I Hate You Then I Loved You escrita por Tatiana Mareto
A teoria do caos invertido
Julie não entendeu nada. Ela estava entendendo muito pouco das coisas que aconteciam naquele lugar. Pensou que fosse a água... a água sempre causava um efeito estranho nas pessoas. Mas Brenda estava esquisita, e a relação dela com todos era esquisita. Causava até uma invejinha saudável em Julie... que bem desejou tanta proximidade assim com pessoas famosas e belas. De qualquer forma, Brenda estava diferente demais, e algumas vezes assustadora.
Dongwan não estava nada bem. Foi ele quem mais sentiu os efeitos da intoxicação, e suas costas estavam feridas porque ele se coçou demais. A coceira tinha sumido por causa da medicação, mas ele estava grogue e lento. Ainda mais lento do que o normal.
_Isso dói. – Ele reclamou.
_Deixe de ser fresco. – Andy ignorou.
_Ok, hoje é o dia em que todos vão me deixar à míngua. – Dongwan virou-se na cama, expondo as escoriações. Julie quase sentiu dor por ele.
_Vocês estão sendo cruéis. – Ela foi até o banheiro e voltou com uma toalha de mão molhada. – Não vêem que ele está todo machucado?
Sorrindo, Julie passou a toalha molhada pelas escoriações. A água fria faria a dor diminuir, e o edema ceder. Ela não entendia muito daquelas coisas, mas sabia se virar. Afinal, eram procedimentos básicos.
_Você é boa nisso. – Alex sorriu.
_Bem, agora que nosso programa furou... nosso cliente vai ficar furioso... preciso aprender mesmo uma nova profissão. – Ela brincou.
_Remarquei tudo para semana que vem. – Brenda surgiu no quarto, suando. Ela ainda não tinha parado, e os amigos sequer perceberam de onde ela veio.
_Você vai ter um colapso. – Alex tomou o celular de sua mão. – Quem está com Eric?
_Ninguém... – Brenda se deu conta.
_Abandonou seu posto, soldado. – Andy riu. – Vou lá ficar com ele...
_Ele está dormindo. Está completamente dopado, estava com dor e lhe deram morfina.
_Ok. Então, conseguiu remarcar? – Julie sentiu alívio. – Pensei que o cliente nos esquartejaria e serviria no almoço.
_Ele ainda vai fazer isso. Mas pelo menos aceitou o atraso de uma semana no comercial. O problema é: a imprensa. Os cães farejadores estão lá em baixo... chamei um bando para despistá-los, mas sabe com são os paparazzi.
_Sim, sabemos. – Dongwan disse, também um tanto grogue.
_O que está fazendo? – Brenda viu, finalmente, que Julie estava sentada na cama de Dongwan.
_O que ninguém teve coragem ainda de fazer... cuidando dele.
_Ah bom. – Brenda irritou-se, mais uma vez. – Então eu agora também tenho que cuidar do musgo? Não é gente demais, não?
_Ela me deixaria para os cães...
_Não deixaria. – Brenda se aproximou. – Os cães não merecem tanta crueldade.
_Volte para o quarto de Eric, Brenda. – Alex resmungou, já cansado daquela conversa toda.
_Deixe que eu vou. – Andy se levantou. – Cansei de ficar sentado, mesmo. Quando eles estarão liberados?
_O médico disse em umas duas horas... mas do jeito que estão, talvez precisem esperar passar o efeito dos remédios.
_Vou com você. – Julie deixou o que fazia e intentou seguir Andy. – Preciso me movimentar...
Os dois foram até o quarto de Eric. E os três amigos, reunidos em um quarto novamente. Dongwan um tanto fora de si, mas lúcido o suficiente para implicar. E Brenda tão estressada que se poderia fritar um ovo em sua testa.
_Você não quer medir a pressão? – Alex notou que um fio fino de sangue escorria de seu nariz. Brenda costumava ter sangramento nasal quando estava sob pressão maior.
_Não... estou bem. Preciso descansar... mas enquanto eles não estiverem bem e gravando, não sossego.
_Se você não sossegar, interno você à força.
_Não faria isso! Você nunca faz nada comigo à força...
_Eu não, mas sei quem faria. – Alex olhou para a cama. Dongwan tentava se sentar, meio sem sucesso.
_Não faria isso mesmo! – Brenda o ajudou. – Você não pediria a ele para...
