– O ta acontecendo aqui? – perguntou Matheus em tom autoritário. Eu olhei para Otavio confusa, mas ele apenas deu de ombros. Eu não sabia o que falar, então preferi ficar calada. – O que foi que você disse Otavio? – perguntou Matheus só se referindo a Otavio e esquecendo que eu estava ali.

 – Exatamente o que você ouviu. – disse Otavio sarcástico. – Estou apaixonado por ela. – Ele disse como se aquilo fosse lógico. Matheus riu alto.

 – Você não pode... – ele começou a dizer prolongando o riso. – Não acredito que desceu até esse nível... Para consegui... – Ele não conseguiu terminar e ria cada vez mais alto, mas a expressão de Otavio era séria.

 – Não to brincando babaca. – disse Otavio inflando o nariz.

 – O que você disse? – perguntou Matheus parando de rir no mesmo instante.

 – Isso mesmo... BABACA! – disse Otavio chegando a centímetros do rosto de Matheus que estava com o rosto vermelho de raiva. Uma briga estava prestes a começar bem na minha sala.

 – Parem! Vocês não vão brigar aqui! – disse me ponde no meio dos dois. Matheus olhou para mim desconsertado ao perceber que eu estava só de toalha.

 – O que vocês dois fizeram? – perguntou Matheus insinuando alguma coisa e pude ver que seus olhos transbordavam ira.

 – Nós não fizemos... – comecei a dizer, mas não devia nenhuma explicação a ele. – Olha aqui, Eu não te devo explicação nenhuma! Já estou cansada de vocês dois... Querem saber? Se vocês quiserem se matar que se matem, mas longe da minha casa. – disse empurrando os dois para fora. Eles me olharam surpresos.

 – Mas... – tentou protestar Otavio.

 – MAS NADA! Já chega. Vão embora agora. – disse quase fechando a porta, mas fui impedida por Matheus que colocou o pé na mesma hora deixando uma pequena brecha entre nós dois. Otavio já tinha ido embora sem olhar pra trás bufando de raiva. Eu só não sabia se estava com raiva de mim, por eu não ter dito nada a ele diante da sua declaração, ou de Matheus.

 – Você não vai querer sua bolsa de volta? – perguntou Matheus sorrindo com malicia e se aproximando mais de mim.

 – Onde está minha bolsa? – perguntei com raiva. Ele estava aprontando alguma coisa.

 – Se você a quiser de volta vai ter que ir a uma festa amanhã na minha casa. – disse ele rindo divertido. Isso me irritava tanto nele!

 – Que festa? Eu não vou à festa nenhuma, garoto... Só quero minha bolsa! – disse a ele batendo o pé.

 – Se você não for não vai ter sua bolsa de volta... – disse ele fazendo um biquinho debochado. Senti meu rosto arder de raiva.

 – Ta me chantageando? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

 – Se você prefere chamar assim. – disse ele rindo. Ele estava tão perto que senti minhas bochechas arderam quando ele falou.

 – Pare de brincar comigo! Eu quero minha bolsa e ponto. – disse o mais séria possível.

 – Vai ter que ir a festa se quiser ela, além do mais não vai ser tão ruim assim. O pessoal da escola vai e alguns outros amigos meus também. Você vai lá, curte um pouco a festa, pega sua bolsa e vai embora. – disse ele assumindo um tom mais sério. Eu o olhei incrédula. – Vamos lá, você vai vê que não vai ser tão ruim. – completou ele. Eu pisquei algumas vezes e franzi o cenho avaliando qualquer possibilidade de eu ir a essa maldita festa.

 – Quero a minha bolsa! – Foi só o que eu consegui falar antes de fechar a porta na cara dele.

  Depois que os dois haviam saído desabei no sofá ainda de toalha. Fiquei um tempo ali pensando. Tudo tinha se desenrolado tão rápido que eu nem tinha tido tempo pra pensar no que Otavio havia me dito.

Apaixonado? – fiquei pensando nisso. Eu até gostava de Otavio, mas não era nada mais que só um simples carinho, eu não podia corresponder às expectativas dele. Logo ele que havia sido legal comigo o tempo todo... Que havia brigado com seu melhor amigo por mim. Pensei no beijo que ele havia me dado. Eu não tinha sentido nada, além de uma vontade enorme de afastá-lo de mim. De repente o beijo de Matheus veio em minha mente... Como seus lábios eram quentes e se encaixavam nos meus, como eu, de alguma forma, tinha correspondido intensamente aquele beijo...

 – Para já com isso! – me repreendi ao sentir um arrepio percorrendo todo o meu corpo por lembra do beijo de Matheus. – Eu não vou deixar você fazer isso! Não vou deixar que você tenha qualquer tipo de sentimento por esse idiota! – falei pra mim mesma me levantando. Eu já sabia o que tinha que fazer e tinha que fazer o quanto antes.

 – Essa festa vai ter muitas surpresas! – disse subindo as escadas para trocar de roupa.