I Will Try To Fix You escrita por Laris


Capítulo 1
Lights will guide you home




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Fazer a patrulha noturna em Hogwarts nunca me pareceu uma tarefa tão calma.

Meus sapatos ecoavam no chão, no meio do silêncio sepulcral dos corredores de pedra. A única fonte de luz vinha das velas estancadas nos castiçais nas paredes e a réstia de luz da lua quase cheia que passava pelas amplas janelas.

Eu faço campana nos corredores escuros e sombrios deste castelo há quase dois anos e confesso que nunca os vi tão desertos.

Mas isso, com certeza, é um ótimo sinal. Afinal, toda fonte da minha dor de cabeça vem de um bando de idiotas que intitulam-se Os Marotos.

Os Marotos, Sirius Black, James Potter, Remus Lupin e Peter Pettigrew, são a desordem na forma humana. Estão sempre se achando superiores, azarando os sonserinos e os calouros que cruzam seu caminho, deixando para trás um rastro de confusão.

Mas o pior não é isso. Não! O pior é que todos gostam deles e os acham demais. As garotas então, nem se fala! Sirius Black não pode erguer as sobrancelhas sem que haja uma plateia de garotas suspirando e aplaudindo.

“O Black isso... O Black aquilo...” “Será que o Sirius me nota?” “Você já viu como o Sirius está lindo hoje?” Fala sério! Elas não têm um pingo de amor-próprio, só podem ter titica no lugar do cérebro pra ficarem idolatrando o Black, como se ele já não fosse convencido o bastante. Black é um baita galinha safado, isso sim!

E Remus Lupin, então? Francamente, ainda não entendi porque Remus anda com os Marotos. Ele é sempre tão sério, centrado, aplicado, frequenta as mesmas aulas avançadas que eu, tem as melhores notas de Gryffindor e já foi monitor! Remus é o único Maroto com quem mantenho contato, acho que posso até chamá-lo de amigo. Ou Remus é muito silencioso quando apronta algo com os Marotos, ou ele está sob domínio do feitiço Confundus. Eu acredito mais na segunda opção.

Lupin é um cara muito inteligente e gentil, embora pareça apático e doente às vezes. Eu gostaria de saber o que ele tem.

Peter Pettigrew é o Maroto que não se enquadra com seus companheiros de baderna. Ele é um garoto gordinho e ignorante. Às vezes, quando me dou o trabalho de pensar nele, chego à conclusão de que ele só faz parte dessa turma porque ele é um bajulador sem tirar nem por. Ele fica admirando cada ato dos outros Marotos com um estranho fascínio e devoção nos seus olhinhos miúdos.

E, por fim, o Potter.

Argh!

James Potter é a pessoa mais pretensiosa que eu infelizmente conheço. Ele se acha só porque consegue montar numa vassoura e pegar uma bolinha minúscula com asas no ar.

Grande coisa.

E depois ele fica desfilando pelos corredores por um mês, com a droga do pomo de ouro na mão, sorrindo tão orgulhoso como se tivesse descoberto a cura para a Varíola de Dragão.

Potter é a personificação do ego, chegando a ser pior que seu fiel escudeiro Black – e olha que o ego do Black é do tamanho da lula gigante. Ou maior. Então, você entendeu o que eu quis dizer com personificação do ego, né? Ele é extremamente infantil e arrogante e tem uma mania idiota e irritante de ficar arrepiando os cabelos, fazendo-os parecer um ninho de pomba.

Potter me incomoda desde o início do quinto ano com pedidos insistentes para sair com ele. Minhas respostas foram sempre muito objetivas e diretas: um grande não. Eu sei da fama de pegador do Potter e eu não estou interessada em ser mais um nome em sua listinha de garotas que ele já ficou.

Lily Evans tem orgulho e bom senso.

Juntando esses quatro seres nós temos os Marotos.

