I Will Try To Fix You escrita por Laris


Capítulo 2
And ignite your bones


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar o capítulo preciso dizer três coisinhas.

1° Esse não será a última parte como eu havia dito no capítulo anterior. Eu dividi o derradeiro capítulo em dois, não por ter ficado grande, mas para separar os assuntos na história e não ficar confuso.

2° Muuuuuuuito obrigada às meninas que comentaram! Vocês fizeram meu dia mais feliz!

3°Desculpe pela demora! Foram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e eu fiquei sem cabeça pra terminar a fic.Anyway... vou parar de falar e deixar vocês lerem ^^



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Sim, era o Potter. E ele estava chorando.

Fiquei tão chocada que não soube como reagir.

Ver o Potter com lágrimas nos olhos é tão bizarro quanto um dragão de Focinho-curto Sueco começar a ronronar.

O que teria acontecido para deixá-lo nesse estado?

Entenda, eu tenho alergia ao Potter, mas ver ele desse jeito me deixa... inquieta.

Ficamos alguns poucos segundos nos encarando sob a luz da varinha até que o Potter secou as lágrimas coladas no rosto e, do nada, me deu as costas, sem pronunciar uma palavra sequer.

Fiquei vendo ele se afastando sem saber o que fazer.

— Ei, Potter! – corri atrás dele – Potter!

Ele se virou tão bruscamente que quase me choquei nele.

— Que diabos aconteceu com você? – eu sei, eu fui hostil, mas não consigo evitar.

— Não quero ser grosso com você – a voz dele saiu fraca, como se estivesse cansado. – Mas não é da sua conta, Lily.

Ai.

Novamente, ele se virou e caminhou na direção oposta.

Pisquei incrédula. Ele está se recusando a falar comigo. O que está acontecendo aqui? Normalmente, eu evito o Potter, e agora aqui estou eu querendo entender o que está acontecendo com ele e ele está me evitando?

Doido. Ele só pode estar doido.

Subitamente, notei que a capa dele ainda estava em minha mão. Fui de novo atrás dele.

— Potter.

Ele me ignorou.

— Potter!

Mas ele continuou andando, como se eu nem estivesse presente. Mas que... que... imbecil!

Com raiva por estar sendo ignorada, eu disse sem pensar:

— Caramba, James, será que dá pra você olhar para mim?

Potter parou.

Provavelmente eu o peguei de surpresa chamando-o pelo primeiro nome. Até eu estou surpresa por tê-lo chamado de James.

Meio hesitante, Potter se virou para mim.

O clarão da lua que passava por uma das janelas batia bem em nós dois. Já não havia mais rastros das lágrimas no rosto dele, mas seus olhos ainda estavam muito frouxos e vermelhos. Tão tristes. Mas havia rugas de curiosidade em sua testa.

Ele estava esperando que eu falasse, já que fui eu que o chamei, mas as palavras estavam entaladas na minha garganta e tudo o que eu fiz foi ficar encarando o apanhador como uma idiota.

— Lily? – Potter me chamou balançando a mão na minha frente para me fazer acordar.

Meu rosto ardeu de vergonha porque eu fui pega encarando-o abertamente.

— É Evans para você, Potter! – eu o repreendi.

Pigarreei e lembrei-me do que eu tinha que fazer, ergui o tecido maleável na minha mão.

— É que eu fiquei com a sua... ahn, isso é uma capa?

Legal, Lily! Você nem sabe o que é isso!

— Minha capa da invisibilidade – respondeu o Potter tranquilamente, ao pegá-la. Em seguida, ele sorriu obliquamente, um gesto quase imperceptível na verdade. Uma onda de choque arrepiou minha pele. Mas era de frio, com certeza.

Não consegui conter minha surpresa.