_Pedir o que?
_Nada, musgo. Não pense que estou boazinha com você, apenas quero meus produtos saudáveis.
_Sou seu produto... quanto romantismo.
_E deveria haver romantismo onde, nessa história?
_Vou ver Eric e Jun Jin. – Alex ameaçou sair. Sim, ele estava cansado da conversa entre os dois. Ele sabia que sairiam faíscas, mas não tantas.
_NÃO! – Brenda o agarrou pela camisa. – Nem pense... acha que vou ficar aqui sozinha com ele?
_Já ficou antes, e não era problema.
_Sempre foi.
_Brenda... – Alex se soltou, e segurou a face da ex-noiva entre os dedos. – Enquanto você lutar, será pior. Aceite... sossegue... acalme-se... eu já volto. – Alex beijou suavemente os lábios de Brenda, que tremia dos cabelos ao dedo do pé. – Wannie, tome conta dela.
_Tomar conta de mim. – Brenda resmungou sozinha. Ligou a TV e começou a zapear os canais. Seus dedos tremiam, ela mal conseguia acertar os botões do controle remoto. – Está para nascer o dia em que essa peste vai tomar conta de alguém... nem toma conta de si mesmo!
*_Brenda. – Dongwan falou. Ela o ignorou. Aquele era seu passatempo favorito, ignorá-lo. Ela o fez muito bem por 5 anos... Durante 5 anos ela o ignorou com perfeição. – Brenda... não adianta fazer isso. Vou te chamar até resolver olhar para mim.
*_O que você quer, musgo? – Ela se virou para ele. Dongwan estava sentado na cama, recostado nos travesseiros, de mau jeito, semi coberto, cabelos embaralhados. Ele tinha olheiras enormes, e parecia cansado.
*_Sente-se aqui. – Ele chegou para o lado, deixando um espaço para ela na cama.
*_Você ACHA que vou sentar ao seu lado? – Brenda sentiu uma fisgada.
*_Sim, vai. – Ele se esticou e tentou alcançá-la. Seria fácil para Brenda se esquivar, mas ela não o fez. Ela não entendeu direito a sua reação... mas ela começou a temer a si mesma, então. – Vai se sentar aqui... me dê isso. – Ele tomou o controle de suas mãos.
*_Você anda pretensioso, musgo.
*_Sempre fui... nunca notou? – Dongwan puxou Brenda para seu lado, bem devagar. Ela era como um gato, qualquer movimento brusco a assustava e fazia com que desaparecesse. Ele costumava saber...
*_É... você sempre foi metido. – Ela deixou que seus pés a conduzissem para onde ele queria. Lentamente, Dongwan fez com que Brenda se sentasse na enorme cama de hospital em que estava.
*_Eu sei. E você sempre foi muito chata... não sei como sua amiga te agüenta.
*_Julie é uma ótima amiga... e você bem soube se aproveitar dela.
*_Ela se ofereceu para ajudar a parar minha dor... dor que todos ignoraram, menos ela. – Dongwan falava, enquanto convencia Brenda a fazer o que ele queria. Ele sabia que a melhor forma de comprá-la era um bom argumento. Com algum esforço, tirou seus sapatos. – Está melhor assim?
*_Não. – Brenda ainda sentia a fisgada. Seus músculos respondiam a espasmos involuntários. – Céus, é apenas o meu segundo dia na Ásia e eu já causei um tsunami.
*_Não se deve falar nisso por aqui. – Dongwan riu. – Dá azar.
*_Eu dou azar. Mas isso não te interessa... – Brenda fez menção de levantar. Aquele negócio de ficar deitada ao lado de Kim Dongwan não era algo que ela estava interessada em fazer.
*_Shhh... – Dongwan desligou a TV e puxou Brenda para si. Ela intentou resistir, mas desistiu em seguida. Ela não andava muito racional. – Lee me mandou tomar conta de você.
*_E você algum dia fez isso?
*_Não importa.
Dong Wan recostou Brenda em seu peito. Sentia a ardência das escoriações e a dormência por causa dos medicamentos, mas não estava enjoado. Tomou cuidado para não se embolar com o soro, e recostou-se nos travesseiros novamente. Ela fechou os olhos. Seu cérebro enviava um comando para que seus músculos repelissem aquele toque, mas seu corpo inteiro negava a existência de um cérebro.
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