Definitivamente, eu já passei muita raiva por causa deles e suas brincadeiras infantis. O estressante é que parece que eles gostam de ficar em detenção quando são flagrados, acho que eles têm um número recorde de detenções, principalmente o Potter e o Black. Mas não pense que eles não se safam nunca. Muito pelo contrário. Eu sei que eles já escaparam diversas vezes. Só não sei como. Ainda.

Virei em um corredor. Meu corpo seguia automaticamente pelo caminho que eu sempre fazia nas rondas. A paz também reinava absoluta nesse corredor.

Franzi a testa desconfiada. Há algumas semanas que os Marotos não fazem nada. Nada! Isso é muito estranho.

Hm... Agora que eu parei pra pensar sobre isso, o Potter não me aborda pra sair com ele ultimamente...

Não que eu me importe! Não suporto nem a ele nem as suas propostas idiotas... É só que isso não é comum... Será que ele está saindo com alguma garota? Não... Eu saberia, digo, Hogwarts inteira saberia. Ou ele pode apenas, finalmente, ter desistido de mim... Será que...

Súbito, ouvi um barulho. Na verdade parecia mais um guincho de lamento.

Instintivamente saquei a varinha.

Lumos!

O corredor foi imediatamente inundado pela luz que irradiou da ponta da minha varinha.

Apontei em varias direções em busca da origem do som, mas tudo o que vi foram as armaduras e os quadros.

Bem... eu devo ter imaginado o som. Já é bem tarde e eu já estou cansada de sono.

Voltei a andar pelo corredor tranquilamente, quando o som de guinchos pareceu ser mais alto. Agora parecia alguém chorando e com certeza não era fruto minha mente cansada.

Como monitora-chefe é meu dever verificar se está tudo bem quando não há nenhum professor ou zelador presente. E claramente alguém estava com problemas.

Minha varinha ainda estava iluminando o corredor, todavia, aparentemente, eu estava sozinha.

Mas, por todos os fantasmas deste castelo, de onde vinha o som de choro?!

Rapidamente, meu cérebro começou a maquinar.

E se for algum Maroto infernizando um primeiranista?

Ah, por Morgana! Se for mesmo os Marotos, eles estão muito, muito ferrados!

Eu só preciso ter certeza de que seja realmente um deles.

Homenum revelio — murmurei.

O brilho translúcido do feitiço Lumus foi substituído por um brilho intenso e vermelho, como um alarme. A varinha agitou um pouco na direção da janela a alguns passos de distância.

Minha respiração pesou como se o ar tivesse se solidificado a minha volta.

Dei um passo hesitante para janela. Nao havia ninguem ali. Mas o feitiço indica alguém...

— Tem... tem alguém ai? – minha voz saiu baixa demais, mas não ousei dizer mais alto.

Dei mais um passo, e outro e mais outro até estar de frente para a janela. Minha varinha agora pulsava descontrolada, indicando presença humana perto da janela.

Eu estava assustada, mas me concentrei para não demonstrar isso.

Reuni a coragem que tinha em mim e estendi a mão, começando a tatear no escuro.

Era como entrar em casa a noite e subir as escadas no breu, tropeçando em cada degrau.

Estava quase concluindo que não havia ninguém aqui quando meus dedos roçaram em algo.

Eu arfei de susto, porém não recuei. Agora eu estava completamente curiosa para saber quem estava escondido ali.

Eu senti meus dedos se fecharem sobre algo maleável como água e invisível como ar, mas que, de alguma forma, parecia tecido. Lentamente puxei o tecido.

A pessoa que foi revelada estava num estado deplorável. Por trás dos óculos, haviam olheiras arroxeadas envolta dos olhos vermelhos de lágrimas. Os cabelos estavam completamente desgrenhados. Sua pele estava pálida e os lábios secos. Tudo nele parecia tão sem vida.

Não acreditei no que estava vendo. Ele? Chorando?

— Potter?



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Notas finais do capítulo

bem, a fic vai ser uma Shortfic e, no máximo, só terá mais um capítulo que será maior.reviews?