— Pensei que elas não existissem! Quero dizer, o Prof. Flitwick mencionou-a na aula de feitiços da desilusão, mas ele próprio diz que nunca viu uma! Tem um bruxo na Arábia que alega ter uma capa da invisibilidade, mas ninguém acredita que seja verdadeira, até porque ele lidera uma grande organização ilegal de tapetes voadores. A capa dele deve ser tão falsa quanto o material que ele comercializa. Como você tem uma...?

Calei-me antes que meu discurso afoito tomasse conta de mim. Potter, porém, sorriu de novo.

— Ganhei do meu pai quando vim para Hogwarts – murmurou ele olhando para baixo. – Ele me disse que para usar sempre que precisasse fugir de algo ou alguém. Não que ele esperasse que eu fizesse essas coisas mesmo...

Claro! Então era assim que os Marotos escapam!

— Mas ela não funciona sempre – Potter se sentou no parapeito da janela – Ela não me escondeu de você.

— Eu só usei um feitiço de revelação de presença humana – dei de ombros tentando ser modesta.

— O que você faz aqui? – perguntou ele de repente.

Ergui as sobrancelhas.

— Caso tenha se esquecido, Potter, eu sou monitora-chefe. Tenho deveres sérios nessa escola – respondi secamente. – E o que você faz aqui?

— Eu... Eu precisei sair e pensar um pouco.

— Ora, já é bem tarde, não acha? – retruquei colocando as mãos nos quadris, numa pose autoritária – Por que não pensa um pouco amanhã, de preferência na sala de aula, já que você não é tão dedicado lá?

Potter me encarou, claramente magoado com a minha grosseria.

Ok, eu sei! Estou sendo muito chata com ele. Mas, pelas barbas do Dumbledore, ele é o Potter! Eu não tenho motivos para ser legal com ele! Ah... A não ser aquela vez em que ele me defendeu quando o Severus me chamou de sangue-ruim no quinto ano. Eu deveria ser mais amigável com o Potter depois dessa. Ou não? Ah, dane-se!

Potter sorriu sombriamente:

— Você é realmente adorável, Lily.

Em tempos normais, eu teria esbofeteado ou azarado o Potter, no entanto, agora ele parecia tão diferente. Potter não estava me sacaneando, não estava com aquele olhar de quem acha que pode ter tudo o que quer, além disso, seu tom de voz não indicava segundas intenções.

Ele estava muito estranho e eu queria saber qual era a causa disso. Já nem era mais curiosidade. Era preocupação. Por Merlin, eu estou preocupada com James Potter!

— Eu sei que eu não tenho o direito de ficar te importunando, Potter, mas... – droga! Será que dá pro Potter não me olhar nos olhos? – eu, pelo incrível que pareça, estou preocupada com você. Quero saber o que aconteceu.

Potter ficou quieto por um longo tempo. Com espanto estampado no rosto, ele pareceu estar absorvendo o que eu acabara de dizer. Seus olhos fitavam os meus profundamente. Agora que eu estou notando bem, os olhos dele não só castanhos, são meio verdes também...

Espera um minuto. Eu estou analisando os olhos dele? Euzinha, Lily Evans?

É claro que eu prefiro extrair veneno de uma Acromântula viva do que ficar olhando nos olhos do Potter por pura vontade. Tudo bem que essa súbita preocupação com o Potter é uma coisa inédita... Mas eu só estou sendo educada, certo? É o que qualquer um faria se encontrasse alguém chorando em um corredor escuro, tarde da noite! Mesmo que esse alguém seja o Potter...

— Tudo bem – Potter disse me livrando dos meus devaneios. – Acho que vai ser bom se eu desabafar. É que... Eu...

Dei um sorrisinho, incentivando-o a continuar.

— Bem, eu não sei como começar – ele admitiu olhando para as próprias mãos.

Sentei-me ao lado dele.

— Ao menos tente.

— Eu não queria que ninguém me visse chorando – disse o Potter em voz extremamente baixa. – Se o Sirius soubesse, ele não hesitaria em me chamar de veado sentimental pelo resto do ano letivo.

Fiquei em silêncio, esperando que ele continuasse.

