-Pierre - virei minha atenção a ele quando paramos no sinal- Será que... Bem... Será que eu posso dormir na sua casa, só dormir mesmo... É que eu não quero ir para casa agora... Se não for muito problema e tudo mais, não quero te atrapalhar- Atrapalhar? Problema? CLARO QUE NÃO.

-Claro que pode- eu entendi que não era uma reconciliação, mas não podia deixar de fantasiar.

-Que bom- ela escolheu uma playlist que tinha o  Still Not Getting Any e músicas do MxPx e deixou tocando e nós voltamos a cantar. Às vezes ela não parecia ter 18 anos, de maneira alguma. Eu havia lhe ensinado tantas coisas, tinha a feito perfeita para mim.

-Bom, tem pijama, escova de dentes, pantufa, livro, tudo aí. Mas se precisares de alguma coisa não evite me chamar, está bem?- Soava tão maduro, que até não me reconheci. E era realmente como eu queria soar, mas na verdade o que eu realmente queria dizer era ‘venha ao meu quarto, não hesite’ Bem malandrão.

-Okay... Obrigada Pie-
-Boa noite- Eu falei de volta, eu acho, mais correto seria ‘murmurar’. Porque eu tô parecendo uma cadelinha no cio de tanta excitação.

Deitei em minha cama, após colocar uma calça de flanela. Liguei a tv querendo ver se pegava no sono, mas tinha tanta coisa na minha cabeça que simplesmente não dava para dormir. Depois de uns talkshows tirei a minha blusa porque já estava sofrendo de calor e resolvi ir beber um chá, talvez isso me trouxesse sono.

Andei até a cozinha cambaleando de sono, era incrível como eu estava morrendo de sono e era incapaz de dormir. Ai paro com uma visão: Maya com uma blusa minha, bem antiga da Role Model, com somente uma calcinha em baixo, que como ela estava praticamente dentro da geladeira, estava aparecendo inteira. Mas tadinha, ela não irá encontrar nada lá. Mal sabe ela que eu não faço compras há séculos e que essas semanas vivi de comida que entrega em casa.

-Hamm- arranhei a garganta para chamar sua atenção.
-To vendo que não se alimentou direito essa semana. Nem comprou nada- ela falou com um tom engraçado -Como você conseguiu?-.

-Fácil, pedindo comida- Dei os ombros- Queres que eu peça alguma coisa para ti? Estás com fome?-
-É mais vontade de comer que qualquer coisa...- ela deu os ombros.
-Eu vim fazer chá, mas se quiseres eu tento te fazer alguma coisa-não que eu saiba fazer muitas coisas, mas minhas máquinas de fazer coisas, como waffles e etc... Sabem.
-Tudo bem, eu como essa bolacha, mas aceito o teu chá- Ela estava tão simpática.

Estamos sentados na mesa da cozinha, cada um com a sua caneca tomando seu chá de hortelã, com um pratinho com bolachas. Era tão diferente, incomum para falar a verdade.

-Pierre, isso tudo é muito estranho, nem quando a gente não se pegava você era tão educadinho, tão formal! E sabe, eu tenho medo, eu realmente tenho muito medo que seja só por causa do bebê-

Calma, respira e pensa no que vai falar. Não vai estragar tudo.

-Não é só por causa dele, ou dela! Em algum momento eu tinha que perceber o quão estúpido eu estava sendo, eu passei esse tempo todo que ficamos separados pensando no que deveria ter feito, nas coisas que deveria ter dito. De como as coisas seriam diferentes se tivesse as feito. De como eu fui idiota, egoísta, egocêntrico. E é claro do fato que eu sentia sua falta. Mas eu era e sou muito covarde para assumir isso, que eu sentia a sua falta, que eu sentia falta de uma guria de 18 anos. Que tudo que eu falava que nunca ia acontecer comigo aconteceu e eu me vi numa situação frágil, me sentia mais idiota por pensar assim. Eu achava que eu nunca iria perder você! Mas perdi e virei outro Pierre. Estou mais magro, mais sensível e mais grosso. Como eu nunca imaginaria! Eu pude pensar muito nesse tempo. E eu tentei te esquecer,tentei me contentar com o fato que não daríamos certo,que essa relação nunca daria certo que foi bom acabar. Mas não dá, é impossível te esquecer .E eu percebi que a única coisa que tem importância pra mim, a única coisa com quem eu me importo é você-  fui interrompido por um beijo impulsivo dela por cima da mesa.Que saudades que eu estava daquela boca, do cheiro dela, de tudo.

Me afastei e rapidamente fui até ela,a beijei com ainda mais intensidade, com a intensidade de todos os beijos que quis lhe dar durante esse tempo e não pude. Sentei-a sobre a mesa e ela abraçou a minha cintura com suas pernas, com isso a carreguei em meio de beijos até meu quarto. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. A coloquei delicadamente sobre a cama, e ela rapidamente tirou a blusa, ficando só de calcinha e sutiã.Mordi meus lábios, era tão bom tê-la de volta. Não demorou muito para ela tirar minha calça, me deixando só de boxers. Me deitei delicadamente sobre ela. Eu realmente sentia a sua falta.

Tudo pareceu tão rápido, não deu tempo para raciocinar direito, em um momento estávamos tomando chá na cozinha e no outro ela estava aqui, dormindo ao meu lado. Com nossas roupas espalhadas pelo chão do meu quarto.

Pensei que só falta uma coisa: contar ao Jeff.