No restaurante, o ambiente estava propício à diversão. Eric pediu vinho, Julie estava sorridente, Andy não falava nada sério e Brenda pensava. Ela via o passado lhe passar em frente aos olhos como se fosse um filme, exatamente como sempre diziam que acontecia com quem o revivia. Tudo aquilo acontecendo... era como um déjà vu. Ela sabia, aquilo tudo era um presságio. Tentou disfarçar que não estava realmente se divertindo, porque não queria estragar a noite de ninguém... mas ela não estava se divertindo.

_Melhor pedir a conta. – Andy estava gargalhando com alguma coisa que Julie falara. Eles já tinham jantado, e continuar como castiçal o estava incomodando.

_Concordo. Amanhã temos um dia cheio, de novo. – Brenda pensando em trabalho. Eric chamou o garçom e pediu que encerrasse a conta.

_Obrigada pela companhia. – Ele disse a Julie, quase sussurrando em seus ouvidos.

_Oras... – Ela se encabulou – Desculpe por trazer a escolta armada.

_Tudo bem... ao menos Andy nos faz rir.

Depois de pagar a conta, Eric ofereceu o braço para acompanhar Julie até o carro. Andy e Brenda saíram cantarolando alguma coisa. Ninguém tinha exagerado no vinho, estavam apenas alegres. Chegaram ao hotel; Eric foi acompanhar Julie até o quarto. Andy subiu, depois de deixar Brenda em seu andar. Eram apenas os acompanhantes... e ele estava cansado.

Brenda caminhou lentamente pelos corredores, querendo deixar que Eric e Julie se despedissem. Ela já tinha importunado demais as intenções do amigo... e ela sentia que sabia quais eram aquelas intenções. Enquanto enrolava para chegar ao seu quarto, sentiu algo segurando seu braço e subitamente fora puxada para o canto.

*_Shhhhhhh... – Dongwan selou seus lábios. Brenda teve um flashback assustador, seus músculos todos travaram ao mesmo tempo. – Sou eu.

*_Musgo! Quer me matar do coração? – Brenda protestou, voz baixa. Seu coração batia tão rapidamente que ela pensou que ele fosse sair por sua boca.

*_Ainda não tivemos aquela conversa...

*_A gente não conversa, briga. – Brenda repetiu as palavras de Alex, involuntariamente.

*_Mas que raios... que seja para brigar! Então brigue comigo! Mas não continue me ignorando... por que hoje saiu com Andy?

*_Você estava lá, você ouviu. Que conversa de doido!

*_Mas antes saíamos juntos... antes nos estapeávamos, mas fazíamos coisas juntos! Você me tratava como um cão, mas estava sempre por perto. – Dongwan sussurrava, mas queria estar gritando. – Você simplesmente me abandonou e agora só me ignora... venha comigo.

Dongwan puxou Brenda para si, arrastando-a. Normalmente, ela resistiria. Mas ele estava certo, e ela detestaria admitir isso. Ela o ignorava porque era mais fácil, mais seguro. Seguiu Dongwan pelas escadas até chegarem ao andar dos rapazes. Ele abriu uma porta, e entraram em um lugar escuro. Brenda tentou acender a luz, mas ele segurou suas duas mãos, com firmeza. Ela nem sabia direito onde estavam.

*_Ok, agora vai me deixar de castigo no escuro. – Brenda riu. – Vou ficar com medo.

*_Não vou te deixar de castigo. Diga-me o que houve para você ter ido embora, diga-me o que te fez deixar de me odiar para me ignorar.

*_Nunca te odiei, musgo... eu te desprezava. Como posso não te ignorar depois de tanto tempo? Você também nunca me procurou.

*_Eu sempre te procurei. Mas você não queria ser achada.

*_Como assim me procurou? – Brenda ficou curiosa.

*_Tem interesse em mim agora... divertido.

*_Tudo bem. Não houve nada, simplesmente arrumei um bom emprego nos EUA e fui para lá. Agora me dê licença, está escuro e preciso voltar para o quarto.

*_Não. – Dongwan não a soltou. Olhou em seus olhos. Ele mal podia enxergá-la. – Você não precisa... você não vai.

Antes que Brenda pudesse usar seu poder de argumentação, para explicar por que motivo ela precisava voltar para seu quarto, se não fosse óbvio, Dongwan colocou novamente os dedos em seus lábios, tornando-a silente. Brenda ouvia a sua respiração, que estava ofegante ainda. Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, ate que Dongwan resolveu retirar os dedos. Ela costumava falar demais, mas aquele não era um momento de palavras.

*_Mas o que está acontecendo com você musgo?? – Ela queria saber.