— Remus com certeza diria que isso é tristeza reprimida... sabe como é, né?

— Não, não sei.

Potter tornou a me encarar, só que dessa vez havia um sorriso bobo brincado em seus lábios.

— Tristeza reprimida porque a linda monitora-chefe não aceita minhas propostas – Potter piscou para mim afetivamente.

Primeira reação: surpresa.

Eu não estava esperando uma cantada do Potter agora.

Segunda reação: raiva.

Ah, não! Ele não vai vir com essa pra cima de mim, não agora quando eu – num ato impensado de preocupação – resolvi conversar com ele.

Com um suspiro pesado eu me levantei e comecei a me afastar dele. O que deu em mim? Eu deveria estar monitorando os corredores, não ficar de papo com o Potter.

Eu realmente achei que poderia ter um dialogo normal com esse patife sem ter que ouvir uma cantada idiota dele?

— Não Lily! Eu não quis... quer dizer...

— Me poupe, Potter! – respondi seca sem olhar para trás.

— Mas Lily...

— Me poupe de seus galanteios infantis!

Ele me puxou pelo braço e me virou. Havia uma expressão de culpa em seu semblante. Meus olhos encontraram os dele mais uma vez e, estranhamente, meu corpo relaxou.

— Me desculpe – pediu o maroto num sussurro.

Duas palavras.

Ele só precisou dizer duas palavras.

O suficiente para me fazer voltar atrás.

Desvencilhei meu braço da mão dele e me sentei no mesmo parapeito em que estávamos antes. Cruzei os braços e as pernas sem proferir uma sílaba. Ok, eu (pela primeira vez na história) vou dar uma segunda chance ao Potter.

Com um sorriso aliviado, Potter ocupou o lugar a meu lado.

Afinal, o que está havendo comigo? Dar uma segunda chance ao Potter não é uma coisa que está na minha lista de afazeres.

— Eu realmente não queria te irritar, prometo que não vai acontecer de novo, Lily.

Por Morgana! Será que ele nunca vai entender que para ele é Evans? Nada de Evans, minha ruiva ou Evans, meu lírio. É Evans.

Contudo, dessa vez eu não o corrigi. Eu tenho certeza que Potter não está nos seus melhores dias. Talvez alguém tenha feito mal a ele – por mais estranho que isso soe.

— Lily?

— Sim? – respondi com azedume. Minha língua coçou para dizer “Evans”, mas eu não o fiz. Só por hoje que eu vou deixá-lo achar que tem essa intimidade para me chamar pelo meu nome.

— Lily – ele disse novamente, experimentando a sensação de dizer livremente meu nome sem que eu pule na jugular dele –... você já se sentiu vazia? Sem chão? Sem esperanças? – Potter disse de repente, me pegando desprevenida – Desapontada? Inconformada? Com medo?

Olhei para ele sem entender.

— O que você quer dizer com isso?

— Só responda.

Potter estava brincando com sua capa da invisibilidade entre os dedos. Tinha um ar muito ausente.

— Ahn... já, eu acho. Mas não tudo de uma vez só, claro, eu ficaria louca!

Potter riu.

Um riso sem humor e seco, que não combinou com ele.

— Então eu não estou tão mal assim – observou ele.

Ainda sem entender, disse:

— Você pode me explicar o que aconteceu? – pedi em tom de súplica.

Potter deu um suspiro de estremecer. Esfregou os olhos preguiçosamente e enfiou a mão no bolso, do qual ele pegou um pedaço muito amassado de pergaminho, que ele passou para mim sem nada proferir. Desdobrei e alisei o pedaço de pergaminho.

Ergui a varinha para iluminar melhor as letras que preenchiam toda a carta.


Caro Sr Potter,


É com imenso pesar que lhe informo que sua mãe, Dorea Potter, que estava internada no Hospital St Mungos por uma grave virose de fada mordente, veio a falecer esta tarde, 18 de outubro, devido à uma inesperada complicação de sua doença.

