte da missão. – o ninja copiador abriu um sorriso triunfante.

Desgraçado.

O Uchiha rosnou mais ferozmente, antes de suspirar em frustração e aceitar sua derrota.

Oh, mas ele pagaria... Kakashi iria pagar por essa humilhação!

Caminhou despreocupadamente até a garota – que ruborizou ainda mais – e fitou-a com aqueles onixes entediados.

O sensei deleitava-se com a cena. Estava ansioso por ver o que o moreno diria para...

– Dê logo a droga do número.

Kakashi sentiu seu queixo cair, em completa incredulidade. Mas que porcaria foi essa?

Sakura, por outro lado, sorriu internamente. Rá, toma essa, sua oferecida!

O ninja estava inconformado; não podia acreditar no que vira e ouvira!

Definitivamente, Uchiha Sasuke precisava de umas aulas de conquista urgentement...

– Pega logo essa merda.

Kakashi só então percebeu que o moreno já estava ao seu lado, estendendo um pedaço de papel.

Era o número do quarto.

Voltou a vista para a atendente e percebeu que a pobre coitada estava quase tendo um infarto.

Sasuke franzia levemente a testa – um claro indício de irritação. Andou em direção à rosada e ficou lá, sem dizer nenhuma palavra.

Hum...

Kakashi sorriu maliciosamente e seguiu pelos corredores com os dois gennins, subindo um lance de escadas e dobrando à direita até avistarem o quarto que procuravam.

Somente minutos depois perceberiam que faltava alguma coisa. Ou melhor, alguém.