Dongwan não respondeu, ele simplesmente segurou Brenda pela cintura e a puxou para si, sem que ela pudesse oferecer reação. Encostou seu nariz no dela, sentiu sua respiração acelerada. Aproximou seus lábios e a beijou, com força. Brenda pensou novamente em resistir, colocou as duas mãos nos ombros de Dongwan para livrar-se daquele homem ao seu redor, mas não conseguiu. Ele era mais forte; ele passava a mão por seus cabelos, por suas costas, até que ela cedeu completamente.

Não era muito tarde, mas Dongwan sabia que ali ele não seria importunado. E se fosse, a razão não lhe era companheira naquela noite. Ficara bastante incomodado com a forma como Brenda o tratava, e mais ainda com ela sair com Andy e deixá-lo ali. Segurou-a com as mãos, jogou-a sobre a cama que somente ele sabia onde estava, e escorregou por cima dela, sem parar de beijá-la.

*_Musgo, você... – Brenda sempre falante.

*_Será que você poderia ficar quieta um instante? – Ele protestou. – Estou tentando fazer algo aqui...

*_Será que você não consegue deixar de ser engraçadinho em hora nenhuma?

*_Sim, consigo.

Dongwan segurou as duas mãos de Brenda e as afastou do corpo, prendendo-as acima da cabeça, tornando-a totalmente indefesa. Brenda não estava mais interessada em resistir. Desistiu de pensar e deixou que as três taças de cabernet fizessem o efeito esperado.

Do you ever think of me?

_Tem alguma coisa errada. – Julie entrou porta adentro do quarto de Alex, nervosa. Ele mal havia se levantado, ainda estava de shorts, quando foi atendê-la. E Julie parecia um furacão. Ela sempre era um furacão de manhã.

_O que houve?

_Brenda... ela não dormiu no quarto! Ela não está em lugar algum!

_Como assim não dormiu? – Alex sentiu-se apreensivo. – Quero dizer... vocês voltaram do restaurante juntos, não voltaram?

_Sim, voltamos! Eric me deixou na porta do quarto, Brenda ficou enrolando para subir... imagino que queria nos deixar a sós.

_Ah, ficaram a sós? – Alex mudou a conversa rapidamente.

_Não... não assim. Eu voltei para o quarto e estava tão cansada que desmaiei. E agora quando acordei, a cama dela está intacta. E ela não está em lugar nenhum do quarto!!!

_Já viu com os rapazes?

_O que ela estaria fazendo lá?

_Não discuta... vamos lá para cima.

A luz fraca entrou pela janela do quarto onde estava Dongwan. Ele abriu os olhos relutantemente, sentindo-se dolorido. Tentou espreguiçar-se, mas havia algo sobre si. Abriu os olhos direito e entendeu suas limitações motoras.

*_Brenda... – Ele chamou seu nome, sussurrando em seus ouvidos. Brenda sonhava, e seu sonho não era ruim. Ela ouviu ser chamada, mas não queria acordar. – Brenda...

*_Ahm? – Ela abriu os olhos, olhando para cima. Dongwan apareceu de cabeça para baixo em seu campo de visão. – O que você está fazendo no meu sonho, musgo?

*_Bom dia. – Ele a beijou na testa. – Péssima notícia, você não está sonhando.

Brenda assustou-se e pulou da cama. Olhou para Dongwan meio coberto, cabelos despenteados, olhos amarrotados de sono. Sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha quando se lembrou de onde estava. Tudo de novo...

_Droga... – Ela fechou os olhos, imaginando a teoria do caos.

*_Volte aqui. – Dongwan segurou Brenda pela mão e a puxou de volta para a cama. – Não seja teimosa e volte para a cama. Ainda são seis horas da manhã...

*_Nossa agenda começa às oito! – Brenda resistiu um pouco. – Como sempre, irresponsável.

*_Sim, bastante. – Dongwan beijou-a nos lábios, suavemente. – Pode me chamar do que quiser... mas não me deixe falando sozinho. Não me exclua mais...

*_Não vou, por enquanto. – Ela lhe retribuiu o beijo, com bastante dificuldade. – Mas preciso ir... Logo, logo Julie acorda.

Enquanto Brenda se vestia e escapulia pela mesma porta pela qual entrou, Julie e Alex chegavam ao quarto dos rapazes, nervosos. Bateram na porta, acordando a todos. JunJin veio atendê-los.

_O que houve?

_Brenda... ela está aqui?

_Não que eu saiba. – Eric, sonolento, bocejando.

_Onde está Wannie? – Alex franziu a sobrancelha. – Onde é seu quarto?

_O da ponta... – JunJin apontou. Alex bateu à porta, várias vezes. Dongwan apareceu, shorts largos e amarrotados, cara amassada.

_O que foi, Lee?

_Onde ela está?

_Ela quem?

_Brenda!

_E eu que sei? – Dongwan queria rir, mas não podia.

_Ela não dormiu no quarto, onde mais estaria?

_Sei lá... quer me revistar? Nem tenho bolsos.