Os Curandeiros fizeram tudo o que eram capazes, mas o grau alarmante da doença e a idade avançada da Sra Potter tornaram a cirurgia muito mais delicada e difícil. A Sra Potter não resistiu.

Lamentamos muito e esperamos que o senhor encontre conforto nesse momento tão penoso.

Atenciosamente,

Philis McCorry,

Medibruxa chefe do Hospital St Mungos para Doenças e Acidentes Mágicos.


Engoli em seco, mas minha garganta estava áspera como areia.


Sem avisar, uma forte comoção se apoderou de mim.

O choque de surpresa me fez ficar sem reações. Eu reli a carta, esperando encontrar alguma palavra que eu não tivesse lido da primeira vez. Mas estava ali, com todas as letras: sua mãe... veio a falecer... Eu nunca iria adivinhar que o motivo pelo qual ele estava chorando era esse.

Jamais imaginei o Potter chorando por algo – a não ser quando eu o azaro, claro – muito menos por um motivo tão triste.

Eu me aproximei dele, a comoção e o sentimento de pena aumentando cada vez mais em mim. Esquivei-me da barreira de aversão que eu sentia por ele e o abracei.

Encaixei meu rosto em seu pescoço e deixei que, hesitante, James circundasse seus braços ao meu redor firmemente, como se disso dependesse a sua vida.

Potter recomeçou a guinchar em lágrimas, fiquei com medo que ele acordasse metade do castelo, mas eu o abracei mais forte, deixando que ele se apoiasse em mim.

Desesperei-me, sem saber o que fazer para amenizar a dor que ele estava sentindo. Abri a boca várias vezes sem nada proferir até entender que, neste momento, nada que eu disser vai mudar o que já aconteceu. O que James precisa agora é de atos.

Esperei pacientemente que seu choro virasse soluços, depois esperei que estes cessassem. Senti James afundar o rosto no meu cabelo e ficar ali por algum tempo até serenar totalmente. Logo que a calmaria o atingiu, ela me atingiu também e notei como é bom ficar ali, corpo a corpo com o cara que eu menos gosto na face da Terra. Como era confortante e quente. Meu coração batia contra o dele. A respiração cada vez mais difícil de ser sorvida. Tudo o que eu queria agora era que Potter ficasse bem.

Houve um momento em que Potter começou a dizer coisas desconexas como “eu não entendo” e “os idiotas agora dizem que lamentam” e inconscientemente estreitou o seu abraço, mas eu não me importei porque agora o Potter precisava de mim. Logo ele tornou a ficar quieto e só a sua rascante respiração era audível.

Mordi meu lábio inferior e deitei a cabeça em seu ombro enquanto afagava suas costas, esperando. Esperando que tudo acabasse.

E, súbito, acabou:

— Obrigado, Lily – chiou James com a voz pastosa.

Relutante, ele me soltou de seus braços e esfregou a água para longe do rosto. Meu pescoço estava gelado de lágrimas que James deixou por ali.

Eu percebi que o cheiro dele tinha se pregado em mim. E por um momento ficamos assim. Ele com olhos vermelhos. Eu impregnada pelo perfume entorpecedor.

— Eu... eu realmente sinto muito – minha voz saiu entrecortada.

— Isso é muito estranho – Potter comentou com o olhar vazio, parecia tão alheio. – A gente só se da conta do quanto precisamos de alguém quando não a temos mais. Eu queria ter me despedido dela. Foi tudo tão de repente... e agora está doendo tanto. Eu olho para mim mesmo e vejo que estou quebrado.

Por que será que a voz dele penetrava tão fundo em mim? Por que eu estava com uma exasperada sensação de que eu tinha que animá-lo?

Sabe aquele tipo de pessoa que você sabe que foi mimado até o último fio de cabelo pelos pais? Pois é, eu sempre vi o Potter desse jeito. Um garoto mimado. E agora ele estava desalentado, fragilizado e angustiado.

E eu não gosto nada disso. Potter, por mais insuportável que fosse, é um cara que nunca ficava pra baixo.

James Potter parecia mais velho e muito cansado.

Meus dedos estavam gelados e dormentes. Eu queria tanto dizer algo que o ajudasse, mas as palavras não vieram. Minha boca estava cheia de palavras não ditas.

O silêncio entre nós estava alto demais em meus ouvidos, me incomodando profundamente. Vamos Lily! Não é tão difícil dizer algo que o console. Vamos, vasculhe seu cérebro!

— Sinto muito – repeti com a voz completamente audível agora. – Eu compreendo o seu pesar, James – notei que chamá-lo pelo nome, de forma deliberada, era bem mais fácil do que dizer simplesmente “Potter”, ainda mais em um momento como esse. – E eu não vou dizer que isso logo vai passar, porque eu estaria mentindo.

James olhou para mim. Eu esperei que ele dissesse algo, mas ele permaneceu calado.

— Isso faz parte da vida James. Pessoas que amamos partem e não há nada que podemos fazer.

Eu notei a água se acumulando nos olhos dele. James estava lutando contra elas. Mas em momento algum deixou de sustentar meu olhar.

— Eu não queria tê-la perdido – murmurou James passando as mãos pelo cabelo nervoso, num gesto tão dele que quase sorri.

— Você não a perdeu – disse veemente – Quando amamos alguém, essa pessoa fica pra sempre. Ela permanecerá imortal, como se fosse parte de você. Aqui. ­— toquei o peito dele, sob o qual senti os batimentos descompassados de seu coração. – Ouça: você não é fraco, então não aja como se fosse. Há tanta coragem e determinação em você e eu vejo isso todos os dias, então demonstre isso agora. Eu não estou pedindo para você superar tudo isso, há coisas que não podemos mudar... Só quero que você recolha seus pedaços e siga em frente, de cabeça erguida, apesar do que ocorreu. Não deixe sua fé fraquejar, não deixe a dor te dominar. Você não estará só, você tem seus amigos e tem a mim. Apenas aguente firme.

De repente estávamos tão perto um do outro, minha mão ainda estava sobre o peito dele eu sentia seu coração pulsando tão desgovernado quanto o meu. O perfume dele invadiu o meu nariz e me pareceu tão bom. Tudo tão convidativo.

Antes que eu pudesse fazer algo que faria eu me arrepender depois, eu me afastei, confusa por me sentir atraída por ele.

— Suas mãos estão frias – ele disse apanhando minhas mãos entre as dele.

O frio dos meus dedos se fundiu com o calor das mãos dele resultando em um choque que fez minha pele arrepiar. Certo, acho que agora esse arrepio não é só de frio.

Espera um minuto de novo! O que deu nele pra ele segurar minha mão?

Isso é o equivalente a pedir para tomar um Avada Kedavra bem na cara.

— Lily, você está bem?

Droga, eu tenho que parar de ficar falando comigo mesma... Isso não é normal.

— A-ah, estou.

Desajeitada, desvencilhei meus dedos dos dele, mas no segundo em que o fiz senti vontade de unir minha mãe a dele novamente.

O momento nos constrangeu, mas tentei não transparecer isso.

— Imagino que, agora que sabe o motivo das minhas lágrimas, você irá embora.

A conclusão que James chegou era óbvia pra ele. É claro que ele acha que eu vou embora, mas isso não vou fazer isso, eu não vou deixá-lo nesse momento tão penoso. Eu não vou deixá-lo passar por isso sozinho.

— Eu não vou a lugar nenhum – repliquei prontamente.

E sem que eu percebesse, minha mão segurou a dele, numa oferta de conforto. James olhou para nossos dedos entrelaçados como se não estivesse crendo no que via. Seus olhos de repente faiscaram na minha direção. Há muito tempo que eu não vejo os olhos dele tão iluminados.

James retomou a palavra:

— Eu não vou negar que gosto da sua presença Lily, mas não quero que você fique por pena de mim – sua voz soou amarga de mais em meus ouvidos – Não quero que você faça algo que não queira.

— Se eu não quisesse, pode apostar que eu não estaria do seu lado agora.

Detectei uma sombra de um sorriso no rosto pálido do maroto e eu me senti bem, extraordinariamente bem por fazê-lo sorrir.

— Eu sei que você está aqui porque é curiosa. – disse James ainda com o sorriso vacilante – Mas eu não quero acreditar que é por isso.

— James eu...

—Estou feliz que esteja aqui. É tão inacreditável... Quero dizer, você sempre fez tanto para me repelir – constatou James ajeitando os óculos na ponte do nariz.

— Ei, não me venha com essa, você sempre deu motivos para eu preferir Explosivins a você! – defendi-me imediatamente.

Dessa vez ele riu de verdade, como se gostasse de saber isso vindo de mim.

— Vamos examinar os avanços dessa noite – disse ele cruzando os braços, tomando uma expressão avaliativa – Você está me chamando de James. Isso é realmente um enorme passo. – agora ele sorria sacana – Admita, é bem melhor me chamar de James do que Potter, não Lils?

Foi minha vez de rir.

— E olha só! Estou até te fazendo rir! – exclamou James, tão satisfeito como se tivesse acabado de capturar um pomo de ouro.

— Mas isso está errado – contestei chateada – Era eu quem deveria estar te fazendo rir, especialmente agora.

Primeiro a admiração tomou a expressão do apanhador a minha frente, mas logo depois ele sorriu tão ternamente que me peguei desejando congelar essa cena.

— Você sempre me fará sorrir, Lily.

Não é a primeira vez que Potter flerta comigo. Mas é a primeira vez que sinto meu coração disparar, derreter, tudo ao mesmo tempo. Eu nunca senti isso antes. Calor se espalhou pelo meu corpo, e eu não consigo pensar em nada que não seja James Potter dizendo que eu sempre vou fazê-lo sorrir.

— Eu vou esperar, Lily – Disse James pegando meu rosto com suas mãos cálidas, fazendo-me encará-lo. Ainda havia restia daquela expressão de dor, mas ele parecia resoluto, seus olhos transpareciam o quanto James estava decidido – Esperarei até o fim se for necessário. O que sinto por você é mais, droga Lily, é muito mais do que você pensa. E quando você perceber isso e aceitar que o que sente eu juro que vou estar esperando você.

Não consegui sustentar o olhar de James por muito tempo e enterrei o rosto nas mãos para me esconder da minha própria vergonha. A vida é uma eterna caixinha de surpresas. Como eu pude ter sido tão cega? Como eu me permiti virar as costas para o que sempre esteve na minha frente? Para o que eu sempre senti?

Todo o desprezo e indiferença da minha parte só o machucaram esses anos todos. Mas eu fiz isso para me proteger. Com a infame reputação que ele carrega com eu poderia dar alguma credibilidade aos seus pedidos pra sair?

Mas agora eu me pergunto: alguma vez eu realmente parei pra pensar em James sem que houvesse um “idiota” antes? Ou falei com ele sem gritar e azará-lo logo em seguida? Eu nunca dei uma brecha para James e seus sentimentos, tudo por causa do meu orgulho.

Maldito orgulho.

A desordem de sentimentos tomou posse da minha mente e me deixou totalmente confusa. Até alguns minutos atrás James Potter era a pessoa mais detestável do planeta e... E agora vejo que tudo o que eu sabia sobre ele estava errado. Tragicamente errado. Eu admito que sou extremamente orgulhosa, mas isso não é irreparável. Há um jeito de mudar as coisas, de começar de novo da forma correta.



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Notas finais do capítulo

Todas já ai viram HP7.2??

ok, não me estuporem por favoor! O capítulo ficou um tanto triste, mas foi necessário e ainda haverá reviravoltas na até o final da história! O que acharam?